CORREIO BRAZILIENSE - 02/04
Diante da inflação que corrói o preço dos alimentos, da seca, da queda da produção em todo o país, a briga dos partidos por cargos soa do tamanho de um mosquito, pequeno, mas que também causa doenças
Escolhido o novo ministro dos Transportes depois de um longo período de "cozimento" do PR pela presidente Dilma Rousseff, é o PMDB que volta a balançar dentro da base governista. Um foco de incêndio vem do Senado, da ala mais aliada à presidente Dilma, o grupo encabeçado pelo ex-presidente da Casa José Sarney, e envolve uma comissão que vira e mexe dá problema, a Mista de Orçamento. A presidência do colegiado foi prometida no final do ano passado ao senador Lobão Filho, do PMDB do Maranhão. Os senadores do PT não aceitam porque consideram que é a sua vez de presidir a CMO. Para completar, Lobão Filho é suplente e, baseado nisso, muitos consideram que ele não teria condições de presidir uma comissão, embora a suplência garanta o pleno exercício do mandato.
Os senadores do PMDB ocuparam a relatoria da CMO no ano passado, quando o indicado foi Romero Jucá, ex-líder do governo. Os petistas da Câmara ficaram com a presidência, para a qual indicaram o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Sendo assim, os petistas do Senado consideram que chegou a hora de inverter: um senador petista deve ser indicado para a presidência e, nesse caso, a relatoria ficaria com a Câmara - com que partido, os deputados que se entendam. Os senadores do PT, leia-se Wellington Dias, do Piauí; Jorge Viana, do Acre; Humberto Costa, de Pernambuco, e outros, cerram fileiras em favor da nomeação do senador Valter Pinheiro (PT-BA).
Enquanto a briga segue seu curso, o serviço vai se acumulando na gaveta. São mais de 30 projetos de créditos suplementares que ainda não foram votados, e, no momento, não têm sequer o colegiado formado para apreciá-los. (A comissão mista do ano passado foi extinta com a nova sessão legislativa e este ano ainda não foi recriada). Enquanto o presidente do Senado, Renan Calheiros, não conseguir arbitrar essa disputa, será difícil fazer a comissão funcionar.
Enquanto isso, na guerra por outros cargos.
A presidência da Comissão Mista de Orçamento é apenas um dos pontos de atrito entre os partidos que apoiam a presidente Dilma. Ao lado desses problemas, virão outros muito, muito breve. E nem só PT e PMDB brigam por espaço, embora estejam sempre na primeira fila de reportagens sobre esse tema. O PCdoB, apesar de pequeno, pensa grande. Assim como os demais, deseja indicar diretores de agências reguladoras, área que a presidente Dilma Rousseff tenta manter distante das indicações partidárias, com cada vez mais dificuldade.
O retorno do grupo do presidente do PDT, Carlos Lupi, ao Ministério do Trabalho, funcionou como uma espécie de estouro de boiada nos bastidores. Todos que um dia sonhavam em adquirir algum espaço extra voltam à carga, alguns mais afoitos, outros mais discretos. No setor dos mais discretos, há uma disputa ainda velada entre PCdoB e PMDB pelas diretorias da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, há anos tenta emplacar diretores por ali, da mesma forma que o PCdoB, partido que apadrinhou a indicação da atual diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, depois que o ex-deputado Haroldo Lima (PCdoB-BA) encerrou seu mandato ali. A essa briga políticos peemedebistas atribuíram ontem a reportagem da revista Veja do último final de semana tentando colocar o senador Lobão Filho como personagem de uma antiga investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.
E no Ceará.
Hoje tem mais um capítulo de Dilma versus o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB. O terreno é o Ceará de Cid e Ciro Gomes, ora mais dilmista que o próprio PT, ora socialista. Diante desse pêndulo, Dilma, entretanto, deve levar a melhor porque deve atender parte dos pedidos dos agricultores da região que lutam contra a seca. Um deles é carro-pipa com volume de 40 mil litros de água em vez dos pequenos que não conseguem abastecer uma cidade inteira. A segunda é a anistia aos pequenos produtores que passam dificuldades. E, por último, vem a entrega do milho para alimentar o gado. A Conab diz que mandou, mas os produtores não receberam.
Para se ter uma idéia do problema, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) conta que 30% do rebanho cearense morreu de fome. "O estado produzia 2,4 milhões de litros de leite por dia. Caiu para 600 mil em função da seca", diz ele. É. Diante desses problemas reais, a briga dos partidos por cargos soa tão pequena. do tamanho de um mosquito. Talvez seja por isso que a presidente não tenha tanta paciência na hora de tratar dos temas mais afeitos ao desejo de poder dos congressistas. Mas nunca é demais lembrar que o mosquito, apesar de pequeno, também causa doenças.
