Sinal amarelo
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 30/10/10
As intempéries da reta final do primeiro turno mantêm as campanhas de Dilma Rousseff e José Serra de prontidão até a abertura das urnas. Distantes da zona de conforto com a qual flertaram em 3 de outubro, petistas temem uma última onda de panfletagens religiosas e manifestações em missas e cultos.
Tucanos, preocupados com a abstenção estimulada pelo feriado, se empenham para assegurar que os eleitores votem amanhã, sobretudo na região Sudeste. Apesar de insistirem na desqualificação das pesquisas, serristas já admitem, em privado, que uma virada depende de ‘fatores imponderáveis’.
Campo minado - Geraldo Alckmin encerra hoje seu périplo pró-Serra percorrendo Campinas, Guarulhos e São Bernardo, três maiores cidades de SP nas quais Dilma venceu no primeiro turno e que somam 2,1 milhões de eleitores. À tarde, vai a Suzano, outro reduto petista.
QG - Os tucanos montaram telões para acompanhar amanhã a apuração no edifício Joelma, onde funciona o comitê paulistano de Serra. No início da noite, o candidato deve comparecer ao local para dar entrevista.
Pontificado - Na manifestação de anteontem pelo centro de SP, serristas brincavam com uma sugestão de novo slogan para a campanha do PSDB, alusiva ao pronunciamento de ontem do papa: ‘Serra é do Bento’.
Dia D - Aliados de A a Z consideravam ontem que não seria elegante Lula estar ao lado da candidata na entrevista que ela dará amanhã, em caso de vitória. Mas ninguém garante que ele, de fato, não aparecerá.
Recado dado - Usada ontem por Lula no programa de TV, o lema ‘votando no retratinho da Dilma, você vai estar votando um pouquinho em mim’ já havia sido repetido pelo presidente em vários comícios. Foi ao ar no último dia de propaganda para reforçar o vínculo entre os dois.
Nós três - Dilma irá hoje à igreja de São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer, sob encomenda de Juscelino Kubitschek, então prefeito de BH. O arquiteto apoia a petista e JK foi o último mineiro eleito presidente pelo voto direto.
Apressado - Causou desconforto entre petistas e peemedebistas o fato de Aloizio Mercadante ter iniciado a caminhada de ontem sem a presença de Michel Temer.
Beca - Advogado, Temer disparou ontem mensagens de voz por celular pedindo votos aos colegas paulistas. Na gravação, menciona seu empenho em defesa da inviolabilidade dos escritórios.
Em campanha - Pré-candidato à presidência da Câmara, Cândido Vaccarezza (PT) estará em Brasília amanhã com deputados petistas não só para acompanhar a apuração. Quer deflagrar a discussão no partido sobre a sucessão de Temer.
Cisão - As cúpulas de PMDB e PT não conseguiram reaproximar Jader Barbalho e Ana Júlia no Pará. Peemedebistas chegam ao segundo turno divididos: os prefeitos estão com a petista, enquanto os deputados apoiam Simão Jatene (PSDB).
Outro lado - Na contramão de outros relatos, o governador Alberto Goldman nega ter recebido telefonema de Alckmin sobre o ‘metrogate’.
O secretário José Luiz Portella (Transportes Metropolitanos) diz que já havia comunicado a ambos, antes da revelação da suspeita de acerto prévio em licitação da linha 5, a decisão de não permanecer no cargo na futura administração.
Tiroteio
A ironia de Lula é, no fundo, inveja de FHC. Por mais barulho que faça, nunca vai esquecer as duas derrotas no primeiro turno.
DO DEPUTADO FEDERAL JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA), sobre o presidente ter dito que os 3% de eleitores que consideram seu governo ruim ou péssimo estariam no comitê tucano.
Contraponto
Na concentração
Vice na chapa de Dilma Rousseff, Michel Temer recebia o apoio de sambistas de São Paulo em evento realizado na terça-feira passada. Uma a uma, as ‘autoridades’ carnavalescas, entre as quais os presidentes da Liga e da Superliga das escolas da capital, ocuparam o microfone para saudar o peemedebista.
Ao final dos discursos, Temer pediu a palavra e recorreu a uma metáfora apropriada à ocasião:
- Eu sei que o Carnaval ainda está longe, mas este apoio tem tudo para dar samba nas urnas...
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