quarta-feira, maio 06, 2009

DIOGO MAINARDI

PODCAST
Diogo Mainardi

6 de maio de 2009
  

Texto integral
Verissimo criticou visita de Ahmadinejad

Luis Fernando Verissimo publicou uma nota de repúdio à viagem ao Brasil do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Certo: era só uma nota de rodapé, com 271 caracteres. Certo: o repúdio nem era propriamente dele, e sim da comunidade judaica. Certo: a nota de rodapé aparecia depois de um artigo sobre o papel higiênico, o lápis e o guarda-chuva. Mesmo assim, deve ter sido a primeira vez que Luis Fernando Verissimo contrariou publicamente Lula.

E o que fez Ahmadinejad, depois de causar tanto desconforto a nosso ilustre cronista? Cancelou a viagem em cima da hora, abandonando Lula na pista do aeroporto. Até agora ninguém soube dizer o motivo do cancelamento da viagem. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, deu sinais de que está insatisfeito com algumas atitudes de Ahmadinejad. Ao contrário de Lula, que continua a cortejar abertamente o negador do Holocausto e financiador do terrorismo. Em matéria de política interna iraniana, Lula é mais radical do que Ali Khamenei.

Lula já defendeu - com grande sucesso - mensaleiros e aloprados. Defender o negador do Holocausto e financiador do terrorismo teria sido seu maior desafio. Bem maior do que o da semana passada, quando ele defendeu os deputados federais que fizeram turismo com todas as despesas pagas pelos contribuintes. Dois anos atrás, Luis Fernando Verissimo viajou a Israel com todas as despesas pagas pela comunidade judaica. Pergunto: a viagem a Israel, com todas as despesas pagas pela comunidade judaica, influenciou a nota de rodapé em que Luis Fernando Verissimo repudiou a vinda de Ahmadinejad ao Brasil? Espero que sim. Espero que o investimento da comunidade judaica tenha sido proveitoso. Em alguns casos, uma viagem com todas as despesas pagas pode ajudar a consolidar certos princípios.

Além de Luis Fernando Verissimo, o trem da alegria kosher incluiu outros escritores: Rubem Fonseca, Ignácio de Loyola Brandão, André Sant'Anna, Daniel Galera, Affonso Romano Santanna. Ignoro se algum deles publicou nota de repúdio à viagem de Ahmadinejad ao Brasil. O que eu sei é que eles compuseram poemas comendo falafel em Haifa. E que, retornando ao Brasil, foram narrar suas peripécias no programa de Ronnie Von, na TV Gazeta.

Um dia depois de cancelar sua viagem ao Brasil, Ahmadinejad inaugurou a Feira Internacional de Livros de Teerã. Em seu discurso, ele prometeu aumentar o investimento do governo em literatura, estimulando o consumo e a produção de livros. Trata-se do mesmo governo que condenou à morte Salman Rushdie. Ahmadinejad deveria convidar os escritores brasileiros para visitar seu país, com todas as despesas pagas. Quem sabe alguns deles fizessem como Lula e topassem defender suas ideias no programa de Ronnie Von.

ADRIANO É DO FLAMENGO

AG. REUTERS

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Flamengo anunciou nesta quarta-feira de forma oficial a contratação do atacante Adriano, que será apresentado na quinta-feira como principal reforço do time carioca para a disputa do Campeonato Brasileiro.

Adriano rescindiu seu contrato com a Inter de Milão de forma consensual após anunciar que daria um tempo na carreira porque tinha perdido o desejo de jogar futebol. Menos de um mês depois, a contratação do jogador foi anunciada com destaque no site do Flamengo: "Adriano já é do Mengão".

"O Flamengo anuncia a contratação do atacante Adriano, que será apresentado amanhã", acrescentou o clube em comunicado.

Na semana passada, o presidente em exercício do Flamengo, Delair Dumbrosck, disse à Reuters que o jogador estava "99 por cento" acertado com o clube, no entanto, o empresário do jogador não confirmara o negócio.

O atacante de 27 anos, que começou sua carreira no Flamengo, foi considerado um dos principais do mundo em sua posição após ser artilheiro e eleito melhor jogador nas conquistas da seleção brasileira na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações de 2005.

Porém, após uma exibição abaixo do esperado no Mundial da Alemanha em 2006, sua carreira entrou em declínio e ele passou a ter problemas tanto dentro como fora de campo.

Após apresentar-se para defender a seleção nas eliminatórias da Copa no mês passado, o jogador não voltou para a Inter de Milão e chegou a ser considerado desaparecido. Nesse período, ele passou alguns dias na favela carioca Vila Cruzeiro, onde cresceu.

O atacante depois convocou uma entrevista coletiva para anunciar que estava dando um tempo do futebol porque tinha perdido o desejo de jogar e que pretendia ficar no Brasil para repensar sua carreira.

O Flamengo, que conquistou o Campeonato Carioca no domingo, estreia no Brasileiro contra o Cruzeiro, no domingo.

FERNANDO RODRIGUES

Preguiça cívica


Folha de S. Paulo - 06/05/2009
 

Uma característica marcante da eleição presidencial dos Estados Unidos no ano passado foi a insistência diária dos candidatos pedindo dinheiro. Na TV, rádio e internet, Barack Obama e John McCain quase imploravam por doações. Receberam muito.
O democrata Obama, o vencedor, teve cerca de 3,5 milhões de doadores diferentes. Desses, pelos menos 2,5 milhões deram quantias inferiores a US$ 200 cada um. Como comparação, ao ser reeleito presidente em 2006, o petista Lula teve 1.319 doadores (e 1.634 doações). O tucano José Serra ganhou o governo de São Paulo com apenas 55 doadores diferentes. Os dados são oficiais, do TSE.
Nesta semana, a 
Folha revelou que as empresas doadoras de campanha têm depositado vigorosamente nas contas bancárias dos partidos políticos. Ocultam assim os nomes dos candidatos receptores de recursos na ponta final.
O TSE pretende apertar os controles. Nenhum partido considerou positiva a iniciativa da Justiça Eleitoral. Querem opacidade nas contas de campanha.
Não ocorre a nenhuma agremiação política ajudar a criar uma cultura da doação financeira durante os períodos eleitorais. Trata-se de uma forma clássica de incentivar a participação dos cidadãos na vida partidária. Quem doa R$ 10 ou R$ 20 a uma legenda ou candidato fica comprometido. Cobrará responsabilidade dos eleitos.
Aí está o problema. Os políticos querem distância dos eleitores interessados em cobrar promessas.
Poucos -se é que ainda existe algum- tampouco teriam coragem de aparecer em público pedindo dinheiro para suas campanhas. O mais fácil é se acomodar na habitual preguiça cívica. Defender o financiamento público exclusivo e, enquanto não cola esse novo despautério, receber dinheiro camuflado por meio dos partidos políticos.

GOSTOSA


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PARA...HIHIHI

TORNEIRA

O menino segurando pintinho pergunta pra mãe: 

- Mãe como é nome disso aqui? 

A mãe gentilmente responde: 

- É torneira!!! 

O menino: 

- Pois a do papai está entupida, quase todas as manhãs, eu vejo a empregada chupar a torneira dele!!! 

BRASÍLIA - DF

Na gaveta


Correio Braziliense - 06/05/2009
 

Acuado por causa dos focos de rebelião na base aliada, o governo cercou-se de cautela para a votação dos vetos presidenciais prevista na sessão do Congresso Nacional convocada para hoje. Para evitar um novo golpe dos revoltosos, o Poder Executivo acertou com os líderes a retirada de 22 projetos que reúnem cerca de 100 vetos, a maioria com alto potencial de danos. A lista é nitroglicerina pura. Inclui, por exemplo, a proposta que equipara o reajuste dos pensionistas da Previdência Social ao concedido ao salário mínimo, vetado pelo presidente Lula em 2006. O impacto previsto nos cofres é de pelo menos R$ 15 bilhões, caso o veto seja derrubado por deputados e senadores.


Critérios

O comando do Senado está mesmo disposto a reduzir a lista de funcionários terceirizados. Vai começar tirando a turma que é parente de servidor concursado ou comissionado da Casa. É coisa para mais de 500, asseguram aqueles que sabem das coisas. 

Minha casa, meu problema I

O governo passou os últimos dois dias tentando convencer o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) a alterar seu relatório do projeto que libera os R$ 6 bilhões para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Desse total, o peemedebista carimbou R$ 175 milhões para municípios discriminados em emendas parlamentares, muitos dos quais com menos de 50 mil habitantes, mínimo aceito para participarem do programa. 

Minha casa, meu problema II

A ordem do Executivo é seguir o mapa do déficit habitacional apontado pelo IBGE. Ou seja, emendas aprovadas que desobedecerem a esse levantamento não serão liberadas. E se o relator quiser fazer o que o governo chama de “lambança”, vai perder a relatoria. Paciência tem limite. 

