GAZETA DO POVO - PR - 09/10
O Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial referente ao ano de 2013 mostra que o Brasil perdeu oito posições no ranking, ficando em 56.º lugar entre 148 nações, retornando à mesma colocação de 2009. A perda de competitividade contribui para que o Brasil deixe de obter mais receitas cambiais e gerar mais empregos. Isso acontece até mesmo em produtos nossos que ocupam a liderança no mercado mundial – por exemplo, no caso da carne de frango, da qual somos os maiores exportadores desde 2004.
A erosão da capacidade de competição de nossa indústria avícola acaba de ser mensurada detalhadamente através de um estudo produzido pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), em parceria com a consultoria Agroicone. O documento revela que o Brasil poderia ter obtido receitas adicionais de US$ 1,65 bilhão e gerado cerca de 94 mil empregos diretos e indiretos, nos últimos quatro anos, não fosse a perda de competitividade nas exportações de carne de frango. A permanecer esse quadro, até 2020 poderão deixar de ser gerados cerca de 103 mil empregos diretos e indiretos na cadeia avícola.
Segundo o estudo, o principal gargalo da competitividade da indústria avícola nacional está nos altos custos industriais, sendo mais relevantes os de mão de obra, embalagem e investimentos. Para se ter uma ideia, enquanto de 2006 até hoje os custos em mão de obra nas agroindústrias avícolas do Brasil cresceram 166%, nos Estados Unidos e na Tailândia – dois de nossos principais concorrentes no mercado internacional de carne de frango – o aumento ficou abaixo de 20%.
A perda de terreno está acontecendo mesmo com as enormes vantagens comparativas do Brasil no acesso a milho e soja, que são os principais insumos da produção de frangos. No período de 2001 a 2004, nossas exportações representavam 30% do mercado internacional de carne de frango. Passaram para 39% entre 2005 e 2008, e caíram para 37% do total no quadriênio 2009-2012.
Para melhorar a competitividade na indústria avícola, que responde por quase 350 mil empregos diretos, precisamos, por exemplo, melhorar a produtividade da mão de obra. Isto passa pela modernização e automação das agroindústrias avícolas, bem como pela capacitação desses profissionais. O documento também alerta que, para estimular a destinação de mais recursos para inovação, é necessário reduzir o custo de investimento através de medidas como a facilitação de acesso ao crédito, juros mais baixos e a desoneração na compra de insumos.
Hoje, um terço de nossa produção é destinado à mesa dos consumidores de 155 países. Mas é preciso buscar também que essa liderança seja sempre acompanhada de um aumento progressivo na geração de receita e de empregos no Brasil. A evolução recente do câmbio tem sido, naturalmente, propícia às exportações. No entanto, torna-se necessário utilizar essa conjuntura favorável para implementar medidas que estimulem os investimentos destinados à redução de custos industriais. E que aumentem a competitividade do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário