quinta-feira, junho 07, 2012

Faca no pescoço - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 07/06

A decisão do Supremo Tribunal Federal de marcar o início do julgamento do mensalão para 1º de agosto foi acertada previamente entre o presidente da corte, Carlos Ayres Britto, e o relator do processo, Joaquim Barbosa, que conversaram com outros ministros antes.

Sem a presença do revisor Ricardo Lewandowski na sessão administrativa de ontem, o decano Celso de Mello foi incumbido de apresentar a proposta para lhe conferir peso -e ela foi aceita por unanimidade. A estratégia da trinca, avaliam integrantes do STF, emparedou o revisor, que ainda não entregou o seu relatório para análise. "Foi goela abaixo'', afirma um deles.

Efeméride A decisão do STF saiu exatamente sete anos depois da primeira entrevista de Roberto Jefferson à Folha sobre o mensalão.

Troca da guarda
 Com a definição, Cezar Peluso e Ayres Britto, que deixarão a corte, participarão do julgamento. "Já imaginaram a pressão em cima dos novos indicados durante sabatina?'', questiona um ministro.

Chapa pura Único réu do mensalão candidato a prefeito, João Paulo Cunha deverá ter como vice em Osasco o petista Jorge Lapas, que se desincompatibilizou ontem a Secretaria de Governo local.

Regra 3 Depois de negociar com o PSD de Gilberto Kassab, o PT optou pela chapa puro-sangue. A articulação é vista no partido como um "plano B" caso o deputado seja condenado no STF.

Menos um Um dos nomes cotados pelo PSB para vice de Fernando Haddad, César Callegari preferiu ficar na Secretaria de Educação Básica do MEC. Petistas ainda não desistiram de convencer Luiza Erundina a compor a chapa. O PC do B deve sugerir Leci Brandão para o posto.

ONU Coordenador da campanha de José Serra, Edson Aparecido deixou ontem a Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano para se dedicar à eleição. Sua primeira tarefa é abrir terreno para a coligação proporcional desejada por PR, PP, DEM e PSD.

Mina terrestre A pedido do pré-candidato a vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha, o PSDB estadual votará regra vetando essa aliança, em especial com a sigla de Kassab.

Tucanês Ao lado de Lula, o ex-tucano Eduardo Paes (PMDB-RJ) recorreu ontem a uma expressão celebrizada por seu amigo José Serra ao enfatizar que pretende tirar do papel projetos engavetados há décadas: "O Rio sempre foi lugar de tró-ló-ló".

Dois pesos... Contrariados com a pauta do comando da CPI do Cachoeira, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) vão entrar com mandado de segurança no STF na terça-feira para que o relator Odair Cunha (PT-MG) coloque em votação requerimentos da dupla.

... e duas medidas Segundo Randolfe, o relator passou na frente pedidos de petistas para ouvir testemunhas contra o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) ao invés de votar a quebra de sigilo das 28 empresas que receberam recursos de laranja da Delta, protocolada antes.

Onde pega O senador do PSOL afirma que foi avisado por assessores da CPI de que a quebra de sigilos destas empresas chegaria no governador do Rio, Sérgio Cabral.

É o bicho O esquema de Carlinhos Cachoeira arrecadou com a exploração de jogo ilegal R$ 11 milhões, com lucro de R$ 3 milhões em 2011, segundo dados do Coaf.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"O agendamento cria uma pressão eleitoral. Agora, com o cronograma definido, Lula vai ter mesmo que dar a mão para Haddad e ir para as ruas o quanto antes."

DO PRESIDENTE DO PTB, ROBERTO JEFFERSON (RJ), delator do mensalão, sobre o impacto na eleição paulistana do julgamento do processo no Supremo Tribunal Federal, marcado para ter início em 1º de agosto.

contraponto

Portas em automático


O ex-deputado federal Sigmaringa Seixas (PT) foi avisado com antecedência pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, sobre o encontro com ex-presidente Lula, no escritório de Nelson Jobim. Diante da polêmica envolvendo o caso, Seixas, que é amigo de Lula, Jobim e Mendes, quis um conselho do seu amigo e ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre como agir em meio ao tiroteio.

-Qual a minha saída? Eu não tenho saída!

Cardozo brincou:

-Claro que tem! Sua saída é o aeroporto de Guarulhos!

O Dia D + 1 - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 07/05


Terça-feira foi Dia do Meio Ambiente e ontem foi aniversário do desembarque na Normandia. Deixe-se de lado o quase septuagenário instante em que a França recebeu apoio marítimo na guerra contra a Alemanha. Hoje os países são íntimos, melhor nem lembrar briga velha já que ambos têm novas frentes de batalha. O que deve ser celebrado é o único dia do ano dedicado àquilo sem o qual não haveria vida na Terra, nem aqui nem na Normandia.

Está quase começando a decisiva Rio + 20, e a presidente Dilma arrematou com pressa um pacote para ajudar a compor a imagem de anfitriã de importante reunião ambiental. A maquiagem verde não escondeu os hematomas que a terra carrega.

O governo Dilma criou as primeiras unidades de conservação da sua gestão. Esse movimento não apaga a nódoa de cinco meses atrás. No dia 5 de janeiro, saiu publicado no Diário Oficial a Medida Provisória 558, que fez a revisão dos limites de sete unidades de conservação nos estados do Amazonas, Pará e Rondônia. São 1.500 Km2 que eram protegidos e deixaram de ser, em três parques nacionais, três florestas nacionais e uma área de preservação permanente.

A decisão é um atentado ambiental e cria outros problemas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, move uma Ação Direta de Inconstitucionalidade porque entende que não se pode reduzir por MP áreas protegidas. O governo quer, com a MP, facilitar a concessão de licenças ambientais para hidrelétricas, algumas ainda nem licitadas, como as da Bacia do Rio Tapajós: de Jatobá, São Luis de Tapajós e Tabajara. O governo está limpando previamente o terreno para as usinas, tirando obstáculos que, para serem contornados na licença, exigiriam compensação. Está reduzindo a compensação que seria exigida da empresa que vier a ganhar o leilão das hidrelétricas ainda não projetadas. Isso é que é visão de longo prazo. Tivesse o governo o mesmo binóculo em outras áreas e estaríamos em excelente momento.

O desmatamento caiu um pouco, mas ainda significa, segundo Paulo Barreto, do Imazon, 480 milhões de árvores derrubadas num período de 12 meses. O governo comemora o desmatamento menor, como se não houvesse amanhã. O futuro exige de nós a meta incontornável do desmatamento líquido zero. E é possível. Outros países estão com taxas de aumento da área com vegetação natural. O Brasil não consegue isso nem mesmo na Mata Atlântica, onde restam tão exíguos 7% da cobertura original. Barreto, no seu twitter @paulobarreto, postou um mapa da Amazônia, dias atrás, com as áreas onde mais se desmatou. Acertou quem imaginou que foram no entorno das hidrelétricas em construção: as duas do Madeira e a de Belo Monte. A energia para ser limpa tem que ser integralmente limpa. Uma usina hidrelétrica só pode ter essa classificação se o for do começo ao fim. Existem casos históricos de desastres ambientais causadas pela energia de fonte hídrica.

Tudo o que aconteceu em torno do Código Florestal também significa retrocesso. Os vetos e a MP não mascaram o fato simples de que houve sim uma anistia. Quem desmatou ilegalmente, e foi flagrado, tem a multa suspensa e terá que recompor apenas uma parte do estrago feito. Foi derrubada silenciosamente a Resolução do Banco Central que proibiu a concessão de crédito de bancos públicos ao produtor irregular do ponto de vista ambiental.

A saída dessa resolução foi à francesa. Ela é de aplicação imediata, aí a proposta do Senado deu um ano para a legalização ambiental sob pena de não ter financiamento. A Câmara retirou essa exigência, acabando com a resolução, e o governo fingiu que a reintroduziu, mas com um detalhe: deu mais prazo ao produtor. Se em cinco anos ele não tiver o Cadastro Ambiental Rural - o primeiro passo para a regularização - ele não poderá ter financiamento. É com esse tipo de expediente esperto que se faz uma anistia ao desmatador: dando mais prazo para cumprir leis, resoluções, normas, e flexibilizando as punições.

O crédito público é uma arma poderosa e poderia ser usado para induzir um novo tipo de comportamento das empresas. Quase a metade do crédito no Brasil - e todo o de longo prazo - vem de bancos públicos. Se o governo quisesse, as empresas teriam que mudar. Ontem, o JBS foi novamente acusado de ter comprado gado de fazenda em terra indígena e desmatada ilegalmente. O Greenpeace divulgou mais um dos relatórios com os quais monitora o não cumprimento do acordo feito pelo frigorífico em 2009.

Conversei com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Sussumu Honda, sobre esse problema. Ele foi na terça-feira a Brasília assinar um termo de cooperação com o Ministério Público para informar de quem os supermercados compram a carne. Ele não desconhece as notificações do MP à empresa, mas admite:

- Os supermercados brasileiros não conseguem se abastecer sem o JBS e o Marfrig.

Isso é resultado da política deliberada do BNDES de concentrar o setor de carne. Se usasse seu poder de sócio e financiador dos frigoríficos para induzir boas práticas o ambiente já tinha começado a mudar. Se o governo quisesse ele protegeria com sua força econômica o meio ambiente no Brasil. Não fazer isso é, para usar as palavras da presidente Dilma, "o pior dos egoísmos".

Legados - KENNETH MAXWELL


FOLHA DE SP - 07/06


O Brasil tem uma longa história, se comparado à Alemanha e à Itália, países criados na segunda metade do século 19.

A jurisdição brasileira sobre um vasto espaço geográfico existe desde a metade do século 18. A Igreja Católica, ordens religiosas monásticas, governos municipais, organizações religiosas laicas e irmandades religiosas do Brasil estavam bem estabelecidos na metade do século 16. Tudo isso antedata o estabeleci-mento de um governo nacional independente.

A história traz continuidade. Mas o Brasil também tem uma longa tradição de oposição ao governo centralizado.

No período colonial, isso envolveu o quilombo de Palmares, formado por escravos fugidos; a oposição aos holandeses, no século 17, por uma coalizão improvisada de milícias de negros e mulatos e senhores de engenho da Bahia e de Pernambuco; a permanente oposição de Minas Gerais ao domínio externo; a Revolta dos Malês, na Bahia, com escravos e negros libertos que tomaram armas contra o governo; o violento levante da Cabanagem, no Pará, uma rebelião social de mestiços, escravos libertos e povos indígenas que capturou Belém.

Essa tradição também resultou em rebeliões separatistas em Pernambuco e no Sul. Mesmo após o fim da escravatura e da monarquia, continuaram a surgir grandes desafios.

A campanha de Canudos, no sertão da Bahia, foi a mais sangrenta repressão a um movimento popular na história do Brasil. Quando o Exército por fim derrotou os aldeões, matou quase todos os habitantes remanescentes. O corpo de Antônio Conselheiro, o carismático líder sebastianista de Canudos, morto em 1897, foi desenterrado e decapitado, e sua cabeça, enviada a Salvador. Euclydes da Cunha estimou o número de mortos da campanha em 30 mil, mas estudiosos recentes reduziram essa estimativa a quase 15 mil.

O Brasil sempre teve problemas para conciliar o governo local e o nacional e as oligarquias locais e nacionais. É parte da força do país que muitos desses problemas tenham sido superados pela via política.

Mas isso teve custos. As transições políticas são períodos difíceis no Brasil, e muito do velho persiste em meio ao novo, velhos hábitos e negociatas que escapam sem exposição. O golpe de 1964, afinal, foi, ao menos inicialmente, uma revolta tanto civil quanto militar. E o final da ditadura também conduziu integrantes do velho sistema à nova democracia. Muitas perguntas ficaram sem resposta.

Não surpreende, portanto, que tenha demorado até este ano para que fosse estabelecida a Comissão da Verdade. E tampouco surpreende que escândalos de corrupção continuem a agitar o Congresso Nacional e a opinião pública.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

O falcão Obama - CLAUDIA ANTUNES


FOLHA DE SP - 07/06

RIO DE JANEIRO - Talvez seja por causa da desaceleração chinesa, da agonia dos gregos, do beco sem saída espanhol. O fato é que, com a turbulência econômica turvando visões de longo prazo, ninguém dá muita atenção a problemas éticos, riscos políticos e violações da norma internacional contidos na estratégia militar de Barack Obama.

Detalhes dessa estratégia, que privilegia ações secretas, têm sido divulgados na imprensa americana, vazados pelo próprio governo. O objetivo seria mostrar que Obama, candidato à reeleição, é duro com os inimigos, ao contrário do que dizem seus adversários republicanos.

As operações incluem uma guerra cibernética ao Irã -que não atacou nem representa ameaça militar aos EUA- e a intensificação dos assassinatos de militantes considerados próximos à Al Qaeda, onde quer que estejam. Obama dá a palavra final na lista de alvos. Adultos perto de um terrorista são baixas legítimas.

As ocupações do Iraque e do Afeganistão custaram caro, e os americanos não toleram mais ver soldados em sacos, mesmo que tenham sofrido poucas baixas em comparação aos mortos locais.

Obama então amplia o uso de comandos e os ataques de aviões não tripulados, causando centenas de "danos colaterais" em países como Paquistão e Iêmen. O efetivo do Comando de Operações Especiais chegou a 66 mil homens, o dobro do que havia em 2001.

Mesmo admitindo, contra o ceticismo geral, que o terror islâmico seja uma ameaça vital aos EUA, é óbvio prever que ele poderá ser alimentado pela ofensiva atual. De outro lado, se as diferenças de poder não tornassem a hipótese risível, países cuja soberania é violada poderiam reivindicar direitos de contra-ataque.

O importante, no entanto, não são as chamadas "consequências imprevistas", mas manter a engrenagem militar intacta e atualizada.

Bons sinais do STF - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 07/06

O calendário divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o julgamento do mensalão pode ser considerado uma resposta às ações do ex-presidente Lula de tentar adiá-lo para depois das eleições. Se tudo correr como o previsto, sem que nenhum ministro peça vista do processo — o que parece descartado pela péssima repercussão que teria junto à opinião pública —, o julgamento deve terminar na primeira semana de setembro, um mês antes das eleições municipais.

Outro detalhe importante do calendário é que o ministro Cezar Peluso, que se aposenta no dia 3 de setembro por fazer 70 anos, terá condições de dar o seu voto. Ele é o sétimo juiz a votar, e sua vez deverá chegar por volta do dia 29 de agosto.

Peluso participou da reunião administrativa de ontem, que definiu o calendário, e deu várias sugestões, o que sugere que a possibilidade de antecipar sua aposentadoria, não regressando do recesso de julho, está superada diante da viabilidade de ele proferir seu voto.

O presidente do STF, ministro Ayres Britto, conseguiu alcançar os três objetivos internos a que se propôs: o calendário foi aprovado de comum acordo, o que demonstra que os ministros do Supremo decidiram dar uma demonstração de harmonia, num processo que o jurista Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da FGV-Rio classifica de “desemocionalização” das relações
internas do Supremo, que recuperaria a capacidade de promover consensos.

O fato de ter sido aprovado um esforço concentrado nos primeiros 15 dias de julgamento, com sessões todos os dias da semana, mostra que o STF deu ao julgamento um caráter especial, mesmo que não tenha cancelado o recesso de julho nem marcado todo o julgamento para sessões contínuas, como também queria Britto.

A segunda parte do julgamento será realizada em três sessões diárias, às segundas, às quartas e às quintas-feiras, com a aquiescência do relator, ministro Joaquim Barbosa, que tem problemas de coluna e havia dito que não poderia ficar sentado por mais de cinco horas durante todos os dias da semana. Ele mesmo admitiu que o calendário levou em conta suas condições de saúde, dando-se por satisfeito com o ritmo dos trabalhos.

O terceiro fator importante foi conseguir montar um calendário que abrigasse a possibilidade de o ministro Cezar Peluso dar o seu voto, para aproveitar, na definição de Ayres Britto, sua “técnica refinada” e os conhecimentos de um juiz experiente que dará “qualidade ao julgamento”.

O calendário também foi marcado com a concordância do ministro Ricardo Lewandowski, que se comprometeu a entregar seu voto de revisor até o fim deste mês, encerrando assim a dúvida sobre a data em que terminaria seu trabalho. O presidente do Supremo, Ayres Britto, não descarta a possibilidade de antecipar esse cronograma, caso os ministros decidam ampliar as horas de julgamento, entrando pela noite nos primeiros 15 dias.

“Julgaremos sem sangue nos olhos, mas também sem ramalhetes de flores”, definiu assim Ayres Britto o ânimo dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que, depois de todas as conturbações por que passaram nos últimos dias, com denúncias de pressões sobre vários deles, tiveram a capacidade de chegar a um consenso que atendeu às suas necessidades internas e também aos anseios da sociedade, que já emitiu diversos sinais de que, ao contrário de Lula, quer ver o julgamento do mensalão sendo realizado o mais rápido possível.

Outra demonstração de que houve uma mobilização do Supremo para demonstrar a importância que está dando ao julgamento é que a nova rotina do tribunal implicou mudanças das sessões da Primeira e da Segunda Turmas, que se reúnem normalmente às terças-feiras à tarde e passarão a se reunir pela manhã.

Também o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que se reúne nas terças-feiras à tarde, terá sessões no mesmo dia, mas pela manhã. E o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pela Ministra Cármem Lúcia e do qual fazem parte mais dois ministros do Supremo, que tem sessões às terças e às quintas-feiras a partir das 19h, passará a se reunir uma hora mais tarde.

A disparidade de comportamento entre os membros dos seus Conselhos de Ética e os plenários da Câmara e do Senado, uns recomendando a cassação dos mandatos da maioria dos envolvidos nos escândalos políticos, e o conjunto dos parlamentares
tendendo a absolver os que foram julgados, dá bem a importância do fim do voto secreto.

A explicação óbvia para os dois comportamentos é que, enquanto nas Comissões de Ética o voto é aberto, no plenário ele é secreto, o que acoberta as decisões individuais com o amplo manto do anonimato.

Esse ponto crucial para o aperfeiçoamento de nossa democracia esbarra desde 2001 em reações corporativas, pois tramitam no Congresso diversas emendas constitucionais, transformando em aberto o voto secreto.

A demora para aprovar essa mudança mostra bem as dificuldades que temos para moralizar nossos hábitos políticos. É a mesma que existe para a aprovação de uma reforma política de profundidade, que organize a atuação política e não permita infidelidades e traições impunes.

Só existem algumas ocasiões em que o voto é secreto no Congresso brasileiro: para a aprovação de embaixadores no Senado; para casos de perda de mandato de parlamentar; prisão de parlamentar em caso de flagrante de crime inafiançável; escolha de ministro do Tribunal de Contas da União e de presidentes e diretores do Banco Central; na exoneração do procurador-geral da República antes do término de seu mandato.

Em todos os casos, o motivo alegado é proteger os parlamentares das pressões dos demais poderes, mas, para a cassação de mandatos, essa desculpa não existe.