Escolhido o novo ministro dos Transportes depois de um longo período de "cozimento" do PR pela presidente Dilma Rousseff, é o PMDB que volta a balançar dentro da base governista. Um foco de incêndio vem do Senado, da ala mais aliada à presidente Dilma, o grupo encabeçado pelo ex-presidente da Casa José Sarney, e envolve uma comissão que vira e mexe dá problema, a Mista de Orçamento. A presidência do colegiado foi prometida no final do ano passado ao senador Lobão Filho, do PMDB do Maranhão. Os senadores do PT não aceitam porque consideram que é a sua vez de presidir a CMO. Para completar, Lobão Filho é suplente e, baseado nisso, muitos consideram que ele não teria condições de presidir uma comissão, embora a suplência garanta o pleno exercício do mandato.
Os senadores do PMDB ocuparam a relatoria da CMO no ano passado, quando o indicado foi Romero Jucá, ex-líder do governo. Os petistas da Câmara ficaram com a presidência, para a qual indicaram o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Sendo assim, os petistas do Senado consideram que chegou a hora de inverter: um senador petista deve ser indicado para a presidência e, nesse caso, a relatoria ficaria com a Câmara - com que partido, os deputados que se entendam. Os senadores do PT, leia-se Wellington Dias, do Piauí; Jorge Viana, do Acre; Humberto Costa, de Pernambuco, e outros, cerram fileiras em favor da nomeação do senador Valter Pinheiro (PT-BA).
Enquanto a briga segue seu curso, o serviço vai se acumulando na gaveta. São mais de 30 projetos de créditos suplementares que ainda não foram votados, e, no momento, não têm sequer o colegiado formado para apreciá-los. (A comissão mista do ano passado foi extinta com a nova sessão legislativa e este ano ainda não foi recriada). Enquanto o presidente do Senado, Renan Calheiros, não conseguir arbitrar essa disputa, será difícil fazer a comissão funcionar.
Enquanto isso, na guerra por outros cargos.
A presidência da Comissão Mista de Orçamento é apenas um dos pontos de atrito entre os partidos que apoiam a presidente Dilma. Ao lado desses problemas, virão outros muito, muito breve. E nem só PT e PMDB brigam por espaço, embora estejam sempre na primeira fila de reportagens sobre esse tema. O PCdoB, apesar de pequeno, pensa grande. Assim como os demais, deseja indicar diretores de agências reguladoras, área que a presidente Dilma Rousseff tenta manter distante das indicações partidárias, com cada vez mais dificuldade.
O retorno do grupo do presidente do PDT, Carlos Lupi, ao Ministério do Trabalho, funcionou como uma espécie de estouro de boiada nos bastidores. Todos que um dia sonhavam em adquirir algum espaço extra voltam à carga, alguns mais afoitos, outros mais discretos. No setor dos mais discretos, há uma disputa ainda velada entre PCdoB e PMDB pelas diretorias da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, há anos tenta emplacar diretores por ali, da mesma forma que o PCdoB, partido que apadrinhou a indicação da atual diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, depois que o ex-deputado Haroldo Lima (PCdoB-BA) encerrou seu mandato ali. A essa briga políticos peemedebistas atribuíram ontem a reportagem da revista Veja do último final de semana tentando colocar o senador Lobão Filho como personagem de uma antiga investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.
E no Ceará.
Hoje tem mais um capítulo de Dilma versus o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB. O terreno é o Ceará de Cid e Ciro Gomes, ora mais dilmista que o próprio PT, ora socialista. Diante desse pêndulo, Dilma, entretanto, deve levar a melhor porque deve atender parte dos pedidos dos agricultores da região que lutam contra a seca. Um deles é carro-pipa com volume de 40 mil litros de água em vez dos pequenos que não conseguem abastecer uma cidade inteira. A segunda é a anistia aos pequenos produtores que passam dificuldades. E, por último, vem a entrega do milho para alimentar o gado. A Conab diz que mandou, mas os produtores não receberam.
Para se ter uma idéia do problema, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) conta que 30% do rebanho cearense morreu de fome. "O estado produzia 2,4 milhões de litros de leite por dia. Caiu para 600 mil em função da seca", diz ele. É. Diante desses problemas reais, a briga dos partidos por cargos soa tão pequena. do tamanho de um mosquito. Talvez seja por isso que a presidente não tenha tanta paciência na hora de tratar dos temas mais afeitos ao desejo de poder dos congressistas. Mas nunca é demais lembrar que o mosquito, apesar de pequeno, também causa doenças.
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