quarta-feira, agosto 05, 2009

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

O patriarca em seu crepúsculo mostra a face repulsiva do Brasil

5 de agosto de 2009

Foi patética a performance do patriarca em seu crepúsculo. Mãos trêmulas, voz claudicante, lábios ressecados pela insegurança, o senador José Sarney fez o que pôde para provar que não conhece gente conhecida, que não tem parentesco com parentes, que não fez o que fez. Como na primeira proclamação de inocência, consumiu parte dos 50 minutos na tribuna lembrando atos de bravura imaginários e protagonizando façanhas alheias. Em seguida, caiu fora de ilegalidades que protagonizou. Nunca ouviu falar de atos secretos. Nem desconfiava do milagre da multiplicação dos diretores do Senado.

Eleito deputado há 54 anos, parecia um novato. Foi impiedoso com regras gramaticais, perdeu-se em falatórios erráticos sempre que saiu do script, conseguiu até trocar o nome da filha. “Roseana Macieira”, confundiu-se ao atribuir a Roseana Sarney a nomeação de Maria do Carmo Macieira. Avesso a audácias, o donatário da capitania do Maranhão teria enveredado por uma trilha que seria perigosa ─ mentir configura quebra de decoro, punida com a perda do mandato ─ se o Conselho de Ética não estivesse reduzido a uma caricatura medonha. Sarney confia na tropa de choque escalada para prolongar-lhe a agonia na presidência do Senado.

Alguns comparsas apareceram nos flashes da TV, que exibiu ao vivo o espetáculo do primitivismo. Fernando Collor endossando o discurso com movimentos verticais de cabeça, simulando a sobriedade que nunca teve. O sorriso cafajeste de Wellingon Salgado. A senilidade envilecida de Paulo Duque. Renan Calheiros com ar pensativo, planejando a próxima tramóia. Somadas, as imagens ofereceram a milhões de brasileiros a face cafajeste do Brasil. E é dessa gente que Sarney depende. E é esse o bando a que o PT se juntou “para garantir a governabilidade”. E é essa a turma que entra sem bater no gabinete de Lula.

Embora aposte na competência dos companheiros recrutados para o serviço sujo no Conselho de Ética, o orador desfechou no fim do discurso o que lhe pareceu um golpe de misericórdia. Revelou que um jornalista invadiu o escritório de um parceiro de negócios, capturou documentos particulares que estavam sobre a mesa e saiu em disparada. Para azar do vilão, tudo foi gravado. ”Aqui está a fita”, mostrou-a Sarney na mão direita. Mas seria magnânimo: para não prejudicar o gatuno (”que é uma figura humana”), resolveu engavetar a prova do crime. Só divulgará as imagens se alguém duvidar do que disse.

Não seja por isso: eu duvido, senador. Mostre a fita.

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

PARA....HIHIHIHI

FIDELIDADE

O português veio para o Brasil deixando na terrinha a sua querida mulher. Anos depois mandou buscá-la.
Na noite em que os dois se encontraram, mortos de saudade, começaram a conversar:

- Como é, Maria? Você manteve o pacto de fidelidade que nos fizemos? Quero saber, Maria, porque eu cumpri. Eu fui cem por cento com você, Maria. Imagine, aqui, nesta terra quente, cheia de mulatas tão bonitas, eu fiquei firme, Maria. Às vezes, ficava que já morrer de desespero. Aí não agüentava. Pegava uma mulata, levava pra casa. Ah, Maria, quantas vezes isso aconteceu… Aí, na hora agá eu me lembrava de ti e, cheio de lágrimas nos olhos, saia de cima. E tu, Maria, como é que foi?

- Bem, Manoel, tu sabes… sair debaixo é muito mais difícil do que sair de cima…

MERVAL PEREIRA

No mesmo saco

O GLOBO - 05/08/09

Não é razoável imaginar que, experiente como é, o senador José Sarney tenha a esperança de superar a crise política que domina o Senado, e tem nele o catalisador, à base da truculência, a reboque de uma tropa de choque desqualificada para o debate político.

Ainda mais não sendo esse o estilo de fazer política que tem adotado em toda sua longa carreira, pelo menos no plano nacional.

Sua passagem tumultuada pela Presidência da República foi salva justamente pelas marcas características de sua atuação política, a temperança, a convivência com a divergência, a tolerância. Características que ficaram mais valorizadas quando, em plena campanha sucessória, suportou ataques inomináveis desferidos por seus atuais aliados políticos, o próprio presidente Lula e o hoje senador Fernando Collor.

A postura de Sarney na ocasião garantiu a transição para a democracia que lhe reavivou a biografia, agora ameaçada pela revelação de atos, e sobretudo atitudes, desencavados de um passado recente que o condena.

O mais provável é que tenha decidido resistir para não deixar a presidência do Senado sob acusações não esclarecidas, mas nada indica que esteja disposto a se expor a uma investigação aprofundada.

Ao contrário, há indícios evidentes de que joga tudo na presumível não aceitação das representações contra ele pelo presidente do Conselho de Ética, arquivando-as liminarmente, acatando a tese da defesa de que não há qualquer ilícito nos atos que praticou.

Decisão, aliás, antecipada pelo presidente do Conselho de Ética, o senador Paulo Duque, antes mesmo que defesa houvesse. Não indo ao julgamento de seus pares no plenário do Senado, estaria Sarney em condições de continuar no posto sem que sua autoridade seja colocada em xeque? Nada indica que isto venha a acontecer. Portanto, não há uma explicação razoável para o recuo da decisão de se afastar do epicentro da crise afastando-se da presidência do Senado.

Sarney sabe que, quanto mais se expuser ao embate público, mais estará como alvo, ele e sua família, de ataques dos adversários políticos, dedicados a demonstrar que ele não tem condições de se manter à frente do Senado sem desmoralizálo.

E, pelo que já se viu, munição não deve faltar.

Imaginar que em véspera de eleição os 2/3 dos senadores que terão que renovar seus mandatos se sujeitarão a apoiar um político que se transformou em símbolo de tudo de errado que acontece no Senado é fazer pouco da inteligência de Suas Excelências.

Não é com a mudança do presidente que se resolverão os graves problemas éticos e administrativos do Senado, mas, mantendo-se Sarney, não haverá clima para se fazer as mudanças necessárias, mesmo porque o ambiente de guerra continuará a impedir que as ações políticas se desenrolem de maneira objetiva.

Também é intrigante a ênfase com que o Palácio do Planalto assume a defesa do senador Sarney, ficando contra a maioria da bancada de senadores do PT.