Ueba! Bahamas abre as portas! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 07/06

O dono foi condenado por fornicação de quadrilha, indução ao prazer e lavagem de perereca!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E olha esta faixa em Serrinha, na Bahia: "Mecheu com a Lei Maria da Penha, Mecheu com Todas as Mulheres". E quem apanhou foi a língua portuguesa! Rarará. Vai mecher com elas. E uma mulher no rádio que falou Lei Maria Apanha! Rarará!
A manchete do "Meia Hora": "Mineiros querem ensinar ao R10 a arte de comer quieto". E de brinde vem o Guia da Night de BH! Rarará!
E atenção! Começou o feriadão de Corpus Christi. E o que é Corpus Christi? Corpus Christi é feriado em latim. Rarará. Não confundir com Porcos Tristes. Que é Dia Nacional do Palmeiras! E Corpus Alegres é domingo, na Parada Gay! Rarará!
E boa notícia: a boate Bahamas vai reabrir! Deve estar com o estoque vencido! Rarará! O Bahamas vai reabrir. As pernas!
Olha esta manchete: "Bahamas reabre as portas". A Boate Bahamas comunica a sua ansiosa clientela que os antigos cartões fidelidade continuam válidos. Ops, cartão infidelidade!
E o dono do Bahamas foi condenado por três crimes gravíssimos: fornicação de quadrilha, indução ao prazer e lavagem de perereca!
E "A Fazenda", hein?! Diz que a bunda da Gretchen é um latifúndio! Não cabe em fazenda! Rarará. E diz que quem mais comemorou o jubileu da rainha Elizabeth foi a Cristina Kirchner. Rarará! Jubileu das Malvinas!
E atenção a quem for viajar de carro: BR é abreviatura de buraco. BR 101 quer dizer que tem 101 buracos. Esperando no acostamento! Pra entrar na pista! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Piadas prontas! "Incêndio em prédio de sex shop esquenta o clima no centro de Curitiba." "Tive poucos relacionamentos na vida", diz Gretchen. E o Ronaldinho Gaúcho: "Sair do Flamengo foi uma decisão que eu e meu irmão tomamos juntos". Aí clica na foto e é uma garrafa de cachaça Decisão. Tomaram três garrafas de Decisão!
E "Belo entra na Justiça para impedir que Viviane viole sua honra".
Rarará.
E trabalhar em feriadão dá entojo, inquizila, cobreiro, nós nas tripas, inframação na prósta e dormência numa banda do corpo! Rarará!
E saiba o que abre e o que fecha no feriadão. AS PERNAS! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Espírito de corpo - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 07/06

Antes tarde do que nunca.

Na perspectiva do velho ditado, tome-se como louvável a decisão do presidente do Senado, José Sarney, de ceder à pressão da maioria dos líderes partidários e pôr na pauta de votação da próxima quarta-feira a proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto em plenário para processos de cassação de mandatos. O problema é que a realidade revela uma tendência forte a favor do "nunca" em detrimento do "antes tarde". Traduzindo: deixando ao curso da vontade majoritária, o Congresso prefere mesmo manter os votos dos parlamentares sob a proteção do sigilo.

Não é um juízo precipitado nem leviano, mas antes baseado em fatos. E estes são os seguintes: há várias propostas em tramitação no Senado que nunca foram mexidas, há a decisão de Sarney movida a intenso constrangimento por causa do caso Demóstenes Torres e há uma emenda já votada em primeiro turno na Câmara desde setembro de 2006.

Aprovada, diga-se, sob a tensão do escândalo do mensalão, envolvimento de parlamentares com a chamada "máfia das sanguessugas" e da proximidade das eleições. Foram 383 voto a favor, 4 abstenções e nenhum contra.

Na época a Câmara fez a cena e se retirou do palco. Nunca mais tocou no assunto, deixando o processo sem conclusão.

Agora se houvesse genuína disposição do colegiado em acabar com o voto secreto bastaria que Câmara e Senado fizessem um acordo para a retomada daquela votação.

Argumenta-se que a proposta a ser votada pelos senadores na semana que vem dificilmente terá sua tramitação concluída a tempo de, se aprovada, valer para o julgamento de Demóstenes Torres previsto para julho, antes do recesso.

Haveria economia de tempo se, no lugar de começar do zero, o Congresso terminasse o que começou: a Câmara faria a votação em segundo turno e a emenda seguiria para o Senado.

Dos deputados, contudo, não se ouve palavra a respeito e no Senado tampouco se levanta essa possibilidade. Como se as duas Casas não fossem instâncias do mesmo Poder.

A sugestão do senador Pedro Taques para que cada um abra o voto espontaneamente pode, se passar pelo crivo da Justiça, representar uma saída circunstancial. Mas não é uma solução.

À sorrelfa. Longe de câmeras e microfones, os três deputados federais (Carlos Leréia, Sandes Júnior e Rubens Otoni) suspeitos de envolvimento no esquema Cachoeira foram ouvidos terça-feira pela corregedoria da Câmara.

Daqui a dez dias enviará relatórios à Mesa Diretora que só então decidirá se é o caso de acionar o Conselho de Ética para possível abertura de processo por quebra de decoro.

Tudo muito lenta e silenciosamente como convém ao corporativismo reinante na Casa.

Memória. Se alguém perguntar, o governador Marconi Perillo (GO) terá o maior prazer em relatar, em seu depoimento no próximo dia 12 à CMPI do Cachoeira, toda conversa que teve com o então presidente Lula alertando-o sobre a existência de um sistema de cooptação de parlamentares que viria a ser nacional e internacionalmente conhecido pelo nome de mensalão.

Estavam os dois dentro de um carro que os levaria a um evento em Goiás, quando Perillo disse a Lula que deputados federais aliados ao governador estavam sendo abordados com propostas financeiras para mudar de lado e integrar a base governista.

O presidente rechaçou o aviso dizendo não acreditar e acrescentando acusações ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, de ter adotado aquele tipo de prática.

Perillo repetiu, deu nome e sobrenome de parlamentares assediados, mas o então presidente não deu atenção.

Tudo isso, descontado um ou outro detalhe, já é sabido. Mas não necessariamente lembrado pelo grosso da população que, por meio do depoimento à CPMI, teria reavivada a memória às vésperas do julgamento contra o qual Lula tanto se bate.

Tucanos do bico vermelho - ANTONIO DE SOUSA RAMALHO


FOLHA DE SP - 07/06

O PSDB se reaproxima dos sindicalistas. Em dez anos, a central sindical que já foi única virou centro de defesa dos interesses do governo

Recentemente lançado, o núcleo sindical do PSDB tem atraído a atenção da mídia, da sociedade e de sindicalistas de outras agremiações e todas as centrais sindicais.

São os "tucanos do bico vermelho", que enxergaram na reaproximação do PSDB com sindicalistas uma volta às origens do partido e da própria socialdemocracia, que tem como um dos alicerces o movimento sindical.

O PSDB quer ser para os sindicalistas um espaço aberto e democrático para que suas propostas sejam discutidas e depois defendidas nos parlamentos. O PSDB quer sindicalistas no partido, mas sem influenciar a atividade sindical. E, principalmente, sem aparelhar sindicatos ou centrais, como temos visto nos últimos dez anos, quando a central sindical que já foi única se transformou em centro de defesa dos interesses do governo.

E se o assunto for defesa do trabalhador, principalmente o mais humilde, é impossível defender esse governo como faz sistematicamente a central sindical que o apoia.

O PSDB arrumou a casa durante o governo FHC. E teve em Ruth Cardoso a inspiração para criar os programas sociais que, maquiados e renomeados, são a única bandeira deste governo a favor dos pobres. O Fome Zero, este sim de concepção petista, não matou a fome de ninguém. O núcleo sindical do PSDB não vai aplaudir tanta mentira.

E, por falar em aplausos, a claque sindical do governo aplaudiu todas as medidas afoitas e superficiais adotadas neste ano.

Relembrando: o pacotão de desoneração da folha de pagamento, que só beneficia alguns setores da indústria e ainda coloca em risco a previdência social; a redução do IPI, que faz a indústria automobilística sorrir, mas não faz nem cócegas na desindustrialização; e as mudanças nas regras da poupança, que mais uma vez não defendem os mais pobres.

Seria simples incluir um teto mínimo para que as novas regras fossem aplicadas. Por exemplo, contas abertas há mais de 20 anos e com saldo inferior a R$ 20 mil reais estariam isentas de mudanças e renderiam normalmente.

O BNDES continua financiando só grandes conglomerados e não olha para o pequeno e médio empreendedor, que dá emprego para 76% dos brasileiros -a central sindical do PT reclama baixinho. A presidente Dilma deixa a MP 556 caducar, impedindo que o trabalhador que receba até 12 mil por ano fique isento do IR -do lado de lá, silêncio.

Os sindicalistas do PSDB são contra o fim da contribuição sindical e já deixaram isso claro. Temos posições definidas sobre tudo o que possa ser feito para defender e ampliar os direitos dos trabalhadores.

O PSDB apostou na criação do seu núcleo sindical por acreditar que é necessário que os sindicalistas participem da vida partidária sem deixar de lado suas reivindicações. O que os tucanos do bico vermelho querem é que o Brasil volte ao rumo certo com ética, responsabilidade e muito trabalho.

Nossas posições são claras, sem meias verdade. Somos sindicalistas e não nos calaremos perante chantagens e malfeitos. Vamos fazer com que o núcleo sindical seja a voz do trabalhador dentro do partido e das aspirações sindicais, bandeiras do PSDB. Mas do jeito certo, com ética, sem colocar os estandartes do partido dentro de nenhum sindicato ou central sindical.

Discurso não resolve crises - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 07/06



Quando mais se espera que, não podendo mais deixar de reconhecer o tamanho dos problemas, o governo Dilma adote um plano articulado para debelar os efeitos mais nocivos da crise mundial sobre a economia brasileira, o que se vê é a repetição do que tem feito até agora, sem resultados concretos: vender otimismo, ameaçar os pessimistas e construir um cenário cada vez mais distante da realidade. Utilizam-se promessas para enfrentar problemas.

Embora tivesse demonstrado, no início da semana, grande preocupação com a situação - sobretudo depois da constatação, pelo IBGE, da estagnação da economia no primeiro trimestre -, a ponto de convocar uma reunião de emergência com os principais ministros e auxiliares da área econômica para decidir ações imediatas, na terça-feira a presidente Dilma Rousseff parecia ter descoberto um novo quadro econômico. Na sua avaliação, a expansão da economia em 2012 não será menor do que a registrada no ano passado (quando o PIB cresceu 2,7%), como está sendo previsto pela maioria dos economistas do setor privado, porque o governo vai lançar mão dos instrumentos necessários para estimular os investimentos e sustentar o crescimento do consumo.

"Quem aposta na crise, como (fez) há quatro anos, vai perder de novo", profetizou Dilma, na solenidade do Dia Mundial do Meio Ambiente. Repetiu a bravata feita pelo presidente Lula em 2009, que disse que quem apostasse que a crise internacional iniciada no ano anterior quebraria o Brasil acabaria "quebrando a cara". O País, disse Dilma, tem um "arsenal de providências" que podem ser colocadas em prática. "Sistematicamente, tomaremos medidas para expandir o investimento público, estimular o investimento privado e o consumo das famílias."

É o que se espera que seja feito, mas de maneira eficiente. Em tese, esse tripé sustentará a atividade econômica e propiciará o crescimento mais rápido dentro de algum tempo. Mas, na prática, há superdimensionamento de um dos pés e atrofia dos outros dois. O que o governo tem feito com grande insistência é estimular o consumo, por meio da ampla oferta do crédito, a juros menores. É uma política cuja eficácia está limitada pela capacidade de endividamento das famílias e pela disposição dos bancos de emprestar. O aumento do comprometimento da renda das famílias com despesas financeiras e o crescimento dos índices de inadimplência indicam que essa política terá efeitos cada vez menores.

As incertezas do cenário internacional e os impactos da crise na economia brasileira paralisaram os investimentos privados. Por isso, é o momento adequado para o governo utilizar seu "arsenal de providências" e acelerar os investimentos públicos. Até agora, porém, o governo Dilma mostrou pouca aptidão para isso. Os investimentos federais neste ano são os menores dos últimos três anos (para o período janeiro-maio), como mostrou o Estado, ontem.

Demonstrando despreocupação com o quadro econômico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia registrará em maio e junho índices de crescimento "muito maiores" do que em abril e o resultado do segundo trimestre será melhor do que o do primeiro. Na sua avaliação, a economia superou a fase de estagnação e entrou numa rota positiva. "Teremos crescimento do PIB e da produção industrial", destacou, referindo-se ao setor que, em abril, apresentou resultados decepcionantes. Citou a indústria automobilística, que tem grande peso na composição do PIB, e que, na sua opinião, "agora vai crescer mais do que outros setores".

Igualmente sem demonstrar preocupação com o cenário, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu as medidas adotadas pelo governo para estimular o crédito e o consumo das famílias. Num momento em que caberia à autoridade monetária no mínimo apontar os riscos do contínuo estímulo aos financiamentos quando diminui a capacidade financeira do consumidor e cresce a inadimplência, Tombini tem-se limitado a defender as ações do governo - com o qual mostrou perfeito alinhamento durante a audiência pública na Câmara dos Deputados.

CORPO SÃO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 07/06

Fernanda Lima é a capa da edição deste mês da revista "Boa Forma". "O corpo piora com o passar dos anos e não tem outro jeito a não ser redobrar os cuidados", diz a apresentadora. "Não descarto entrar para uma aula 'levanta-bumbum' no futuro."

CABO ELEITORAL
É Dilma Rousseff, e não Lula, o personagem que preocupa a campanha de José Serra (PSDB-SP) em SP. Na análise da equipe tucana, o ex-presidente pode levar seu candidato, Fernando Haddad, a um patamar de até 40% dos votos. Mas tem teto na cidade, onde nunca venceu eleição. Já Dilma poderia fazer a diferença na classe média.

CABO 2
E a estratégia do PT para tentar reverter o favoritismo de Serra será mesmo esta: usar a imagem de Lula à exaustão no primeiro turno. E, caso chegue ao segundo, colar Haddad em Dilma, que então entraria na campanha.

PRIMEIRA VEZ
Será o primeiro teste de Dilma na transferência de prestígio eleitoral. Segundo o Datafolha, 31% dos paulistanos votariam em quem ela indicasse; 44% seguiriam Lula, 31%, Alckmin -e só 14%, Gilberto Kassab.

PASSO A PASSO
Apesar do burburinho, ainda faltam várias etapas para que a prefeitura autorize a abertura do shopping JK Iguatemi. A Secretaria de Transportes está elaborando laudo sobre a mudança na velocidade no trânsito do local. Ele será enviado a Claudio Lembo, secretário dos Negócios Jurídicos. Só depois de ouvir a Procuradoria-Geral do Município ele enviará o parecer à Secretaria das Subprefeituras, responsável por liberar o alvará.

LINHAS TORTAS
E o empresário Walter Torre, da WTorre, empreiteira responsável pelo shopping, entregou na semana passada novo estudo à prefeitura. Ele mostra que o viaduto que a administração e a Justiça estão exigindo para mitigar o trânsito não dá acesso ao shopping. A construção serviria a outros prédios do complexo que ainda não estão concluídos.

ESPORTISTA
O estilista Oskar Metsavaht, da Osklen, foi sondado para assinar uma coleção para a grife esportiva Puma.

ARTE NO SUBSOLO
As artistas Anne Cartault d'Olive e Letícia Rita foram escolhidas pela curadora Regina Silveira para exibirem suas obras na estação Trianon, dentro do projeto Vitrines do Metrô, do Masp.

CANGURU
O elenco formado por Giulia Gam, Maria Luisa Mendonça, Caco Ciocler, Marjorie Estiano e Fernanda de Freitas se reuniu na semana passada pela primeira vez com as diretoras Monique Gardenberg e Michele Matalon para conversar sobre a peça "Elefante, Canguru e Outras Espécies". O espetáculo, baseado em cinco contos do japonês Haruki Murakami, estreia em setembro, no Rio.

VESTINDO A CAMISA
Quem passar pela estação República do metrô no fim de semana vai poder retirar uma das cerca de 5.000 camisinhas de um painel gigante. A ação faz parte da campanha "Proteja seu Orgulho", que a Secretaria da Saúde de SP lança amanhã.

CINDERELAS
O empresário Alexandre Birman fez festa de reinauguração de uma loja de sua rede de calçados, anteontem. A advogada Sophia Alckmin, filha do governador Geraldo Alckmin, e a chef Danielle Dahoui circularam pela rua Oscar Freire.

SAMBA NO PALCO
A cantora Paula Lima fez participação especial no espetáculo "Samba Suor Brasileiro", anteontem, no Theatro Municipal. O show tem direção de José Possi Neto e coreografia de Anselmo Zolla. Na plateia, a vice-prefeita Alda Marco Antonio, Monica Serra, mulher de José Serra (PSDB), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, e a atriz Julianne Trevisol.

CURTO-CIRCUITO

A exposição "A Secret Cinema", do artista Eugênio Zanetti, será inaugurada hoje, às 19h, no MuBE.

O espetáculo "A Travessia da Calunga Grande" reestreia hoje, às 14h30, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, no Bom Retiro. Classificação: 14 anos.

Shlomo Amar, grão-rabino chefe de Israel, visita hoje a instituição beneficente israelita Ten Yad, dedicada ao combate à fome.

O Renaissance Hotel realiza hoje evento de música eletrônica, às 18h. Livre.

Tetê Espíndola apresenta no sábado o show "Pássaros na Garganta", no Sesc Belenzinho, às 21h. 12.

A festa Glamur acontece hoje no Haras Itapeva, em Campos do Jordão, às 20h, na Vila Abernéssia. 18.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA

Eliminem a 'verdade' - DEMÉTRIO MAGNOLI


O Estado de S.Paulo - 07/06


A palavra "verdade", na Comissão da Verdade e da Reconciliação instituída pela África do Sul, tinha um significado judicial, relacionado aos poderes do organismo. Nossa Comissão da Verdade, ao contrário, não tem poderes judiciais. Por esse motivo a palavra "verdade" deveria ser eliminada de seu nome.

As prerrogativas da comissão sul-africana, presidida pelo arcebispo Desmond Tutu, abrangiam não apenas a investigação de violações de direitos humanos cometidas durante o regime do apartheid, mas, crucialmente, a concessão de reparações às vítimas e de anistia individual a perpetradores. A comissão brasileira não dispõe das duas últimas prerrogativas: as reparações são da esfera da Comissão de Anistia e a anistia já foi concedida a todos, por lei emanada da ditadura militar, recepcionada por sucessivos governos civis e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal. O mandato de nossa comissão está circunscrito por lei à produção de um relatório sobre violações de direitos humanos por motivação política entre 1946 e 1988. Para não abusarmos da noção de verdade seu nome deveria ser algo mais modesto, como Comissão de Inquérito.

Verdade histórica é diferente de verdade judicial. Nos tribunais, e numa comissão com poderes judiciais, como a sul-africana, a verdade é uma narrativa factual organizada à luz dos códigos legais. A decisão final, transitada em julgado, é uma "verdade" irrecorrível, com implicações penais ou cíveis. A "verdade" histórica, por outro lado, é uma interpretação dos eventos do passado que oscila ao sabor do "espírito do presente" - isto é, dos valores predominantes em cada época. Verdades distintas concorrem entre si nas obras de História, formando um diálogo pluralista e, em princípio, infindável. Uma comissão sem estatuto judicial, mas batizada com o nome da verdade, almeja a verdade histórica. Contudo, por definição, a verdade histórica não pode ser emoldurada com o selo oficial - a não ser como contrafação fabricada por regimes totalitários.

A Lei de Anistia cercou as violações de direitos humanos cometidas pela ditadura militar com uma muralha de interdição, cassando ao sistema judiciário o poder de julgar crimes políticos declarados imprescritíveis por tratados internacionais. Vergonhosamente, a elite política brasileira teceu um consenso em torno da lei promulgada no derradeiro governo militar - e, em razão de tal consenso, as maiorias parlamentares de sustentação de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma recusaram-se a suprimir o interdito. Num intercâmbio lamentável, a proteção dos violadores foi paga, por meios pecuniários e simbólicos, pela Comissão de Anistia. Se não mudar seu nome, a Comissão da Verdade cumprirá o papel indigno de emitir o cheque simbólico final na agônica transação.

Na sua acepção judicial, a verdade está relativamente livre do jogo da política e da ideologia. A comissão sul-africana ouviu testemunhos de crimes cometidos pelo Estado e também das organizações de resistência, contextualizando-os segundo os princípios do Direito. Se o Brasil tivesse abolido a Lei de Anistia, tribunais emitiriam sentenças sobre as incontáveis violações cometidas impunemente pela ditadura militar e também sobre os escassos casos de crimes das organizações armadas que não foram julgados à época. Isso, infelizmente, não ocorrerá - e a ausência do Poder Judiciário coloca a Comissão da Verdade diante do dilema expresso nas interpretações históricas dissonantes a respeito dos "anos de chumbo".

A narrativa do combate nas trevas entre os "dois lados", representados pelo regime militar e pelas organizações armadas de esquerda, é uma fraude histórica e uma tese imoral. A repressão política, as prisões e a tortura atingiram os opositores em geral, em sua maioria desarmados, não apenas as correntes minoritárias da esquerda armada. O poder de Estado, com seus aparelhos judiciais, policiais e militares, não pode ser equiparado aos grupos irregulares de militantes das organizações seduzidas pela estratégia do "foco revolucionário". O assassinato e a tortura nos calabouços são definidos no Direito Internacional como crimes contra a humanidade, distinguindo-se por sua gravidade dos demais tipos de crimes. Carlos Marighella e Carlos Lamarca praticaram crimes asquerosos. Mesmo assim, eles não podem ser equiparados aos crimes do delegado Sérgio Fleury, do general Ednardo D'Ávila Mello ou do presidente Emílio Garrastazu Médici.

A historiografia, tanto quanto os tribunais, têm ferramentas para destruir o falso sinal de identidade desenhado com a finalidade de providenciar um álibi para a ditadura militar. O leitor decente sabe separar as narrativas históricas legítimas das fábulas ideológicas destinadas a justificar crimes contra a humanidade. Contudo a pretensão impossível de estatizar a verdade histórica no regime democrático confere à narrativa delinquente sobre os "dois lados" a aura de uma "verdade sufocada" em confronto desigual com uma "verdade dos vencedores".

Uma comissão de inquérito consagrada ao relato dos crimes contra a humanidade praticados pela ditadura militar seria capaz de iluminar fatos, personagens e circunstâncias ainda desconhecidos, oferecendo material valioso aos historiadores. Em contraste, uma Comissão da Verdade sem poderes judiciais está condenada a fabricar interpretações estatais sobre o passado, algo com valor de verdade similar ao dos retratos encomendados pelos mecenas.

O conceito africano de ubuntu relaciona-se à ideia de que a humanidade de cada indivíduo depende da dignidade humana de todos os demais. A comissão sul-africana tinha a missão escrita de promover "ubuntu", não "retaliação" nem "vitimização". Nossa comissão não pode promover ubuntu, mas ao menos não precisa engajar-se em operações simbólicas de retaliação e vitimização. Eliminem a "verdade", senhores comissários!

O engano de enganar - JANIO DE FREITAS


FOLHA DE SP - 07/06

Em vez de esconder, é preciso mostrar o quanto é difícil, no Brasil, tocar em interesses de qualquer das forças que compõem o poder econômico

O GOVERNO se divide, seus congressistas também: é melhor apressar para antes da Rio+20 ou adiar, para depois da conferência, o exame das mais de 600 emendas que os ruralistas apresentam ao Código Florestal, em reação aos 12 vetos de Dilma Rousseff no texto aprovado. Trata-se, porém, de mais do que divergência de táticas possíveis.

É o traço de hipocrisia presente e influente, aqui, sem distinção de classe e de lugar. A preferência por aparentar o que não é. Costume a que o país nada deve de bom.

Deixar que se mostre aos visitantes a reação do Congresso, contrária a avanços na defesa do meio ambiente e do patrimônio natural brasileiro, é a única atitude honesta e inteligente. Tentar tapeá-los é inútil.

Assim que o Congresso se ocupe das emendas e seu teor tétrico, os presentes à conferência, já de volta a seus países, logo terão conhecimento do que se passa em Brasília. Europeus, americanos e asiáticos fazem pouco em defesa da Terra, mas falam muito a respeito e acompanham tudo.

Em vez de esconder, é preciso mostrar aqui mesmo e no exterior o quanto é difícil, no Brasil, tocar em interesses de qualquer das forças que compõem o poder econômico.

Caso dos ruralistas, para os quais não houve, ainda, legislação capaz de detê-los na invasão de imensidões do Estado, em reservas indígenas, em áreas de proteção permanente definidas por lei, e no desmatamento criminoso.

Breve ilustração: os levantamentos mais recentes indicam que Mato Grosso perde mais 19% da cobertura florestal; em Rondônia, o desmatamento aumentou 99%.

As leis vigentes há muito tempo, ou seja, à parte o novo e incerto Código Florestal, dão ao Estado os instrumentos para reprimir e punir esses crimes todos.

Tudo comprova que não acontece uma coisa nem outra. Os vencidos são o Estado e a lei.

O pacote ambiental lançado por Dilma Rousseff, às vésperas da Rio+20, seguiu o mesmo vício das aparências, da imagem.

As medidas que o compõem poderiam estar assinadas há muito tempo. Exceto a que contraria posição anterior da própria presidente, quando de sua defesa intransigente do sacrifício florestal, fluvial e humano (indígenas e famílias rurais) para construção de hidrelétricas nos rios Madeira e Xingu.

O pacote, pelo menos, trouxe medidas importantes.

Greves de professores se multiplicam no país.

Os docentes das universidades federais estão em greve desde 17 de maio. A UERJ, estadual, decidiu-se pela greve a partir de segunda-feira. Na Bahia, a greve de professores já vai para 60 dias.

Em país onde se fala de educação com e sem motivo, greves de professores são uma condenação explícita aos respectivos governantes.

Educação com professores precisando fazer greve para atenuar suas precárias condições de trabalho e de vida é farsa. Continuação de séculos de farsa.

É outro o caminho de um PIB bem maior - ROBERTO MACEDO


O ESTADÃO - 07/06

O destaque econômico recente foi, de novo, o fraco desempenho da economia, desta vez no primeiro trimestre de 2012, quando seu produto interno bruto (PIB) cresceu às ínfimas taxas de 0,2% relativamente ao último trimestre de 2011 e 0,8% em relação ao primeiro do mesmo ano. Por que não vem revelando taxas bem mais altas e estáveis? Olhar os lados da oferta e da demanda da economia ajuda a entender o que se passa, e numa perspectiva mais ampla.

Vieram da demanda os maiores estímulos que aceleraram o PIB de meados até o final da década passada.

Em particular, na ocasião houve forte expansão do crédito interno. A procura mundial por nossas exportações aumentou fortemente e, em vários casos, a preços bem maiores. Junto com mais investimentos externos, retirou o País de uma sina de outrora, a de crises econômicas causadas pelo que então se chamava de escassez de divisas ou de moedas fortes.

Hoje a demanda mundial pelas nossas exportações perdeu velocidade, até caiu em países em crise. E,internamente, em face de endividamento e inadimplência maiores, a demanda por crédito já não cresce tanto, não trazendo, assim, o mesmo estímulo do passado.

No momento, expectativas negativas quanto ao futuro também afetam a demanda.

Manchetes do tipo Mercedes suspende trabalho de 1,5 mil funcionários - pela primeira vez nos últimos 50 anos-, Lojistas atrasam pagamentos a shoppings e Bancos perderam R$ 10 bi com calotes no financiamento de veículos, comuns no noticiário recente, prejudicam a confiança e a demanda de consumidores e empresários.

Ainda do lado da demanda, segmentos populacionais foram muito beneficiados com transferências de renda do governo federal, principalmente via ampliação do piso de benefícios do INSS, na esteira de sucessivas elevações do valor real do salário mínimo.

Esse efeito, contudo, costuma ser sobre-estimado. Quando esse piso é ampliado, o noticiário usualmente diz que o governo "injetou" bilhões de reais na economia.

Mas o que há é transfusão de recursos que vêm de impostos ou de endividamento governamental e, assim, tomados de quem fez esses aportes ao governo.

A base da economia é a produção e não se pode ficar dependendo de estímulos só do lado da demanda, pois não se revelam duradouros e estáveis, como os que vêm de fora do País, ou tendem a se esgotar, como o crédito, ou têm efeito limitado, como as transferências de renda.

Falar em produção nos leva ao lado da oferta. Nele o problema síntese é que a economia investe muito pouco em capacidade produtiva adicional. É como se alguém quisesse colher mais bananas sem investir plantando mais bananeiras. Literalmente.

Ora, o Brasil vem investindo apenas perto de 19% de seu PIB, enquanto países que crescem muitíssimo mais, como a Índia e a China, alcançam taxas próximas de 30% e 40%, respectivamente.

Não somos chineses nem indianos, mas chegar perto de 25% seria uma meta factível no médio prazo sequem nos governa em Brasília não ficasse a plantar bananeiras noutro sentido, de cabeça para baixo, e a imaginar que com mais inebriantes doses de consumo e crédito o PIB terá crescimento bem maior e sustentável. Depois de cada pileque dessa dupla vem, como se percebe hoje, uma ressaca de endividamento.

