sexta-feira, maio 18, 2012

Falta um motorista ou uma secretária para reavivar a CPI - FERNANDO RODRIGUES


FOLHA DE SP - 18/05


Ainda é cedo para prever o desfecho da CPI do Cachoeira. Mas a investigação acumula sinais de que pode ter final melancólico.

A regra de ouro numa CPI é simples: quando muita gente precisa ser investigada, ninguém o será. Os extremos se anulam. Forma-se um cenário similar ao de antigos filmes de faroeste: pistoleiros na taberna se olhando, em silêncio, sem que ninguém tenha coragem para sacar a arma do coldre.

O caso dos governadores de Estado que não serão convocados nem convidados a depor é o exemplo dessa situação. "Não convoque o meu que eu então convocarei o seu" foi o tom das declarações nos últimos dias entre oposição e situação. Ninguém foi chamado.

A partir de agora, há duas hipóteses principais para incendiar a CPI e ampliar o escopo dos trabalhos. Primeiro, a descoberta (improvável, mas não impossível) de alguma prova contundente no material já coletado pela Polícia Federal sobre as atividades de Carlinhos Cachoeira.

A outra possibilidade é o depoimento revelador de dentro do esquema. Um motorista, uma secretária, um contador. Alguém que se sinta pressionado e resolva testemunhar sobre as operações de Cachoeira e suas relações com o poder.

Tanto a prova material como o depoimento de algum desafeto são fatos imponderáveis. Nas CPIs mais rumorosas dos últimos 20 anos as provas testemunhais foram vitais.

Fernando Collor de Mello em 1992 viu sua condição de presidente ameaçada quando um de seus irmãos, Pedro Collor, deu uma entrevista.

No caso dos Anões do Orçamento, em 1993, vários deputados foram cassados porque uma testemunha presa contou como eram desviadas as verbas públicas.

No governo de Fernando Henrique Cardoso, só não houve uma CPI para apurar a compra de votos a favor da emenda da reeleição, em 1997, porque o governo distribuiu cargos e nenhum dos envolvidos aceitou contar o que sabia.

À época, o então deputado federal Delfim Netto brincou: "Nunca vi ganhar um boi para entrar e uma boiada para sair".

Sob Luiz Inácio Lula da Silva, a CPI do Mensalão prosperou porque um dos participantes do esquema revelou publicamente o que se passava -Roberto Jefferson, em entrevista à Folha.

Agora, o roteiro é semelhante. A CPI do Cachoeira é uma investigação em busca de uma prova ou testemunha.

Um comentário:

Anônimo disse...

PIZZA NA CPI DO CACHOEIRA - SABOR VERGONHA !