sexta-feira, agosto 28, 2009

PAINEL DA FOLHA

Fator institucional

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO


Mais do que a convicção sobre a inexistência de indícios contra Antonio Palocci, o que determinou o placar de ontem no Supremo Tribunal Federal foram fatores institucionais. Vice-presidente da Corte, Carlos Peluso elogiou a denúncia do Ministério Público e o inquérito da Polícia Federal, reconheceu que houve delito, mas, na última hora, acompanhou o voto do presidente e relator Gilmar Mendes. O voto de Peluso definiu o resultado a favor do ex-ministro da Fazenda.
No entender de quem acompanha as relações internas do STF, Peluso não quis ser responsável por cravar em Mendes derrota de tamanha envergadura.

Lembrete - Advogados presentes no plenário avaliam que a presença de Francenildo ajudou a consolidar votos contra Palocci, em especial o de Carlos Ayres de Britto, que fez longa reflexão sobre a origem humilde do caseiro.

Na beca - Francenildo, que nada falou durante a longa sessão, foi vestido da cabeça até quase os pés por seu advogado. As meias esportivas contrastavam com o terno.

Surpresa! - Os advogados dos denunciados se assustaram quando viram o representante de Francenildo com uma beca usada para sustentação oral. Só então souberam que ele tentaria atuar como assistente de acusação.

Vai que é tua - José Roberto Batochio, advogado de Palocci, pediu que o colega Alberto Toron fizesse no microfone a objeção a que o advogado de Nildo entrasse como assistente da acusação. Não queria associar o nome do ex-ministro, de novo, a tentativa de se sobrepor ao caseiro.

Plantão médico - Com um quorum de dois ministros a menos, Eros Grau parecia estar ali na base do sacrifício. Chegou atrasado e contou com o apoio de dois assessores, além de sua bengala.

Velocidade da luz - Em agosto de 2007, quando o STF decidiu pela abertura de ação contra os 40 do mensalão, o auge da comunicação era o MSN. Agora, na era do Twitter, os ministros preferiram ficar fora da rede social.

Protesto - A decisão pró-Palocci revoltou a procuradora da República Janice Ascari, que, no Twitter, protestou: ‘No momento da denúncia, o in dubio é pro societate, não pro reo!!! A dúvida é interpretada em favor da sociedade’.

Bônus - Vladimir Poleto, ex-assessor de Palocci em Ribeirão Preto e um dos personagens do caso do caseiro, ganhou há dois meses da Comissão de Anistia indenização de R$ 15 mil. Alega ter sido perseguido pela direção do Banco do Brasil na década de 80.

Prévia - Lula convidou José Serra (PSDB-SP), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Paulo Hartung (PMDB-ES) para papo no Alvorada domingo à noite, véspera do lançamento do marco regulatório do pré-sal.

Veja bem - O presidente disse aos governadores, insatisfeitos com a questão dos royalties, que o grupo de trabalho do pré-sal se reunirá hoje. Deixou em aberto a possibilidade de compensação. Integrantes do grupo, porém, dizem que a reunião de hoje será apenas um ‘ensaio geral’ para o evento de segunda.

No vermelho - Dados da Confederação Nacional de Municípios apontam que a terceira remessa de agosto do FPM, a ser depositada hoje no caixa das prefeituras, encolheu 15% em relação ao ano passado. O valor é 5% inferior ao previsto pelo Tesouro.

Água fria - A decisão da juíza federal Simone Barbisan Fortes, desqualificando parte da denúncia do Ministério Público contra Yeda Crusius (PSDB-RS), atrapalhou o plano da oposição de focar a CPI da Corrupção na governadora e na assessora Walna Vilarins.

Tiroteio

O GSI espera que acreditemos que a segurança de qualquer prédio público da Esplanada é mais criteriosa que a do Palácio do Planalto.
Do deputado RAUL JUNGMANN (PPS-PE), sobre a alegação do Gabinete de Segurança Institucional de que o circuito de câmeras não armazenaria imagens por mais de 30 dias.

Contraponto

Futurologia

No intervalo da sessão do Supremo para julgar o pedido de abertura de ação penal contra Antonio Palocci, Jorge Mattoso e Marcelo Netto conversavam os advogados José Roberto Batochio, defensor do ex-ministro, e Alberto Toron, que representa o ex-presidente da CEF. Jornalistas tentavam extrair da dupla uma previsão do resultado.
- Já perguntei ao Toron, que é grego, se ele tem linha direta com a Pitonisa ou com o Oráculo de Delfos para saber, mas até agora nada - gracejou Batochio.
O colega emendou:
- Eu já consultei o oráculo, os búzios, a cartomante, apelei para todos os santos, mas nada de resposta.
E seguiram trocando figurinhas até a volta da sessão.

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