sexta-feira, maio 03, 2013

Índio quer GPS - LUCAS MENDES

BBC Brasil

Onde estão os índios e a Amazônia? Na mídia americana, estão nos excelentes documentários da TV por assinatura. O foco está na exuberância do maravilhoso e surpreendente mundo dos animais e das plantas.


Nas décadas de 70, 80 e 90 estavam nas primeiras páginas e nos jornais nacionais. Florestas em chamas ou serradas, garimpeiros assassinados por madeireiros, índios aos gritos de guerra e dor, fauna e flora em liquidação.

Ou cansamos do drama dos índios e das selvas ou os problemas estão bem encaminhados. Notícia boa não é boa notícia para as manchetes. O cientista Mark Plotkin acha que é caso de tigela meio cheia e meio vazia. Metade vai bem, metade vai mal.

Ele tem um bom medidor. Há trinta anos leva mordidas de mosquitos, come e bebe as maravilhas e venenos da selva. Hoje é presidente do Amazon Conservation Team, ACV, criada por ele, que joga na defesa de índios e selvas. Outras ONGs protegem um ou outro. A ACV acredita que um não vive sem o outro, embora ele admita que na Costa Rica os índios se foram e a selva ficou - e vai bem.

Em 1993, Mark Plotkin publicou um livro que teve impactos, positivos e negativos: Tales of a Shaman's Apprentice (Contos de um Aprendiz de Pajeh em português), em que descrevia suas experiências na selvas da Amazônia sobre medicina indígena e os pajés. Plotkin é um etnobotânico, um cientista que estuda nossas relações com as plantas, em um campo além da jardinagem.

Ele estava a serviço da Shaman Phamaceuticals, que tinha apostado milhões de dólares nos segredos curativos da selva. O principal alvo de Plotkin era o diabetes, que tinha matado as duas avós, era e ainda é uma das pragas americanas.

Na tribo, descreveu a doença e acompanhou o pajé na caminhada que recolheu ervas, cascas de árvores, preparou sucos, cozinhou numa panela e deu a uma jovem índia que parecia um caso terminal de diabetes. De um dia para outro, o nível do açúcar tinha baixado e em pouco tempo ela estava na horta. Esta cura milagrosa mereceu destaque no New York Times.

Bem como o fracasso do remédio, quando foi trazido e testado no laboratório da empresa. E de outro, vindo da casca de uma árvore, contra diarreia. As ações da empresa foram a zero. Bye, bye, pajelança.

Quase 20 anos depois, Mark Plotkin ainda aposta nos índios, nas selvas, nos pajés e no GPS. Sua ONG conseguiu um importante aliado, o Google e seus mapas.

Em vez de mapear as reservas indígenas, Plotkin e Google ensinaram os índios como se faz um mapeamento com o GPS. Quando um garimpeiro ou um madeireiro chega na tribo com um mapa e dizem aos índios onde vão minerar ou cortar árvores, os índios sacam seus próprios mapas. Pá! Fim de papo.

Plotkin está mais ativo entre as tribos do Suriname e da Colômbia, onde ele vê um governo mais atuante na proteção dos índios e das selvas. Mas e a medicina da pajelança? Todas aquelas promessas de ervas, folhas, frutas, raízes e cascas milagrosas?

Continuam suspeitas e deram pouquíssimos frutos. Os produtos das nossas plantas venderam US$ 150 milhões no Brasil em 2008, um número centesimal comparado com as vendas destes tipos de produtos nos Estados Unidos (US$ 250 bilhões).

Na sua tese de doutorado, a professora Andreia Mara Pereira, da Unicamp, informa que os chineses usam produtos medicinais de 26 mil árvores. O Brasil não está nem entre os 10 primeiros países consumidores de plantas medicinais, embora nossa Amazônia tenha um quarto das espécies de plantas do mundo.

O professor José Maria da Silveira, do Instituto de Economia da Unicamp, me mandou uma lista que vai da letra A à H e outros argumentos fora do alfabeto para explicar os fracassos, as dificuldades e as complicações das nossas leis e nossos políticos na biotecnologia. Os tratados e leis internacionais não andam. Ele diz que o Brasil se queixa da biopirataria, mas é um biopirata, "talvez o maior biopirata do mundo".

Há mais de 10 anos, o governo brasileiro criou o CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia. Adriano Andricopulo, professor da USP, diz que o país tem ótima infraestrutura e um número significativo de laboratórios e pesquisadores, "mas o Brasil ainda não desenvolveu um único fármaco (produto farmacêutico) a partir de suas fontes naturais". Entre os absurdos, ele cita a copaíba: "O Brasil tem o maior número de publicações científicas sobre a copaíba e não temos patentes sobre o insumo. Outros países, como os Estados Unidos, já registraram diversas patentes".

E os afrodisíacos amazônicos? Mark Plaktin levou dois para os laboratórios de Harvard: brocharam, concluíram os pesquisadores. Descobriu um terceiro, mas nem levou para o laboratório. Já tinha sido descoberto, por acaso, o Viagra.

Ai, que saudades do Shigeaki Ueki! - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 03/05

Será que só existe no país a direita dos bolsonaros? Onde está o conservador minimamente equilibrado?


Quando se trata de minha res­ponsabilidade perante o lei­tor, não me incomodo em ser acusada de vira-casaca, maria-vai-com-as-outras ou, sei lá, de vaca leiteira. É que comigo não cola, o insulto entra por um ouvido, contorna a solitária ervilha que ha­bita o meu cérebro e sai pelo outro orifício auricular.

E como minha obrigação aqui é servir a verdade, ao menos a minha verdade, única que conheço e te­nho a oferecer, não me acanho em dizer que passei todos os anos da prefeitura de Marta Suplicy em guerra com sua administração.

Fo­ram dezenas de colunas atirando mísseis, flechadas e torrões de terra contra sua prefeitura. Essa mesma que a maioria dos paulistanos ora aponta em pesquisa do Datafolha como a melhor dos últi­mos 30 anos.

Antes que Marta anunciasse sua candidatura, nos vimos em um al­moço e eu a puxei de lado para per­guntar: "Que preparo você tem pa­ra enfrentar um pepino desses? O que sabe de planejamento? Como vai enfrentar o jogo pesado das má­fias que dominam a cidade?"

Marta respondeu com tranquili­dade domesticada, mas não pôde deixar de notar que eu estava tendo um "surto machista". Ora. "Impli­cância de sexóloga feminista radi­cal", pensei. E lá fui, depois de ela eleita, pegar no seu pé e me opor às palmeiras imperiais na avenida, aos túneis (que são inúteis mesmo, di­ga-se) e a tudo mais.

E a Erunda, então? Como militan­te, esteve ao lado dos que ateavam fogo em busum. No dia em que foi eleita, considerei seriamente a pos­sibilidade de transferir meu domi­cílio até mesmo para Cubatão.

Mas essa nordestina que praticou medidas impopulares de conten­ção de gastos em sua gestão aparece na pesquisa quase emparelhada com o indefectível marqueteiro paulistaníssimo "doutor" Paulo Maluf.

Ao contrário do filho do "túnel Maria Maluf", Erundina encara o serviço público como missão. Sei disso porque vi de perto. Ela acaba­ra de ser eleita quando meu pai, Piero, foi procurá-la, na condição de presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, para comunicar que o Brasil estava prestes a perder o GP de F-1. Ime­diatamente, ela encampou a ideia de trazer a corrida para Interlagos, vislumbrando os benefícios aos co­fres públicos. Ou seja, não operava apenas movida por ideologia. Não posso deixar de mencionar que Erunda e meu pai, que de petista não tinha nada, forjaram uma ami­zade profunda que durou até a morte dele. Pra você ver.

O tempo passou e o paulistano (sim, eu também) mudou (muda­mos) de ideia sobre cada gestão. Lembro da primeira palestra sobre alcoolismo (dentro do programa de Consumo Responsável da Ambev) que dei em um CEU. Saí de lá acre­ditando que, se o modelo pudesse ser replicado, o país estaria enca­minhado.

A avaliação com certo distancia­mento dos gestores da cidade evi­dencia a falta que faz um sistema político com partidos representativos. Onde es­tão, por exemplo, os conservadores minimamente equilibrados? É possível que só exista a direita boçal dos bolsonaros? Bela herança (mais uma) do regime militar. E ainda há quem sinta saudades.

Ou não? Qual foi a reação ao proje­to de lei mambembe para enfra­quecer um dos Poderes? Deveria ter sido riso seguido de indiferença. Em vez disso, pessoal do Facebook ao boteco começou a manifestar saudades da ditadura, ora veja!

E está certo que o Haddad poderia ter tido um pouco mais de sensibili­dade e timing com essa de querer mudar rua com nome de tortura­dor. Se o objetivo era nutrir a pola­rização do Fla-Flu, obteve pleno êxito.

A luta esquecida - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 03/05

Os muito pessimistas, diz um velho ditado, acham defeito até em pôr do sol. Mas não parece ser esse o caso com a situação atual do sindicalismo no Brasil. Num punhado de décadas atrás, o crescimento da atividade sindical era saudado como altamente positivo - a não ser por um punhado de patrões do modelo antigo, que consideravam a organização legal dos trabalhadores como algo perigoso para a economia em geral e para seus lucros em particular.