O presidente Lula, que é um bom estrategista político, pode estar cego pela arrogância e não estar avaliando bem o passo que está dando. Garantir o apoio do PMDB ao projeto de sucessão que ele montou pode ser decisivo para eleger a ministra Dilma Rousseff, mas será que o ambiente político até outubro de 2010 continuará sendo tão condescendente assim com os que trapaceiam, com os que fazem conchavos políticos tão apequenados quanto os que estão sendo tramados nos bastidores do Senado, às custas da credibilidade da própria instituição? A maioria dos senadores do PT parece não acreditar que o eleitor seja tão facilmente enganável, e mantémse em posição divergente à do governo.

Não é para menos, apenas três senadores têm mandatos que se estendem até 2015: Eduardo Suplicy e Tião Vianna, e o suplente João Pedro.

Os demais estarão disputando um novo mandato em seus estados, e precisam estar minimamente sintonizados com os anseios da sociedade.

Não parecem confiar em que a popularidade do presidente Lula será suficiente para elegê-los, preferem agir por conta própria, posicionandose pela licença de Sarney, na esperança de se equilibrar entre o desejo de Lula e o que consideram ser o desejo da sociedade.

Também o PMDB tem apenas três senadores que permanecerão no Senado até 2015: o próprio Sarney, Jarbas Vasconcellos e Pedro Simon.

Por isso, não há um consenso dentro do partido na sustentação da permanência de Sarney na presidência, embora o líder Renan Calheiros jogue sua vida política nessa manutenção.

Ele, na verdade, é o grande artífice da mudança de estratégia, o mentor da tática agressiva para tentar ganhar no grito a disputa política.

Não quer perder o controle do Senado, que manobra como líder da maior bancada, e qualquer mudança administrativa mais profunda cortará sua influência.

Quando Renan Calheiros fez prevalecer a tese de que o que está em jogo hoje no Senado é a sucessão presidencial de 2010, colocou o presidente Lula obrigatoriamente na defesa da permanência de Sarney na presidência, e criou constrangimentos na bancada petista, que pode ser acusada de inviabilizar a coligação com o PMDB em apoio a Dilma.

Não é preciso ser um grande estrategista político para saber que a propaganda na campanha eleitoral estará infestada de imagens da campanha política de 1989, que muitos consideravam que se repetiria em 2009, com vários candidatos disputando quem iria para o segundo turno. Lula foi para o segundo turno naquela ocasião disputar com Collor por uma quantidade ínfima de votos, que seu adversário imediato, Leonel Brizola, morreu dizendo que foram roubados.

Hoje, todos juntos do mesmo lado têm que responder pelos atos do passado. O ambiente belicoso, truculento, que dominou aquela campanha presidencial está sendo alimentado novamente pelos mesmos que, 20 anos atrás, atacaram Lula de todas as maneiras, envolvendo até mesmo sua filha Lurian nos golpes mais baixos.

Só que desta vez são farinha do mesmo saco.

GOSTOSA


CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

ROBERTO DAMATTA

Uma coluna e três retornos


O Globo - 05/08/2009

Ausência é morte. Eu — com a conhecida modéstia dos cronistas nacionais e como fabricante de um texto que, acentuava Nelson Rodrigues, é “um gênero próprio para o furto de galinhas” — digo que retornar é outro suplício. Não leva ao túmulo, mas se parece com o ressurgir dos mor tos. Que retornam — como ocorre no nosso mundinho político — cada vez mais mortos pensando que estão vivos.


Pensei num grandioso retorno e a realidade nacional foi pródiga. Deume a possibilidade de comentar a impensável cópia do Sarney pelo Lula, ambos defendendo a excepcionalidade pessoal como remédio para falcatruas e argumentando que um crime cometido por todos não é crime, mas hábito. Lula usou esse mesmo argumento para transformar o mensalão num caixa dois que, embora criminoso, sendo uma prática geral, teria a brasileiríssima capacidade de englobar a lei. Como não falar dessa comunhão entre o operário-presidente, eleito pelo partido que iria mudar os rumos da política nacional, e o velho coronelismo nortista típico dos donos do

poder? Haveria algo mais espetacular do que ver o “cara” — o defensor dos oprimidos — curvar-se diante de biografias que, no Brasil, aristocratizam os ocupantes de cargos públicos, transformando-os em meliantes acima das leis? Quando — Deus do céu! — iremos politizar (para nos livrar) do “Você sabe com quem está falando?” Mas há uma segunda possibilidade.

Refiro-me ao caso do Obama, que defendeu um amigo professor de Harvard, igualmente negro, preso por um policial impecável por desacato à autoridade em sua casa, na igualitária e culta Cambridge, Massachusetts. O conflito entre heróis (policiais e professores são, nos Estados Unidos, profissões modelos; e não, respectivamente, bandidos e idiotas, como entre nós) num país que honra a igualdade gerou polêmica. Como tomar partido quando o próprio presidente-negro entra no assunto e chama o policial de stupid (burro ou grosso em linguagem de esquina), logo que soube do evento? Mas, eis a questão, como não ser injusto, exceto quando honestamente assumimos nossas paixões e interesses e partimos para um terreno neutro? Uma área na qual pode/p>

mos ver alguns elementos do conflito? No caso, algo impensável no Brasil: o fato de que o presidente não pode usar o “Você sabe com está falando?” para o policial, porque ele não tem que se meter com a autonomia da policia de Cambridge. Mas como o professor usou um “Você sabe com quem está falando?” com o policial e foi preso, como empacotar essa situação onde todos têm e não têm razão? Fazendo como Obama. Livrandose do enjaulamento político da onipotência presidencial (ou da simplicidade todopoderosa das mídias) e pedindo desculpas.

Pedindo tempo para reconsiderar sua conduta, justo por ser o ator mais importante da cena.

Vejam o contraste.

Se o Lula-presidente entra cada vez mais na jaula que até hoje aprisiona os velhos coronéis da política nacional, assumindo uma arcaica postura hierarquizada, autoritária e aristocrática; Obama trocou o papel de presidente pelo de professor convidando, tanto o policial quanto o catedrático de Harvard, para uma igualitária cerveja e, suponho, uma discussão das relações entre brancos e negros.

Ai está um incrível retorno. O homem mais poderoso do mundo sai do papel de supremo magistrado da nação para fazer algo jamais cogitado no Brasil: torna-se um igual. Desculpase por sua reação, classificandoa de enviesada. Convida os implicados para um encontro sem o qual nenhuma democracia liberal sobrevive: o sistemátic o confonto entre costumes estabelecidos (sempre implícitos, preconceituosos ou enviesados) e leis (que nada mais são do que costumes explícitos) que devem valer para todos.

Como terceiro retorno, pensei em chamar atenção para algo alarmante.

