sexta-feira, maio 09, 2014

Melhorar a cobrança - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 09/05

Quanto mais o IBGE conhecer o Brasil, melhor será o conhecimento que o governo e a opinião pública terão do país e de seus problemas



O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é um órgão exclusivamente técnico. Pelo menos em tese, ele divulga suas pesquisas sem levar em conta as consequências políticas dos números que colhe. Por exemplo, quando eles revelam a quantas anda o mercado de trabalho no país.

E, se a taxa de desemprego está mais alta do que se deseja, a notícia não é apenas vista com desalento pelos trabalhadores: ela também provoca suores frios nos partidos e políticos que mandam no país.

No mês passado, o IBGE decidiu suspender uma nova pesquisa, de óbvia importância. Ela atende pelo nome de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, e serve para mostrar a quantas anda o mercado de trabalho no país. Se os números são positivos, essa será boa notícia não apenas para os cidadãos: também enfeitará a imagem dos partidos e políticos que mandam no país.

Recentemente, o IBGE ampliara a pesquisa: era realizada em seis regiões e passou a ser feita no país inteiro. Obviamente, foi um progresso de grande importância. Mas alguém não gostou, e, no mês passado, anunciou-se que o trabalho fora engavetado e só voltaria no ano que vem. A razão seria uma confusão sobre prazos. Mas esta semana, o instituto voltou atrás. Note-se que representantes dos funcionários aplaudiram a retomada da pesquisa, mesmo que ela represente mais trabalho para eles.

O fim da questão é, sem dúvida, bastante positivo. Quanto mais o IBGE conhecer o Brasil, melhor será o conhecimento que o governo e a opinião pública terão do país e de seus problemas.

É certo que conhecê-los não é resolvê-los — mas, pelo menos, os cidadãos terão mais argumentos e mais força para cobrar bom serviço de quem nos governa.

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