O gato comeu
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/09
BRASÍLIA - Quando as últimas pesquisas detectaram que Dilma parava de crescer, Lula e a sua candidata foram à luta, até para evitar a sensação de fragilidade e a coceira dos aliados para trair.
Resultado: hoje Dilma tem, além do PT, a cúpula do PMDB no Congresso, o PDT, o PR, o PC do B e outros menos cotados, como o PRB do vice José Alencar. Desse jeito, não sobra nada para ninguém.
Ciro só tem o PSB, e não se vê no horizonte nada além disso. Marina fica isolada no PV, de bom nome e pouco tempo na televisão. E o favorito Serra? Continua enrolado no gato e rato com Aécio, ainda não fundiu o PSDB num monobloco e, no máximo, tenta atrair o PTB. O aliado DEM está aflito.
Se há um, dois meses, a candidatura Dilma parecia balançar mais do que o prudente, hoje a onda se inverteu e é a de Serra que sacoleja, apesar dos números ainda favoráveis. Nada impede que haja outras inversões, ora contra Dilma, ora contra Serra, mas a perspectiva no meio político é que Serra já acuse pontos a menos nas próximas pesquisas e Dilma volte a subir.
Também, pudera. Enquanto Lula põe Dilma debaixo do braço e desfila seus quase 80% por aí, e a própria Dilma almoça, janta e reza apoios em várias frentes, Serra está enfurnado no seu gabinete e nas questões comezinhas paulistas. O PT se une, e as alianças incham. Já o PSDB no Senado é omisso, e o da Câmara, dividido, nem se reúne.
Dilma desencarnou da Casa Civil e assume a candidatura de manhã no Paraná, no almoço em São Paulo, no jantar em Brasília, na festa de um aliado na Bahia, nas visitas ao São Francisco no interior nordestino. Já Serra continua o mesmo governador, passivo, distante, fora da mídia, alimentando especulações: ou se sente, arrogantemente, muito seguro, ou, ao contrário, observa o avanço de Dilma e amarela.
Se "avalia o quadro" e espera o Carnaval chegar em fevereiro/março, seu risco é sambar. Sem enredo, sem aliados e sem programa.
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