Candidato, não

O presidente Lula fez chegar um recado às alas do PT empenhadas em acender uma fogueira sob o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro: se for o caso de substituição, o partido tem que sugerir alguém que não disputará um mandato eletivo em 2010. Lula quer jogar água fria nas pretensões de parlamentares que fazem circular boatos sobre sua vontade de virar ministro com sala no Planalto. 

Depois de Tarso…

O PT do Distrito Federal que se prepare. O presidente do partido, Ricardo Berzoini, já telefonou para o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), para discutir como é possível aproximar os dois partidos em alguns estados considerados problemas. Na lista, está o DF. E, se o PMDB fechar mesmo com o PT no plano nacional, não vai dar para o partido de Lula ficar por aí ensaiando uma prévia entre pré-candidatos sem levar em conta o cenário nacional. Se até o ministro da Justiça, Tarso Genro, já levou uma chamada por causa da disputa gaúcha, ninguém está livre de receber uma descompostura, avisa o comando petista. 

No cafezinho

 
 

Voz da experiência/ Na conversa que teve com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o líder Henrique Eduardo Alves (foto) aproveitou para contar a sua saga contra um tumor nas cordas vocais, há alguns anos, quando teve que tirar 50% de uma delas. “O mais importante é ter vontade de viver e não se deixar abater”, aconselhou o deputado à ministra. 

Operação socorro/ Com os estragos provocados pelas chuvas, os parlamentares vão correr para aprovar os R$ 300 milhões para o Ministério da Integração Nacional. E do jeito que chegou ao Congresso. Ou seja, sem dizer para onde vai o dinheiro. 

Cardápio/ PSB, PCdoB e PDT do Distrito Federal fazem hoje um encontro para conversar sobre uma aliança para 2010. Vão discutir a relação e a vida sem o PT. 

Eu vou!/ O ex-deputado Tilden Santiago (MG) convenceu ontem o secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande (ES), a avalizar a sua candidatura ao Senado. “Posso ser o segundo voto do PT”, comentou ele, esperançoso. Em tempo: Tilden conta ainda com uma discreta simpatia do governador de Minas, Aécio Neves. 

Uma noite com a musa/ Os senadores comentavam ontem animadíssimos que a atriz Cristiane Torloni, uma das estrelas do Brasil, estará na vigília em prol da preservação da Amazônia, na noite de 13 de maio no plenário do Senado. Ela adotou a causa ambientalista desde a minissérie Amazônia.

PANORAMA POLÍTICO

De olho no Senado

Ilimar Franco
O Globo - 06/05/2009
 

A conquista de maioria no Senado pelo PT e seus aliados, em 2010, é considerado mais importante, pelo presidente Lula do que a eleição de governadores.

Lula tem defendido, junto a ministros e dirigentes petistas, que os governadores têm obrigação institucional de manter uma boa relação com o governo federal. E que o fundamental “amanhã, com a Dilma (Rousseff) sendo candidata a presidente”, é ter uma maioria sólida no Senado.

 

Os erros políticos de Moreno no BID

 

O atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o colombiano Luis Alberto Moreno, não será reconduzido, se depender do Brasil e dos Estados Unidos.

Ele caiu em desgraça com o governo Lula em abril de 2006. O BID organizou reunião em Belo Horizonte e Moreno, na suposição de que Lula não seria reeleito, ficou paparicando os governadores José Serra e Aécio Neves.

Com os EUA, pesa sua ligação com os republicanos. Ele sempre esnobou Daniel Zelikow, americano e vice-presidente executivo do banco.

Ocorre que ele é democrata e amigo do secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

 

“Estou seguro de que, independentemente de quem ganhe (em 2010), as questões fundamentais e cruciais (na economia) não estarão em risco” — Aécio Neves, governador (MG), para a imprensa espanhola

 

O DEM NÃO É SOLIDÁRIO NEM NA GRIPE. O deputado Eleuses Paiva (DEM-SP) dava palestra ontem, para a bancada do DEM, sobre a gripe suína, quando ACM Neto (DEM) brincou: “O Aleluia acaba de chegar do México”. Onyx Lorenzoni (RS) pulou uma cadeira para o lado, e Índio da Costa (RJ), uma fileira para a frente. José Aleluia (BA), que na verdade estava na Polônia, comentou a reação: “Está todo mundo assustado”.

 

Olho neles

 

A Câmara está trocando todos os computadores dos gabinetes de deputados, lideranças e comissões. Os antigos serão doados pelos próprios deputados para entidades filantrópicas.

Cada gabinete tem cerca de seis micros.

 

Canto da sereia A bancada do PR está sendo cortejada pelo PSDB. O governador Aécio Neves está convidando os 42 deputados para um almoço, em Belo Horizonte, no Palácio das Mangabeiras.

