quinta-feira, janeiro 05, 2012

Atraso ambiental - ARTHUR LAVIERI


O GLOBO - 05/01/12


O ano de 2011 ficará marcado como aquele em que a geração de energia eólica finalmente decolou no Brasil. Além da queda acentuada do preço, que hoje se equipara ao das térmicas a gás e hidrelétricas, a chegada de novos fabricantes de equipamentos e investidores confirmou a atratividade do nosso mercado. Não se removeram, entretanto, as barreiras que atrasam o desenvolvimento dessa importante fonte alternativa no Brasil. Elas ficarão ainda mais expostas quando 2012 chegar.

Entramos agora num período em que os entraves em infraestrutura e logística para projetos eólicos serão exacerbados, com o início de operação da maioria dos projetos eólicos contratados três anos atrás. É a hora de as usinas entregarem parte dos 3.900 MW de energia eólica vendidos nos leilões de 2009 e 2010. Será o ano da superação, em que apenas players sérios, com plantas bem estruturadas, conseguirão colocar de pé e em funcionamento projetos que estavam no papel.

Já no primeiro semestre, aparecerão os primeiros casos de sucesso e também as surpresas e contratempos. No dia a dia, empreendedores e fabricantes de equipamentos lidarão com problemas conhecidos dos brasileiros, como a malha rodoviária precária, a falta de espaço e de estrutura em portos para recebimento de equipamentos e movimentação de cargas pesadas, entre outros. Na área ambiental, o setor convive com a indefinição de prazos para o licenciamento de projetos. Apesar do aumento gradativo dos investimentos em energia eólica, ainda é muito lento o processo para a concessão de financiamentos de curto e longo prazos - em alguns casos, pode-se levar mais de um ano à espera da avaliação e aprovação de um projeto.

Sem solução à vista, fatores como esses se tornam grandes pontos de estrangulamento e de elevação de custos dos projetos. Questões preocupantes para desenvolvedores e fornecedores de energiaeólica, que precisam observar ainda o comportamento do mercado e as diretrizes governamentais. Um leilão do tipo A-5 da ANEEL, por exemplo, pode dar a impressão de "um futuro distante", posto que os empreendedores terão pelo menos quatro anos para a implantação de seus projetos e cinco anos para dar início à entrega da energia comercializada. À luz de alguns processos no mercado de hoje, esse prazo pode ser pequeno.

É preciso que sejam tomadas, de imediato, ações estruturadas a fim de se evitar que esses entraves afetem o desenvolvimento da geração de energia eólica no país e abalem a esperança de um futuro 100% limpo.

ARTHUR LAVIERI é presidente da Suzlon no Brasil

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