Ainda uma qualidade
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 31/03/11
JÁ HOMENAGEADAS, com justiça, as qualidades pessoais que José Alencar praticou mesmo nas circunstâncias em que são raras, como o sofrimento e a política, cabe acrescentar a lembrança de uma condição que o fez também especial: foi a figura perfeita do que ficou batizado, no tempo de menos Bolsa de Valores e mais valores ideais, de empresário progressista.
Nacionalista, sem ser xenófobo, pregou o desenvolvimento da indústria brasileira como defesa da economia nacional e como meio de gerar emprego para uma política de justiça social.
A adesão a este último objetivo levou-o a uma das frases mais notáveis de sua sinceridade, quando o governo Lula já andava pelo penúltimo ano do primeiro mandato e no paloccismo financista: "Nosso discurso de campanha ainda não assumiu o poder". Democrata, é tido como o primeiro grande empresário a ir para a rua nas manifestações das Diretas Já.
Poder-se dizer que José Alencar fez uma vida política honrosa, desde os começos em Minas, no Brasil é dizer muito mais do que parece.
CHARADA
Sou incapaz de distinguir se Geraldo Alckmin, ao lançar José Serra como o melhor ou único candidato do PSDB para conquistar a prefeitura paulistana, falou a favor ou contra Serra.
OS GUERREIROS
A decisão de conter as ações aéreas, para evitar algum problema enquanto uma reunião de graúdos discutia em Londres o que fazer a mais na Líbia, ficou definitivamente caracterizada a situação real: a guerra é entre a parte líbia de Gaddafi e, do outro lado, França, Inglaterra e EUA (agora sob o protetor nome da Otan), com os opositores do regime como coadjuvantes, talvez em maior número como testemunhas.
Sem a ação bélica das três potências, cujos bombardeios prepararam os avanços territoriais dos rebeldes, as tropas de Gaddafi recuperaram em pouco mais 24 horas as cidades que lhes foram tomadas.
O provável é que Gaddafi seja outra vez expulso de toda essa área, mas o que esteve ou está fazendo em represálias aos opositores, nos territórios retomados, por certo é o horror dos horrores. Um presente da soma de imprevidência e incompetência dos comandos políticos e dos comandos militares franceses, ingleses e americanos.
Nicolas Sarkozy, David Cameron e Hillary Clinton, a esta hora, já lavaram as mãos várias vezes.
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