FOLHA DE SP - 14/10
RIO DE JANEIRO - Antigamente, quando um filho se metia em falcatruas, negociatas e dinheiros mal contabilizados, o pai entrava em cena para esclarecer tudo. Alegava seu passado impoluto, o exemplo que sempre deu em casa e hipotecava –a palavra era esta– irrestrita confiança no garoto. Sem mais conversa, acertava as contas para livrar o filho e reservava a bronca e os cachações para o âmbito doméstico.
Mas, hoje, os pais também estão na mira. O do nosso craque Neymar vive tendo de prestar contas sobre valores não declarados na complicada transferência do jogador, do Santos para o Barcelona, em 2013. As partes não param de estrilar: os fiscos da Espanha e do Brasil, dirigentes dos dois clubes e empresas que intermediaram o negócio. Há dias, só a Justiça brasileira bloqueou R$ 188 milhões das contas de Neymar –o que, aliás, não tornou Neymar mais pobre.
Seu companheiro de Barcelona, o argentino Messi, também tem um pai acusado de fraudes, sonegação e desvio de dinheiro gerado pelo craque. A dúvida é se Messi, que não parece ser um gênio fora do futebol, sabia das trampolinagens do pai. Achando que sim, a Justiça espanhola esteve a fim de prendê-lo por 22 meses. Mas, aí, Messi foi ao banco e depositou 10 milhões de euros na conta da Justiça, como quem acerta a caderneta no mercadinho. Esses pais de jogadores podem ser uns trapalhões, mas sabem fazer seus filhos render dinheiro.
E, agora, temos a denúncia sobre Lulinha, um dos filhos de Lula. Também se refere a enriquecimentos súbitos, prestação de serviços indefinidos, pagamentos de despesas milionárias e contatos e contratos com amigos de Lula igualmente na boca dos delatores premiados.
Em outra suspeita sobre seu filho, há alguns anos, Lula perguntou: "Eu tenho culpa se o Lulinha é o Ronaldinho dos negócios?". Boa pergunta.
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