Pois agora não parece existir qualquer resistência, nem mesmo uma dose modesta, e preocupação entre os empresários nativos. Nos últimos oito anos, nasceram no Brasil mais de 250 sindicatos operários - e o número continua crescendo.

A explicação pode ser inesperada para o leitor leigo: os novos sindicatos não querem nem saber de luta de classes (se é que alguém ainda se lembra desse velho fantasma). O que interessa aos trabalhadores é o imposto obrigatório. Não é pouco dinheiro. E ninguém fala mais em conflitos trabalhistas - tão comuns umas poucas décadas atrás.

Os novos tempos trouxeram - como sempre acontece - novos problemas. O aumento no número de sindicatos não tem representado crescimento na quantidade de trabalhadores sindicalizados. Segundo técnicos do Ministério do Trabalho, isso tem explicação óbvia: um bom número de trabalhadores tem suas razões para acreditar que não precisa de ajuda do sindicato para melhorar de vida.

Os números são significativos: temos 16 milhões de trabalhadores sindicalizados - o que significa 17,2 por cento do total da mão de obra. E muitos sindicatos existem apenas formalmente.

Até agora, não há nuvens pretas no horizonte. Mas é sempre imprudente manter à mão instrumentos que resolvam aquilo que antigamente a gente chamava de "luta de classes". Lembram-se?

O silêncio da memória - DENISE ROLLEMBERG

O GLOBO - 03/05
O Museu Jean Moulin, de Paris, em comemoração aos 70 anos da sua morte, inaugurou em abril uma exposição que ficará aberta ao público ao longo de todo o ano, até dezembro de 2013. Moulin é o grande herói da chamada Resistência interior aos ocupantes nazistas da França durante a II Guerra Mundial, após a derrota do país para a Alemanha. Capturado, em 1943, pela Gestapo, o resistente de primeira hora não aguentou as torturas sofridas, morrendo em seguida. O ex-prefeito de Chartres, membro do Partido Radical Socialista, pequena dissidência do PS, recebera do general Charles de Gaulle, refugiado em Londres, a tarefa que parecia impossível de unificar os diferentes movimentos, organizações e partidos que lutavam contra o inimigo, nas fronteiras do país literalmente fragmentado, sem qualquer coordenação entre si. Sob o pseudônimo de Rex, nome da missão, Jean Moulin conseguiu.

Com a Libertação, em 1944, De Gaulle consagrou-se o herói dos franceses; Moulin, mal conhecido nesse momento, consagrou-se mais tarde. O simbólico sepultamento dos seus restos mortais no Panthéon, monumento no qual se imortalizam os "grandes homens da Pátria", em 1964, tornou-se o marco na construção do mito. A cerimônia mobilizou o país e contou com a presença das maiores autoridades, a começar pelo general de Gaulle, e eternizou-se no discurso emocionado de André Malreaux. A Pátria reconhecida, conhecia Moulin. Por toda a França, as homenagens a ele se multiplicam em memoriais, museus, estátuas, bustos, nomes de logradouros públicos, escolas, universidades.

De Gaulle e Moulin, as personificações da França resistente. O militar e o civil; a resistência exterior e a resistência interior; um viveu para ver vitória, o outro, sucumbiu em sacrifício. Juntos, a reconstrução física e moral do país.

No cartaz da exposição temporária, espalhado pela cidade, a promessa de coleções inéditas e o sugestivo título: Rédecouvrir Jean Moulin. A primeira vista, é inevitável pensar: que documentação teria permanecido ignorada nessas décadas, considerando a fixação dos franceses pela memória da Resistência e de seus combatentes?

Da farta documentação, emerge o lado humano, pessoal, do herói. Cartas, fotos, desenhos e bilhetes dos tempos de menino. Vemos Moulin em movimento, ouvimos sua voz. Num fragmento de filme, o homem da administração fazendo um breve discurso em homenagem a alguém. Em outro, se divertindo com o amigo de infância, Marcel Bernard, ambos jovens, numa praia no verão, depois, no inverno, construindo um boneco de neve, atirando bolas de neve um no outro. A dedicação aos pais, irmãos, primas. O carinho pelos amigos. Os passeios de bicicleta, o esqui. A vista que tinha da casa de campo. O amor pelas artes. Sob o pseudônimo de Romanin, conhecemos o talentoso artista: pintor, desenhista, cartunista, chargista. Romanin veio a ser o nome da galeria de arte que abriu em Nice para dar cobertura a ações clandestinas. Ali, o artista e o combatente. Romanin e Rex. Quem iria supor que um e outro eram o mesmo?

Numa única foto, vemos Moulin e a esposa. Na legenda, a informação: criada em Paris, ela jamais se acostumara com a vida na província; as ausências constantes levaram o marido a solicitar o divórcio, alegando abandono do lar.

Embora seja o lado humano do herói a abordagem escolhida na rememoração da efeméride, a sexualidade de Moulin é discretamente contornada. Mas o tipo de documentação trazido ao público acaba impondo o assunto, que às vezes parece se debater com as legendas e, sobretudo, com a sua própria ausência. Assim, é justamente esse vazio que salta aos olhos, como se o espectador, meio desconfortável, visse o que não era para ser visto, ouvisse o que não foi dito. Em outras palavras, Rédecouvrir Jean Moulin encobre mais uma vez o tabu e, por isso mesmo, o revela: a homossexualidade de Moulin. Do herói. Do mito. O indizível.

Uma das maneiras que o inimigo usava para desmoralizar os resistentes, entre outras, era caracterizá-los como homossexuais. Nos anos de Guerra, nos anos 40, foi assim. A suposta ofensa subentendia a coragem como atributo de homem, macho, heterossexual. Aos homossexuais a covardia. Evidentemente, entre colaboracionistas havia homo e heterossexuais, bem como entre os resistentes. A história, a realidade dos fatos desconstroi o preconceito de uma época. Em 2009, Daniel Cordier, um dos mais celebrados biógrafos de Jean Moulin, assumiu publicamente a sua - dele, Cordier - homossexualidade. Ele foi o jovem secretário de Moulin na luta clandestina da resistência interna, o homem de confiança, que o acompanhou em sua missão. Enfrentou o inimigo nazista e colaboracionista, arriscando a vida, arriscando-se à tortura. Nos três volumes do livro, o encantamento pelo homem que conheceu de perto e a discrição a respeito da sua vida privada.

Na época, falava-se da França de pé para referir-se à França resistente. Em oposição, França deitada aludia à França colaboracionista. Quando da Libertação, em 1944, o país, em euforia, conviveu com o breve e terrível processo da Depuração: a perseguição e o justiçamento daqueles que teriam se relacionado com o inimigo alemão ou colaboracionista. As mulheres foram o alvo principal, tendo suas cabeças raspadas para estigmatizar aquelas que supostamente haviam se deitado com o inimigo. As mulheres de cabeças raspadas, símbolo da França deitada. Nesse episódio, a sexualidade e o preconceito se encontraram. Contra as mulheres.

Se Jean Moulin era ou não homossexual não é a questão - e , aliás, quem poderia atestá-lo? Qual é o interesse em sabê-lo? -, mas é o silêncio a esse respeito que é. A impossibilidade de sequer tocar no assunto, ainda hoje, mesmo numa exposição focada na vida privada. A impossibilidade de pensar que talvez o mito fosse homossexual. Enfim, a impossibilidade de se ter um herói nacional, da França de pé, homossexual. Romper esse silêncio, redescobrindo preconceitos passados e presentes, talvez fosse a melhor maneira de homenagear Jean Moulin.

Ueba! Boca Murcha X Meia Boca! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 03/05

E o Piqué fez gol contra! Apanhou da Shakira! De cinto, de cadeira! Apanhou até do bebê!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E ontem revelamos o investimento da Dilma na educação: "O Dudu tá lendo".

E corre na internet outra versão do comercial da Caixa: Cai-Xa-ÇA. O Lula tá lendo. Rarará! Bem infame, bem clichê: "Mamãe, o Lula tá lendo". E o Mercadante devia mudar de nome pra Viajante!

E o futebol! É tanto jogo que não aguento mais ver bola. Nem as minhas! Perdi meu tempo vendo Boca Murcha X Meia Boca! Só chutão, socão e empurrão! É o futebol arte marcial!

E o nome oficial do La Bombonera é estádio Alberto Jacinto Armando. Alberto Jacinto Armando pros corintianos. Rarará!

E o Romarinho parece filho do Djavan com a Mart'nália! E o Desliga Campeões? Até o Palmeiras tá melhor que o Barcelona!

E a grande final inédita: Alemanha X Alemanha. Bayern X Borussia! Dia Mundial da Cerveja. A final devia ser na fábrica da Heineken!

A Alemanha contribuiu pro aumento do desemprego na Espanha. Vinte e dois jogadores do Barcelona mais 22 do Real Madrid! Tão pedindo até a cabeça do Cristiano Ronaldo. O Ken de "Toy Story".