As dificuldades decorrentes do fato de termos uma república que funciona com códigos morais do império. Pois ainda não discutimos se devemos ser ladrões ou honestos porque gostamos de confundir probidade com burrice e realismo político com a ideia de que os fins justificam os meios. É complicado ter democracia liberal enquanto

acharmos que certos indivíduos precisam de CPI para lhes dizer o que deveria estar dentro de suas consciências: que os recursos públicos não pertencem aos seus administradores, mas ao povo. Ou pensarmos que a igualdade pode ser um valor sem termos a necessidade de diuturnamente fazer aquela dura conta de chegar entre motivos pessoais (costumeiros, mas às vezes ilegais ou antiéticos) e a honra que o cargo público demanda. Entre a colocação para o namorado da netinha querida ou o emprego publico a ser preenchido pelo mais eficiente; onde ficar? Ficamos com o Lula, vilipendiando e, pelo peso do cargo, desqualificando seus críticos como imbecis; ou levando a sério os argumentos, porque — afinal — somos todos capazes de ver o outro lado mas, para tanto, precisamos sair um pouco do nosso? Como enxergar o que, nas democracias, é chamado “conflito de interesses” sem esse exercício de sair de nossas posições para pensar num mistério chamado “Brasil” que só assim pode ser construído como algo maior que nós?

CANALHAS


TOSTÃO

Com o burro na sombra

JORNAL DO BRASIL - 05/08/09

Sempre fui contra as exageradas críticas que sofrem árbitros e auxiliares por erros que só ficam claros pela televisão. É o futebol virtual.

Trabalhos científicos mostram que, nas situações difíceis, é impossível um auxiliar ver, em uma fração de segundos, a posição do jogador que dá o passe e a do que recebe, ainda mais com tantos outros à sua frente.

No entanto, é necessário separar essa e outras limitações humanas dos frequentes, evidentes e graves erros. Árbitros e auxiliares sabem as regras, porém conhecem pouco de futebol. Não sabem marcar faltas, pênaltis nem impedimentos. Erram mais por marcar o que não existiu que deixar de marcar o que existiu.

Os árbitros não sabem separar o carrinho, que deve ser punido com cartão vermelho, do desarme pelo chão, quando o marcador desliza no gramado, estica a perna e to ca na bola. Isso não é nem falta. Mui tas vezes, o jogador cai para provocar a falta ou é inevitável a queda.

Os árbitros não sabem também diferenciar a cotovelada, que é uma agressão, do lance em que o jogador, ao saltar, instintivamente, para se proteger ou para manter o equilíbrio, movimenta os braços e atinge o adversário. Isso também não é falta.

É melhor mudar de assunto. Os técnicos brasileiros adoram mudar o número de zagueiros, de uma partida para outra ou em uma mesma partida. Em um jogo, o time joga bem com dois zagueiros. Em outro, com três.

Algumas vezes, a mudança é necessária. Quando o Sport ficou com dez jogadores, Muricy, imediatamente, trocou o terceiro zagueiro por um atacante e avançou a marcação. O Palmeiras, que jogava mal, cresceu e venceu o jogo. Muricy fez o óbvio. Isso é que o diferencia dos outros treinadores. Ele faz bem e sabe o momento de fazer o óbvio, o essencial.

O Palmeiras está na frente e tem, hoje, o melhor time do campeonato. O melhor elenco ainda é o do São Paulo, como nos últimos anos. Por isso, o São Paulo tem ainda boas chances de chegar entre os primeiros e até de ser campeão.

Muito mais difícil é o Atlético-MG e o Goiás, mesmo com Fer nan dão, chegar entre os primeiros ou ser campeão, com elencos muito inferiores aos de outras equipes. Se isso acontecer, seus treinadores terão ainda mais méritos.

O medo do torcedor do Atlético-MG é Tardelli, que continua jogando muito bem, voltar da seleção muito pior, como tantos outros jogadores. No primeiro semestre, o futebol brasileiro teve vários melhores jog adores. Todos foram pedidos para a seleção, como Nil mar, Tai son, Keirrison, Ro naldo, Ramir es, Klé ber e Tardelli. Agora, dizem que é Diego Souza. Quem será o próximo?

Na semana passada, escrevi que o Corinthians, por ter garantido uma vaga na Libertadores, está com o burro na sombra. Um leitor me disse que o burro na sombra é mais importante para a queda da equipe que a saída de tantos jogadores. Ele me perguntou quando, onde e quem inventou essa expressão. Não sei. Nem o Google sabe. Quan do escrevo, devo colocar as pas nessas expressões? Também não sei. Esse é um bom e gostoso assunto para se estudar.

VALDO CRUZ

Instinto de sobrevivência


Folha de S. Paulo - 05/08/2009

O desfecho ideal para a oposição não ocorreu. José Sarney (PMDB-AP) não renunciou nem pediu licença da presidência do Senado. Resultado: a crise esquentou e pode levar a um clima em que todos sairão perdendo. Alguns antes, outros depois.
Se Sarney cai, o tucano Arthur Virgílio vai em seguida. Se o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), assume o lugar do peemedebista, vira alvo da tropa de choque do PMDB.
Se os peemedebistas rebeldes Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon mantiverem o fogo cruzado contra Sarney, não terão sossego por parte dos governistas.
Poderia continuar com o roteiro de vítimas, que inclui ainda democratas, descrito por governistas e oposicionistas. Mas só vai cansar e reforçar o clima de baixaria previsto por todos caso a crise se arraste por mais tempo.
Aí, lembrava um amigo de Lula, há o risco do nivelamento por baixo no reino da podridão brasiliense. Ambiente propício para o surgimento de um terceiro nome na disputa presidencial de 2010.
Nome não para tirar as chances de vitória de Serra ou de Dilma, mas com chances de atrair um grupo de eleitores que podem dar a esse candidato o poder de decidir a eleição no segundo turno.
Não por outro motivo preocupou os governistas a ideia do lançamento da senadora Marina Silva (PT-AC) à Presidência pelo PV. Segundo um petista, Marina tem, sim, chances de ser o fato novo da eleição. Mulher, carismática, petista que passou incólume pelo governo Lula e com um discurso que pode aglutinar eleitores -o de defesa do meio ambiente.
Bem, isso, por enquanto, é puro exercício de futurologia. Já a crise do Senado é fato presente, da qual todos desejam se livrar. Só que atingiu uma temperatura que ninguém sabe, até o momento, como esfriar. O instinto de sobrevivência talvez ajude.

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

INFORME JB

Marina vai elaborar plataforma do PV


Jornal do Brasil - 05/08/2009

A senadora do PT Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, continua em ampla negociação com o Partido Verde com possibilidades de desembarcar na legenda. O PV a quer como candidata à Presidência da República. “Ela vive um momento íntimo”, de introspecção política, observou Alfredo Sirkis, um dos líderes verdes. Independentemente de deixar o PT ou não, a senadora já avisou o PV de que vai ajudar a elaborar a plataforma de governo do partido para campanha do ano que vem. Na visão da cúpula do PV, é um sinal de que a senadora – descontente com o Planalto pela forma como deixou o governo – pode abandonar a sigla e topar o desafio, para preocupação da candidata do PT, Dilma Rousseff . A bancada petista no Senado mostra-se preocupada, e sem força para convencê-la.

Ponto verde
Alfredo Sirkis e o deputado federal Zequinha Sarney – bem próximo a Marina – têm conversado diretamente com a senadora para fazer a ponte.

Dia verde
Dia 27, a senadora estará no Rio para participar de evento sobre meio ambiente, promovido pelos verdes. A data é aguardada com ansiedade, quando pode haver novidade.

Devagar com o andor
O PT não vai embarcar, por ora, na onda do PMDB contra o senador tucano Arthur Virgílio. O líder petista Aloizio Mercandante (SP) vai esperar o teor da representação de Renan Calheiros. “A saída para esse impasse entre PMDB e o PSDB é política”.

Dia da çaça
O Key Bank em Seatle, nos EUA, demitiu ontem o caixa Jim Nicholson porque... ele enfrentou, perseguiu e prendeu um ladrão que tentou roubar a agência, noticiou o Seattle Times. O banco preferiu perder o funcionário.

BBB da UTI
Uma funcionária de um hospital catarinense ganhou ação de indenização de R$5 mil, no TRT, porque a entidade instalou uma câmera para monitorar seu trabalho - uma sala de limpeza e esterilização de equipamentos.

Em apuros
O cidadão Luiz Inácio Lula da Silva está em apuros. A 3ª Turma do STJ suspendeu ontem o julgamento de recurso contra condenação por danos morais contra ele: 200 salário mínimos a favor de Francisco Amaral.

Em apuros 2:
Quando presidente do PT, em 2001, Lula disse que Campinas, cidade administrada por Amaral à época, tinha sido "assaltada por seus últimos dirigentes".

Acorda,governador
O governador paulista José Serra (PSDB) ,atrapalhou-se na entrega do Prêmio São Paulo de Literatura. Esqueceu a origem do escritor Ronaldo Correia de Brito – cearense radicado no Recife - gaguejou, e foi ajudado ao pé do ouvido pelo premiado.

Letras em alta
Aliás, boa a iniciativa do governo paulista pela iniciativa: R$ 200 mil para cada categoria - livro do ano e autor revelação.

O mundo...
De uma raposa política sobre a volatilidade do poder: Fernando Collor chamava o presidente José Sarney de marajá, que chamava Lula de despreparado, que, por sua vez, acusava os dois primeiros e depois FHC de entregarem o país aos estrangeiros.

...dá voltas.
Hoje estão todos juntos, oficialmente ou não, pelo poder. O povo ficou lá atrás.

Alerj Eco
A Sociedade Nacional de Agricultura vai levar para discussão no Fórum de Desenvolvimento Estratégico da Alerj um projeto modelo de recuperação ambiental que livrou da degradação o município de São Sebastião do Alto (RJ).

Título honorário
O jornalista João Monteiro de Barros Filho, fundador da Rede Vida de TV, recebe amanhã título de cidadão honorário de Ribeirão Preto (SP).

MÍRIAM LEITÃO

"Hasta cuando"

O GLOBO - 05/08/09

Não tenho dúvidas sobre Hugo Chávez. Ele tem espírito totalitário, não tem qualquer respeito pelas instituições democráticas e está desmontando, uma por uma, todas as bases de um regime de liberdade na Venezuela. A minha dúvida é em relação ao Palácio do Planalto e ao Itamaraty: até quando eles defenderão Chávez? Até quando eles dirão que os crimes de Chávez são coisas “deste tamanhinho”.

O fechamento de emissoras de rádio e televisão, as ameaças físicas e administrativas contra jornais e jornalistas, e a nova lei de “delitos midiáticos” são provas mais do que suficientes do caráter perigosamente ditatorial do governo de Hugo Chávez. Mas nos seus onze anos de poder ele já fez muito mais. Mudou a Constituição várias vezes; governa por decretos; reformou a Justiça para controlá-la; confisca as empresas que lhe convém pelos motivos que inventa; formou uma milícia maior do que as Forças Armadas e com esta força particular ameaça seus adversários.

A lei de delitos midiáticos, que será examinada por um Congresso domesticado por Chávez, é uma ameaça a todos.

Basta ler o projeto. O texto fala em “informação oportuna, veraz e imparcial”; diz que não estão submetidos a ela apenas os jornalistas, mas também “os conferencistas, os artistas ou qualquer pessoa que se expresse através de qualquer meio”. Diz que são delitos passíveis de prisão as “ações ou omissões que atentem contra a paz social, segurança, independência da nação, ordem pública, estabilidade das instituições, a saúde mental e moral pública, que gerem sensação de impunidade ou de insegurança”.

Pune também com prisão quem “manipule ou tergiverse a notícia, gerando falsa percepção dos fatos”. A lei, ambígua e imprecisa, não engana quem já viveu uma ditadura: é uma forma de tornar crime qualquer crítica ao governo, qualquer notícia que o desagrade.

É uma intimidação a todos. Como diz o jornalista venezuelano Teodoro Petkoff em editorial no seu combativo e miúdo “Tal Cual”: é uma revogação da Constituição.

Chávez só respeita as eleições que ganha. Em 2007, fez plebiscito em que pedia aprovação para várias mudanças.

Como perdeu a consulta, implantou na marra todas as mudanças que queria. Quando perdeu eleições em Caracas recentemente, retirou poderes da prefeitura e tomou órgãos do município.

Financiar, armar e dar passe livre para terroristas que atuam em outro país é crime.

O governo de Chávez faz isso com a Colômbia, mas o chanceler Celso Amorim disse, na entrevista que concedeu a Eliane Cantanhêde, da “Folha de S.Paulo”, que o episódio das armas suecas vendidas à Venezuela e encontradas com as Farc é uma coisa “deste tamanhinho”. As Farcs sequestram inocentes e os mantêm em situações desumanas, como é impossível ignorar, diante do relato já feito pelos que são libertados.

Um governo apoiar um grupo armado que em outro país sequestra e tortura é, para o governo brasileiro, uma coisa menor.

A tradição diplomática brasileira nunca foi de ter dois pesos e duas medidas quando se trata da relação com vizinhos. Agora tem. A Colômbia é tratada com a severidade necessária quando não informa a natureza do acordo que faz para as bases americanas na região.

Mas qualquer ação de Chávez é tratada com displicência conivente.

Chávez já interfere abertamente na política interna de países da região e montou uma rede de governos comandados de Caracas aos quais fornece dinheiro e a tecnologia de solapar bases democráticas de suas sociedades.

