FOLHA DE SP - 02/06
SÃO PAULO - O Brasil vai crescer menos ainda em 2014 do que se previa. Essa é a resultante, considerados a estagnação da economia no primeiro trimestre deste ano e o alinhamento dos astros apontando pessimismo sobre os próximos meses.
A massa de salários e de crédito empacou. A indústria não desatola do buraco em que se meteu há cinco anos. Exauriram-se todos os sortilégios desenvolvimentistas, como a explosão de empréstimos estatais, o abatimento setorial de impostos e a contenção de preços à unha.
A economia brasileira começa a pagar uma conta que, imaginava-se, só seria sentida na pele das pessoas, porque debitada mais fortemente, a partir do ano que vem, depois da eleição presidencial. Em casa que falta pão, aumenta a confusão.
Se a renda per capita para de crescer, as disputas sociais se tornam mais escancaradas e lesivas. Para que um grupo possa ganhar, o outro tem de perder. Acabou a fase em que todos evoluíam, embora uns mais depressa do que os outros.
Uns querem aumentar o subsídio dos transportes, outros não suportam mais pagar impostos. Uns querem desapropriação de terrenos para a "reforma urbana", outros só aceitam financiar a juros soberbos os governos desapropriadores.
Uns querem gastar 10% do PIB no ensino das crianças, outros não abrem mão da gratuidade nas universidades estatais para os adultos e exigem ainda mais dinheiro do governo. Uns não aceitam gasolina mais cara, outros precisam do reajuste para investir, empregar e crescer.
Não há recurso para tudo isso. Nunca há, na verdade. Mas, em tempo de produção inerte, é mais difícil esconder esse fato dos grupos em conflito num labirinto congestionado por 200 milhões de almas.
O longo ano de 2015 já começou. Tomara que acabe ainda nesta segunda década do século, o que dependerá das respostas dos governantes eleitos em outubro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário