FOLHA DE SP - 06/01/12
BRASÍLIA - Em vez de só se defenderem da acusação de privilegiar descaradamente Pernambuco na partilha de verbas de um programa antienchentes, o governador
Eduardo Campos e o ministro Fernando Bezerra, pernambucanos do PSB, partiram para o ataque.
Campos disse que Dilma tinha aprovado tudo. Bezerra, em tom irado e adjetivado ("Não existe política miúda, pequena"), acrescentou que os programas pernambucanos eram melhores que os outros, reforçou que a presidente avalizou e jogou o Ministério das Cidades na fogueira.
Segundo ele, o programa que destinou 90% para o Estado é fichinha, porque o grosso do dinheiro para prevenção está no ministério dos outros. E foi assim que se descobriu que, além do favorecimento político, há também inépcia no uso do dinheiro público para evitar tragédias e mortes. Que, aliás e infelizmente, já começaram a acontecer. E não em Pernambuco.
Não se sabe o que é pior: o uso político, a política miúda ou a incompetência. Mas já se sabe, há tempos, que o loteamento político dos cargos públicos dá nisso: o ministro é candidato a alguma coisa? O dinheiro vai para a sua base eleitoral. Foi indicado pelo partido "x" ou "z"? Então vai para os interesses do partido. É apadrinhado do governador? Bem, nem precisa responder.
A dupla Campos-Bezerra confirma a regra, jogando luzes para o antecessor do ministro na Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, da Bahia. A maior parte das verbas ia para a Bahia, como vai agora (em 2011 e 2012) para Pernambuco.
Enquanto isso, a realidade teima em opor o interesse público graúdo ao interesse político miúdo. A chuva cai, as águas sobem, os diques se rompem, as encostas desabam, as casas são destruídas e as pessoas morrem.
Como Bezerra disse, Pernambuco "não pode ser discriminado". Nem Minas, Rio, Santa Catarina, Espírito Santo... não é, ministro?
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