sexta-feira, junho 11, 2010

FERNANDO DE BARROS E SILVA


USP dos mascarados
Fernando de Barros e Silva
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/06/10

Chama a atenção, na invasão da reitoria da USP por funcionários e estudantes, que muitos tivessem os rostos cobertos. Uma máscara branca escondia a cabeça de um deles, que ainda usava óculos escuros; outro, encapuzado, tinha a face enrolada por uma echarpe estampada com as cores da bandeira palestina; uma terceira jovem amarrou sua blusa no pescoço, cobrindo parcialmente o rosto. Dava a sensação de estar em dúvida entre escondê-lo ou exibi-lo.

Proteção ou fantasia? Disfarce para evitar eventuais represálias ou tentativa de obter, com a máscara, um rosto, uma identidade possível? Os mascarados da USP parecem buscar referências e aliados históricos que deem um sentido heroico para sua transgressão, mas os gestos que protagonizam os empurram para a vala comum do vandalismo.

Correm o risco de se imaginarem discípulos de Che Guevara e serem confundidos com traficantes do Borel. A parede da reitoria que os fashion-revoltosos destruíram na marretada não é o Muro de Berlim.

E, no entanto, barbarizar está virando rotina na USP. Piquetes com ameaças a funcionários e estudantes, invasão da reitoria e depredação do patrimônio público parecem ter sido incorporados ao calendário oficial do ano letivo da principal universidade pública do país.

Os grevistas profissionais do Sintusp - o sindicato dos funcionários da USP -precisam entender que vivem numa democracia, pela qual, aliás, a universidade lutou muito. Agem, no entanto, como se resistissem a uma ditadura a fim de legitimar sua pauta corporativa. Quanto mais isolados parecem estar, mais truculentos são seus métodos.

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