E o Piqué fez gol contra! Apanhou da Shakira! De cinto, de cadeira! Apanhou até do bebê! Não teve waka waka! E o Barcelona não vai contribuir pro desemprego na Espanha porque saiu aplaudido e a Catalunha não fica na Espanha!

Uma vez comi uma paella em Barcelona e falei pruma espanhola: "É a melhor paella da Espanha". E ela: "Da Espanha, não. Da Catalunha". Rarará!

E esta: "Igreja decide excomungar padre que defendeu os homossexuais". E os padres pedófilos, não excomunga?! E como me disse um católico fervoroso: "Pregar contra o Evangelho é pior que pedofilia". Então tá, já que é assim, Deus é mais! É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! Um amigo ouviu do microfone da estação Butantã de metrô que, excepcionalmente, não estava em pane: "Colaboradora da limpeza, dona Cândida, por favor!". Dona Cândida traz a Cândida pra lavar a estação antes do estouro da boiada.

E direto de Porto Alegre: o personal trainer Cristian Malcorra! Eu quero um personal assim: que mal corra! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O golpe que não deu certo - JOÃO MELLÃO NETO

O ESTADÃO - 03/05

Parece um absurdo, mas, infelizmente, não é. O PT, fiel às suas origens golpistas, novamente tentou melar o jogo democrático. Explica-se: os radicais da agremiação acabam de agir novamente contra as nossas instituições. E estão aprendendo a fazê-lo de maneira cada vez mais sutil. Creio não estar sendo um paranoico ao afirmar, com veemência, que tudo o que nós conquistamos em termos de liberdade e direitos individuais, nas últimas décadas, quase desmoronou em razão de manobras nos bastidores do malfadado partido da estrela vermelha.

É triste constatar que, com tanto tempo na estrada, os petistas ainda não sabem mudar de ideia nem querem mudar de assunto. Eles continuam tentando moldar a realidade com o fim de que ela se enquadre no perfil e nos postulados que, segundo eles, são os mais justos para a Nação.

Como disse Trotsky certa vez, a verdade não existe. Verdadeiro, mesmo, é somente aquilo que o Partido Comunista dessa forma entende. A revolução haverá de se cumprir, afirmavam os seus profetas, com, sem ou apesar de seus opositores. Eu não imaginava que gente com tais convicções ainda existisse. Pois não só existe, como também traz na boca um certo hálito de sangue. Algo que só se encontra em animais carnívoros.

A última ofensiva dessa autêntica "quadrilha" se deu por causa do julgamento dos réus da Ação Penal 470, o famigerado mensalão. Os ministros do Supremo Tribunal Federal foram duros com os principais mentores do esquema. Apesar de as penas, sob a ótica da opinião pública, terem sido brandas demais, aos olhos dos condenados, ao contrário, elas se revestiram de uma rudeza insuportável. Nos casos específicos de José Dirceu e de José Genoino - que deverão passar um bom período no calabouço -, as sentenças soaram como um provocação. Afinal, que legitimidade têm esses ministros togados - no entender deles, claro - para ousarem condenar ao que quer que seja dois verdadeiros heróis das causas populares, gente que pela "causa justa" arriscou a própria vida?

Pois foi esse clima de inconformismo e animosidade que levou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados a aprovar a admissibilidade do projeto de teor mais golpista desde a redemocratização do Brasil. Como é sabido, as chances de tamanha excrescência jurídica vir a se tornar realidade são remotas. Mas fica registrado o alarme: à menor contrariedade, eles se mostram dispostos a "pegar em armas", novamente.

O regime democrático somente lhes convinha no início, enquanto ainda eram fracos. Nas décadas de 1980 e 1990, eles eram os campeões da moralidade (quem não se lembra disso?). Depois que chegaram ao poder, os falsos pudores foram deixados de lado. Hoje o que prevalece é o MMA, cujas regras são de fácil compreensão: entram dois no ringue e de lá só pode sair um.

E por que insisto num tema que ocupou as manchetes apenas durante a semana passada? Porque ele é e sempre será motivo para preocupação. Há muita gente por aqui - leia-se petistas - que se mantém cética em relação à democracia e às suas necessárias instituições. E como tal barbaridade foi possível? Simples: por intermédio de uma maioria artificialmente forjada na composição da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara se pretendeu, por alguns momentos, implodir uma das cláusulas pétreas da nossa Constituição e - quem sabe? - transformar o Brasil de vez numa republiqueta de bananas, aos moldes da Cuba dos irmãos Castro.

A CCJ aprovou, em primeira votação, uma proposta de emenda constitucional, a PEC 33, pela qual todas as decisões da nossa Suprema Corte, antes de valerem de verdade, terão de ser referendadas pelo Congresso Nacional. Ou seja, a partir dessa emenda, se vier a ser sacramentado o que ela dispõe, é o Parlamento que decidirá sobre tudo em nosso país. Nem a ditadura Vargas nem os governos militares ousaram concentrar tanto poder. E para quê? Sabe-se lá... Talvez para realizar o sonho de muitos companheiros de, finalmente, instaurar no Brasil uma autêntica ditadura do proletariado.

A questão é a seguinte: eles acham que sabem, em pormenores, tudo de que o povo precisa. Só que o povo, infelizmente, ainda não. É por isso que a ditadura se faz tão necessária. Durante o período de transição, com certeza, haverá falta de todo tipo de alimentos, que abrangerá do pão ao feijão. E o povo com fome parece que não consegue raciocinar direito. Logo começa a pensar que a revolução não deu certo. Daí a rebelar-se será apenas um passo...

Já deu para perceber que os marxistas típicos têm por hábito raciocinar na contramão do que nós entendemos por bom senso. A resposta de Trotsky àqueles que desejavam "fritá-lo" durante a reunião do XIII Congresso partidário, sob a acusação de "desvios pequeno-burgueses", demonstra isso de forma magistral: ele não só dominava o exercício da dialética, como sabia valer-se dela com a habilidade de um esgrimista para se safar de situações incômodas. O texto a seguir é uma eloquente amostra de seu talento: "Camaradas, nenhum de nós deseja estar certo, ou pode estar certo, contra o Partido. Em última análise, o Partido está sempre certo, porque é único instrumento histórico que a classe trabalhadora tem (...). Só podemos ter razão com o Partido e através do Partido, porque a História não criou nenhuma outra forma para a realização do nosso direito".

Se tentarmos resumir o cerne do pensamento dialético, chegaremos às seguintes conclusões: 1) O que é não é; 2) o que não é, no fundo, é; 3) e quanto ao mais, tudo pode vir a ser. Entendendo isso, ninguém se surpreende com capacidade dessa gente de distorcer a História a seu favor.

Eles são inocentes. Culpados somos todos nós que já acreditamos neles.

A estampa de Dilma e a inflação - MARIA CRISTINA FERNANDES

Valor Econômico - 03/05

Foram três pronunciamentos presidenciais na televisão desde o início do ano. A contundência que marcou os dois primeiros cedeu lugar a um tom mais sereno naquele que foi ao ar na noite do 1º de maio.

Num cenário de pressões inflacionárias a incendiar oposicionistas, a opção da presidente parece ter sido a de baixar o tom. É na marolinha que se agita. Quando as ameaças são reais, é serenidade que se impõe.

No primeiro dos pronunciamentos, em janeiro, a presidente apareceu de terno vermelho e gestual contundente. Ao anunciar a redução na tarifa de energia, condenou os que apostavam contra o Brasil com previsões alarmistas.

Em março, a presidente voltou à TV no dia da mulher. Vestiu-se de cinza, mas não perdeu a contundência. Anunciou que tomaria medidas a favor do consumidor, usou duas vezes a palavra "intransigente" e cinco vezes "defesa". Encerrou o pronunciamento com ameaça velada a homens agressores, para que lembrassem da presença de uma mulher na Presidência na próxima vez que pensassem em levantar a mão em casa.

Nesta semana não teve lugar para arroubo. Dilma apareceu de tailleur preto debruado de branco. Não anunciou uma única medida e em poucos momentos deixou que as mãos ultrapassassem a linha da câmera.

O contraste, à primeira vista, parecia se dirigir aos inflamados palanques sindicais do dia, mas a mira vai além. A inflação mereceu uma breve referência. Dada sua centralidade, foi deixada à margem do discurso como se a demonstração de uma presidente preocupada com o tema fosse suficiente para piorar as expectativas que alimentam os índices.

Sumiram as defesas intransigentes e apareceu a prioridade à educação como o passo seguinte para o país do pleno emprego. Ao invés de pressão, pediu que a sociedade "incentivasse" seus representantes no Congresso a aprovar o projeto que destinará 100% dos recursos dos royalties para a educação.

A presidente Dilma Rousseff botou água numa fervura que o PT, capitaneado por seu antecessor, tratou de antecipar ao lançar a campanha à reeleição no início do ano.

Com aquele gesto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva obrigou os potenciais adversários de Dilma a tomar posições no jogo e, com isso, antecipar as dificuldades que cercam suas postulações.

Começou a tratar como real a candidatura do governador Eduardo Campos para expor tanto seus aliados no PSB quanto os simpatizantes no meio empresarial à desconfortável perspectiva de um descolamento das benesses governistas.

