terça-feira, setembro 06, 2011

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Empresa irregular ainda ganha crédito, diz Serasa
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 06/09/11

Empresas que provocam impacto ambiental com irregularidades ainda conseguem receber financiamento da rede bancária, segundo a Serasa Experian.
Entre quase 15 mil empresas com crédito nas carteiras de bancos no país, 53% são causadoras de impacto e deveriam, portanto, estar "ambientalmente adimplentes para poder receber financiamento", segundo a Serasa.
Cerca de 11% delas, porém, apresentam irregularidades.
"A maioria neste grupo, mais de 90%, está relacionada a falta de licenças. As informações estão espalhadas em diferentes órgãos", afirma Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian.
A Serasa não informa os nomes dos bancos da pesquisa. A Febraban afirma que o setor tem "uma agenda comum de sustentabilidade".
Entre os grandes bancos, o Itaú BBA, que publica seus relatórios sobre o tema, registrou mais de mil solicitações com parecer socioambiental favorável para investimentos em projetos, em 2010, e 20 foram reprovados. Santander e Bradesco informam que possuem políticas rígidas.
A posse de licença é premissa básica, segundo Christopher Wells, do Santander.
"E ela sozinha nem é suficiente. Pesquisamos mais."
Os bancos ouvidos são signatários do Princípios do Equador, que reúne critérios para evitar crédito a empresas e obras desastrosas.

DECOLAGEM
A Andrade Gutierrez Concessões S.A. e a ADC & HAS (Houston Airport Corporation), que têm a concessão de reestruturação e administração do aeroporto de San José, capital da Costa Rica, até 2026, fecharam um financiamento de US$ 100 milhões com o BID e a Opic, uma agência do governo norte-americano.
O acordo foi concluído em Washington, nos EUA, depois de dois anos de negociação. A aquisição do ativo foi feita no ano passado de uma companhia que havia entrado em "default".
"O financiamento será para pagar obras contratadas com recursos próprios das companhias", diz Frederico Bopp Dieterich, sócio do Azevedo Sette Advogados que, com o Simpson Thacher & Bartlett LLP, assessorou as empresas na operação.
Antes do financiamento, a ideia era fazer uma emissão de bonds, mas com a crise, o mercado fechou.

Ancorado Oito navios da temporada brasileira de cruzeiros passarão o Ano Novo na Argentina e no Uruguai. Levarão 19.404 turistas. De acordo com a Abremar (associação do setor), o número é 50,6% maior que na última virada.

Fundo A Previ está na 24ª colocação na lista divulgada anualmente pela publicação americana Pensions & Investments, especializada no setor, sobre o ranking mundial dos fundos de pensão, de acordo com a entidade.

RECEITA SUSPENSA
Terceira maior operadora de planos de saúde em número de beneficiários, a Intermédica desistiu de abrir capital. O sócio de uma consultoria que havia assumido o comando da empresa para prepará-la para o IPO (oferta pública inicial de ações) não está mais na companhia, afirma Paulo Barbanti, fundador e presidente do grupo.
"Postergamos o programa de abertura de capital. Com a crise, não é momento para IPO", diz. A operadora está investindo cerca de R$ 300 milhões para construir e ampliar cinco hospitais e quatro centros médicos em São Paulo, Rio, Campinas, Jundiaí e no ABC. Só em São Bernardo, onde a Intermédica comprou em leilão o antigo hospital Príncipe Umberto, o mais novo empreendimento do grupo vai demandar cerca de R$ 40 milhões.
"Compramos em leilão porque usamos caixa próprio", diz Barbanti. A obra deve começar no início do ano que vem e ser inaugurada em 2012. Entre os investimentos está o esqueleto de um hospital na 23 de maio, cuja obra deve começar em breve.
"A gente sabe atender e tem preço e qualidade para as classes C e D. Temos programa para idoso, paciente crônico e gestante de risco. Isso o cliente e reduz internações", afirma.

NÚMEROS
R$ 2,08 bilhões
foi o faturamento da empresa no ano passado

3,9 milhões
é o número de associados da companhia de saúde

7.832
funcionários

O FUTURO DOS EXECUTIVOS
A falta de desafios e de perspectiva de crescimento profissional são os motivos que mais levam os executivos brasileiros a quererem deixar seus cargos.
Entre os 770 profissionais ouvidos pela consultoria norte-americana DBM, 37% relacionaram essas duas razões com a vontade de trocar de emprego nos próximos anos.
Nos primeiros oito meses deste ano, 34% das vagas abertas para executivos eram referentes à área financeira.
Entre os executivos deste segmento, 24,1% pretendem ficar nos cargos atuais por, no máximo, mais um ano.

PROBLEMA DE GREGO
Os spreads dos títulos de dez anos dos países europeus em crise voltaram a subir em julho e agosto.
Em pontos, os spreads entre as taxas de juros dos papéis da Grécia e de Portugal em relação ao papel alemão foram os que atingiram os níveis mais altos.
A consultoria MB Associados aponta que setembro será decisivo para o futuro do euro. Amanhã, a corte alemã vota a legalidade do Fundo de Estabilização. Caso saia uma decisão contrária, novas ajudas para o sul da Europa ficarão difíceis.
No fim do mês, a Alemanha volta a decidir sobre o fundo. A discussão será sobre a ampliação dele.
Por último, ainda há a situação grega. O país está com dificuldades para acelerar o ajuste fiscal e talvez tenha que pedir socorro outra vez.

FREIO
O ritmo de crescimento da produção industrial mundial vai reduzir em 2011, segundo estudo do órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial.
Enquanto no primeiro trimestre deste ano, a produção mundial aumentou em 7,5% ante mesmo período de 2010, no segundo trimestre esse número foi de 5,2%.
A China continua segurando o incremento. Registrou crescimento de 14,3% no segundo trimestre.
Brasil, Índia e México, porém, desaceleraram e o aumento da produção industrial deles ficou abaixo dos 5%.
Os países desenvolvidos tiveram frágil desempenho: 2,7%. A variação da produção industrial de França, Reino Unido e Espanha foi negativa no segundo trimestre, ante o primeiro trimestre. Na Grécia, a redução foi de 10,8%.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

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