Também seria possível ampliar a quantidade de bananas aumentando a produtividade de seus fatores produtivos. Mas se sabe que na economia essa produtividade não avança satisfatoriamente.

Para melhorar esse quadro um bom começo seria o governo aprender a fazer mais com o mesmo que arrecada, idealmente até com menos. Mas o que se vê há tempos no governo federal - o que tem maior disponibilidade de recursos - é mais um inchaço da máquina pública, sem ganhos de eficiência e prejudicando seus investimentos.

Exemplo disso foi a criação de mais universidades federais, como resultado de que agora temos mais delas em greve.

E mais: a educação e a formação profissional da população têm papel crucial na produtividade, mas tampouco se consegue isso de forma suficiente. E há mais problemas que não se solucionam, tantos que até me desanimam a listá-los. Mas cabe pelo menos atrivial referência ao custo Brasil, que sintetiza vários deles, como a alta carga tributária, as carências da infraestrutura, etc., etc., etc. Tal menção é utilizada por muitos há tempos, mas esse custo segue aumentando.

Nessa linha, costumo revelar uma preocupação quase obsessiva com a necessidade de o Brasil poupar e investir muito mais. De 2009 a 2010 coordenei um conjunto de 35 estudos para a Associação Comercial de São Paulo.

Deles vieram propostas para candidatos a presidente da República, centradas na necessidade de ampliar os investimentos e focando, também, na de aumentar a poupança.

Esta provê recursos que evitam a dependência da poupança alheia e das dívidas correspondentes.

Por sua vez, o investimento é imbatível na sua capacidade de gerar tanto oferta como demanda.

Ou seja, cria capacidade produtiva e, assim, gera demanda de bens e serviços, renda para quem os produz e até mesmo parte da poupança que o custeia.

Assim, em lugar de lamentar problemas, culpar outros países por vários deles e bater cabeças em busca de soluções paliativas aqui e ali, a estratégia nacional para um PIB bem maior deveria ser a de unir o País em torno desse objetivo. E, para alcançá-lo, buscar acentuada ampliação da poupança e do investimento, bem como soluções bem articuladas para os obstáculos que hoje impedem isso.

Enquanto o povo brasileiro e os que o governam não se convencerem de que esse é o caminho seguro da prosperidade pessoal e nacional, e tomarem a direção dele, vamos conviver com "pibinhos" e, às vezes, com períodos de maior prosperidade propiciados por circunstâncias que não perduram.

A crise e a inflação da manicure - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 07/6

Inflação de serviços ainda cai mais devagar que a de bens industriais ou aqueles negociáveis no exterior

A ALTA DO preço da manicure e a do corte de cabelo serviram nos últimos dois ou três anos de metáfora para a inflação de serviços e era um sinal de que o povo mais pobre estava remediado, gastando em algo mais do que o essencial ("a ascensão da classe C", como diz o clichê).

Esse era também um dos sinais de que a economia brasileira não era capaz de acomodar, em vários setores, o ritmo de aumento da renda e, pois, do consumo. Faltaria oferta de produtos, serviços e de mão de obra qualificada; sobraria procura, demanda. O resultado seria inflação extra.

Talvez uma inflação menor, pois, indicasse que a lerdeza da economia brasileira se espraiou pelas "classes", a "C" inclusive, e por vários setores além da indústria.

O assunto é enrolado e controverso, mas parece evidente que o aumento da renda encareceu os serviços e tudo aquilo que não está sujeito à concorrência de importações.

Como diz o batido exemplo do manual para iniciantes de macroeconomia, não dá para importar ou exportar cortes de cabelo (como se faz com TV, celular, carro etc.).

O preço médio dos bens comercializáveis (no exterior) subiu 3,5% nos últimos 12 meses (trata-se, grosso modo, de bens cujo preço tem forte influência do mercado internacional, de produtos que podem ser vendidos aqui ou lá fora, exportados ou importados). O preço dos bens não comercializáveis aumentou mais que o dobro, 7,5%.

No caso dos bens duráveis (carro, TV, geladeira etc.), há deflação desde abril de 2011. Por exemplo, nos 12 meses encerrados em maio passado, o preço dos duráveis caiu em média 2,5%.

O dos serviços subiu 7,6%. Serviços pessoais, 11%. O da depilação, 16%! Manicure e pedicure: 10%.

Deixe-se claro, por favor, que não se está a dizer que a inflação brasileira é culpa da manicure. Como se explicou no início do texto, trata-se de uma metáfora para uma conjuntura da economia brasileira.

Porém, a inflação dos serviços, além de muito mais alta, cai mais devagar que a média (o IPCA), e ainda mais devagar que dos bens industriais ou comercializáveis no exterior (sempre na medida da inflação acumulada em 12 meses).

No mês que passou, maio, o aumento médio do preço de alguns serviços até que tropeçou, ou perdeu fôlego. Mas um mês apenas não diz grande coisa (a variação mês a mês é grande demais quando se trata de itens específicos).

A crise, ou marasmo, ainda não bateu no setor de serviços para valer -pelo menos até maio e a julgar apenas pela inflação. Também não chegou ao varejo de itens relativamente mais baratos (alimentos, roupas, itens de supermercado).

No mais, parece ter chegado ao fim a temporada de baixa da inflação (na medida de 12 meses), que chegou em maio a caprichosos 4,99%, mas deve voltar a um tico mais que 5% a partir de junho.

Ou seja, não houve o "descontrole inflacionário" bobamente previsto por tanta gente em meados (e até setembro!) do ano passado. Mas vai ser difícil que a inflação chegue perto dos 4,5% da meta oficial até o fim do ano. Quer dizer, pode ser até que chegue, mas tal "sucesso" será um sinal de que a economia do Brasil terá esfriado ainda mais, e rápido.

Aí vai começar a faltar emprego -também para manicure.

Lá fora, é só desânimo - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 07/06


Um dia de tensões amortecidas no mercado financeiro internacional. Desânimo pela desunião dos governos europeus, que adiam soluções urgentes para a crise da zona do euro - agravada agora pela Espanha -, pouco entusiasmo com a decisão do Banco Central Europeu de não reduzir a taxa de juros de 1%, na reunião de ontem. Mario Draghi afirma que "alguns problemas da Europa não têm nada a ver com a política monetária, que já pratica juros reais negativos. O que falta é ação dos governos.

Mas apesar disso, as bolsas mundiais subiram na Europa e nos Estados Unidos, cerca de 2,8%, os índices registraram as maiores altas do ano.

No Brasil, o Bovespa também se valorizou, seguindo a tendência internacional. O que se registra é um nítido descolamento entre a economia e o mercado de ações. Pode não durar muito, dizem os analistas.

E o Fed vem aí. Esse resultado paradoxal num cenário econômico depressivo se deveu ontem unicamente à expectativa cada vez mais forte de que o banco central americano (Fed) deve anunciar uma nova injeção de liquidez na reunião marcada para os dias 19 e 20. Ben Bernanke depõe hoje no Congresso, ontem o Livro Bege, que faz regularmente um apanhado factual dos indicadores econômicos de 12 Estados, reafirmou que o crescimento continua moderado, o consumo das famílias praticamente estagnou (ao contrário do Brasil) e o desemprego aumentou no último mês. Em janeiro, foram criados 275 mil empregos; em maio, apenas 69 mil. E o desemprego chega a 8,5% da força de trabalho.

A expectativa no mercado, ontem, era de que Bernanke, no mínimo, reafirme que todas as opções para estimular o crescimento estão na mesa e indique a decisão de agir. Alguns presidentes regionais do banco central americano já fizeram isso. Mesmo assim, diziam os abalistas, o clima continuava instável.

Mais US$ 1 trilhão? Apesar dessa expectativa, as economias americana e europeia continuam estagnadas. Nos EUA, algo em torno de 2%, se não menos, de crescimento, admite o Fed. E na Europa, entre menos 0,5% e mais 0,3%. Muitos analistas americanos manifestavam ontem dúvida sobre capacidade de o Fed oferecer mais estímulo à economia. Afinal, dizia um operador, desde novembro de 2008 o Fed, depois de reduzir os juros a níveis reais negativos, injetou mais de US$ 2 trilhões no sistema sem resultado até agora. Outros ressalvam que sem esse incentivo, a economia não teria saído da recessão e estaria definhando como a europeia agora.

Juros negativos e liquidez nos bancos americanos não foram suficientes para reestabelecer a confiança dos consumidores endividados e feridos pela crise de 2008. E sem os EUA, com o maior PIB global (US$ 14 trilhões), a economia mundial não cresce. Que não se espere nada da Europa neste e talvez no próximo ano e menos ainda da China, onde o governo estuda medidas de estímulo ao mercado interno, mas parece conformado com um crescimento menor este ano, algo em torno de 7%.

Uma excelente análise da economia chinesa foi publicada no último número da revista Economist - merece ser lida - mostrando que a reação do consumo interno chinês é muito lenta e representa 36% do PIB. A participação dos investimentos é de 48%, mas, além das obras em infraestrutura, a maior parte se concentrou no mercado imobiliário, onde já se configura uma bolha a ponto de explodir. No fundo, diz o estudo assinado por Simon Cox, com bases em dados oficiais e do FMI, o governo parece admitir que não haveria muitos danos para a China se crescesse 7% este ano. Não seria mal para a China, mas faria para o mundo.

Incertezas. Esta semana, onde o feriado de hoje é apenas nacional, será ainda uma semana de decisões. Poucos acreditam em ações para retomar o crescimento mundial, os institutos de pesquisa já admitem 3% de crescimento este ano. A OCDE, que reúne as maiores economias do mundo, divulgou no mês passado balanço dos quatro primeiros meses e prevê crescimento de 1,8%, isso se o Japão conseguir crescer 2%.

