quarta-feira, outubro 02, 2013

Assaltos em alta aumentam insegurança nas ruas - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 02/10

Fenômeno, previsível em razão da asfixia do tráfico pelas UPPs, é um ponto negativo na bem-sucedida política de segurança do estado



É fora de dúvida que a política de segurança do governo fluminense tem obtido acertos nos últimos anos, com a redução de alguns indicadores de violência cujas taxas históricas sugeriam um preocupante descontrole. O caso mais palpável é a rubrica dos índices de homicídios, ainda fora dos padrões aceitos como palatáveis pela ONU, mas de qualquer forma registrando seguidas quedas, claro sinal de positivas intervenções do poder público. São registros importantes, não só para melhorar o perfil da segurança pública, um dever permanente dos governos, mas também para fazer aumentar a sensação de confiança na ação das autoridades contra a criminalidade.

Mas, ainda que pontualmente, há altas preocupantes na curva da violência no estado e na cidade — caso, principalmente, do aumento do número de assaltos a pedestres em diversas regiões. Por si, o fato de o incremento desse tipo de violência contra cidadãos não estar circunscrito a uma determinada área é claro sinal de que, neste particular, os organismos de segurança pública não estão dando respostas eficazes a essa demanda. É inegável, e inquietante, que a sensação de insegurança nas ruas contribui, se não para anular, mas para deslustrar em boa medida os resultados globais obtidos na luta contra a violência criminal.

Os números relatados na reportagem do GLOBO de domingo são irrefutáveis. De um modo geral, esse tipo de crime registrou crescimento em todo o estado (19% em julho deste ano, em comparação com o mesmo mês de 2012). Mas há regiões com picos preocupantes. Na Barra da Tijuca (e bairros adjacentes que compõem a 31ª Área Integrada de Segurança Pública — AISP), o aumento de assaltos a pedestres no período foi de 91%, e de 82,5% na 2ª AISP (que compreende Botafogo, Flamengo e adjacências); em Madureira e bairros vizinhos (9ª AISP), a elevação foi de 18,6%; na Grande Tijuca (6ª AISP), de 9,2%.

É um perfil inaceitável, ainda se for levado em conta que os índices são atenuados pela subnotificação.

É possível que o estado, de maneira geral, ainda não esteja combatendo adequadamente esse tipo de crime, mas picos na curva sugerem que há fatores pontuais influindo em tal incremento. De fato, a própria Secretaria de Segurança admite que, em razão dos resultados positivos das UPPs, que lograram asfixiar o tráfico nas principais favelas do Rio, criminosos migraram do alto dos morros para o asfalto.

Um fenômeno previsível, mas não serve para justificar leniências. Ao acerto das UPPs não pode corresponder o agravamento de outros tipos de crime. Esta é uma equação que o governo precisa resolver — com o aumento do efetivo das polícias, aperfeiçoamento de pessoal, melhoria do policiamento ostensivo etc. — para não comprometer os inegáveis avanços na política de segurança do estado.

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