terça-feira, maio 15, 2012

Velhos fantasmas - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 15/05


Os "velhos fantasmas" estão voltando, como alertou a presidente Dilma Rousseff ontem, uma segunda-feira particularmente caótica mundo afora e Brasil adentro.

As Bolsas despencaram e a Bovespa caiu 3,21%, praticamente zerando os ganhos do ano. O dólar ultrapassou pela primeira vez em anos a marca dos R$ 2 e fechou o dia bem perto dela. A inflação já extrapolou a meta e ninguém mais se lembra que existe (ou existia) um centro da meta.

A coisa parece ficar feia, com o Brasil baixando alegremente os juros, mas convivendo com dois riscos -ou seriam fantasmas? Inflação em alta, crescimento em baixa. As novas previsões já ficam abaixo dos 3% para 2012, com o detalhe de que a indústria é quem mais ajuda a puxar as expectativas para baixo.

A desindustrialização já acende uma luz amarela, que converte para vermelha em alguns setores, como o têxtil, graças à carga tributária infernal, aos buracos, trancos e barrancos da infraestrutura e ao custo da energia elétrica. Dizem os empresários que é o terceiro maior do mundo.

Enquanto isso tudo, e enquanto a CPI patina em manobras diversionistas e protelatórias, o que faz Dilma? Abre o saco de bondades. Pior: bondades que todos nós só podemos aplaudir, deixando o esperneio para um ou outro economista "morrinha".

Dilma formalizou um reajuste de mais de R$ 1,5 bilhão para um milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas, quase que simultaneamente ao anúncio do Brasil Carinhoso, que incrementa os desembolsos do Bolsa Família. Coisas de fada madrinha, talvez um tanto dissonantes em ambientes cheios de fantasmas ameaçadores.

Mas, enfim, ela deve ter uma avaliação precisa das contas públicas, tanto quanto todo mundo já sabe de antemão o resultado político: a economia mundial vai ladeira abaixo e a brasileira começa a sofrer solavancos, mas a popularidade de Dilma continua subindo que é uma beleza.

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