Um cenário desafiante e desanimador, mostrando que o Brasil não pode esperar nada da economia mundial. É ir em frente sem ela, aumentando o sentido de urgência que a situação atual exige. Se estivesse vivo, Churchill poderia dizer novamente que da economia mundial só se espera sangue, suor e lágrimas. Aqui, já estão correndo um suor forte e saudável. As lágrimas, podemos deixar para eles que estão chorando porque não fizeram nada.

O cara - LUIZ FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 07/06

Paris – Duas coisas difíceis de encontrar na França: ar condicionado e adoçante. São raros os cinemas e locais públicos com ar refrigerado e raros os produtos dietéticos. Quer dizer: não é um lugar para diabéticos e gordos calorentos. A coisa melhorou um pouco depois daquele verão terrível em que milhares de velhinhos morreram de calor, e hoje quando você pede um adoçante, ou o que eles chamam de “falso açúcar”, para o cafezinho num restaurante já não precisa repetir quatro vezes sua estranha vontade, o garçom entende na segunda. De qualquer maneira, refrigeração e açúcar falso, decididamente, ainda não pegaram por aqui.

Os humoristas franceses não estão dando folga ao François Hollande. Não lhe deram nem o período de tolerância tradicionalmente concedido a novos presidentes. Se o Sarkozy tinha cara de escroque, o Hollande tem a cara de um professor de matemática que errou de profissão. Sua ingenuidade pode estar só na cara – afinal não foi por falta de matreirice e saber político que ele chegou onde está – mas é a cara do cara que provoca as maiores gozações. No outro dia apareceu uma foto em que ele saía rapidamente de uma reunião e consultava seu relógio, para dar uma ideia de dinamismo no cargo. Só que o mostrador do relógio estava virado para a câmera e o presidente consultava seu próprio pulso. Comentário de um comediante da TV, diante da foto: “E pensar que esse homem pode apertar um botão e disparar todo o arsenal nuclear francês...”. Mas parece haver um consenso que, depois dos anos Sarkozy, um professor de matemática desgarrado no governo é uma boa mudança.

Hollande é, simplificando um pouco, a primeira consequência “de esquerda” da crise europeia. É improvável que os conservadores mantenham o poder nas próximas eleições inglesas, mas o primeiro-ministro Cameron não é obrigado a pôr seu programa de austeridade à prova eleitoral num futuro próximo e a reação da “esquerda” inglesa pode demorar. Na Espanha e em Portugal a crise favoreceu a direita e a Itália pós-Berlusconi ainda não sabe para que lado vai. Mas na Grécia, onde a crise é mais evidente, surgiu uma liderança francamente de esquerda, sem aspas, que tem boas chances de vencer as próximas eleições. O diabo é isto: a crise do euro e da união europeia não tem uma saída ideologicamente definível, tanto pode desandar para a direita quanto para a esquerda, e não faltam lideranças de direita com discursos nacionalistas e às vezes xenófobos esperando seu chamado.

Comércio eletrônico, preço e loja "real" - SILVIO MEIRA


FOLHA DE SP - 07/06

Nem as lojas físicas que costumam anunciar preço baixo todo dia conseguem competir com lojas virtuais

O novo espaço de relacionamento pessoal e de negócios globais e locais é digital, conectado e móvel. Não estamos falando só da web e dos negócios, nela, mas de tudo o que já era digital e conectado e está se tornando cada vez mais móvel, pessoal, meu e seu, onde quer que estejamos.

Há uns 30 milhões de smartphones no Brasil, todos na rede de dados, graças a planos de R$ 0,50 por dia para usar "tanta-banda-quanto-puder-se-houver". No fim do ano, serão uns 45 milhões de smartphones, por sinal o número que a Pyramid estima que será vendido no país em 2015, quando haverá entre 80 milhões e 100 milhões de smartphones no país. Sendo usados para quê?

Segundo o Google Brasil, 80% dos smartphones já são usados para fazer pesquisa de preços, o que leva 45% de quem pesquisou a comprar on-line e 30% a ir até uma loja física para adquirir o produto. E 31% dos usuários de smartphones têm o costume de levá-los nas suas expedições de compra para fins de comparação de preços (detalhes no link bit.ly/Ly4O6L).

O número não é muito diferente dos Estados Unidos, onde a ComScore descobriu que 35% dos usuários fazem o mesmo e que 75% desistem de comprar na loja ao comparar e encontrar um preço mais baixo on-line. Há dezenas de aplicações para tal fim, e elas facilitam muito o trabalho de quem está querendo encontrar o produto que deseja pelo melhor preço.

A prática, chamada de "showrooming" (passear na loja para ver e testar o produto e comprá-lo depois, mais barato, na web), é uma ameaça real ao varejo clássico. Até porque não é preciso um smartphone e uma conta de dados. Basta uma pessoa na loja, um alguém distante usando um comparador de preços (numa LAN house?), os dois usando minutos grátis em celulares da mesma operadora.

Já presenciei a cena mais de uma vez: o processo é ineficiente, mas o resultado final é aceitável. A combinação de vitrines, smartphones e comparadores de preços começa a eliminar a assimetria de informação quando o assunto é dinheiro.

E os mecanismos de qualificação do varejo on-line, que recomendam alguns e sugerem cautela em relação a outros, separam o joio do trigo virtual, com a preciosa colaboração das redes sociais.

Resultado? Nem mesmo as lojas físicas que costumam anunciar preço baixo todo dia conseguem competir com quem, como a Amazon, virtualizou toda a sua rede de valor (veja em bit.ly/KP4X8u).

Em uma entrevista histórica de 1999 (no link buswk.co/f43b5M), Jeff Bezos afirmava que o varejo físico não conseguiria competir com o virtual em preço, e era só entender os princípios econômicos, logísticos e outros por trás dos dois para chegar a tal conclusão.

De lá para cá, a "previsão de Bezos" se tornou cada vez mais verdade em todo o mundo e começa a afetar um número cada vez maior de mercados, como os negócios de roupas e sapatos, que se imaginavam imunes ao ataque do varejo virtual.

Bezos dizia também que, sem poder competir em preço, havia muitas outras dimensões para o varejo físico agir: conforto, expertise, ofertas exclusivas, entretenimento, limpeza... todas as outras variáveis da experiência de compra, menos preço.

Considerando que Bezos está para comércio eletrônico assim como Bell para o telefone, tendo praticamente inventado a coisa em 1995, ele merece algum crédito.

Bem mais do que lhe dariam os céticos, que poderiam dizer que, "se é assim, por que o varejo on-line nos Estados Unidos ainda é inferior a 5% do total"?

Confere, mas cresceu 16,1% em 2011 (quando o varejo, como um todo, cresceu 6,79%, lá) e deve crescer 12% neste ano, novamente mais do que o dobro do total.

No Brasil, o crescimento do varejo on-line foi de 26% em 2011 e promete 25% em 2012, também mais do que o dobro do varejo total, aqui.

As lojas e shoppings "de tijolo" que não questionam mais essa tendência já estão tentando se reinventar. Fazer parte desse mundo real, que não existe em oposição ao virtual (porque o "real" é a união do concreto e do abstrato...), será parte essencial do futuro de quem, no varejo, tiver futuro.

Eficiência tributária - FRANCISCO DORNELLES


O GLOBO - 07/06

Toda e qualquer iniciativa visando à desburocratização do sistema tributário do país merece aplausos.

Estudo do Banco Mundial apurou que uma empresa padrão, em 2008, gastava 2.600 horas por ano para pagar impostos básicos no Brasil. Entre os 177 países analisados, em apenas 23 são exigidos mais de 500 horas/ano.

Notícias têm sido divulgadas de que o governo federal pretende propor a unificação da Cofins com o PIS/Pasep.

O governo deveria, entretanto, examinar a possibilidade de apresentar uma proposta de maior dimensão, promovendo a unificação de IPI, ICMS, PIS, Cofins, Cide, Fust e Funttel.

Subcomissão de Reforma Tributária do Senado Federal aprovou proposta nesse sentido, criando um único e amplo imposto sobre o valor adicionado.

Nessa proposta, a competência legislativa desse imposto é exclusiva da União. A fiscalização é feita pelos estados. A arrecadação nacional é compartilhada entre a União e os estados.

É ratificada a desoneração das exportações e dos investimentos produtivos.

São criados um cadastro único de contribuintes e um sistema nacional de informações, com emissão eletrônica de notas fiscais.

O IVA proposto é partilhado entre a União e os estados, diretamente através da rede bancária. No caso dos estados, pertenceria ao estado de origem uma pequena parcela do arrecadado.

A maior parte dos recursos seria alocada aos estados de destino.

A proposta do Senado amplia a definição de tributo, de forma a incluir dentro dessa definição não somente impostos e taxas, mas também todos os tipos de contribuição.

Amplia, também, o principio da anterioridade, de forma que nenhum tributo seja criado ou majorado sem que a respectiva lei tenha sido aprovada pelo Poder Legislativo até 30 de junho do exercício anterior àquele que entrar em vigência.

Fortalece o regime Simples para as micro e pequenas empresas e mantém o Regime de Base Presumida.

É reduzida a possibilidade de adoção de empréstimos compulsórios e extinta a enfiteuse sobre terrenos de Marinha e o imposto sobre grandes fortunas. São unificados os impostos sobre a propriedade, e unificados os impostos intervivos e causa mortis em um único imposto sobre transmissão.

Qualquer contribuição cuja receita pertença à entidade de direito público é definida como tributo. Seriam mantidas apenas as contribuições para Previdência, ficando extintas todas as outras contribuições.

A intenção do Governo de unificar a Cofins com o PIS/Pasep é válida.

