CORREIO BRAZILIENSE - 13/01
A 10 meses das eleições de outubro, a página oficial do PT no Facebook tratou antigos aliados - agora concorrentes na disputa presidencial - como "tolo" e "ovo da serpente". O primeiro adjetivo foi dirigido ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ironicamente um companheiro "preferencial" desde a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, como registra a mesma nota. O segundo foi creditado à ex-senadora Marina Silva, ex-petista e até ministra do governo Lula, mas hoje empenhada em formar o próprio partido, o Rede Sustentatibilidade. A baixaria é um mau começo para a campanha sucessória.
Por menos memória que tenha o brasileiro, todos ainda se lembram das manifestações de junho, quando o povo foi às ruas - sem liderança e rejeitando apoios das legendas tradicionais - com tão grande quanto difusa lista de reivindicações. É para lá que devem olhar os partidos e candidatos, se querem fazer política séria. Ataques pessoais, gratuitos, descabidos e inverossímeis nada acrescentam à incipiente democracia brasileira. Desde o fim da ditadura militar e do resgate das eleições diretas, passando pela Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Carta Cidadã, a sensação é de que nenhum outro passo significativo foi dado em prol da consolidação do novo regime.
Pratica-se a política rasteira. Nega-se ao país a reforma política capaz de aniquilar os velhos vícios de um tempo em que prevaleciam os conchavos, o favorecimento aos amigos dos poderosos, o toma lá dá cá, o domínio dos caciques. Nem a saudável alternância no poder encontra espaço desimpedido. Eventuais renovações nas casas legislativas preservam o modus operandi. Não raro, trocam-se os nomes, ficam os sobrenomes. A corrupção campeia, com mais instrumentos que a favoreçam do que a combatam. Descaradamente, faz-se vista grossa até para esforçadas tentativas populares de ruptura com o status quo, como a Lei da Ficha Limpa.
Um Estado que admite condenados no exercício de mandato parlamentar não merece ser reconhecido como democrático de direito. E não se iludam os manifestantes: educação, saúde, transporte, segurança, o que seja, jamais terá padrão de qualidade compatível com os impostos pagos, mantido o atual ambiente de desmandos. Mensalões continuarão a ser a moeda de pseudogovernabilidade, ainda que outra denúncia ponha um ou outro mensaleiro atrás das grades. Ações pontuais têm consequências pontuais. Assim é, inclusive, na área social, com os avanços contra a miséria empacados na ausência de políticas públicas que deem verdadeira cidadania aos resgatados.
Cabe ao eleitor encontrar estadistas dispostos à enorme tarefa de construção do Brasil de Primeiro Mundo, coadunável com a posição ocupada pelo país no ranking internacional de produção de riquezas, com PIB comparável ao dos grandes líderes globais. E cabe aos políticos que desejarem sobreviver nesta hora que impõe mudanças deixar de lado as picuinhas e responder ao desafio com propostas plausíveis.
Atitude propositiva é o que se espera deles. Basta de provincianismo. Do Maranhão, por vias transversas, acaba de ecoar estridente grito de chega! Afinal, permitir que bandidos contidos em penitenciárias determinem a eliminação de cidadãos livres - num país em que nem sequer ao Estado é autorizado decretar a morte de quem quer que seja - é retrato consumado do império da incompetência.
Por menos memória que tenha o brasileiro, todos ainda se lembram das manifestações de junho, quando o povo foi às ruas - sem liderança e rejeitando apoios das legendas tradicionais - com tão grande quanto difusa lista de reivindicações. É para lá que devem olhar os partidos e candidatos, se querem fazer política séria. Ataques pessoais, gratuitos, descabidos e inverossímeis nada acrescentam à incipiente democracia brasileira. Desde o fim da ditadura militar e do resgate das eleições diretas, passando pela Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Carta Cidadã, a sensação é de que nenhum outro passo significativo foi dado em prol da consolidação do novo regime.
Pratica-se a política rasteira. Nega-se ao país a reforma política capaz de aniquilar os velhos vícios de um tempo em que prevaleciam os conchavos, o favorecimento aos amigos dos poderosos, o toma lá dá cá, o domínio dos caciques. Nem a saudável alternância no poder encontra espaço desimpedido. Eventuais renovações nas casas legislativas preservam o modus operandi. Não raro, trocam-se os nomes, ficam os sobrenomes. A corrupção campeia, com mais instrumentos que a favoreçam do que a combatam. Descaradamente, faz-se vista grossa até para esforçadas tentativas populares de ruptura com o status quo, como a Lei da Ficha Limpa.
Um Estado que admite condenados no exercício de mandato parlamentar não merece ser reconhecido como democrático de direito. E não se iludam os manifestantes: educação, saúde, transporte, segurança, o que seja, jamais terá padrão de qualidade compatível com os impostos pagos, mantido o atual ambiente de desmandos. Mensalões continuarão a ser a moeda de pseudogovernabilidade, ainda que outra denúncia ponha um ou outro mensaleiro atrás das grades. Ações pontuais têm consequências pontuais. Assim é, inclusive, na área social, com os avanços contra a miséria empacados na ausência de políticas públicas que deem verdadeira cidadania aos resgatados.
Cabe ao eleitor encontrar estadistas dispostos à enorme tarefa de construção do Brasil de Primeiro Mundo, coadunável com a posição ocupada pelo país no ranking internacional de produção de riquezas, com PIB comparável ao dos grandes líderes globais. E cabe aos políticos que desejarem sobreviver nesta hora que impõe mudanças deixar de lado as picuinhas e responder ao desafio com propostas plausíveis.
Atitude propositiva é o que se espera deles. Basta de provincianismo. Do Maranhão, por vias transversas, acaba de ecoar estridente grito de chega! Afinal, permitir que bandidos contidos em penitenciárias determinem a eliminação de cidadãos livres - num país em que nem sequer ao Estado é autorizado decretar a morte de quem quer que seja - é retrato consumado do império da incompetência.
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