Trump perdeu a eleição e decidiu vir passar uns tempos no Brasil.
Escolheu o Rio de Janeiro.
– Mulétas! Córnaval! — ensaiando um chute sem jeito. – Soccer!
Optou por um estilo de vida low profile.
Comprou o edifício Juan les Pins, no Leblon.
Caminhava pelo calçadão todos os finais de tarde.
Aplaudia o por do sol no Arpoador de sandália de couro Prada.
Todo mundo sabia quem era ele, mas no Rio ninguém dá bola para famoso.
Um dia cruzou com Dilma, ela de bicicleta, ele de bermuda Louis Vuitton rosa, de veludo cotelê.
Em frente ao coqueirão se abraçaram.
Eram apenas conhecidos, mas no Rio todo mundo é brother.
Dilma foi solidária à derrota do amigo.
Começaram a se encontrar nos finais de tarde no Riba para um chopp.
Uma coisa leva à outra, sabe como é.
Dilma e Trump passaram a ser vistos juntos em ocasiões sociais.
Na Árvore de Natal da Lagoa fizeram um selfie e publicaram no Instagram.
Oficializou.
Mas Dilma não dá ponto sem nó.
Um plano foi amadurecendo ao longo dos meses de relacionamento.
Aos poucos, apresentou Trump para os amigos mais próximos.
Sem revelar para ninguém, articulou alianças.
Mas faltava ainda a peça principal.
Numa manhã Dilma acordou com Trump lendo jornal ao seu lado.
Estava indignado.
– Brazil is not a serious country! – xuxando o morango no doce de leite.
– Sirio? Quem é Sirio, amor? – Dilma respondeu o que conseguiu entender.
Precisava aproveitar aquela indignação para o próximo passo.
Traduzo o que deu para entender:
– My Love…estive pensando…thinking. – lânguida.
Trump seguiu lendo o jornal, desinteressado.
– What Dilma? What? Speak woman! – Trump jogou o cabelo para trás.
– E se nós…você e eu…wes (que é o plural de we)….nos uníssemos para resolver os problemas do Brasil, you know darling?
– Solve Brazil’s what? What do you mean?
– A eleição…2018 está aí. Temos experiência nisso…Você presidente, eu vice, hein? hein? – fez o gesto universal da faixa presidencial.
A primeira reação de Trump foi a pior possível.
Onde já se viu um nome como o dele, candidato a presidente dos EUA, eleito numa republiqueta latina?
Mas o tempo é senhor da razão.
Trump andava mesmo entediado com a rotina comida natural, calçadão e chopp.
E eram amados pelo povo!
Todos gritavam elogios para eles.
Dilma traduzia tudo com paciência.
E Trump era empresário, que está na moda.
O Prefeito Freixo deu todo o apoio.
Para a campanha, chamaram a equipe que elegeu o Doria.
No começo as pesquisas receberam muito mal o casal.
Ficaram atrás do Alckmin, pensa.
Mas considerando os outros candidatos, em pouco tempo se transformaram numa candidatura viável.
Trump como mestre sala, Dilma de porta bandeira era a imagem chave da campanha.
Escola de Samba genérica que é para não pagar direito de imagem.
O jingle era uma versão chorinho do Hino Americano.
– Brasileiro gosta dessa coisa internacional. – o marqueteiro garantia.
No dia da eleição estavam virtualmente empatados com a chapa Bolsonaro/Malafaia e Alckmin/Tiririca.
Cada um com 30% da preferência. Os 10% indecisos é que decidiriam.
Encerro aqui para deixar você no suspense.
Então pergunto:
O que, nessa história, é tão impossível?
Vai na minha, brother.
Brasil is not Sirio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário