FOLHA DE SP - 30/04/12
O PIB ao longo de 2011 evoluiu a um ritmo médio inferior a 1,5% ao ano -o resultado na comparação com 2010 foi maior, de 2,7%, em razão da inércia herdada do final de um ciclo de boom. Um efeito mais estatístico que real.
As expectativas de que a velocidade voltasse a aumentar sensivelmente no primeiro trimestre de 2012 foram frustradas. A crer nas estimativas de bancos e consultorias, o nível da produção está menos de 2% acima do patamar de um ano atrás.
E, no entanto, muita coisa se move por baixo dessa camada de estagnação. Os dados mais frescos do desemprego, divulgados pelo IBGE no final da semana passada, continuam a demonstrar pujança.
Mas a taxa de desocupação subiu de fevereiro para março, dirá o leitor atento ao noticiário. De fato -e sobe sempre, ou quase sempre, nesse período do ano. O índice de 6,2% de desempregados, contudo, é o mais baixo da série, inaugurada em 2002, para o mês de março.
Além disso, o salário do trabalhador continua subindo. A renda média, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, cresceu 5,6% acima da inflação em um ano. A massa salarial, soma dos rendimentos dos trabalhadores, bateu a inflação em 7% na mesma comparação.
O desempenho da renda e do emprego não deixa o consumo esmorecer. O nível de vendas do varejo no primeiro bimestre de 2012 subiu 8,7%, no cotejo anual.
Esse ritmo chinês na demanda dos consumidores convive, porém, com um vagar europeu na indústria de transformação e com o esmagamento das margens de renda de muitas empresas brasileiras.
É um arranjo cujo potencial de fazer deslanchar o PIB pode ter se esgotado.
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