O mineiro Lincoln Portela é o portador dos convites.

 

Área econômica vai endurecer

 

O PMDB não terá sucesso, junto aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo(Planejamento), hoje, em reunião, para tratar da substituição da Selic pela TJLP, no novo Refis e na renegociação das dívidas dos municípios com o INSS. Os técnicos da Fazenda afirmam que o Tesouro paga taxa Selic e que é insustentável supor que quem deve pague pela TJLP. Dizem ainda que é indecente conceder juros subsidiados para quem não paga suas dívidas.

 

Bateu, levou

 

Num debate ontem, na Câmara, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) criticou a indicação de políticos, em especial ex-parlamentares, para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O petista disse que há interferência política nas decisões do tribunal.

Presente, o ex-deputado do PSDB e presidente do TCU, Ubiratan Aguiar, rebateu: “Ué, mas quem escolhe os ministros do tribunal e os sabatina é o Congresso. E a lei não obriga que o indicado seja político”.

O PRESIDENTE do PT, Ricardo Berzoini (SP), sobre as eleições de 2010: “O projeto nacional é o centro da estratégia. Não há regra geral (para os estados), mas também não tem autonomismo”.

O DEPUTADO Antonio Biscaia (PT-RJ) desarticulou um voo da alegria para visitar Israel que estava sendo armado na Comissão de Segurança Pública.

PINTADOS para a guerra. A Sociedade dos Índios Unidos de Roraima e o Conselho Indígena de Roraima estão disputando palmo a palmo os bens deixados pelos brancos na reserva Raposa Serra do Sol.

MERVAL PEREIRA

Paradoxos do Rio


O Globo - 06/05/2009
 

Nos últimos dias, em que a atuação do Congresso está sob o escrutínio da opinião pública, devem ter sido raras as conversas com políticos em que não tenha sido lembrada a definição do ex-presidente do PMDB e da Constituinte, deputado Ulysses Guimarães, ao ser confrontado certa vez com a reclamação sobre a fraqueza do Congresso da ocasião. Ele disse então só ter uma certeza: o Congresso atual é pior do que o anterior e melhor do que o próximo. O assunto mais uma vez surgiu num debate sobre o futuro do Rio de Janeiro, do qual participei na noite de segundafeira, juntamente com o cientista político da Fundação Getulio Vargas Octavio Amorim Neto e o economista do Ipea Ricardo Paes de Barros.

 

Um tema de interesse nacional, que se reflete na política do Rio, foi levantado: o que fazer para reformar a política partidária, que produz representações tão fragmentadas a nível nacional, mas especialmente local, que impedem a prevalência de programas de governo e estimulam o fisiologismo? Era a primeira noite de debate do OsteRio, uma iniciativa conjunta do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), da Light e da Osteria Dell’Angolo, em Ipanema, ideia inspirada em antiga tradição do Nordeste da Itália, onde a população se reunia nas osterias para tratar dos problemas locais.

O economista Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas em políticas públicas, chamou a atenção para a perda de competitividade do Rio de Janeiro em relação a Santa Catarina na questão educacional, para exemplificar como o estado vem perdendo as características que o distinguiam no cenário nacional.

Enquanto Santa Catarina vem elevando a produtividade de seu ensino, o do Rio vem perdendo qualidade, mas de uma maneira perversa: apenas entre os mais pobres.

Os estudantes das classes mais altas continuam tendo o mesmo nível educacional de qualidade, mas os mais pobres estão ficando para trás, o que só faz aumentar o desnível social, no estado e no país.

O tema é mais do que pertinente porque, como lembrou Paes de Barros, um dos pontos mais importantes para que o Rio continue sendo a capital cultural do país é a educação.

Como é possível compatibilizar o status de “cidade global” que o Rio de Janeiro ainda ostenta, se nossa política é feita à base do fisiologismo, no pior figurino do século retrasado, o que se reflete em questões centrais, como a educação, a saúde e a segurança pública? Esse paradoxo, que nos colhe em pleno século XXI com uma visão política retrógrada, não apenas no Estado do Rio, mas no plano nacional, como estamos vendo diariamente, é que precisa ser superado para que o estado, assim como o país, possa progredir.

Segundo os dados apresentados por Amorim, o Rio tem uma das cinco assembleias estaduais mais fragmentadas do país, com dez partidos dividindo o poder.

Na Câmara de Vereadores a divisão é ainda maior, com 14 partidos representados.

A política regional no Rio tem peculiaridades, como a de alguns partidos grandes em termos nacionais serem fracos no Rio, como PT e PSDB, e, ao contrário, um partido fraco nacionalmente, como o PDT, ser força política importante no estado.