O governo imprensou o governador com a MP dos Portos, forçando-o a buscar aliados como Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, que não o recomenda junto aos seus simpatizantes no meio empresarial. A reeleição antecipada, por fim, obrigou-o a antecipar o mote do "mais e melhor" para dele se apropriar.

Com menos recursos que a presidente, a oposição tem que começar a trabalhar antes. O problema é quando o ritmo dessa antecipação é ditado por quem tem as cartas nas mãos.

Talvez a menos prejudicada pela campanha antecipada seja a ex-ministra Marina Silva, que assim busca alternativas para a hipótese de seu novo partido naufragar na coleta de assinaturas ou na tormenta da lei eleitoral.

A antecipação também expôs a disputa interna enfrentada pelo senador Aécio Neves no PSDB. A disputa não se limita à possibilidade de o ex-governador José Serra deixar o partido. Estende-se à difícil construção de um discurso uníssono para o partido. O dissenso mais recente foi a discordância do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, revelada a Cristian Klein (Valor, 30/04/2013), sobre o fim da reeleição proposta por Aécio.

A antecipação da campanha expõe estratégias com o objetivo de desgastá-las. Tome-se o 1º de maio. Aécio era o único presidenciável presente no evento da Força Sindical. Seu principal dirigente, Paulo Pereira da Silva, resolveu fazer cavalo de batalha pelo gatilho salarial. Por irresponsável, a ideia está isolada no movimento sindical. Tem apoios pontuais como o do presidente do sindicato dos trabalhadores da construção civil, Antonio Ramalho, que também é deputado estadual, do PSDB paulista menos alinhado ao serrismo.

No evento de ontem Paulinho fez animação de auditório com a proposta do gatilho e, como era previsto, ganhou adesão da plateia. Aécio, que teve o microfone empunhado pelo dirigente, negou apoio à proposta que enterra tudo o que o PSDB já fez na economia, mas pegou carona no clima armado pelo sindicalista amigo: "Esse tema volta à discussão exatamente porque o governo perde o controle sobre a inflação".

O sucesso petista em explicitar a estratégia adversária não resolve todos os percalços da reeleição. A jogada de Aécio, por mais escancarada que tenha sido, expõe uma dificuldade em que Dilma ainda não foi testada.

Com uma conjuntura internacional mais favorável e sem pestanejar, como Dilma, em usar os juros quando a inflação ameaçava voltar, Lula enfrentou o mensalão lançando mão da ameaça de mobilizar os movimentos sociais para incendiar as ruas. Como quem armou contra seu governo também ganha a vida na rua, o embate funcionou.

A batalha de Dilma é outra. A persistência de desajustes na economia pode afetar expectativas, especialmente num país que viu crescer a fatia de títulos públicos em mãos de estrangeiros. Essa gente não depende da rua, a não ser para avisá-la de que está na hora de cair fora.

Mesmo que tenha abandonado as proparoxítonas e vista-se de placidez para ir à TV, Dilma pode não ser capaz de segurar as ameaças da conjuntura econômica no gogó. Inflação sobe porque ninguém quer ter perdas e não aparece quem as arbitre. Por isso é um tema do qual a política tem que se ocupar.

A estampa de serenidade ajuda, mas está longe de resolver. A agenda das medidas a serem tomadas para domar a inflação pode não combinar com a da candidata. É um choque do qual se requer liderança política para se escapar.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 03/05

Desembaraço Dia e Noite ainda este mês nos "Big 4"

Os quatro maiores aeroportos de carga do país começam a operar com desembaraço 24 horas até o dia 15 deste mês. Guarulhos, Viracopos (ambos em SP), Manaus (AM) e Galeão (RJ), os big four, respondem por 76% do movimento de cargas aéreas do país, segundo a Secretaria de Aviação Civil. O funcionamento ininterrupto das repartições públicas (Receita, Polícia Federal, Anvisa, Vigiagro, Infraero e Anac) nos terminais deve reduzir de 10% a 15% o tempo total de desembaraço de mercadorias, estima Juliano Noman, secretário de Aeroportos da SAC. "Num primeiro momento, o que fizemos foi reorganizar os turnos de trabalho e deslocar funcionários de áreas administrativas ou escritórios regionais para os aeroportos. Com o tempo, as equipes serão incrementas", diz. O Conaero, comissão interministerial que trata de assuntos aeroportuários, decidiu no dia 18 de abril impor o desembaraço 24 horas nos quatro grandes terminais, até meados de maio. Outros aeroportos, como Confins, entrarão aos poucos no novo regime. São menos urgentes, porque representam 24% da carga. Em 2012, passaram pelos aeroportos do país 1,007 milhão de toneladas de mercadorias.

MAES
Rose Dahis, fundadora da Enjoy, e a filha Amanda Dahis, que trabalha na área de estilo, estrelam a campanha de Dia das Mães da rede de moda feminina. Famílias de clientes também estão nas peças.

A veiculação começa hoje em mídias sociais e nos pontos de venda. As receitas devem crescer 15%.

A grife tem 23 lojas no Estado do Rio.

É FESTA
A marca Maria Mendes, de vestidos de festas, lança hoje coleção prêt-à-porter do verão 2014. A modelo Ana Terra posou para a fotógrafa Gabriela Nehring. As peças circulam hoje em internet e catálogo. Dona de ateliê no Horto, a grife prevê crescimento de 30% nas vendas.

Pela metade
A hotelaria carioca está com 55% de ocupação durante o período da Jornada Mundial da Juventude, em julho.
A maior taxa (70% é a dos hotéis do Centro. É que o público do evento está mais associado à hospedagem econômica. Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ, diz que a agência oficial, Havas, cobra sobretaxa nas tarifas.

Sem fio
O TIM Wi-Fi, banda larga sem fio e gratuita da operadora, chegou ao Aeroporto de Jacarepaguá. Passa a cobrir os três terminais do Rio. O serviço já está em 18 aeroportos do país. Até o fim de julho, estará nos de Aracaju, Campo de Marte (SP), Montes Claros e Uberlândia.

Com cartão 1
A Smarter Credit lança, semana que vem, plataforma de gestão mercantil para pequenos e médios varejistas. Até 2018, o projeto terá aporte de R$ 5 milhões. Inicia a operação com rede de captura de pagamentos com cartões. Os lojistas vão receber participação nas vendas. Em breve, deve oferecer vale-presentes.

Com cartão 2
O CDL-Rio e o Sindilojas Rio são parceiros da Smarter Credit. O CDL desenvolveu estudo mostrando a dependência dos lojistas da venda com cartões. Cerca de 15 mil associados usarão o produto na primeira etapa. A ideia é lançar cartão de crédito híbrido ano que vem.

1,7 MILHÃO DE TONELADAS
É o ganho de movimentação de cargas por ano com o desembaraço 24 horas nos aeroportos, diz estudo da Firjan. A entidade participou de reunião no Galeão sobre a organização do serviço, ontem.

Na moda
É crescente a demanda de estrangeiros pelo curso de português da Plan Idiomas. Saiu de 154 alunos em 2010 para 298 em 2012. Este ano, a previsão é de 40% de alta.

Trilíngue
A MegaMatte abre este mês, em Búzios, a primeira loja trilíngue da rede. Atenderá em português, inglês e espanhol. Até o fim do ano, as filiais de Leblon, Arpoador e Vila Isabel serão adaptadas. Tudo a ver com Copa 2014 e Jogos 2016.

Patentes
O INPI bateu a marca de cem pedidos de patentes via web. O sistema estreou há 40 dias.

DE PRESENTE
A Ferni, de calçados e acessórios, escolheu o Dia das Mães para lançar a linha Label. As peças podem ser personalizadas, com impressões em placas de metal. Nas 53 lojas da rede, clientes escolhem o presente e levam um cartão, que dá desconto para o filho. A meta é vender 30% mais.

CIRCUITO DE MODA
O Rio Design Barra inicia hoje o Rio Design Experience, circuito de moda, arte e cultura. Terá ações interativas, como cabine 3-D de prova de roupas. Quer promover os dias das Mães e dos Namorados. O mall investiu R$ 500 mil. A campanha começa a circular amanhã, na web. A Script assina. Já a ZONAInternet criou concurso cultural no Instagram.

Quem vai
Cesar Cunha Campos, da FGV Projetos, faz seminário em NY, dia 15, sobre o Brasil e a conjuntura mundial. É parceria com a Brazilcham. Paul Volcker, ex-Fed, e Carlos Langoni, ex-BC, participam. No fim do mês, em Paris, Campos fala sobre o país em encontro da OCDE.

Outra cor
A Braskem desenvolve embalagens plásticas inteligentes, junto com a Universidade de Clemson (EUA). Os invólucros vão mudar de cor, se o produto estiver impróprio para consumo. Devem chegar às prateleiras em 2017.

Quem vem
O paisagista Enzo Enea vai assinar projeto do Grupo Related em São Paulo. O suíço tem 500 jardins e sedes de empresas em Europa, EUA e Japão no currículo. Mark Little, vice-presidente da GE, dá palestra no Parque Tecnológico da UFRJ na próxima terça, dia 7.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 03/05

Estados arrecadam mais de R$ 100 milhões com taxas de mineração
A taxa de mineração em vigor no Pará, em Minas Gerais e no Amapá desde o ano passado engordou os cofres dos três Estados no primeiro trimestre de 2013.

As mineradoras que atuam nessas regiões desembolsaram no total mais de R$ 100 milhões com esse tributo, sem contar outros gastos, como os royalties da mineração.

O governo paraense arrecadou R$ 52,4 milhões entre janeiro e março.

Em Minas, R$ 44,4 milhões entraram em caixa, enquanto no Amapá o tributo gerou R$ 4,6 milhões.

Os Estados alegam que tiveram de estabelecer a cobrança dada a necessidade de recursos para a fiscalização da atividade.

Até o Mato Grosso do Sul, com pequena produção nacional, decidiu criar taxa semelhante. A previsão é arrecadar R$ 3 milhões durante todo o ano.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) considera a taxa inconstitucional, com o entendimento de que a fiscalização das mineradoras é exclusiva da União.

Ações da entidade no STF (Supremo Tribunal Federal) ainda estão em tramitação.

A Vale, principal mineradora do Pará e de Minas Gerais, só começou a pagar depois que ambos os Estados diminuíram o valor taxado por minério extraído.

Cosméticos conseguem liminar contra dados na NF
A Abihpec (associação brasileira da indústria de cosméticos) conseguiu suspender a medida que obriga as empresas a disponibilizarem em suas notas fiscais toda sua margem de lucro e custos com seus produtos.

A ação cautelar da associação é contra a Resolução 13, que foi aprovada pelo Senado no fim do ano passado.

"A ação vale em âmbito nacional e resguarda todos os associados da Abihpec", afirma o presidente da associação, João Carlos Basílio.

A Resolução 13 tem causado discussão no setor produtivo, pois fixa em 4% a alíquota de ICMS incidente sobre bens importados, igualando o imposto nas transações interestaduais.

A medida visa acabar com a guerra dos portos causada pelos benefícios fiscais de ICMS que alguns Estados concediam para atrair empresas a seus territórios.

"Acabar com a guerra dos portos é importante, mas a indústria não pode abrir seus custos e lucros. Isso acaba com a estratégia de mercado", afirma Basílio.

A decisão expedida pelo Tribunal Regional Federal não é definitiva.

"Por enquanto, a indústria do cosmético está protegida", diz o presidente da Abihpec.

'Pegadinha' do Itaú termina com protesto de alunos da FGV
Com o objetivo de atrair alunos da Fundação Getulio Vargas a um evento para recrutar talentos, o banco Itaú contratou um ator que se fez passar por um professor da universidade Sorbonne.

Os universitários foram convidados para uma palestra onde ouviriam "um dos grandes pensadores da última década, que mexeu com Harvard e a Comunidade Europeia com suas ideias revolucionárias", segundo o cartaz afixado na escola de administração em São Paulo.

Ao chegarem à palestra intitulada "Geração Desencana", os estudantes tiveram de assinar um contrato para ceder direitos de imagens, pois haveria uma filmagem.

Após cerca de trinta minutos, segundo alunos, o palestrante revelou sua identidade. Disse que era um ator contratado pelo Itaú para divulgar seu programa de talentos.

Revoltados, alguns dos estudantes reclamaram à diretoria. A palestra havia sido negociada com o diretório acadêmico, que teria recebido R$ 15 mil. Procurado, o diretório não respondeu até o fechamento desta edição.

O Itaú informou que "buscou convidar de maneira informal os alunos a conhecerem o programa de seleção".

"Embora este formato provocativo não tenha agradado a parte dos presentes, é fundamental lembrar que o Itaú, também por sua comunicação informal, é uma das empresas em que os jovens mais desejam trabalhar", afirmou em nota. "O banco estará mais atento a aprendizados tirados desta iniciativa."

O mesmo evento ocorreu em outras universidades, "sem repercussões negativas", segundo o Itaú.

LIMITES
Após o evento organizado pelo banco Itaú, a diretoria da FGV realizou um debate com os estudantes sobre os limites da ética corporativa.

A FGV-Eaesp informou que se "preocupa com os direcionamentos que algumas corporações têm dado [aos programas de seleção para estágio e trainee], muitas vezes comprometendo o processo de aprendizado dos jovens e valendo-se de métodos heterodoxos para atrair e selecionar novos talentos".

Segundo Rosa Maria Vieira, professora da instituição, "no debate com os alunos, surgiram temas como responsabilidade empresarial e os indispensáveis limites éticos nos processos de seleção e a necessidade de não se confundir o espaço do mercado e o da instituição de ensino, mesmo no caso de uma escola de negócios".

MAU HUMOR
A expectativa econômica nos Estados Unidos caiu mais uma vez e fechou abril em -2,1 pontos (em escala de -100 a 100), de acordo com levantamento da empresa GfK.

Há seis meses, o indicador que mensura o ânimo dos consumidores americanos estava acima dos 40 pontos. Historicamente, o índice costuma ficar ao redor de 13.

Ainda em abril, a expectativa de renda também ficou abaixo da média histórica, que é de 17,7 pontos. O indicador atingiu 3,6.

A propensão a consumir foi o indicador que mais se aproximou da média, de -5,5. O índice registrou -7,1 pontos, segundo a pesquisa da consultoria.

NÚMEROS
-2,1
é quanto o indicador que mensura a expectativa econômica registrou em abril nos Estados Unidos

40
pontos era quanto o índice marcava aproximadamente em outubro do ano passado

13
é a média do indicador

3,6
pontos é a expectativa de renda registrada no mês passado entre os consumidores americanos

17,7
é a média desse índice

DIAGNÓSTICO LUCRATIVO
Os negócios na área de tecnologia da informação da GE Healthcare no Brasil cresceram 243% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2012, de acordo com a companhia.

A divisão da Philips de "healthcare", que engloba aparelhos para diagnósticos, como ultrassom e ressonância magnética, informa que a América Latina já representa 5% do faturamento global da área, de € 9,98 bilhões.

Em 2014, o continente representava 4%.

A Siemens confirma o crescimento do segmento. A linha respondeu por cerca de 17% de seu faturamento total em 2012, de aproximadamente € 78,3 bilhões.

Aliança fora... O escritório de advocacia paraense Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff fechou uma parceria com o pernambucano Queiroz Cavalcanti para atender clientes das regiões Norte e Nordeste.

...do eixo O objetivo é que a aliança dê força à atuação fora do eixo Rio-São Paulo, principalmente nas áreas de meio ambiente, mineração, direito financeiro e do consumidor, com 400 advogados distribuídos da Bahia a Rondônia.

No pé A marca de calçados infantis Ortopé, comprada em 2007 pelo grupo gaúcho Paquetá, está investindo cerca de R$ 7 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. A meta é dobrar o faturamento --de R$ 95 milhões em 2012-- até 2020.

Imagina depois da Copa - ARMANDO CASTELAR PINHEIRO

Valor Econômico - 03/05

A ata do último Comitê de Política Monetária (Copom) revelou que o foco do Comitê com a inflação se moveu para 2014; a alta de preços em 2013 já estaria dada, pelo menos para fins de fixação da taxa Selic. Faz algum sentido, afinal faltam oito meses para o ano acabar e, com reuniões a cada 45 dias e altas homeopáticas dos juros, o impacto do aperto monetário sobre a inflação deste ano será pequeno.

Enquanto o Banco Central (BC) parece considerar 2013 um ano perdido - ao menos em termos de trazer a inflação para a meta de 4,5%, ou perto -, vários analistas começam a ter a mesma visão sobre os próximos 20 meses em relação ao todo da política econômica. Em especial, que a antecipação da disputa presidencial e os compromissos do governo com as políticas adotadas no último biênio limitam e distorcem o uso dos instrumentos de política econômica, de tal sorte que o espaço para se controlar a inflação e melhorar a qualidade da política fiscal e do ambiente de negócios é bastante restrito.

Assim, a aposta é que as distorções na economia aumentarão e os desequilíbrios não serão enfrentados, nem neste, nem no próximo ano. Isso só ocorreria após as eleições, em especial em 2015. Uma questão, menos óbvia do que pode parecer, é: mudar em que direção?

Há sinais de que a recuperação econômica este ano, apesar de um bom primeiro trimestre, não será nada espetacular. Em especial, setores que vinham apresentando grande dinamismo, como comércio e construção, não devem repetir seu bom desempenho. Isso tem importante implicação eleitoral, pois esses setores respondem por parcela considerável do emprego.

Tanto a política fiscal como a de crédito público estarão, como já anunciado, voltadas para estimular o crescimento. Isso se traduzirá em um superávit primário mais baixo e, possivelmente, como ocorre há alguns anos, perda de transparência nas contas públicas. É bem possível que, depois de vários anos em queda, a dívida líquida do setor público suba como proporção do PIB, inclusive pela alta dos juros básicos.

Em relação à inflação, o objetivo central será cumprir a meta em 2013 e 2014 - o que, na visão oficial, se traduz por mantê-la abaixo de 6,5%. Só que isso será alcançado por meio de medidas pontuais, cujo efeito se esgota no curto prazo. São exemplos o controle do preço da gasolina, a queda das tarifas de eletricidade, o adiamento do reajuste das tarifas de ônibus, e as variadas isenções tributárias, assim como o uso do Tesouro para subsidiar produtores para evitar aumentos de preços.

