FOLHA DE SÃO PAULO - 13/09
BRASÍLIA - O Supremo parecia recuperado das crises, mas teve uma recaída ontem, com um novo bate-boca entre o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski e uma pitada adequada de ironia por parte de Gilmar Mendes.
Segundo ele, citar entrevista de delegado a jornal em favor do réu, como fez Lewandowski, é bastante "heterodoxo". Ao que o relator reagiu: para ele, o próprio julgamento do mensalão não está sendo "dos mais ortodoxos". Uma crítica e tanto, que macula o processo.
Esse clima beligerante, com troca de ironias e acusações -ou "jogo de intrigas", como acusou Joaquim- tende a piorar quanto mais o julgamento avança, a tendência de condenações em massa se confirma, José Dirceu e José Genoino jogam a toalha e o mensalão entra definitivamente na campanha mais nervosa do país, a de São Paulo.
Como previsto, o julgamento e a eleição estão se entrelaçando. Mas as campanhas parecem tatear no escuro, pois não dá para saber ainda qual o potencial de estrago dos esquemas descritos no STF na disposição dos eleitores.
É mais razoável atribuir o fraco desempenho do PT em Recife e Belo Horizonte, por exemplo, à força dos padrinhos locais -Eduardo Campos (PSB) numa e Aécio Neves (PSDB) na outra- do que ao desgaste causado pelo mensalão em disputas com características tão peculiares como as municipais. São Paulo, porém, sempre foge aos padrões.
Com o E.T. Russomanno cristalizado na dianteira, Serra e Haddad disputam palmo a palmo quem vai para o segundo turno e entram no vale-tudo. Nesse contexto, o mensalão cai como uma luva para os ataques tucanos, mas há enormes riscos: em vez de se beneficiar, Serra pode estar reforçando o desgaste mútuo do PT e do PSDB e, assim, favorecendo indiretamente Russomanno, o "novo". Afinal, o mensalão não é exclusividade do PT.
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