Rafael Correa é um desses aprendizes de feiticeiro que disse que o governo vai tomar “várias” emissoras de rádio e televisão.

A Globovisión já enfrentava, quando eu a visitei, em Caracas, há seis anos, o mesmo tipo de ameaça que sofre hoje. Já havia sido vitima de um ataque de chavistas com bombas e granadas em suas instalações. Uma das TVs estatais, a VTV, que também visitei, já era, naquele tempo, um cabide de militantes, onde não se fazia nada parecido com jornalismo. De lá para cá, Chávez escalou e não há dúvida de que ele quer fechar a Globovisión, que vive sendo encurralada por todos os múltiplos braços do estado totalitário que ele montou.

O Brasil não pode interferir em assuntos internos da Venezuela, por suposto. Mas deve defender princípios e valores democráticos que estão sendo ameaçados na região, pode condenar a interferência de Chávez em assuntos internos de outros países, deve reagir com firmeza à denúncia das armas da Suécia.

Pode e deve avaliar melhor o tamanho dos crimes cometidos por Hugo Chávez.

A economia não passa incólume por esse turbilhão. A Venezuela vem sofrendo um perigoso esvaziamento econômico como consequência dos sucessivos ataques de Chávez a empresas. A inflação é a maior da região, uma das maiores do mundo.

Prova de que a violência política não traz ganho econômico, pelo contrário, os investidores precisam de estabilidade das regras.

Não tenho dúvidas de que a Venezuela terá sequelas durante uma geração pela violência que sofre agora. A minha dúvida é em relação ao governo brasileiro. Ele não vê tudo isso, ou concorda com esses métodos e propósitos?

GOSTOSA


CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

ARI CUNHA

Sofrimento amadurece


Correio Braziliense - 05/08/2009

Agruras e perseguições criaram no coração de Fernando Collor a couraça de melhor entendedor. Pedro Simon ironizou a volta de Collor ao lado de Lula. A resposta foi sibilina. Respirava com dificuldade para conter emoção que o dominou. Olhos firmes e voz forte: “O senhor falou palavras que não aceito. Quero que o senhor as engula e as digira da forma como julgar conveniente”. Citou nomes para não fazer segredo. Alusões a José Dirceu foram ferrenhas. Lembro-me do presidente Collor saindo pela última vez do Planalto. Mãos dadas com a mulher a caminho do helicóptero. Ouvindo acusações e gritos. Cabeça alta, andar rápido, não olhou para os lados. Do helicóptero foi para a Casa da Dinda. Começava a fase de amadurecimento.

A frase que não foi pronunciada


“O tamanho dessa crise parece um bom negócio.”

  • Roberto Marques, vendendo sorvete na entrada do Congresso.

  • Higiene

  • Kits higiênicos são distribuídos pela Secretaria de Saúde do DF. É para instruir as pessoas como se comportarem contra a gripe H1N1,que se reproduz no mundo. O secretário da Saúde do DF, deputado Augusto Carvalho, preserva e orienta a defesa dos cidadãos. O ministro José Gomes Temporão não defende o uso de remédio. Qualquer que seja, poderá mascarar o vírus. Em caso de dúvida, procurar orientação médica.

    Dica simples
  • Tossir e espirrar na dobra do braço é um conselho prático que evita a contaminação das mãos e do ambiente. A orientação dada nas escolas chega aos lares.

    José Sarney
  • Experiente e cuidadoso, o presidente do Senado cerca-se de cuidados na presidência da sessão. Nenhum orador excedeu o horário. Substituído pelo senador Mão Santa, senadores rejeitam a disciplina. Ninguém liga para toques da campainha ou corte do microfone. Orador faz o que deseja e não deve satisfação ao presidente da Mesa, ao contrário do titular.

    Burle Max
  • Completou ontem 100 anos o magistral Burle Max. Os jardins do Itamaraty foram acompanhados por Ney Ururahy, que mantinha pela natureza a mesma dedicação. Mesmo depois de inaugurado, Ney cuidava do lago e das plantas. Na parte interna, esguicho alto. Ficou apenas borbulhando. Burle fez bem em entregar a conservação a Ney Ururahy.

    Cartões de crédito
  • Senador Adelmir Santana disse que Brasília e Santa Catarina são exploradas pelas empresas de cartões de crédito. Sugeriu que o comércio desse 10% de abatimento em caso de pagar à vista. O combate ao dinheiro de plástico, por ser o mais usado no mundo, despertou reações. Comércio de Brasília se atirar contra força mundial parece estranho. Deve haver algo no DF. Adelmir foi crítico e forte.

    Centro de Atividades
  • Apartamentos apertados. Social embaixo e em cima dormitório. Generaliza-se a ganância. Depois de comprados, moradores modificam a planta. Os que vão adquirir pagam caro. Fiscalização está calada desde o início das obras.

    Brasília
  • Aqui o povo atravessa na faixa. Aluguel se resolve com a informalidade. Tradição recuperada. Artífices fazem cerzido invisível na 309 Sul. Costureiras habilitadas executam outros serviços. Motoqueiro 7981, ordeiro, não corta a fila. Fica atrás, esperando a hora de virar à esquerda. Paciência e correção. Falta agora reduzir os decibéis nas festas das sextas-feiras em casas de espaço pequeno.

    Furto
  • Quarenta mil malas por dia somem nos aeroportos brasileiros. Indústria produz mala sem alça. Transporte difícil. Malas de grife somem a qualquer instante. As legítimas desaparecem. Só a Vuiton deixa pessoa encarregada de ensacar mala legítima. Dificulta os roubos.

    Dado
  • Dos 700 homicídios ocorridos no Pará por disputas de terras, nenhum acusado está preso. A informação faz parte de um documentário sobre a morte da irmã Dorothy.
  • História de Brasília


    Os 19 procuradores interinos foram efetivados no cargo de Procurador de Terceira Categoria. Entre eles o filho do sr. José Claudio Bocaiuva Bulcão. O fato ocorreu no dia seguinte a um simples concurso de títulos, anunciado na véspera. Bulcão ocupa a presidência do Ipase e assinou a contratação. (Publicado em 5/2/1961)

    VINÍCIUS TORRES FREIRE

    Esqueleto ou dança dos vampiros?