Além de não controlar a inflação essas medidas pioram a situação das contas públicas e estimulam a demanda por esses bens e serviços, elevando as pressões de demanda. Isso significa que chegaremos a 2015 com uma considerável inflação reprimida, que em algum momento precisará ser repassada para os preços.

As contas externas também devem piorar nos próximos 20 meses. Nesse período, o crescimento mundial permanecerá fraco e, especialmente importante, a Ásia emergente deverá crescer mais devagar. Isso prejudicará nossas exportações e reverterá parte do excepcional ganho de termos de troca dos últimos anos. De fato, no acumulado dos últimos doze meses nossas exportações já caíram 7,1%, com queda de 5,4% nos preços. Nesse quadro, é possível que o BC seja forçado a gastar parte das reservas para evitar uma desvalorização maior do câmbio.

Some-se a isso que nesse período a política monetária americana se tornará gradualmente menos expansionista, enxugando parte da grande liquidez hoje existente no mercado internacional. Isso significa que teremos menos facilidade para financiar um déficit externo em rápida expansão.

A resposta de política econômica que vários analistas preveem para 2015 envolverá um forte ajuste fiscal, com corte de gastos e reversão de várias das isenções já concedidas e a serem ainda adotadas. Em que pese a contração fiscal, a alta de impostos e a correção de alguns preços, como de gasolina e eletricidade, devem elevar a inflação e exigir uma alta dos juros maior do que o Banco Central parece ter planejado para o período pré-eleitoral.

O ritmo de atividade econômica deverá desacelerar e o mercado de trabalho piorar, com alta do desemprego e queda dos rendimentos reais. Isso ajudará a controlar a inflação. Por outro lado, afetará a saúde do sistema financeiro, em especial dos bancos públicos, que têm expandido agressivamente suas carteiras de crédito: em 2012, 21% além da inflação. Em um primeiro momento, pelo menos, é provável que se deixe o real valorizar para ajudar no controle inflacionário.

Mais do que uma previsão, porém, esse ajuste é antes um desejo de muitos analistas. De fato, o Brasil acumulou alguns bons indicadores econômicos nos últimos 20 anos, criando "gordura" para não apenas aguentar as distorções acumuladas no período pré-eleitoral, como até para acentuá-las, se essa for a opção. Portanto, a direção da mudança em 2015 não está dada. Assim, se a Copa vai trazer emoções, imagine depois da Copa.

As flores do mal - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE

O ESTADÃO - 03/05

Há males que vêm para o bem. Há males que vêm para o mal. Às vezes, males que vinham para o mal passam a vir para o bem. E males que outrora vinham para o bem, de repente, voltam a vir para o mal. O grande desafio é saber quando os males do bem se tornam males do mal. A tentação é seguir crendo que o que foi para o bem para o bem permanecerá.

O governo brasileiro cedeu à tentação. Acha que a deterioração da atividade global identificada nos indicadores do comércio, no arrefecimento do crescimento chinês, é um mal para o bem. Mal que abre espaço para a permissividade fiscal, sob a esperança de que fique tudo bem. Nietzsche já dizia que a esperança é o derradeiro mal, o pior dos males, porquanto prolonga o tormento. Mas a esperança é também o derradeiro mal, o pior dos males, porquanto prolonga a irresponsabilidade.

De 2010 a 2012, os surtos de deterioração da economia mundial tiveram um efeito curioso sobre o Brasil. Toda vez que houve um soluço ou engasgo lá fora, seja por causa do agravamento europeu, seja porque a China desacelerou mais do que se imaginava, seja porque os republicanos e os democratas nos EUA não conseguiam se entender, o Brasil acabou, digamos, se dando bem. Foi assim em 2010, quando o excesso de crédito no País e o inequívoco descompasso entre demanda e oferta não foram suficientes para se sobrepor aos impulsos deflacionistas que provinham do quadro global modorrento. Naquele ano, a economia brasileira cresceu 7,5%, mas registrou uma inflação para lá de modesta: 5,8%. Benditos e benquistos foram os males externos.

Algo parecido ocorreu em 2011, quando o descalabro da discussão política sobre a elevação do teto da dívida americana e a nova onda de piora na Europa desvirtuaram a recuperação e permitiram que o Banco Central (BC) desse uma guinada nos juros brasileiros, iniciando as quedas que levariam à inédita Selic de 7,25%, agora 7,5%. Naquele ano, crescemos só 2,7% e tivemos inflação mais alta: 6,5%. Contudo, a elevação dos preços fora motivada pelos choques de preços de commodities concentrados no início do ano. De agosto em diante, a inflação caiu e o BC foi aplaudido, louvado, pôde colher os louros de sua aposta visionária sobre os males auspiciosos. Tal situação perdurou em 2012, enraizando a impressão de que o que era ruim para os outros acabava sendo bom para nós, ainda que a alta dos alimentos nos mercados internacionais não se tenha encaixado nessa tese. Até o PIB moribundo foi aceito como um efeito colateral das agruras externas, e não como algo de nossa própria autoria. Afinal, o emprego subia, a renda aumentava. O PIB do povo foi, ainda, um sucesso em 2012.

Mas a economia brasileira mudava insidiosamente. O que era sólido - as contas fiscais - se tornou fluido, devido às artimanhas contábeis e ao excesso de criatividade. Mais recentemente, o que era fluido - o superávit primário - ameaça se tornar vaporoso, fumegante, nocivo. A meta de superávit primário está prestes a ser abandonada, não porque o Brasil alcançou o nirvana fiscal, a dívida bruta em eterno repouso ou declínio, mas sim porque é politicamente conveniente. Sobretudo porque os alquimistas do governo misturaram tanta coisa no caldeirão fervilhante de ideias e medidas que já não sabem como isso influenciará a retomada da atividade. Sobrou para o mal que geralmente vem para o mal, mas que alguns teimam em achar que vem para o bem: o perdularismo em nome da atividade.

Recentemente, a economia tem crescido cada vez menos, com uma inflação muito alta para tão parco crescimento. As contas públicas perderam credibilidade e tração. O saldo deficitário em transações correntes cresceu. É provável que a desaceleração da China e do mundo agrave esse quadro, prejudicando as exportações, pressionando o câmbio, a inflação, as reservas. O mal externo se somará aos nossos próprios ais.

A nós não bastarão nossos próprios ais, Mario Quintana. Ainda que a ninguém sua cruz seja pequenina. Por pior que seja a situação da China, os nossos calos doem muito mais. Cada vez mais.

A força da democracia no Brasil - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

FOLHA DE SP - 03/05

Sem a pressão da opinião pública, o governo acabará por trilhar o caminho dos militares sobre a inflação


Tivemos nas comemorações do Dia do Trabalho uma prova do vigor da democracia no Brasil e de sua importância na preservação de conquistas passadas da sociedade.

Faço referência aos encontros promovidos pelas maiores centrais sindicais do país, em São Paulo --com a presença de mais de 1 milhão de pessoas segundo a mídia--, e nos quais o tema da inflação dominou as palavras de muitos líderes presentes.

Nem mesmo o absurdo das propostas defendidas por alguns --como é o caso da volta do gatilho salarial-- reduz a importância da volta da inflação como tema político relevante. E a repercussão desses acontecimentos na imprensa ampliou na opinião pública o debate sobre os riscos com a inflação que existem hoje no Brasil.

Muitos poderão dizer que as palavras de algumas lideranças têm objetivos eleitorais de curto prazo e reagem com menos entusiasmo a esses acontecimentos. Respondo eu com a observação singela, mas verdadeira, de que eleições são os momentos mais ricos de uma democracia e, se a perda do vigor no controle da inflação no Brasil de hoje é um fato real, nada mais correto que fazer dele um tema eleitoral.

O compromisso com o controle da inflação é uma das cláusulas pétreas da democracia brasileira nas últimas duas décadas e não pode ser esquecida por nenhum governante. Afinal, tivemos entre 1979 e 1994 um período de mais de 15 anos em que a renda real média do brasileiro reduziu-se em mais de 2,5% ao ano em razão da inflação. Somente em 1994, com o Plano Real, é que a sociedade reconquistou a estabilidade de preços como valor social e um novo futuro no campo econômico.

Nos anos seguintes, graças ao trabalho político de dois presidentes é que essa característica de cláusula pétrea da nossa democracia tomou forma. E ficou, como herança desse período, o compromisso com um arcabouço macroeconômico que garanta a estabilidade de preços de forma sistêmica e perene.

Pois no governo Dilma --pouco a pouco-- esse compromisso com a estabilidade de preços foi se enfraquecendo. Vivendo uma realidade econômica diversa da que marcou os anos dourados de seu antecessor, tivemos gradualmente a volta do pensamento que prevaleceu no Brasil dos militares depois do segundo choque do petróleo, em 1979: é preferível ter um pouco mais de inflação se o resultado for um crescimento econômico maior. Foi esse mantra que nos levou --lenta e gradativamente-- ao período citado acima de hiperinflação e queda de renda real.

