Se 2015 não deixou saudade, 2016 começa sob a ameaça de continuidade, pelo menos nos primeiros meses, da crise na economia. Nem os mais pessimistas previam que a deterioração dos indicadores nacionais chegasse a ponto de derrubar o grau de investimento do país em apenas um ano. Só países em guerra experimentaram derrocada tão rápida.
A soma de inflação, desemprego e recuo de mais de 3,5% do PIB em 2015 contou com o encontro da sociedade com a verdade de fatos que tinham sido varridos para debaixo do tapete eleitoral. E, por mais que se capriche nos escapismos, a causa da queda em tão profundo precipício não pode ser atribuída a fatores externos. O desastre foi gerado aqui e tem sido amplamente diagnosticado por economistas experientes.
Ao trocar os pilares de um modelo de política econômica simples e bem-sucedido por um voluntarismo inconsequente e um populismo insustentável, o governo promoveu retrocesso a métodos de gestão que o país conheceu em períodos de depressão, hiperinflação e dramáticos níveis de desemprego. O congelamento dos preços dos combustíveis e a desastrada intervenção nas tarifas de energia elétrica são exemplos de equívocos que ainda hoje custam muito caro à população.
Não bastasse a demagógica barbeiragem, o consumo foi fortemente incentivado - via desonerações fiscais e amplas facilidades de crédito - como forma de promover a felicidade ilusória da posse de automóveis e de eletrodomésticos de alta tecnologia. Esse pão e circo moderno não tinha, obviamente, sustentação. A explosão das cotações das commodities minerais e agrícolas, que patrocinou a farra, não voltou a ocorrer em 2014/2015 e seu fim foi a tempestade que pegou nossa economia pela proa.
Não faltaram avisos, mas a prioridade, desde 2013, era o calendário eleitoral de 2014. Sobrou para as contas públicas. Mesmo com as receitas em declínio, o governo acelerou os gastos. Fechou 2014 com deficit, apesar de ter pedalado despesas para maquiar a contabilidade do Tesouro Nacional. Em 2015, dobrou a aposta, não fez o ajuste fiscal necessário e terminou o ano com escandaloso deficit de mais de R$ 120 bilhões.
As trapalhadas minaram a confiança dos empresários e assombraram os consumidores. O que esperar de 2016, se o governo é o mesmo e com as mesmas ideias? Pior: a presidente está ostensivamente pressionada pelo comando de seu partido a dobrar a aposta. Em 2016, fará o diabo para seguir essa orientação? Com que dinheiro, se o país perdeu o selo de bom pagador? Mais impostos será a saída, a menos que o contribuinte diga não, numa atitude que pode caracterizar a disposição de cada um de enfrentar 2016. Afinal, o ano passa, os governos mudam, mas o país tem de ser construído todos os anos, todos os dias.
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