Na visão de Octavio Amorim, o governo Cabral tem características que, até o momento, o tornam o melhor dos últimos tempos: ajuste fiscal, nomeação de técnicos para lugares-chave na administração pública, melhoria do ambiente de negócios.

Mas ele advertiu que é preciso esperar para ver se o governo de Sérgio Cabral não sucumbe à política fisiológica que marca o estado, a exemplo do que fizeram Brizola em 1983, que acabou aliado ao “chaguismo”, e Moreira Franco em 1987, que começou com um secretariado considerado “de nível ministerial” e acabou recebendo no palácio de governo representantes dos bicheiros cariocas travestidos de dirigentes de escolas de samba.

Chamei a atenção para o fato de que também o passado político do governador Sérgio Cabral, ligado a políticas clientelistas, pode impedir a continuidade de um governo que pretende ser uma gestão moderna.

A fragmentação partidária mais uma vez foi lembrada pelo cientista político Octavio Amorim para explicar a politização das últimas gestões do prefeito Cesar Maia, perigo a que também estaria sujeito seu sucessor, Eduardo Paes, que até o momento faz um governo plural e de gestão moderna e suprapartidária.

Ao mesmo tempo em que a aproximação com o governo federal é uma boa prática política para o Estado do Rio, e tem gerado investimentos importantes, a política clientelista que marca a administração federal é um sinal de que também no estado, governado pelo PMDB e que tem em alguns de seus parlamentares do Rio os maiores agentes de sua ação fisiológica, essa prática pode prevalecer.

Como seria inevitável, o tema da reforma política surgiu nos debates, sendo consensual a visão de que, não havendo mudanças, será impossível evitar a degradação da representação parlamentar.

Não se chegou a aprofundar que tipos de reformas políticas seriam necessárias, mas houve certo consenso sobre o fato de que é muito pouco, e explicita a fragilidade institucional do Rio de Janeiro, a definição de que um dos avanços obtidos na gestão de Sérgio Cabral é a aproximação com o governo federal.

Octavio Amorim, que estimou que a melhor notícia da política para o Rio é a relação de parceria entre o governo Sérgio Cabral, o governo municipal e o governo federal, quebrando uma tradição de consequências negativas para o estado de governos estaduais brigarem com o governo federal, também considera que essa necessidade é uma distorção do modelo político brasileiro, mas pragmaticamente é o que mais auxilia o Rio num momento em que, na sua definição, “a nau está em chamas”.

OPERAÇÃO LEVANTA


ELIANE CANTANHÊDE

Ou agora, ou nunca

FOLHA ON-LINE - 06/05/09

Só se Lula perder o juízo --e ele é bastante pragmático para algum dia perder o juízo--, o governo vai obrigar a Infraero (estatal que administra os aeroportos) de recuar na demissão de dezenas de apadrinhados políticos que transformaram a estatal num dos mais cobiçados e conhecido cabides de emprego da capital.

O objetivo do Planalto, da Defesa, da Fazenda, do BNDES, de Marte e de Saturno é sanear a Infraero para, num primeiro momento, abrir seu capital em Bolsa. E, num segundo, pensar seriamente em privatização. Uma privatização que começaria (até já há alguns passos nesse sentido) pela concessão de pistas de aeroportos.

Alguém aí pode me dizer como é possível abrir capital, fazer concessões públicas e pensar em privatizar sem sanear a empresa? Impossível.

Então, o brigadeiro Cleonilson Nicácio, que não é político, arregaçou as mangas e começou o saneamento aprovando um novo estatuto que, entre outras coisas, enxuga os cargos de confiança de 109 para 12, tira os apadrinhados da base aliada ao governo e põe para trabalhar o pessoal concursado, de carreira.

Seria absurdo reclamar de uma medida assim tão elementar, mas tudo é possível. O PMDB deu pulos de raiva e correu no Palácio do Planalto para tentar salvar irmãos, ex-mulheres, amigos e quetais nas suas boquinhas na Infraero. E o PT por enquanto está quietinho, mas também tem lá os seus apadrinhados.

Como o brigadeiro Nicácio tem vontade e boas intenções, mas não tem força política, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, entrou na história para garantir que não haja recuos. Defendeu em reunião com Lula e com três ilustres peemedebistas, Michel Temer, Romero Jucá e Henrique Eduardo Alves, que estatuto é estatuto e que não dá para voltar atrás. Depois, disse claramente, ainda no Planalto, que um recuo seria "a desmoralização".

