FOLHA DE SP - 21/02
RIO DE JANEIRO - Em inglês, diz o Webster, o verbo "to peak" significa adquirir forma aguçada, aguda, afiada. Vem do substantivo "peak" --o pico de uma montanha, o pináculo, o mais alto grau de excelência. Enfim, "to peak" seria atingir o máximo possível. Para as revistas inglesas de música pop, é a melhor colocação que uma canção atingiu nas paradas. Exemplo: a canção tal "peaked" em 2º lugar.
Em português, não há um equivalente tão conciso. Precisamos de todas as palavras acima para dizer o mesmo. Mas meu amigo e mestre Ivan Lessa não se perturbava: usava o verbo "picar" naquela acepção. Certo dia, arriscou: "Não sei quando, mas acho que o Brasil já picou". Queria dizer que, em algum momento --anos 50 ou 60, quem sabe--, o Brasil tinha chegado ao máximo que sua história permitiria. Se não aproveitamos, pior para nós. A partir dali, era descer a ladeira.
Os países picam, sem dúvida. O Egito picou há 4.000 anos; a Grécia, há 2.000. Inglaterra e França já picaram há muito. Ultimamente, o Japão e, talvez, os próprios EUA. A Alemanha está perto. A China, ainda não. Só que aqueles países picaram em 1º lugar. Quanto a nós, não sei se, quando picamos, estávamos sequer entre os dez.
Neste momento, a tibieza econômica do país, a inflação, os calotes e as mentiras oficiais estão fazendo com que muitas "múltis" desanimem de botar seu dinheiro aqui. A própria Petrobras ficou assustadora para os gringos: como fazer negócios com uma empresa comandada por gatunos e sob a vista grossa do poder? Nem o futebol escapa: a Europa deixou de se interessar pelos nossos jogadores --só pensam na farra e, tecnicamente, deixaram de ser melhores do que os europeus.
Tentando ser otimista, pode ser que o Brasil esteja brincando de pique-esconde com o mundo --enquanto prepara uma surpresa.
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