A nossa presidenta, neste mesmo Dia do Trabalho, apresentou-se em cadeia nacional de televisão para reafirmar seu compromisso com a estabilidade de preços, compromisso reafirmado também por um importante ministro da área social de seu governo no encontro da CUT.

Nos meses que nos separam das eleições do próximo ano, muita água vai passar pela ponte da inflação. E os dois lados --governo e oposição-- terão tempo e informação suficientes para desenvolver seus discursos e seduzir os eleitores nas urnas com esse tema.

Mas uma verdade se impõe a partir das comemorações do Dia do Trabalho neste ano de 2013: a questão da inflação --e seu controle pelo governo-- passará a ser um item prioritário do debate político eleitoral. Esse fato em si representa um reconhecimento de que a inflação ainda é, para o brasileiro, um elemento importante, apesar de um período longo em que essa questão ficou afastada do debate político. Fico feliz com isso e mais otimista com a condução da política econômica daqui para a frente.

Apesar de não fazer parte do grupo de analistas que entendem estarmos vivendo um período agudo de perda de controle da inflação, preocupava-me a volta ao centro das decisões do Palácio do Planalto dos "conselheiros" que preferem UM POUCO MAIS DE INFLAÇÃO PARA TER UM POUCO MAIS DE CRESCIMENTO.

Os indícios de que a presidenta escuta seus argumentos são crescentes e temo que, sem a pressão da opinião pública e da oposição política mobilizada pelas eleições do próximo ano, o governo vai acabar por trilhar o caminho da época dos militares.

A politização da inflação - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 03/05

A inflação deixou as páginas de Economia dos jornais. Passou para a seção de Política. Isso diz muita coisa.

Há algumas semanas, deixou de ser tema quase exclusivo de especialistas e dos perdigueiros do mercado financeiro. Passou a frequentar a boca do povo, como motivo de apreensão e como chacota. A inflação do tomate, por exemplo, deu bem mais o que falar do que a escalada das commodities agrícolas no ano passado.

Nos showmícios do Dia do Trabalho, insistentes acusações de leniência do governo Dilma em relação à inflação e ao esfolamento do poder aquisitivo do trabalhador, provocado pela alta de preços, foram os principais temas dos discursos. O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, se sentiu na obrigação de defender o governo Dilma. Tentou passar o recado de que, ao contrário do que agora defendem as lideranças sindicais, a presidente "é uma leoa" no combate à inflação. Mas todos sabem que não é bem assim. A presidente tem diante do tema atitude dúbia e, como ocorre em toda dubiedade, confusa.

Seu governo, até aqui, enfrenta dupla frustração. Não consegue entregar crescimento econômico minimamente aceitável segundo seus próprios critérios. E não tem sido capaz de manter a inflação na meta definida pelo seu governo (veja o gráfico).

Inúmeras vezes, a presidente deu a entender que não pode atacar os dois problemas ao mesmo tempo. Os incentivos ao avanço econômico provocam inflação e os remédios à inflação contêm a atividade produtiva. Nessas condições, sempre preferiu gastar mais recursos públicos para puxar pelo "pibão", que teima em não chegar - sua frustração maior.

Além de deixar correr solta a gastança e de estimular o consumo acima da capacidade de oferta da economia, o governo Dilma pouco fez para combater a inflação. Tratou com pouco-caso o cumprimento da meta de 4,5% ao ano, deixou que os salários saltassem mais alto do que a produtividade da economia e empurrou o Banco Central para políticas que derrubaram sua capacidade de conduzir expectativas.

Ao final de março, em entrevista paralela à reunião de cúpula do Brics, na África do Sul, Dilma cometeu ato falho seguido de um ataque de nervos. Primeiro, condenou "políticas de combate à inflação que reduzem o crescimento econômico". Mas, após o mercado financeiro mostrar apreensão com o que entendeu como ameaça de derretimento da política de estabilização dos preços, proclamou que "o combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo".

Enfim, na ocasião, já se apresentava como a leoa que nunca foi e que provavelmente nunca tentou ser. No seu pronunciamento de 1.º de maio, viu-se obrigada a dizer que a luta contra a inflação "é constante, imutável, permanente". Alguém aponta alguma consistência prática nessa fileira de palavras?

A politização da inflação é processo sujeito a dinâmica própria. Diante dele, ou o governo Dilma leva mais a sério o combate à alta de preços ou corre o risco de ser arrastado pela correnteza.

O maior medo - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 03/05

Há 30 anos, em 1983, o maior medo dos paulistanos ouvidos pelo Instituto Datafolha era da inflação; hoje, refeita a pesquisa da mesma forma - com resposta estimulada e única -, o maior medo é de que algum jovem da família se envolva com drogas. O interessante é constatar como estavam certos os que tinham medo da inflação em 1983.

O Datafolha refez a pesquisa para comemorar seus 30 anos. O que chama a atenção, quando se olha para trás, é a sabedoria das pessoas ouvidas. Em 1983, a inflação estava caminhando para 300% ao ano. E o país travaria, na década seguinte, a mais tenaz luta contra a alta dos preços da sua história. A ditadura legou ao país o descontrole inflacionário, com um gene mutante, a indexação, que o tornara mais forte. Foi preciso atravessar planos econômicos, experimentos, seis moeda - uma delas a virtual URV - para derrotar o reajuste dos preços que chegou ao patamar de 5.000%.

O medo era real naquele ano de 1983. O país já tinha entrado num túnel do qual só saiu anos depois com muito sofrimento e perdas. O fato de só 7% terem apontado que este é o maior medo agora não quer dizer, em absoluto, que os brasileiros não se preocupam mais com isso. Nos últimos meses, os consumidores mostraram várias vezes seu desconforto com os preços, mas eles sabiamente escolheram como maior preocupação "que jovens da família se envolvam com tóxicos".

As drogas mudaram de patamar. Algumas são agora mais virulentas, desagregadoras e difíceis de vencer, como o crack. Então, de novo, tem razão o entrevistado do Datafolha. É um desafio para as famílias e para as políticas públicas lidar com a complexidade a que chegou o risco que cerca os jovens.

A queda para 7% do percentual dos que elegem a inflação, se não for bem entendida pelos governantes, pode induzi-los a erros. O brasileiro mudou ao vencer a hiperinflação, em 1994. Hoje, ele é intolerante com a alta dos preços e reage a cada momento que eles sobem um pouco, ainda que seja para patamares que nem de longe pareceriam graves nas décadas de 50, 60, 70, 80 e até meados de 90. Hoje, o IPCA está um pouco acima do teto da meta e isso é considerado grave, gravíssimo.

Por que então só 7% apontam como seu maior medo? O país acha que ela não está fora de controle e que o governo impedirá que ela continue a subir, por mais que desconfie frequentemente das hesitações que a política econômica tem demonstrado. Mas a população está ligada ao problema e punirá com queda de popularidade o governo que deixar a inflação fugir ao controle. O brasileiro, que durante 50 anos viveu com índices em dois dígitos, depois, em três dígitos, e em seguida, com o descontrole inflacionário, criou anticorpos contra esse fenômeno.

Mesmo assim, estruturas mentais do passado permanecem vivas, como essa tresloucada ideia de reindexação dos salários, com gatilho, que foi apresentado pelo Paulinho da Força Sindical. Se adotada, é o caminho para a repetição da tragédia. O país tem é que varrer o que resta de lixo da indexação, em vez de recriar mecanismos que nos levaram ao desastre.

A presidente Dilma, em pronunciamento em cadeia nacional, na quarta-feira, disse que o combate à inflação é uma preocupação permanente de seu governo. Mas o que os números mostram, de fato, é o IPCA longe do centro da meta durante todo o seu mandato.

Há a expectativa bem provável de que o índice volte a cair nos próximos meses, mas o governo deixou de lado toda a ousadia de levá-la a patamares mais baixos. Pelo contrário, tem aceitado que ela fique estacionada num nível alto demais, o que a torna vulnerável a choques.

Ao contrário dos argentinos, que aceitaram que a inflação voltasse a 25%, aceitam a intervenção no instituto oficial de pesquisas de índices de preços e admitem que o ministro da Fazenda fuja (fisicamente) de uma entrevista, quando lhe perguntam sobre o tema, os brasileiros aprenderam a lição. Na minha longa vida de jornalista construí esta profunda convicção: o brasileiro de hoje não tolera inflação fora de controle.

A afronta do PT à República e à democracia - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 03/05

Depois de protagonizar uma ofensiva contra a criação de novos partidos por meio de um Projeto de Lei que limita o acesso das legendas ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o PT revela que sua sanha autoritária não tem limites e agora se volta contra o Poder Judiciário. O alvo da vez é o Supremo Tribunal Federal (STF), instância maior da Justiça brasileira, cujo pecado imperdoável para os petistas parece ter sido a condenação de alguns próceres do partido envolvidos no mensalão.

Na última semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a admissibilidade de uma aberrante Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) que submete algumas decisões do STF ao crivo do Congresso Nacional. De acordo com a proposta, as decisões da Corte sobre as chamadas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adin) teriam de obter o aval do Legislativo, assim como as súmulas vinculantes, que são mecanismos editados pelo Supremo e seguidos pelos demais níveis do Judiciário.