    Folha de S. Paulo - 05/08/2009

    União e empresas disputam bilhões na Justiça; partidos maiores se aliam a Fiesp e CNI, com discreto apoio de Lula



    OS PARTIDOS maiores e Lula estão empenhados em arrumar rapidamente uma solução para uma disputa entre o Ministério da Fazenda e empresas que se julgam no direito de pagar menos impostos baseadas em um decreto-lei de 1969. Trata-se da querela multibilionária a respeito do "crédito-prêmio do IPI". A demanda pode valer de R$ 25 bilhões a R$ 288 bilhões, a depender da parte interessada. Representantes de empresários dizem que o custo fiscal será o menor (pois creem que de R$ 50 bilhões a R$ 70 bilhões de créditos já usados para pagar menos imposto não estão em causa). A Receita fez a conta maior, embora se recuse a confirmar oficialmente tal valor.
    Em julho, o Senado enfiou na aprovação de uma medida provisória um acerto favorável às empresas. Mas, em tese, se o Supremo Tribunal Federal julgar que a Constituição de 1988 deu cabo do direito reclamado pelas empresas, não valeriam nada os acordos que partidos, Lula, Fiesp e CNI querem transformar em lei, na Câmara, negociação conduzida pelos deputados Antonio Palocci e Candido Vacarezza, do PT.
    O objetivo do acordo é então criar um fato político para pressionar os ministros do Supremo? Ou o quê? O que se discute? O decreto-lei de 1969 concedia a empresas exportadoras um crédito de 15% do valor exportado. O dinheiro poderia ser utilizado para pagar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e, caso sobrasse algum, na quitação de outros impostos federais. Uma barafunda de decretos e portarias, entre 1979 e 1984, lançou dúvidas sobre o alcance e a duração do incentivo, que para a Fazenda acabou em 1983.
    A Constituição de 1988, por sua vez, determinou que incentivos fiscais setoriais que não fossem regulados até dois anos após a promulgação da Carta seriam extintos. Houve disputa a respeito do que determinava a Carta a respeito desse incentivo. O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça, onde em 2004 turmas de ministros deram decisões aparentemente conflitantes e/ou inconclusivas sobre o caso (até isso se disputa). A pendenga acabou no Supremo.
    Muitas empresas já utilizaram o crédito, abateram impostos, baseadas em decisões judiciais. Advogados dizem que o prazo para o governo reabrir a cobrança morre em dois anos. Entendidos dizem que 80% dos créditos em questão não podem ser mais recuperados pelo governo. O Senado, em julho, aprovou o direito dos exportadores de usar o crédito até 2002 e extinguiu processos movidos pela Fazenda e pela Receita contra as muitas empresas que já utilizaram o tal crédito.
    As maiores empresas do Brasil estão no caso, que porém envolve milhares de companhias. A CSN, que usou créditos para abater imposto, teve até fundos bloqueados pela Justiça, a pedido da Procuradoria da Fazenda. O caso da CSN é o mais quente e rumoroso, mas outras grandes exportadoras têm também interesses de centenas de milhões na disputa -empresas que apanharam com loucuras cambiais e outras apenas com a crise do comércio mundial.
    Essa a preocupação de Lula, que no final das contas quer bancar um incentivo fiscal baseado em decreto-lei de 1969, mas de volume inferior ao requisitado por CNI e Fiesp. Para desgosto de Guido Mantega.

    GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


    BRASÍLIA - DF

    Geopolítica da crise


    Correio Braziliense - 05/08/2009



    A permanência do senador José Sarney no Senado passou a ser a âncora da política de alianças do presidente Luiz Inácio lula da Silva, que estava invertida na Casa, com o PMDB aliado ao DEM e o PT ao PSDB, desde a derrota do senador petista Tião Viana(AC). Por uma dessas ironias da política, a crise ética no Senado, com as denúncias contra Sarney e a instalação da CPI da Petrobras, tendo como alvo petistas alojados na cúpula da empresa, reaproximaram o PMDB e o PT e aglutinaram a oposição. O pano de fundo, como faz questão de lembrar o Palácio do Planalto, é a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010.

    » » »
    Lula não está nem um pouco preocupado com a imagem do Senado, está de olho no apoio do PMDB à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Teme que a renúncia do presidente do Senado, provocada por uma eventual deriva da bancada petista para o lado dos que se opõem ao velho cacique maranhense, leve seus aliados nos estados a cuidar apenas de seus interesses locais, deixando a candidata petista sem um palanque firme no Maranhão, Amapá, Alagoas, Paraíba e Distrito Federal, onde o PT já é adversário do PMDB.

    Soldos// O governador José Roberto Arruda (DEM) foi recebido ontem na Presidência da Câmara dos Deputados por líderes da base de apoio ao governo Lula. Ele pediu apoio para o regime de urgência do projeto que estabelece o novo Plano de Cargos e Salários da Polícia Militar do Distrito Federal.

    Saquaremas


    Foi no antigo Senado que surgiu a política de conciliação do Marquês de Paraná, na qual pontificou Nabuco de Araújo. Na oposição aos luzias, como eram chamados os liberais do Recife, o conselheiro Nabuco aceitou participar do gabinete por lealdade ao imperador Pedro II, mesmo estando em oposição na sua província. A fórmula da convivência, no governo federal, entre adversários que se digladiam nos estados vem daí. Foi adotada por Getúlio Vargas, que fundou os antigos PSD e PTB para administrar os conflitos, e reproduzida nos dois mandatos de Fernando Henrique. Agora, está mais robusta, haja vista a disputa entre o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), na Bahia, dois esteios do governo Lula.

    Murici


    Se o presidente Lula largar a mão de Sarney, prevalecerá a máxima do coronel Tamarindo em Canudos: “É a lei de Murici, cada um cuida de si”, a senha para uma debandada desastrosa. Os caciques do PMDB vão tomar o rumo que acharem melhor nos estados, inviabilizando uma coligação formal com o PT de Dilma. Além da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Roraima, Tocantins e Goiás, que integram o sistema de alianças governistas, ficarão à matroca.

    Dissidências


    Isso abre espaço para a ampliação do bloco de aliados dos tucanos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco, Piauí, Pará e Mato Grosso do Sul. Sergipe, Acre e Mato Grosso, hoje alinhados com Lula, não pesam no jogo interno do PMDB.

    Ganhou



    Prevaleceu a tese do senador Delcídio Amaral (foto), do PT-MS: a bancada do PT não se reuniu ontem, como queriam os oito senadores que apoiam o afastamento de Sarney. Alinhadíssimo com o presidente Lula, o senador pantaneiro avalia que a bancada do PT não deve fazer nenhum movimento novo na crise do Senado. Apenas esperar, para ver como é que fica.





    Elite



    A tropa de elite do presidente José Sarney fez um balanço da situação, ontem, num café da manhã no gabinete do senador Gim Argelo (foto), do PTB-DF, onde se reuniu com o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Acertaram a estratégia de confronto com a oposição os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), e no Congresso, Ideli Salvati (PT-SC), e os líderes de bancada Aloizio Mercadante (PT-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Brilhou no breakfast, o ex-presidente Fernando Collor (PTB), grande artilheiro de Sarney.