Entretanto, entendo que o governo deveria ir mais longe, analisando a proposta do novo sistema tributário, aprovado por subcomissão do Senado, de forma a desenhar um sistema tributário com maior simplicidade, produtividade e eficiência.

Política automotiva - saco sem fundo - PEDRO DA M. VEIGA e SANDRA POLÓNIA RIOS


O ESTADÃO - 07/06

Se a importância econômica do setor no Brasil deve ser discutida, seu poder de lobby e pressão é inquestionável
No dia 22 de maio, o governo federal anunciou medidas voltadas para reduzir a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o custo do financiamento à venda de automóveis e veículos comerciais leves.
Uma dessas medidas foi a liberação do valor das operações de crédito para financiamento dos veículos, pelo Banco Central, da base do compulsório recolhido pelos bancos.

Trata-se de uma medida inédita, se se considera o objetivo visado: apoiar as vendas de um setor industrial específico.

Nem seria necessário o ineditismo para ficar claro o que já se consolidou como um dos traços mais fortes da atual política industrial brasileira: o privilégio concedido ao setor automotivo, no que se refere à concessão de benefícios fiscais e creditícios e de proteção comercial.

Apenas 45 dias antes do anúncio das últimas medidas havia sido instituído o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar- Auto), cuja principal característica é a concessão de benefícios tributários aos produtores nacionais, condicionada ao cumprimento de três de quatro requisitos: realização no País de um mínimo de etapas fabris; dispêndios e atividades de pesquisa tecnológica; dispêndios em engenharia e pesquisa básica; e adesão ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro. Nenhum dos requisitos é isoladamente compulsório, uma vez que a empresa pode escolher cumprir quaisquer três das quatro contrapartidas.

As medidas de apoio ao setor voltadas para o curto prazo sugerem que as políticas governamentais são "pautadas" pelas variações de estoque das montadoras. Ao menor sinal de queda nas vendas, novas medidas são imediatamente adotadas, como se o setor estivesse atravessando longo período de dificuldades. Longe disso, porém. Como se sabe, o setor automotivo registrou um crescimento expressivo de sua produção e de suas vendas no mercado doméstico nos últimos anos, passando ao largo da crise.

As medidas de médio e de longo prazos- sintetizadas no novo regime automotivo - incluem uma série de contrapartidas a serem exigidas das empresas para que estas tenham acesso aos benefícios do regime.

Já há, menos de dois meses depois do lançamento do regime automotivo, sinais de que não haverá surpresa quanto ao desfecho destas negociações. Matéria publicada no jornal Valor Econômico de 23 de maio informava que as empresas automobilísticas rejeitaram a fórmula que vincularia a redução do IPI à redução, em cinco anos, no consumo de combustível pelos automóveis fabricados no País.

Começamos bem, evitando a única contrapartida formulada pelo regime automotivo para atender a preocupações ambientais e climáticas.

A justificativa-padrão para este favorecimento da indústria automotiva - que tem longa tradição no Brasil, mas adquire hoje contornos caricaturais - invoca a relevância do setor na geração de empregos e seu peso na indústria.

Em geral, ninguém se dá ao trabalho de apresentar esses números e comprovarquea relevância do setor é tal que os privilégios que o beneficiam se justificam plenamente. Ao que parece, ça va sans dire (é dispensável falar nisso).

Se a importância econômica do setor no Brasil pode e deve ser discutida, seu poder de pressão e lobby - no Brasil e no mundo- é inquestionável. No caso brasileiro, talvez ajude a entender a pressa governamental em atender aos pleitos do setor o fato de que, em meados de 2011, as principais empresas fecharam com os sindicatos de trabalhadores acordos salariais plurianuais incluindo, além da reposição da inflação, ganhos reais e participação nos lucros e resultados (PLR). Em São José dos Pinhais, por exemplo, o acordo tem vigência até 2013 e prevê aumentos reais, abonos salariais e participação nos lucros e resultados.

Concluídos numa conjuntura em que a deterioração do quadro internacional já servia de justificativa para a redução da taxa Selic, esses acordos - típicos de períodos de expansão e elevada previsibilidade - são hoje um forte elemento de pressão sobre os custos do setor a que o governo parece disposto a responder positiva e incondicionalmente.

CLAUDIO HUMBERTO

“É bobagem, tudo isso”
Senadora Marta Suplicy (SP), negando que pretende sair do PT

CALOTE PODE AFASTAR THOMAZ BASTOS DE CACHOEIRA

Amigos afirmam que estão tensas as relações entre Carlos Cachoeira e seu advogado Márcio Thomaz Bastos. É que o ex-ministro da Justiça do governo Lula somente teria recebido, até agora, um terço dos R$ 15 milhões acertados inicialmente para atuar na causa. O pagamento seria de responsabilidade de um amigo do bicheiro e, como ele, empresário do setor farmacêutico.

SAIA JUSTA

O ex-presidente Lula teria ficado irritado por não poder contar com Thomaz Bastos no episódio com o ministro Gilmar Mendes, do STF.

SEM INTERLOCUTOR

Thomaz Bastos também soube da irritação do amigo Lula, para quem o advogado já não pode ser seu interlocutor no julgamento do mensalão.

À BEIRA DE ATAQUE

O líder do PDT, André Figueiredo (CE), cobra promessa de Dilma de se reunir com as bancadas: “As relações estão se atritando”, avisa.

FERIADÃO

Foi grande o congestionamento ontem na saída dos dólares do Brasil: US$ 37,7 bilhões, rumo à crise de 2008, aquela da “marolinha”.

HISTÓRICO DE BRIGA

A suposta ingerência para tentar adiar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal não foi a primeira rixa de Lula com a Justiça: num discurso em Vitória (ES), no início do primeiro mandato, defendeu controle externo e a abertura da “caixa-preta” do Judiciário, insinuando ligação de juízes com o crime organizado, para favorecer “os ricos”. Na ocasião, o ministro Gilmar Mendes determinou que Lula se explicasse em 48h, após interpelação de juízes e desembargadores do Paraná.

BAFAFÁ

A Advocacia-Geral da União alegou que Lula tinha “o direito de expressão”, mas o bafafá no Congresso e Judiciário foi grande.

PALANQUEIRO

A polêmica gerou a célebre carta do juiz Ruy Coppola, do Tribunal de Alçada paulista, lembrando que Lula “não estava mais em palanque”.

DESINTERESSE

No DF, só a deputada Celina Leão (PSD) foi ontem à sessão de abertura da CPI da Arapongagem. É a única integrante da oposição.

CAPA OU NÃO?

Já tem gente amolando facas no MS. O governador André Puccinelli (PMDB) prometeu: “corto meu saco se ele (Zeca do PT) conquistar 30 mil votos” para vereador, em Campo Grande.

TONINHO SE DESPEDE

Após mais de trinta anos de casa, o jornalista Toninho Drummond vai deixar a direção da Rede Globo em Brasília. Será substituído por Luiz Marcelo, hoje na Globo em Nova York. Muito querido e admirado, Toninho agora quer apenas curtir a família.

NO BATENTE

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi um dos poucos parlamentares a trabalhar ontem, véspera de feriado. Ele estava na ativa apesar do esvaziamento típico do Congresso em ocasiões assim.

HORA CERTA

O deputado Alessandro Molón (PT-RJ), defende depoimento do ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish, mas “na hora certa”: “Tem de reunir informações antes, para não ser igual ao do Cachoeira”.

VITÓRIA BRASILEIRA

O advogado Roberto Caldas foi eleito juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Derrotou o mexicano Eduardo MacGregor por 19x18 votos na assembleia geral da OEA, em Cochabamba, na Bolívia.

ME ERRE

Em meio à gritaria dos operários na obra no Estádio Nacional Mané Garrincha, ontem, alguém perguntou ao governador Agnelo Queiroz: “O senhor acha que é empolgação ou vaia?”. Ele deu um drible: “Não tenho nada a ver com isso, [a gritaria] é para o Romário...”.

SENTIMENTAL EU SOU

Presidente interina da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) chorou, ontem, ao receber um pescador artesanal de 80 anos que cantou uma música, de sua autoria, sobre a aflição da categoria.

MAIS DO MÍNIMO

Eram 395 assinaturas às 15h30 de quarta-feira na petição on-line em avaaz.org, pedindo votação dos projetos de lei reajustando os salários dos aposentados com mais de um mínimo. A Ficha Limpa teve cem mil.

PERGUNTA NO PALANQUE

Se Fernando Haddad perder a eleição em São Paulo, Lula, o número 1 do PT, vai pedir para sair? 

PODER SEM PUDOR

UM JOGO QUE SE DISPUTA

Uma disputa de futebol no Maracanã, entre as seleções do Rio e de São Paulo, homenageou a visita da rainha Elizabeth II, em 1968. Os paulistas venceram por 2x1 o “jogo da rainha”, mas nem o gol de honra do craque Gerson fez a torcida carioca perdoar a atuação do juiz Amando Marques, francamente favorável aos visitantes. E o Maracanã lotado passou a gritar a plenos pulmões, sem parar, o palavrão representado pelas iniciais “f.d.p.”. Gritaram tanto o xingamento que, na tribuna de honra, sem entender nada, a rainha da Inglaterra perguntou ao governador Negrão de Lima, a seu lado, o que afinal a torcida exclamava. O elegante governador achou melhor mentir:

– A torcida grita “feliz disputa”, majestade, para desejar um bom jogo...

QUINTA NOS JORNAIS


Globo: STF marca mensalão para agosto e põe fim a pressões
Folha: STF começará a julgar mensalão em 1o de agosto
- Estadão: Supremo vai julgar mensalão na reta final das eleições
Jornal do Commercio: Humberto reage a rótulo de “biônico”
Correio Braziliense: STF começa a julgar mensalão em agosto
Estado de Minas: Tragédia no Sion
Zero Hora: Taxas do Detran para carro zero sobem 61%