Paulo Guedes tem sido curto e grosso quando dá a assessores diretos sua opinião sobre botar recursos do Tesouro para financiar obras de infraestrutura, como prevê o recém-anunciado programa PróBrasil, apelidado no Planalto de “Plano Marshall brasileiro”: “Querem sair do buraco cavando mais fundo”. Guedes aponta o ex-subordinado e atual ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, como o culpado de o plano (ou o esboço dele, que é o que se tem até agora) ter vindo à luz. Para o Posto Ipiranga, o que moveu Marinho foi uma “vontade eleitoreira de gastar”. “Os olhos dele brilham quando fala em obras”, tem repetido Guedes a integrantes de sua equipe. Embora o Planalto não confirme, Guedes diz a quem quiser ouvir que Marinho é o artífice do plano que usará investimento público para tentar reanimar a economia combalida pela Covid-19. O ministro do Desenvolvimento Regional teria convencido o ministro Tarcísio Freitas, que levou a ideia a Jair Bolsonaro.
GOVERNO
Um dia após o outro
Pesquisas telefônicas de um grande instituto, feitas antes do discurso num ato golpista e sobretudo antes da explosiva demissão de Sergio Moro, mostravam que a aprovação de Jair Bolsonaro estava em leve viés de subida.
Nova política
Preocupado em mudar o modo de se fazer política no Brasil, Jair Bolsonaro prometeu o FNDE a Arthur Lira, líder do PP, figura de relevo do centrão, e réu em dois processos da Lava-Jato no STF. O FNDE, que até dezembro tinha na presidência um indicado de Rodrigo Maia, gere o maior orçamento do MEC —cerca de R$ 50 bilhões anuais.
Sem cupido
As piscadelas de Jair Bolsonaro para o centrão começaram a surtir efeito. Ciro Nogueira prometeu a Rodrigo Maia que o PP não iria traí-lo nem deixá-lo isolado, mas avisou que o partido manterá contato direto com o Palácio do Planalto —em outras palavras, não precisa mais do presidente da Câmara para negociar com quem manda.
Tiro n’água
Hamilton Mourão, embora tenha evitado as críticas públicas, considerou mais uma trapalhada a decisão de Jair Bolsonaro de comparecer às manifestações que pediam o fechamento do Congresso, no domingo passado.
Lugar na história
Mourão anda repetindo reservadamente a avaliação de Delfim Netto sobre a Casa Civil de Jair Bolsonaro: “A pior da História da República”. Assim como Delfim, Mourão evita citar o nome de Onyx Lorenzoni, mas é a ele que se refere e não ao recém-chegado Braga Netto.
CÂMARA
Pé e mão
Rodrigo Maia anda tão cuidadoso com a Covid-19 que, para entrar na casa onde mora o presidente da Câmara, em Brasília, o convidado precisa cobrir os sapatos com um revestimento descartável e lavar as mãos com álcool em gel.
O preferido
Rodrigo Maia não fala do tema publicamente, mas líderes do centrão dão como certo que o seu candidato à própria sucessão na presidência da Câmara, em fevereiro de 2021, é Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB). Isso, claro, se não aparecer uma reeleição no meio do caminho.
SENADO
Dois tracinhos
Davi Alcolumbre leva à loucura alguns aliados e líderes partidários do Senado. Vira e mexe, passa semanas sem responder as mensagens enviadas por eles.
SAÚDE
Baixas no front
A Rede D’Or, o maior grupo hospitalar do Brasil, já contabiliza três mil funcionários afastados de suas funções desde março por causa da Covid-19.
BRASIL
Ao ataque
Se Jair Bolsonaro atender aos apelos de Hamilton Mourão e assinar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) voltada à fiscalização na Amazônia, as operações in loco começarão a ser feitas periodicamente já a partir de maio. Foram identificadas sete áreas prioritárias, onde a escalada do desmatamento é mais preocupante. Ficam no Pará, Amazonas, Rondônia e no norte de Mato Grosso.
Fumaça do passado
Henrique Mandetta, agora ex-ministro, deixou para trás uma série de vícios que faziam parte de sua rotina — um dos mais importantes, o cigarro. Mandetta parou de fumar no mesmo período em que surgiu o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, perto do carnaval.
PARTIDOS
Líder da oposição?
Constatação: quase seis meses depois de ter sido libertado, Lula está cada vez menor politicamente, mesmo diante de um governo federal que tem se esfarinhado diante dos brasileiros.
LAVA-JATO
Segunda etapa
A assinatura da delação de Eike Batista (que ainda precisa ser homologada pelo STF) não pôs fim à agonia de seu filho Thor e de sua mulher, Flavia. A situação de ambos, que tiveram bens bloqueados pela Justiça, será definida mais para frente. Durante a negociação com a PGR, foi estabelecido prazo de 180 dias para se decidir de que forma eles serão abarcados pelo acordo e se sofrerão alguma punição.
ECONOMIA O ‘PG’
Que Posto Ipiranga que nada. Em privado e em reuniões ministeriais, Jair Bolsonaro só chama Paulo Guedes de PG.
Quem diria
Milagres dos tempos de Covid: Paulo Guedes tem conversado com José Serra. E tem elogiado o tucano.
GENTE
Às compras
Nelson Piquet acaba de comprar um terreno de 5 mil metros quadrados no condomínio Portobello, em Mangaratiba (RJ), para erguer uma casa de praia. Pagou R$ 2 milhões.
LUXO
Agora não dá
A inauguração do primeiro restaurante Fasano no exterior, prevista para acontecer em julho, na Park Avenue, em Nova York, dançou. O motivo é, obviamente, a Covid-19. Ficou para 2021.
CULTURA
Às calendas
Mais uma atração da série “não rolou”. Bolsonaro disse numa live que pretendia extinguir a Ancine. Pouco antes afirmara que mudaria a sede da agência do Rio para Brasília. Não fez nem uma coisa nem outra. E hoje parece mais interessado em salvar a própria pele do que qualquer outra coisa.
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