    Mãozinha/ Bem encaminhado numa aliança com o PT pelo governo do Paraná, o senador Osmar Dias (PDT) pedirá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajuda para convencer o governador Roberto Requião (PMDB) a aderir à chapa como candidato ao Senado. Dias aguarda chamado do Palácio do Planalto para ter a conversa
    esta semana.

    Sem TV/ Não foi despropositado o início da sessão de hoje do Conselho de Ética do Senado ter sido marcada para as 15h. Descontados os habituais atrasos para o começo dos debates, a sessão deve ser aberta em torno das 16h, horário em que a TV Senado passa a transmitir a sessão no plenário. Se houver barraco, passará longe do escrutínio dos espectadores.

    Calma/ A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, decidiu adiar sua participação na agenda de eventos proposta pelo PT no interior de São Paulo. Dilma ponderou que sua presença em palanques não relacionados ao PAC ou ao presidente Lula seria facilmente interpretada como campanha indevida.

    Colateral


    Confrontado na tribuna, anteontem, pelos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL), Pedro Simon (PMDB-RS) saiu no lucro com a repercussão do bate-boca. Até as 11h30 de ontem, o gaúcho havia recebido mais de
    530 e-mails de solidariedade.

    ELIO GASPARI

    De A.Arinos@edu para Sarney@gov

    O GLOBO - 05/08/09


    O presidente que ficou impassível enquanto seu ônibus era apedrejado está se apedrejando



    JOSÉ ,
    Renuncie, homem. Aqui somos três a pedi-lo. Eu, o Milton Campos e o Pedro Aleixo, três amigos, velhos companheiros a quem você admirava com sorriso encantado quando chegou à Câmara, em 1959, aos 29 anos.
    Todos três passamos por momentos em que nos enganamos quando as circunstâncias se confundiram com a existência. Na renúncia do Jânio eu era ministro das Relações Exteriores e deveria ter defendido, desde o primeiro momento, a posse do doutor João Goulart. Em 1964, diante dos primeiros casos comprovados de tortura, o Milton deveria ter renunciado ao Ministério da Justiça. O Pedro Aleixo reconhece que naquela reunião que editou o AI-5 ele devia ter devolvido a Vice-Presidência. Um ano depois, apearam-no. Nos três casos, as circunstâncias indicavam que devíamos fazer o que fizemos.
    Confundidos, pensávamos que não havia opção melhor. Você sabe que a modéstia nunca foi um dos meus atributos: não percebemos quão grandes éramos.
    Com justos motivos você avalia suas opções levando em conta o que diz o presidente Lula, o apoio do senador Renan Calheiros e até mesmo a agressiva defesa representada por Fernando Collor. Você pensa até no PMDB. Tudo circunstancial. Em 1988, Lula te chamou de "incapaz" cinco vezes em 43 segundos. O que haveria de pensar o jovem José Sarney se visse a mim, ao Milton e ao Pedro almoçando no Bife de Ouro com o Tenório Cavalcanti e o Amaral Neto? Claro que pouca gente sabe quem são esses dois (nem estamos aqui para reapresentá-los). Assim como os jovens de hoje não lembram o que foi a UDN, os de amanhã não lembrarão o que foi o PMDB.
    Renuncie, homem. Saia desse contratempo e carregue seus penares. A crise é sua, mas a essa altura ela interessa aos outros. Ao Lula convém um Congresso desmoralizado. Aos aliados do PMDB interessa mostrar que têm os poderes dos embalsamadores. Fuja do sarcófago.
    Censurar jornal, José? Chantagear o Pedro Simon, Sarney? Esse não é nosso patrimônio. O presidente que ficou impassível enquanto seu ônibus era apedrejado e riscou com o traço da bonomia sua passagem pela vida pública está se apedrejando.
    Orgulhamo-nos da tua alvorada. Não compartilhe o crepúsculo com os senadores Calheiros e Collor. O Antonio Carlos Magalhães diz que isso é feitiço de um certo Bita do Barão, com seus tambores de Codó.
    Milton Campos e Pedro Aleixo pediram-me que escrevesse porque insistem em lembrar a qualidade do meu discurso de 9 de agosto de 1954. Até hoje sofro por esse ataque ao Getúlio Vargas. Não que devesse poupá-lo, mas padeço pelo que sucedeu 15 dias depois. (Ele evita encontrar comigo, nunca me dirigiu a palavra e, na chegada do d. Helder Câmara, negou-me a mão.) Sei que você memorizou trechos dessa fala e sei que você jamais viu malícia na minha alma.
    Como o Pedro e o Milton insistiram ao ponto da impertinência, repito-me:
    "Senhor presidente Getúlio Vargas, eu lhe falo como presidente (...) tome afinal aquela deliberação, que é a última que um presidente, na sua situação, pode tomar. (...) E eu falo ao homem Getúlio Vargas e lhe digo: lembre-se da glória de sua terra (...) lembre-se homem, pelos pequeninos, pelos humilhados, pelos operários, pelos poetas".
    Com as recomendações de Annah e os votos pela recuperação de Marly, deixa-lhe um abraço e a certeza da amizade, o seu,
    Afonso

