Papel do Fundo
REGINA ALVAREZ
O GLOBO - 27/10/11
A ajuda do FMI em qualquer tipo de plano para salvar a zona do euro só pode ser dar por empréstimos a países, sempre vinculados a um programa de ajuste fiscal. Para receber os recursos, os países precisam atacar seus problemas estruturais, reduzindo dívida e déficit.
Um dos mecanismos disponíveis para viabilizar essa ajuda é o aumento das cotas dos países, mas esse processo é lento e um tanto complexo, pois depende da aprovação de todos os países membros do Fundo, que em alguns casos precisam do sinal verde de seus parlamentos.
Uma maneira mais fácil, que já foi usada na crise de 2008, é os países emprestarem recursos ao FMI, que os repassaria aos governos encrencados da zona do euro. Neste caso, apenas um grupo de 35 dos 187 países membros do Fundo participam do esforço. São aqueles que têm melhor situação financeira e moedas conversíveis. Na crise de 2008, o Brasil participou com uma cota de US$ 10 bilhões, e a China, com US$ 40 bilhões.
Mas é claro que os emergentes não fariam um novo esforço desse tipo de graça. Os empréstimos de 2008 foram convertidos em cotas do Fundo, mas só depois de muita discussão. Agora, os emergentes trabalham no mesmo sentido para uma solução casada. Juntos, detêm 45% de participação no FMI, enquanto os países avançados têm 55%.
Assim, se estenderem a mão para os endividados da zona do euro provavelmente vão querer, em troca, mais cinco pontos percentuais de participação no FMI, ficando em condições de igualdade com os avançados nas decisões e na governança do Fundo.
Olhando para frente
O governo já cogita afrouxar o arrocho no crédito adotado no começo de 2011 para conter a inflação, mas a expansão de 19,6% em setembro ainda está acima do patamar de 17% considerado adequado pelo BC.
— Ainda estamos falando de um crescimento forte — analisa a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.
A lógica do governo é que a economia roda em um ritmo muito mais lento do que no começo do ano e, com o cenário externo adverso, o crédito tende a encolher. A avaliação da economista é parecida:
— É de se esperar que empresas e consumidores fiquem mais cautelosos para tomar crédito. Do lado da oferta, os bancos também ficam mais seletivos. Ainda que a crise não bata forte aqui, a situação externa é levada em conta.
Caixa forte
A Eletronuclear espera receber hoje R$ 308 milhões do BNDES referentes à segunda parcela do empréstimo de R$ 6,1 bilhões para a construção de Angra 3. O dinheiro será usado na compra de máquinas e equipamentos e na contratação de serviços. A empresa ainda conta com R$ 890 milhões da Eletrobras para o empreendimento.
Apetite
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco prevê que o ingresso de investimento estrangeiro direto (IED) ainda continuará forte no último trimestre, financiando o déficit em conta corrente com certa folga. A estimativa é que o déficit fechará em 2,05% do PIB, um pouco abaixo de 2010, quando alcançou 2,3% do produto. Em nove meses, o Brasil recebeu US$ 50 bilhões de investimentos diretos.
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