Cavalo no temporal
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 11/05/10
No regime militar, também chamado de ditadura, o delegado Romeu Tuma foi eficiente colaborador da repressão a atos de adversários do governo central, o que incluía tanto membros da oposição política como guerrilheiros e terroristas. A bem da verdade, seu nome nunca foi associado à prática de tortura.
Ele também pode ser definido como mestre da sobrevivência. A ditadura acabou, e Tuma partiu para uma carreira política que o levou ao Senado. Com sucesso: outro dia, o presidente Lula saiu de seus cuidados para defini-lo como “homem de muito respeito”.
Não por acaso, seu filho, Tuma Júnior, fez carreira política e é hoje secretário nacional de Justiça. O que não impediu a Polícia Federal de gravar telefonemas seus tentando resolver um pequeno problema da deputada estadual Haifa Madi, do PTB: ela tentara embarcar para os Emirados Árabes com US$ 160 mil escondidos na bagagem. A PF não pegou leve: segundo seu relatório, Tuma Júnior sabia que o dinheiro era produto de “prática ilícita, envolvendo crimes financeiros”.
Portanto, uma mancha preta na reputação de qualquer cidadão. E especialmente feia no caso de quem é secretário nacional de Justiça e presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria. Mas Tuma Júnior parece acreditar que tem as costas quentes, o que lhe permitiu reagir com ironia às acusações contra ele: “Tirem o cavalo da chuva. Não vou sair.” Acusações não são condenações. Mas é inegável que o cavalo de Tuma Júnior está debaixo de um temporal. O presidente Lula poderia — ou deveria — levar isso em conta quando falou sobre as acusações contra Tuma. Outro dia, já se referira a ele como dono de “uma folha de serviços prestados a este país”. E, depois das denúncias mais recentes, embora dissesse o óbvio — que se Tuma for culpado tem de ser punido — fez a ressalva de que ele “faz parte de uma família de tradição”. O Código Penal, lamentamos informar, não registra atenuantes associadas a árvores genealógicas.
Ele também pode ser definido como mestre da sobrevivência. A ditadura acabou, e Tuma partiu para uma carreira política que o levou ao Senado. Com sucesso: outro dia, o presidente Lula saiu de seus cuidados para defini-lo como “homem de muito respeito”.
Não por acaso, seu filho, Tuma Júnior, fez carreira política e é hoje secretário nacional de Justiça. O que não impediu a Polícia Federal de gravar telefonemas seus tentando resolver um pequeno problema da deputada estadual Haifa Madi, do PTB: ela tentara embarcar para os Emirados Árabes com US$ 160 mil escondidos na bagagem. A PF não pegou leve: segundo seu relatório, Tuma Júnior sabia que o dinheiro era produto de “prática ilícita, envolvendo crimes financeiros”.
Portanto, uma mancha preta na reputação de qualquer cidadão. E especialmente feia no caso de quem é secretário nacional de Justiça e presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria. Mas Tuma Júnior parece acreditar que tem as costas quentes, o que lhe permitiu reagir com ironia às acusações contra ele: “Tirem o cavalo da chuva. Não vou sair.” Acusações não são condenações. Mas é inegável que o cavalo de Tuma Júnior está debaixo de um temporal. O presidente Lula poderia — ou deveria — levar isso em conta quando falou sobre as acusações contra Tuma. Outro dia, já se referira a ele como dono de “uma folha de serviços prestados a este país”. E, depois das denúncias mais recentes, embora dissesse o óbvio — que se Tuma for culpado tem de ser punido — fez a ressalva de que ele “faz parte de uma família de tradição”. O Código Penal, lamentamos informar, não registra atenuantes associadas a árvores genealógicas.
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