    GOSTOSA


    CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

    FERNANDO CALAZANS

    O futebol e os filhos

    O GLOBO - 05/08/09

    Leonardo Moura pediu desculpas à torcida do Flamengo, reconhecendo seu erro por se expressar daquela forma torpe em público. Dirigiu-se particularmente às famílias e às crianças que assistiam ao jogo no estádio e na TV. Leonardo Moura não foi o primeiro jogador vaiado no Maracanã. Mas muita coisa mudou no estádio e, pior ainda, muita coisa mudou nesse esporte chamado de futebol.No esporte e na sociedade em geral. A propósito particularmente do futebol, passo a transcrever um e-mail que recebi na segunda:
    “Senhor Calazans, como já tratou do assunto em sua coluna com propriedade, escrevo-lhe para contribuir com o enfoque de um educador, no debate sobre o comportamento dos jogadores de futebol. Chego a pensar em cancelar minha assinatura do futebol na tevê a cabo de tão enjoado de ver os espetáculos pelos quais ando pagando. Nem tanto pela qualidade dos jogos, mas pelo exemplo lamentável que a cada dia ‘nossos ídolos? oferecem aos meus alunos. O futebol, como sabemos, é uma paixão nacional. Nada mais natural que os jovens, as crianças, tomem o comportamento dos jogadores de seus clubes como parâmetro para sua própria conduta, o que, no caso, acaba por agravar o problema das famílias que tentam educar seus filhos.
    “Hoje, os profissionais da bola em nosso país são pessoas de má educação (por favor, desculpe-se em meu nome com as exceções à regra), mas, pelo que vejo nas transmissões o mau comportamento é quase um padrão. Usam um vocabulário chulo para se ofender uns aos outros e não raro aos torcedores. Mentem e dissimulam o tempo todo, agridem com grande violência os colegas de ofício, desrespeitam acintosamente a autoridade representada pelos árbitros, muitos são coléricos, desequilibrados mentalmente, não são raras as demonstrações de racismo e machismo. É muito triste que a juventude do Brasil aprenda no esporte que, para vencer no jogo e na vida, há que dar pontapés, mentir e desrespeitas as
    regras.
    “É verdade que a ausência de instrução dos garotos que abraçam o ofício da bola explica em parte o problema, mas e os responsáveis pelo negócio do futebol? Será que dirigentes, empresários, meios de comunicação, enfim aqueles que no fundo são as autoridades e os responsáveis pelos nossos jogadores não veem? Será que eles próprios são tão mal-educados que estimulam esse comportamento impróprio? No mais me solidarizo com sua coluna por dar atenção ao tema que tanto me incomoda”. Atenciosamente, Professor Eduardo Paparguerius de Souza.
    << >>
    Sociedade, política, esporte caminham juntos, e, infelizmente, não são apenas os jogadores de futebol que dão maus exemplos na era do “Ilegal. E daí?” e do “Ilegal. Eu?” Longe disso. No caso específico do futebol, o que se vê de violência e cafajestagem nos campos, hoje, é consequência em parte da má formação dos jovens nas divisões de base em que os meninos já são levados a competir e vencer a qualquer preço. Disputam vitórias e títulos em nome de seus clubes, de seus técnicos e do emprego destes. Os maus estímulos vêm dos dirigentes, dos treinadores e, é claro, dos torcedores na arquibancada.
    O processo da violência, da hostilidade, da linguagem chula, dos xingamentos dentro de campo vem se agravando há muitos anos, sem que autoridades do esporte, do poder público, da educação e mesmo a imprensa saibam interpretar a mudança de comportamento no futebol. Por isso, um dia, fiz uma pergunta aqui: aonde o futebol vai parar? Ninguém parou para pensar nisso.

    PAINEL DA FOLHA

    Efeito bumerangue

    RENATA LO PRETE
    FOLHA DE SÃO PAULO - 05/08/09

    Embora José Sarney (PMDB-AP) e aliados avaliassem ontem ter saído vitoriosos do pugilato da véspera no plenário do Senado, há quem considere que o espetáculo de intimidação explícita dos adversários acabou por aumentar o número dos que defendem a saída do presidente. Após reunião com representantes de vários partidos, o placar indicava que Sarney tem hoje PMDB e PTB (ambos com defecções), além do único voto do PP. O PT já se foi quase todo.
    O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), saiu da reunião com um recado: o eventual arquivamento de todas as ações contra Sarney no Conselho de Ética abrirá guerra total. Ao fim do dia, os sarneysistas falavam apenas em empurrar o conselho com a barriga.




    No prelo. Para acuar a oposição no Conselho de Ética, o PMDB planejava protocolar entre ontem à noite e hoje de manhã a representação contra o tucano Arthur Virgílio.

    Comigo não. Aloizio Mercadante reagiu à ideia de que Ricardo Berzoini, presidente do PT, participasse da reunião entre a bancada do partido e o PT sobre a crise no Senado: "É reunião para quê? Me enquadrar?". Berzoini ficou de fora do café da manhã.

    Cordão sanitário. De Romero Jucá, diante do arranca-rabo de segunda-feira no plenário: "Bom mesmo seria pegar gripe suína pra passar uns dez dias longe do Senado".

    Corta! A TV Senado interrompeu ontem a transmissão do plenário, por um minuto e meio, exatamente quando um grupo de manifestantes exibia faixas de "Fora Sarney" nas galerias. Às pressas, foram levadas ao ar chamadas para programação gravada.

    Quem te viu... De Sarney, em entrevista dada em 1992 à sua TV Mirante sobre o governo do agora melhor amigo Fernando Collor (PTB): "Nunca tivemos um momento de tragédia política como estamos vendo agora".

    ...quem te vê. Ainda Sarney, em festa oferecida pela filha, Roseana, depois da abertura do processo de impeachment: "Foi a coisa mais bonita que aconteceu na história do país neste século".

    Conveniente. Em reunião com líderes demo-tucanos, o governador e pré-candidato José Serra observou que a eventual entrada de Marina Silva no páreo presidencial poderá dividir os votos do campo de apoio a Lula, desidratando Dilma Rousseff.

    Lupa 1. As entidades patronais que deixaram o Codefat em protesto contra a intervenção do ministro Carlos Lupi (Trabalho) para mudar o rodízio no comando do órgão vão pedir auditoria do Tribunal de Contas da União em todos os convênios de recursos não obrigatórios do FAT.

    Lupa 2. A medida foi decidida depois que as entidades receberam informações segundo as quais Lupi acertou a manobra em conjunto com o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), padrinho de Luiz Fernando Emediato, ex-presidente do Codefat.

    Pista dupla. Além dos fretados, outro tema promete acirrar os ânimos na base de Gilberto Kassab (DEM) na Câmara paulistana: mototáxi. O prefeito é contra, mas o vereador Ricardo Teixeira (PSDB) já apresentou projeto para liberar o serviço.

    Visita à Folha. Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Maria Laura da Rocha, chefe de gabinete, Hermano Telles Ribeiro, chefe da Secretaria de Planejamento Diplomático, Paulo Sergio Traballi Bozzi, chefe da representação do ministério em São Paulo, Mauricio Carvalho Lyrio, chefe da assessoria de imprensa, e Pedro Marcos de Castro Saldanha, introdutor diplomático.

    Tiroteio

    "Depois do baião e da carne de bode em Exu, só falta a campanha do governador José Serra pedir perdão aos nordestinos por tê-los culpado pelo mau desempenho da educação em São Paulo."

    De RUI FALCÃO , líder da bancada do PT na Assembleia paulista, sobre a recente visita do tucano, pré-candidato ao Planalto, a Pernambuco.

    Contraponto

    Pelo sim, pelo não O ministro José Múcio (Relações Institucionais) recebia convidados para almoçar em seu gabinete improvisado no "Bolo de Noiva", anexo do Itamaraty para o qual se mudou durante a reforma do Palácio do Planalto.
    Na bandeja, o garçom apresentou as duas opções de prato principal: filé à parmegiana e lombo de porco. Os dois primeiros comensais pediram filé, e Múcio brincou:
    -O coitado do porco não é culpado pela gripe suína!
    Alheios à piada, outros dois convivas escolheram a carne bovina. Quando o garçom, diligente, foi servir uma fatia de lombo a Múcio, o ministro mudou de ideia:
    -Também vou no bife. Afinal, sou sempre pela maioria!