Decisão dos britânicos de sair da UE revela força de populismos extremistas, à esquerda e à direita, contra valores da democracia e da cultura moderna
A decisão dos britânicos de deixarem a União Europeia é um abalo sísmico de proporções históricas, cujos choques ainda não foram avaliados em toda sua magnitude. Mas, estima-se que o Brexit terá impacto corrosivo na ordem mundial estabelecida após a Segunda Guerra, que garantiu décadas de estabilidade política e prosperidade econômica ao continente.
A decisão ameaça desintegrar a UE — e o próprio Reino Unido —, com consequências para todo o mundo. Ela também evidencia a força de uma justificação moral populista que, à direita e à esquerda, vem contagiando parcelas cada vez mais expressivas de uma população inconformada, a ponto de, como no Brexit, optar por posições tão fantasiosas quanto perigosas.
Sinais de desencanto ante valores culturais do Ocidente aparecem por toda a parte, sobretudo na emergência de partidos populistas extremistas, porta-vozes de valores que ressoam velhas retóricas nacionalistas, de fechamento de fronteiras, contra os processos de integração global. Os exemplos estão por toda parte, da Grécia, onde a coalizão de esquerda radical Syriza chegou ao poder com um discurso de ruptura, aos países do leste da Europa cuja voz contra imigrantes e refugiados evocam o nazifascismo.
E o fenômeno não se restringe à Europa. Nos EUA, a alta popularidade de candidatos como Donald Trump e Bernie Sanders, na corrida à Casa Branca, revelam o grau de desconfiança com o chamado “mainstream” político. Tampouco está restrito a países ricos. A América Latina precisou passar por duras evidências do desatino político do populismo, antes de começar a duvidar de experimentos como o bolivarismo.
O baixo crescimento dos últimos anos minou a confiança da opinião pública na economia liberal, devido a seus efeitos sociais, como desemprego, empobrecimento e instabilidade, sobretudo entre a juventude. A percepção de um modelo sólido e saudável também foi afetada pela atuação perversa de uma elite financeira, beneficiada por práticas especulativas predatórias ao sistema, que levaram à crise global de 2008.
Por causa da crise, mas também devido a conflitos geopolíticos, étnicos e religiosos, o mundo sofre hoje o maior surto migratório desde o pós-1945. O êxodo alimenta retóricas de ódio e xenofobia nos países que acolhem esses refugiados. Não à toa, a campanha a favor do Brexit usou como argumento a “invasão” de imigrantes do leste europeu, que “roubam” empregos dos britânicos, embora as estatísticas desmintam tal discurso.
A dissolução da Europa, como bloco, reforça nações como Rússia e China, cujos sistemas políticos não são exatamente confiáveis. O mapa do mundo está sendo redesenhado por processos incontroláveis, que põem em questão o status de uma cultura baseada na democracia representativa e no capitalismo liberal. É urgente, portanto, a atuação dos líderes políticos para estabilizar a ordem mundial.
A decisão dos britânicos de deixarem a União Europeia é um abalo sísmico de proporções históricas, cujos choques ainda não foram avaliados em toda sua magnitude. Mas, estima-se que o Brexit terá impacto corrosivo na ordem mundial estabelecida após a Segunda Guerra, que garantiu décadas de estabilidade política e prosperidade econômica ao continente.
A decisão ameaça desintegrar a UE — e o próprio Reino Unido —, com consequências para todo o mundo. Ela também evidencia a força de uma justificação moral populista que, à direita e à esquerda, vem contagiando parcelas cada vez mais expressivas de uma população inconformada, a ponto de, como no Brexit, optar por posições tão fantasiosas quanto perigosas.
Sinais de desencanto ante valores culturais do Ocidente aparecem por toda a parte, sobretudo na emergência de partidos populistas extremistas, porta-vozes de valores que ressoam velhas retóricas nacionalistas, de fechamento de fronteiras, contra os processos de integração global. Os exemplos estão por toda parte, da Grécia, onde a coalizão de esquerda radical Syriza chegou ao poder com um discurso de ruptura, aos países do leste da Europa cuja voz contra imigrantes e refugiados evocam o nazifascismo.
E o fenômeno não se restringe à Europa. Nos EUA, a alta popularidade de candidatos como Donald Trump e Bernie Sanders, na corrida à Casa Branca, revelam o grau de desconfiança com o chamado “mainstream” político. Tampouco está restrito a países ricos. A América Latina precisou passar por duras evidências do desatino político do populismo, antes de começar a duvidar de experimentos como o bolivarismo.
O baixo crescimento dos últimos anos minou a confiança da opinião pública na economia liberal, devido a seus efeitos sociais, como desemprego, empobrecimento e instabilidade, sobretudo entre a juventude. A percepção de um modelo sólido e saudável também foi afetada pela atuação perversa de uma elite financeira, beneficiada por práticas especulativas predatórias ao sistema, que levaram à crise global de 2008.
Por causa da crise, mas também devido a conflitos geopolíticos, étnicos e religiosos, o mundo sofre hoje o maior surto migratório desde o pós-1945. O êxodo alimenta retóricas de ódio e xenofobia nos países que acolhem esses refugiados. Não à toa, a campanha a favor do Brexit usou como argumento a “invasão” de imigrantes do leste europeu, que “roubam” empregos dos britânicos, embora as estatísticas desmintam tal discurso.
A dissolução da Europa, como bloco, reforça nações como Rússia e China, cujos sistemas políticos não são exatamente confiáveis. O mapa do mundo está sendo redesenhado por processos incontroláveis, que põem em questão o status de uma cultura baseada na democracia representativa e no capitalismo liberal. É urgente, portanto, a atuação dos líderes políticos para estabilizar a ordem mundial.
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