Lula já fez festa para Fernando Collor, prevendo que o antigo adversário (que ajudou a derrubar da Presidência, aliás) faria um "mandato extraordinário". Lula também defendeu Renan Calheiros, transformou Jader Barbalho em conselheiro político, achou muito natural o governador Cid Gomes contratar jatinho para uma farra em família na Europa com dinheiro público e, por último, acaba de considerar "hipocrisia" a avalanche de críticas ao Congresso pela farra das passagens aéreas.

Agora, só falta o presidente se sujeitar à pressão do PMDB hoje e, quem sabe, do PT amanhã, e desautorizar o processo de moralização da Infraero. Sinceramente, seria o fim da picada. Ele chegaria a tanto? No governo, juram que não. A conferir.

PAINEL

Ao vivo e em cores

RENATA LO PRETE 

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/05/09

Um inesperado encontro na antessala do presidente Lula colocou frente a frente o ministro Nelson Jobim (Defesa), autor da proposta de defenestrar todos os peemedebistas da Infraero, e a cúpula do partido, que pegou em armas contra a ideia.
O líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), acusou ali mesmo o correligionário de "criminalizar" as indicações políticas no governo. Constrangido, Jobim respondeu que não havia perseguição a nenhuma legenda, mas apenas uma tentativa de "modernizar" a empresa. Disse vagamente que a decisão final ainda não estava tomada. Romero Jucá, que tem um irmão e uma cunhada na lista da degola, ficou calado. Os dois grupos seguiram separados para audiências com Lula.



Mau sinal. Aliados de José Múcio ficaram mais preocupados depois de Guido Mantega ter dito que o ministro das Relações Institucionais, sob ataque especulativo do PT, está "sólido" e "robusto". A julgar pela previsão do titular da Fazenda sobre o crescimento de 2009, temem que Múcio esteja pela bola sete. 

Não para... Há pelo menos mais três contratos de terceirizadas com o Senado sob suspeita de irregularidades. Foram firmados pelo arquivo e pela gráfica. As prestadoras de serviço empregam familiares de diretores da Casa. 

...não para. Na lista do chamado "nepotismo terceirizado" aparece a família Paz, que segue o modelo dos Zoghbi. Diretor do arquivo, Francisco Maurício Paz contratou a Servegel, na qual trabalha sua mulher, Alraune Paz. O diretor de matérias-primas da gráfica é Luiz Augusto da Paz, pai de Severo Augusto da Paz Neto, que atuava como terceirizado no mesmo setor. 

Espetáculo 1. Além do Cruzeiro do Sul, que repassava recursos para empresa em nome de "laranjas" do ex-diretor João Carlos Zoghbi, outras 27 instituições (de 39 credenciados) operam crédito consignado no Senado. 

Espetáculo 2. Três tiveram salto no volume de empréstimos em 2008: o Bancred foi de R$ 4 mi para R$ 91 mi; o Daycoval, de R$ 3,4 mi para R$ 75,8 mi; e o Finasa de R$ 12,8 mi para R$ 156,1 mi.

Pesos... O "Anuário da Justiça" de 2009 registra, no capítulo dedicado a Gilmar Mendes, que no ano passado o presidente do STF "ficou marcado por enquadrar uma geração de celerados que tentou se colocar acima da Constituição". A publicação é editada pelo jornalista Márcio Chaer, do site "Consultor Jurídico".

...e medidas. O capítulo sobre Joaquim Barbosa, arquidesafeto de Gilmar, tem outro tom. Segundo o "Anuário", em 2008 o ministro "teve de enfrentar a ira quase sempre contida dos colegas do STF e o aplauso ou a repulsa -igualmente apaixonados- da comunidade jurídica e da sociedade em geral". 

Em casa. O ministro Luiz Barretto (Turismo) pediu à CEF que limite aos pacotes domésticos a linha Caixa Fácil (financiamento de viagens em 24 meses). A extensão aos roteiros internacionais será avaliada em 90 dias. 

Freezer. Petistas trabalham para retirar da pauta da reunião desta sexta a volta de Delúbio Soares. Tentam ganhar três meses para ver se o tesoureiro do mensalão desiste. 

Visitas à Folha. Marcelo Giufrida, presidente da Andib (Associação Nacional de Bancos de Investimento), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Alberto Kiraly e Pedro Guerra, vice-presidentes, e de Ivone Portes, assessora de imprensa.


Fábio Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SP, visitou ontem a 
Folha. Estava com Tirso Meirelles, chefe de gabinete, e de Celia Moreira, assessora de imprensa. 