Atendendo a mandados de segurança protocolados pela Mobilização Democrática (MD) e pelo PSDB que pediam a suspensão da PEC, o Ministro José Antonio Dias Toffoli, do STF, estabeleceu um prazo de 72 horas para que a Mesa Diretora da Câmara desse explicações sobre tamanho disparate. Mesmo assim, o PT não se deu por vencido e voltou à ribalta com o ex-presidente da Casa, deputado Marco Maia (RS). O parlamentar já começou a garimpar assinaturas de apoio a uma proposta que proíbe qualquer ministro do Supremo de tomar decisões sobre medidas do Legislativo de forma monocrática, ou seja, sem consultar o plenário do tribunal.

Novamente, trata-se de revanchismo rasteiro contra o Judiciário, desta vez em resposta ao Ministro Gilmar Mendes, que suspendeu a tramitação do projeto que inibe os novos partidos até que o tema seja apreciado pela Corte.

A indecorosa ofensiva do PT contra o Judiciário ignora uma premissa básica do equilíbrio entre os Três Poderes: não se pode, por meio de uma lei ordinária, mudar uma interpretação do STF sobre a Constituição. No ano passado, por exemplo, ao analisar o caso do então recém-criado PSD, a Suprema Corte se debruçou sobre a Carta Magna e entendeu que, quando se trata de migração para um novo partido, o parlamentar leva consigo o tempo de televisão para a nova agremiação - e foi baseado nesta jurisprudência que Mendes suspendeu o projeto temporariamente. Em última análise, a famigerada proposta de autoria do petista Nazareno fere as prerrogativas do STF de interpretar a Constituição e ser seu guardião permanente.

Assim como na reação à iniciativa do governo de inviabilizar novos partidos, a sociedade brasileira se mobilizou e, de forma peremptória, manifestou seu repúdio à tentativa do PT de amordaçar o STF. A liberdade de organização partidária e a independência entre os Poderes da República são alguns dos valores inegociáveis pelos quais o país lutou muito para conquistar. Qualquer ameaça a esses princípios pétreos deve ser repelida por todos aqueles que prezam a democracia. 

Derrota à vista - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 03/05

A cúpula do PMDB no Senado relatou à presidente Dilma, ontem de manhã, que há dificuldades para votar a MP dos Portos. Disseram que na base aliada existe muito descontentamento com o governo. E que o clima piorou com a posição do Planalto de não ceder nas negociações e antecipar vetos. Por isso, o Executivo já trabalha com um plano B: enviar projeto de lei sobre o tema.

O palanque paulista
O debate sobre a candidatura do PT ao governo de São Paulo se intensifica. A presidente Dilma precisa de um candidato forte no estado. O favorito para assumir a tarefa continua sendo o prefeito Luiz Marinho (São Bernardo do Campo), que tem como padrinho o ex-presidente Lula. Sobre referências ao nome do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), os petistas contam que, além de não ter a simpatia de Lula, enfrenta resistências na base do partido. O ministro Alexandre Padilha (Saúde), também citado, é eleitor no Pará, e não pretende mudar seu domicílio eleitoral sem que exista uma decisão do partido em São Paulo pela sua candidatura.

"Depois que o Kassab disse que o PSD não quer ministério para apoiar o governo Dilma, não sei se é conveniente que o Afif Domingos aceite um cargo"
Saulo Queiroz Secretário-geral do PSD

Novo comando
O delegado José Alberto Iegas, que era superintendente no Paraná, será o novo diretor de Inteligência da Polícia Federal. Ele assume no lugar de Maurício Valeixo, que foi promovido a adido da PF nos Estados Unidos.

Saia-justa
Dias antes de a presidente Dilma ir a Petrópolis (RJ), em 25 de março, para missa em memória das vítimas das chuvas, assessores do Planalto estiveram com o bispo Dom Gregório Paixão. Eles queriam uma cópia do sermão que ele faria na cerimônia. Surpreso, Dom Gregório disse que não poderia atendê-los, pois nunca escreve suas homilias.

Sem lenço e sem documento
A PF fez uma recomendação ao Vaticano: que não esqueça os documentos do Papa Francisco em sua vinda ao Brasil para a Jornada da Juventude. Na última visita de um papa ao país, o Papa Bento XVI, em 2007, esqueceu o passaporte. Como seria um absurdo barrá-lo, a PF o liberou. Já o Papa Francisco, por ser argentino, para entrar no país, basta apresentar sua carteira de identidade.

Só serve para vice
A eventual candidatura do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ao governo do Rio enfrenta resistências no PMDB. Lideranças do partido interpretam seus movimentos recentes como uma tentativa de furar a fila.

Maduro vem aí
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deverá vir ao Brasil na próxima quinta-feira. Ele fará um giro pelos países da região e pediu à sua assessoria para tentar viabilizar uma agenda com a presidente Dilma.

Ponto Final
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) liga para explicar: "Bernardo Figueiredo é o coordenador do Programa de Investimentos em Logística. A Casa Civil monitora e cobra resultados. E continuará monitorando e cobrando".

A próxima reunião dos Brics, no ano que vem, será em Fortaleza (CE). A escolha é da presidente Dilma, que assumirá a presidência do bloco em 2014.


Cabo de guerra - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 03/05

Dilma Rousseff chamou Michel Temer, Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) ontem para discutir a medida provisória dos portos. Segundo relatos, a presidente já trabalha com a possibilidade da derrota na Câmara, mas o governo adota "tom de ameaça'' e quer culpar o Congresso pela dificuldade na negociação. Interlocutores do Planalto afirmam que, se a MP cair, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que a relatou, pode perder o cargo.

Faca no pescoço O governo está mandando um recado aos empresários: se trabalharem para que a MP caduque, os contratos vencidos não terão direito aos cincos anos de prorrogação que o relator incluiu e serão licitados.

Palanque Além de Dilma e Aécio Neves, o ex-presidente Lula, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e o ex-jogador Pelé participarão hoje da Expozebu, em Uberaba.

Bênção Aécio levou seu novo marqueteiro, Renato Pereira, e equipe para uma conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Fora do ar A presidente, que tem aproveitado a maioria das datas comemorativas para fazer pronunciamentos na TV, não gravará para o Dia das Mães, no próximo dia 12.

Vai andar Na avaliação do governo, o plenário do STF vai votar e cassar até quarta-feira a liminar de Gilmar Mendes que susta a tramitação do projeto que limita acesso de novas siglas a tempo de TV e fundo partidário.

Vai correr Se a previsão vingar, o Planalto vai jogar todo o peso para votar o projeto, que dificulta a criação da Rede de Marina Silva e a costura de alianças de Eduardo Campos, ainda em maio.

Troca 1 Após ouvir protesto de produtores rurais no Mato Grosso do Sul e no Paraná contra estudos de demarcação de terras indígenas pela Funai, Dilma Rousseff decidiu mudar a cúpula do órgão.

Troca 2 Os ruralistas reclamam que o órgão incentivou a invasão de fazendas por índios em áreas onde não viviam antes do início dos estudos. Será a segunda troca na Funai sob Dilma. Marta Azevedo substituiu Márcio Meira em 2012.

O policial... O ex-diretor da Abin no governo Lula e ex-diretor de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo Mauro Marcelo Lima e Silva atuou como segurança da atriz Sarah Jessica Parker ontem, em sua passagem por São Paulo para gravar um comercial.

... e a estrela O delegado classe especial também preside o Tribunal de Justiça Desportiva. Nas fotos de sites, aparece ao lado da protagonista de "Sex and the City" desde o aeroporto, usando distintivo da Polícia Civil.

Precursora O secretário de Segurança, Fernando Grella, não irá a Nova York, Londres e Amsterdã para conhecer sistemas de integração de dados. Vai enviar representantes das polícias.

Visitas à Folha Márlon Reis, juiz e diretor executivo do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, visitou ontem a Folha. Estava com Edson de Resende Castro, coordenador da Central de Apoio Técnico do Ministério Público de Minas Gerais, e Aldo Arantes, secretário da Comissão de Reforma Política do Conselho Federal da OAB.

Elizabeth Farina, diretora presidente da União da Indústria e Cana-de-Açúcar, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Adhemar Altieri, diretor de Comunicação Corporativa, e de Beth Alves, assessora de imprensa.

Horácio Neves, diretor do jornal "Brasilturis", visitou ontem a Folha.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Mesmo sendo judeu, tive que recorrer aos santos para ver se eles iluminam os ministros do STF em suas decisões nos embargos."
DE LEONARDO ISAAC, advogado de Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Marcos Valério, no mensalão, sobre recurso em que cita são Francisco de Assis.

contraponto

Bússola quebrada
Presente ao 12º Fórum de Comandatuba, no último fim de semana, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), dividiu a mesa num jantar com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Ficou admirado com a empolgação de seus correligionários com o presidenciável:

--Ronaldo Caiado é o mais novo ardoroso socialista...

Depois, no seminário sobre Copa, o governador da Bahia, Jaques Wagner, saudou parcerias público-privadas.

--Agora é que não estou entendendo mais nada mesmo -- disse ACM Neto. --Dei até as boas-vindas ao Wagner, que acaba de abraçar o liberalismo com fervor!