O ESTADÃO - 12/03/12
Em tempos de crise lá fora e custos elevados aqui dentro, exportar virou uma arte. Consegue-se algum espaço nos países vizinhos por acordos antigos, via Mercosul, ou porque é mais barato por conta do frete. Ao mesmo tempo, parte dos mercados deverá ficar em crise por um longo tempo, diminuindo o potencial de demanda. Os EUA se tornam nesse meio tempo competição para nós. Hoje, é mais barato produzir lá do que no Brasil. A Ásia, por sua vez, não dará espaço para exportação dos manufaturados tradicionais.
Sobre o câmbio, apesar de ser importante, não há muito o que fazer, a não ser tentar impedir uma apreciação muito mais acelerada.
Como então permitir que a exportação de manufaturados volte a se tornar competitiva? Fazendo o contrário de tudo o que o governo tem feito. Medidas esporádicas que atingem um ou outro setor não resolvem a elevação de custos. Ao manter a inflação sistematicamente acima dos parceiros comerciais, joga-se a taxa real de câmbio ainda mais para baixo e os custos para cima. Reformas mínimas que diminuam a folha de pagamento ou a carga tributária geral não é algo que o governo acredita nem queira tentar. Nem falemos de melhorar a educação. A força política e disposição da presidente são mínimas para isso.
O que nos resta? Continuar vendo o aumento da participação de commodities na pauta de exportação em detrimento de manufaturados nos próximos anos. Isso não significa que não exportaremos mais produtos industrializados, mas que nossos clientes acabarão por se restringir à vizinhança.
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