FOLHA DE SP - 06/10
A divulgação do calendário do futebol brasileiro para o próximo ano, quando o país promove a Copa do Mundo, foi recebida com justificadas reações de insatisfação.
Desta vez não foram só os críticos contumazes da desorganização da modalidade que se pronunciaram. Também partiram protestos de um movimento de jogadores intitulado Bom Senso Futebol Clube.
Tradicionalmente alheios a tais questões, os atletas parecem enfim inclinados a assumir um papel ativo nos destinos do esporte mais popular do Brasil.
O estopim da revolta foi a iniciativa da CBF de antecipar o reinício das atividades para o dia 12 de janeiro, com os campeonatos estaduais --forma de compensar a paralisação imposta pela Copa do Mundo, que será realizada de 12 de junho a 13 de julho.
Nessa hipótese, os jogadores da elite não teriam direito a um mês corrido de férias após o exaustivo calendário deste ano.
Considerando a necessidade de uma fase de preparação atlética antes das competições, a CBF propôs inicialmente que os jogadores gozassem de uma parte das férias em dezembro --atletas que não integrassem o elenco da seleção zerariam o saldo durante a Copa.
A movimentação dos atletas já surtiu resultados. Algumas federações concordaram em postergar o início dos estaduais para 19 de janeiro. A questão, contudo, não se resume ao ano da Copa.
A irracionalidade do calendário brasileiro é tema antigo, para a qual também contribuem as competições continentais, à espera de reestruturação duradoura. A proposta mais razoável é sincronizar a agenda local com a da Europa, que detém a liderança econômica e técnica do futebol mundial.
Tal caminho traria vantagens para clubes e jogadores. A coincidência de datas permitiria que as equipes participassem dos rentáveis torneios internacionais de pré-temporada. Também os períodos de contratações seriam coincidentes, evitando a migração de atletas em meio aos campeonatos.
Não basta, entretanto, promover tal mudança se os torneios continuarem a se atropelar, exigindo em demasia dos jogadores dos principais clubes. É preciso equacionar o calendário de modo a reservar datas para competições nacionais e internacionais sem a realização de jogos em curto período de tempo. Uma questão de bom senso.
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