FOLHA DE SP - 30/01/12
SÃO PAULO - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a desconcertar a praça na semana passada. Ao explicar as razões que levaram a instituição a baixar novamente a taxa básica de juros neste mês, ele avisou que o país terá em breve juros de um dígito.
Vai demorar até que isso faça alguma diferença para quem vive pendurado no cheque especial e vê a fatura do cartão de crédito engordar todo mês. Mas a novidade provocou alarido em bancos e consultorias pagos para decifrar os comunicados do BC e adivinhar o futuro.
Os analistas do mercado acham que o Banco Central comunica suas decisões de forma errática. Uma hora parece que Tombini está preocupado com a inflação e vai interromper a queda dos juros, como o BC sugeriu em dezembro. Outra hora ele indica o contrário, como na última semana.
Mas ninguém precisa saber o que é um modelo analítico estocástico bayesiano para descobrir de que lado Tombini está. Sob o seu comando, o BC está fazendo o que a presidente Dilma Rousseff espera que faça.
Dilma quer que a economia cresça com mais vigor neste ano e acha que a crise externa criou uma oportunidade para levar as taxas de juros do país a níveis civilizados. Se for preciso aceitar uma inflação um pouco maior para cumprir os dois objetivos, ninguém perderá o sono em Brasília.
Aos olhos de Dilma, Tombini sempre pareceu o homem certo para a missão. Em 2008, quando Henrique Meirelles presidia o BC, a instituição reagiu à eclosão da crise internacional seguindo o manual e subiu os juros. Tombini, que fazia parte da diretoria do banco, foi contra a medida.
Meirelles teve grande autonomia nos oito anos em que esteve à frente do Banco Central, porque poucos confiavam na capacidade do PT de conduzir a economia. Esse medo passou. Tombini ganhou a confiança dos petistas porque trabalha com discrição e em sintonia com Dilma. Seu futuro depende mais disso do que da boa vontade do mercado.
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