O Estado de S.Paulo - 02/09
O novo paradigma estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal para condenação por crimes de corrupção produziu nos políticos, especialmente petistas, reação que vai da perplexidade ao lamento pelo que consideraram um julgamento "muito duro" dos juízes. Todos, sem exceção, parecem incrédulos com a perspectiva de prisão do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha em quem, em maior ou menor grau, se veem.
Nem bem se refaziam do revés da tese da inexistência do mensalão, foram levados a uma compulsória reflexão sobre a vida depois do julgamento. Afinal, se for concedida uma verdade entre tantas negações do ex-presidente Lula, esta é a de que o caixa 2 - que o tribunal recusou como linha de defesa - é prática quase geral.
Assim como as negociatas disfarçadas de programas de governo, o uso de servidores públicos para ações políticas marginais, o fim do ato de ofício como prova indispensável - mensagens claras do Judiciário para os que se dispuserem, daqui em diante, a espoliar o Estado. E o temor maior: a aplicação desses princípios a malfeitos já consumados, ou em curso, de impossível reversão, alguns ainda por serem descobertos.
Ainda na fase inicial do julgamento, pela primeira vez admitem fazer andar a reforma política, pelo menos quanto à moralização do financiamento de campanhas - não por virtude, mas por juízo.
Há nas manifestações desses políticos a tradução de um sentimento de solidariedade produzida pela culpa, em relação ao ex-colega, cujas práticas, comuns à maioria, não eram vistas como nada demais, tinham a cumplicidade geral e, por essa lógica deformada, não deveriam dar causa a sentença "tão dura".
Boicote nas ruas
A queda do candidato do partido no Recife já produz uma guerra interna no PT. No alto escalão, há quem atribua ao atual prefeito, João da Costa (PT) - impedido de tentar a reeleição -, o mau desempenho de Humberto Costa (PT) nas pesquisas. Depois de vetada sua candidatura, João da Costa é acusado de relaxar a administração, sustando benfeitorias e piorando os serviços à população, como a coleta de lixo nas ruas. E servidores da prefeitura estariam fazendo campanha para Geraldo Júlio (PSB), candidato do governador Eduardo Campos. Já Humberto Costa aposta nas visitas de Lula e Dilma Rousseff à cidade para subir nas pesquisas. Lula prometeu ir na segunda quinzena de setembro. Dilma ficou de dar resposta depois do dia 7.
Mais um
A Mesa da Câmara decide esta semana se abre processo contra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), flagrado nos grampos da Operação Monte Carlo. O corregedor, Eduardo da Fonte (PP-PE), quer o processo por quebra de decoro, que pode levar à cassação do mandato.Efeito Cachoeira
Alvo da CPI do Cachoeira, o governador Marconi Perillo (PSDB) não vai gravar declaração de apoio no horário eleitoral ao seu candidato à prefeitura de Goiânia, Jovair Arantes (PTB), para não piorar sua situação nas pesquisas, que já é péssima: ele tem 8% das intenções de voto, 26 pontos atrás do atual prefeito que disputa a reeleição, Paulo Garcia (PT), com 34%.
Chapa dos sonhos
O desenho do PMDB para a Mesa Diretora do Senado no próximo biênio prevê Renan Calheiros (AL) na presidência e o ex-líder do governo, Romero Jucá (RR), na segunda vice-presidência. Eunício Oliveira (CE) substituiria Renan como líder da bancada, Vital do Rêgo Filho (PB) presidiria a Comissão de Constituição e Justiça e Eduardo Braga (AM) continuaria na liderança do governo. Só falta combinar com os russos.
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