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O PT gaúcho tem clareza sobre quem são seus adversários. Qualquer interferência da cúpula nos enfraquece e joga água no moinho dos nossos opositores." 

Do deputado PAULO PIMENTA (PT-RS), aliado do ministro Tarso Genro na disputa interna no Rio Grande do Sul, sobre a tentativa da direção nacional petista de adiar a escolha do candidato ao governo do Estado.

Contraponto

Nu com a mão no bolso O presidente Lula discursava, na semana anterior à Páscoa, em evento voltado para educadores.
-Fiquei surpreso ao ver que o MEC está embaraçado com os comunicadores, para usar uma gíria portenha.
Muitos na audiência se entreolharam, devido ao significado da palavra "embarazado" (grávido) em espanhol. Alheio ao estranhamento da plateia, Lula prosseguiu:
-Acho que o MEC tem de se despir diante de vocês.
Diante da risada geral, causada pelo efeito combinado das duas frases, o presidente ainda emendou:
-Vocês não precisam fechar os olhos, porque o Fernando Haddad não vai ficar sem roupa!

COISAS DA POLÍTICA

A tensão dialética e a crise dos estados

Mauro Santayana

JORNAL DO BRASIL - 06/05/09

O estado nacional, no modelo europeu do século 18, envelheceu, e sua história tumultuada, durante os últimos 200 anos, não bastou para restaurá-lo ou substituí-lo. Sua ideia reitora, a democracia, perdeu-se na associação à liberdade do capital, e nos adjetivos que a reduzem e debilitam o Estado. A democracia é um projeto sempre interrompido pelos seus inimigos e reanimado pelos seus defensores. Sua finalidade é a isonomia de todos os homens, em seu direito igual, direto e absoluto, de participar das decisões da comunidade, para o usufruto igual dos bens da vida. A ideia de fundo é a de que, como ocorre a cada um de nós, o Estado é viagem em busca da Terra da Promissão. Mais do que o porto de destino, no caso, o importante é navegar, e, para fazê-lo, manter o barco flutuando, esquivá-lo das tormentas, remendar as velas, manter firme o timão – para usar velha e insubstituível metáfora.

Muitos acreditam que a crise do Estado é a crise da economia capitalista e que, administrada essa, o Estado se salvará. As falhas da economia capitalista, porém, resultam da capitulação do Estado diante do poder econômico, que o ocupou e o destituiu dos instrumentos de controle e regulamentação. Ao salvar-se, o Estado salvará a sociedade. Em sua origem, os estados surgiram da necessidade de evitar a violência contra os fracos da comunidade a fim de garantir sua coesão e sobrevivência, mediante a justiça. A evolução dos estados resultou da oposição dialética entre as oligarquias e os desprotegidos, e o momento alto dessa disputa entre os poderosos e a plebe ocorreu no auge da República Romana, antes dos fatídicos triunviratos, que violaram o contrato histórico – e o fizeram contra os pobres.

Essa tensão sempre existiu, mesmo durante a aparente estagnação medieval. Ela explodiu depois do Renascimento nas revoluções inglesa (do século 17) e francesa (do século 18), mas o poder econômico acabou por impor-se. Nova consciência de justiça, expressa por muitos pensadores – e nem todos marxistas, como alguns pretendem – exige o retorno do Estado a seu objetivo de origem e está sendo assimilada pelos povos. Não será fácil a tarefa. Os banqueiros, depois do susto, recompõem seu poder, no mundo inteiro – e também aqui.

O desmoronamento do Estado se acelera com a desmoralização das instituições e de seus titulares. Seus poderes se encontram em questão no mundo inteiro, mais em alguns países do que em outros. Nos Estados Unidos, a partir da célebre decisão da Suprema Corte sobre os votos da Flórida, o Poder Judiciário sofreu golpe forte, do qual não se recompôs. Ainda agora, e de forma inusitada, um de seus grandes juízes, David Souter, decidiu renunciar ao cargo, ali vitalício, em plena maturidade intelectual, e, ao que se sabe, com saúde. Souter disse apenas que deseja regressar à sua casa, uma fazenda da família em New Hampshire. Homem de hábitos simples, que dirige seu automóvel modesto, e considerado de rigoroso comportamento ético, Souter já se sentia incomodado na Suprema Corte, desde a decisão do tribunal em favor de Bush, na contagem dos votos da Flórida. Só não renunciou, então, para não tornar os conservadores ainda mais poderosos no colégio julgador. Agora, talvez com a esperança de que Obama saiba substituí-lo, ele decidiu deixar o cargo. Nomeado por um republicano, o primeiro Bush, o juiz agiu com absoluta independência no caso em que o segundo Bush estava em causa, o que não tem sido frequente nos tribunais supremos.

A reorganização do Poder Judiciário, de maneira que seus membros representem o pluralismo da sociedade, e julguem com real independência, é uma das exigências para a recuperação dos estados. De nada adiantará a reforma dos outros dois poderes, se ela não conduzir a corajosas mudanças na estrutura da Justiça, a partir do cimo, que é o STF.

A cidadania tem reclamado maior responsabilidade dos presidentes da República e do Senado em indicar e aprovar os membros do STF. A sociedade deve ter também o seu tempo para, mediante as organizações sociais e a imprensa, examinar, discutir e opinar sobre as indicações, a fim de dar aos senadores a possibilidade de conhecer bem o caráter e o saber jurídico daqueles que aprovará ou não.

Todas as instituições do Estado se submetem ao Parlamento, que representa diretamente o povo. Talvez, por isso, ele será o primeiro dos poderes a ter a plena consciência de sua fragilidade, e legitimar-se, enquanto é tempo.

INFORME JB

Indicações sobem no telhado

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 06/05/09

A decisão do presidente da Infraero, Cleonilson Nicácio, de limpar a folha salarial "política" da estatal, abriu ontem guerra nos bastidores do Senado – Casa que, sabe-se há muito, controla cargos da empresa. O PMDB foi o que mais baixas sofreu. Romero Jucá (D) gritou e conseguiu reaver dois cargos. A gritaria continua para converter exonerações em admissões, mas a preocupação daqui para a frente, com o novo estatuto da empresa – que restringe indicações políticas para a cúpula – é saber como encaixar nas cinco diretorias os pretendentes do PT, PMDB e PTB cujos currículos já são analisados. O líder do PTB, senador Gim Argello (E), tem na cota do partido o futuro diretor comercial. Um nome já foi até levado ao Planalto. O PMDB quer ficar com a presidência e abocanhar mais duas diretorias, entre elas a Financeira, claro.

Eu, tu, eles Joaquim, o retorno

Da turma que está saindo da Infraero, a gritaria é grande. A maior contestação é que, dos militares que estão lá, todos entraram também sem concurso – o que só começou a partir de 1989.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, em sua volta ao batente, negou ontem o pedido de arquivamento de uma ação penal formulado pelo ex-diretor financeiro da Bombril S/A Joamir Alves, acusado de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.

É campeão

Joamir teria remetido para o exterior nada menos que R$ 2,223 bilhões, quantia considerada pelo Ministério Público Federal "a maior lavagem de dinheiro operada no Brasil a partir de uma única empresa".

Mexe-mexe

Com a ida do deputado do PP Waldir Maranhão para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo de Roseana Sarney, no Maranhão, quem assume a vaga na Câmara dos Deputados é Washington Oliveira, ex-presidente do PT de lá.

Bênção, padim

Maranhão e Oliveira tiveram as bênçãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu ontem, com ambos, no Palácio dos Leões, em visita ao estado.

Bolsa Seca

Vem aí, pelo menos no papel, com autoria do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o Bolsa Estiagem, para os municípios que sofrem com a seca no Sul. A ideia será levada hoje ao presidente da Câmara, Michel Temer.

Painho

O nascimento do quinto filho, um menino, levou Michel Temer a voar para São Paulo depois da reunião com o presidente Lula, na segunda. Abençoou e voltou.

Longe de casa

Com o PT pegando fogo em Brasília, o ex-deputado candango Sigmaringa Seixas foi visto passeando no Rio.

Mundo dá voltas

Marcio Fortes, ministro das Cidades, participa hoje das comemorações dos 120 anos do Colégio Militar do Rio, onde foi colega de turma, há 50 anos, do... hoje comandante do Exército, general Enzo Peri.

IPTU na linha

A Prefeitura de Belo Horizonte contratou empresa especializada para fazer cobrança pré-judicial aos devedores de IPTU. Já entram em renegociação nada menos que R$ 600 milhões diretamente com a secretaria de Fazenda.

Bem na fita

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, foi muito aplaudido em sua palestra na ONU – no mesmo dia em que o presidente do Irã, Ahmadinejad, provocou uma debandada durante seu discurso.

Bem na fita 2

Santos lembrou, aliás, que o Brasil lá na ONU é visto como referência quando se trata do enfrentamento da crise, pela estabilidade da economia.

O menino Fidel

Castro já era um líder na escola. A revelação está no livro Os meninos do Dolores (Record, 420 págs.), de Patrik Symmes, no qual mostra Fidel adolescente exercendo a liderança no colégio Dolores.