O dia seguinte
Renata Lo Prete
Folha de S.Paulo - 23/08/2010
A perspectiva de revés nacional e de transformação do Estado de São Paulo numa espécie de enclave azul no país vermelho alimenta nos bastidores especulações sobre a eleição para prefeito da capital em 2012. Há quem veja o próprio José Serra concorrendo de novo ao posto que ocupou de 2005 a 2006, mas aliados próximos acham difícil que ele considere a hipótese.
Há um cenário em que Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab superam o trauma de 2008 e lançam um candidato comum. Em outro, rompe-se o consórcio PSDB-DEM, mas disso as duas partes têm medo: é consenso que o PT estará forte e o grupo hoje no poder não tem um nome natural para a sucessão de Kassab.
Caciques 1Para haver entendimento entre Alckmin e Kassab, o escolhido precisará ter bom trânsito com ambos. Isso reduz as chances dos postulantes tucanos Walter Feldman (próximo do atual prefeito) e Andrea Matarazzo (para lá de distante).
Caciques 2
A lista de possíveis candidatos inclui ainda o vice da chapa de Alckmin, Guilherme Afif (DEM), mas há quem diga que essa carta será colocada na mesa apenas para ser trocada por outra mais adiante.
Conta outra
Tucanos e demos não levam a sério a ideia de que Aloizio Mercadante terá a primazia da candidatura do PT em 2012. Apostam que, tudo o mais constante, sua adversária será Marta Suplicy.
Para registroSem prejuízo de desentendimentos que tiveram no passado, Serra não tem reparos a fazer ao comportamento de Alckmin diante das dificuldades que enfrenta na campanha presidencial. Pelo contrário.
Ver para crerSão Lula nunca fez milagres eleitorais em São Paulo, mas, diante da avalanche que se desenha nacionalmente, há quem tema pela segurança do favoritismo de Alckmin.
Mais ninguémReceosa de que sua liderança folgada nas pesquisas puxe o gatilho das especulações sobre ocupação de cargos no próximo governo, Dilma Rousseff (PT) mandou avisar que, além dela mesma, somente três pessoas falam em nome da sua campanha: José Eduardo Dutra, Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo.
Energético 1Candidatos do PT ao Senado terão o reforço de cerca de 200 prefeitos conhecidos pela capacidade de mobilização. O grupo havia sido convocado originalmente para puxar votos para candidatos a governador. Mas a largada bem-sucedida de Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Hélio Costa (PMDB-MG), Jaques Wagner (PT-BA) e Tarso Genro (PT-RS) mudou o foco do projeto.
Energético 2Batizada de "Envelope dois", a rede de prefeitos lulistas começou a ser costurada pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, há mais de dois anos.
SoloEm terceiro lugar na disputa por uma vaga do Senado em Minas, o petista Fernando Pimentel faz uma campanha um tanto descolada da dupla Hélio Costa-Patrus Ananias, que concorre ao governo do Estado. A despeito de suas conhecidas diferenças com ambos, Pimentel alega que o distanciamento é tático: "No interior, se chego junto com a chapa majoritária, eu desapareço."
PancakeCandidato ao Senado pelo Paraná, o ex-governador Roberto Requião (PMDB) tem chamado a atenção pela maquiagem carregada, tanto na televisão quanto em eventos públicos.
Tiroteio
"As rodovias federais administradas pelo PT são criminosas. Nelas, o pedágio não tapa buracos nem evita mortes terríveis. O dinheiro do usuário pega algum desvio"
DE ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB), candidato a uma vaga no Senado por São Paulo, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "roubo" as tarifas cobradas nos pedágios das rodovias paulistas
contraponto
Crise de amnésia
Encerrado o debate da Band no Distrito Federal, na semana passada, Joaquim Roriz (PSC) foi abordado por jornalistas para falar sobre o mensalão candango, que no início do ano derrubou José Roberto Arruda.
-Começou no seu governo, não foi?
-Brasília começou no governo Juscelino- respondeu o ex-governador, como quem desse uma aula.
-Estou falando do mensalão- insistiu o repórter.
-Mas mensalão foi do Lula...- reagiu Roriz, para em seguida acrescentar que "não sabia de nada".
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