terça-feira, maio 12, 2009

JANIO DE FREITAS

O socorro falso

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/05/09


Emergência, como a que ocorre no Norte e no Nordeste, não depende de burocracia, e sim de interesse humano



É IMPOSSÍVEL admitir, por muito pouco que seja, a responsabilidade atribuída por Lula e por Geddel Vieira Lima ao excesso de exigências burocráticas, como explicação para o abandono trágico em que estão as populações do Norte e do Nordeste submersos. A explicação é simplesmente inverdadeira. E não por desinformação, equívoco ou outro motivo de boa-fé.
Presidente da República que subverte com uma medida provisória a legislação protetora dos clientes de telefonia e similares, para permitir um negócio que já partiu da certeza de um ato presidencial favorecendo-o contra a legislação, não tem o amparo administrativo nem o direito moral de dizer que o problema das enchentes é por "falta de projetos" dos prefeitos e governadores. Para dizer isso é que Lula foi dar uma olhada, bem por alto, nas enchentes.
Mas se trata de emergência, emergência para a vida já de cerca de 1 milhão de pessoas às quais o bem que as águas ainda lhes deixam é só a vida mesma. E emergência não depende de projeto. Não depende de burocracia. Depende de interesse humano, de responsabilidade administrativa, de capacidade e disposição de agir -e de decência pessoal.
As continhas feitas no atual governo seguem o mesmo princípio e a mesma aplicação prática das feitas no governo anterior, em situações semelhantes à atual. O dinheiro para a emergência é destinado nas formalidades das aparências, mas o repasse é retido sob todos os pretextos possíveis, com preferência pelos mais ordinários. Porque o princípio básico do governo é gerir números elogiáveis na inflação e nos gastos sempre criticados pelo poder econômico. O princípio orientador do governo não são os governados, não são as emergências e urgências do país. Para isso, um Bolsa Família aqui, um Fome Zero de nota zero ali, dão matéria-prima bastante para as metas grandiosas da propaganda.
Em editorial no sábado ("Lentidão e improviso"), a Folha informava que só agora a governadora Wilma Faria, do Rio Grande do Norte, recebeu a verba para os atingidos pelas enchentes de 2008. Wilma Faria tem sorte. De norte a sul, os desgraçados por calamidades no ano passado ainda esperam a maior parte ou todo o repasse que lhes foi então destinado nas aparências governamentais.
Egresso de última hora dos indiciados pela CPI dos Anões do Orçamento, por camaradagem baiana do à época deputado Luiz Eduardo Magalhães, o hoje ministro da Integração (ir)responsável pelo socorro ao Norte e ao Nordeste, Geddel Vieira Lima, lança mão do seu patrimônio moral para identificar os responsáveis parciais pela calamidade: são os que "assumem o risco de viver em áreas impróprias". A este registro do editorial de sábado, acrescento a minha concordância com o ministro. De fato, por que não seguem o exemplo parlamentar ou ministerial de quem multiplica em valor e dimensão, de preferência em fazendas, o seu patrimônio imobiliário? Era só observarem o slogan deixado por Antonio Carlos Magalhães: "Geddel vai às compras". Sempre.

Solução
O assalto ao banco dentro do Quartel-General do Exército em Brasília não é o primeiro no gênero. A famosa Vila Militar, no Rio, há poucos anos passou por isso. O que também tem ocorrido em vários quartéis para roubo de armas.
Tudo indica ser o caso da contratação, pelo Exército, de uma empresa de vigilância para proteger as dependências militares incumbidas da segurança nacional.

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