segunda-feira, agosto 23, 2010

LUIZ ANTONIO SANTINI

Mais chances

 Luiz Antonio Santini
O Globo - 23/08/2010
 
 Nos últimos sete anos, os transplantes de medula óssea cresceram 57,51% no Brasil. O Ministério da Saúde investiu R$ 673 milhões no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). O Registro é a estratégia mais eficaz para encurtar a fila para esse tipo de transplante, à medida que aproxima o doador de medula e seu receptor, quando este não pode ser encontrado dentro da própria família. O acesso ao Redome é simples, pode ser feito pelo próprio médico.
Hoje, há 1.200 pessoas aguardando por um doador compatível, depois de esgotadas as chances de encontrar a medula óssea entre parentes. Mas não se pode chamar isso de fila porque não há uma ordem de chegada os transplantes são realizados à medida que os doadores compatíveis são localizados no Redome. Anualmente, são realizados cerca de 1.800 transplantes no país uns 150 entre não aparentados.

A busca por um doador compatível de medula óssea por meio do Redome, que já foi de um ano, fica hoje em torno de quatro a seis meses, período semelhante ao registrado nos EUA, por exemplo. O Redome, que tinha apenas 12 mil doadores no ano 2000, passou a ter 1,7 milhão de doadores em 2010, atrás apenas dos EUA e da Alemanha. O crescimento do cadastro possibilitou o aumento de 240% do número de transplantes de medula entre não aparentados, no período de 2003 a 2009. Isso porque a busca para esse tipo de transplante é feita prioritariamente no registro nacional, podendo ser realizada no exterior também. A quantidade de doadores em potencial cresceu em razão de campanhas de sensibilização. Como a chance de se encontrar um doador não aparentado é de uma em cem mil, houve mobilização.
O aumento dos transplantes no Brasil incluiu as três modalidades realizadas: os autólogos (quando as células são retiradas do próprio paciente), os aparentados (quando as células são retiradas de pessoas da mesma família) e os não aparentados (células doadas por pessoas fora da família).
Para aumentar ainda mais as chances de encontrar doador compatível, desde 2004, o Ministério da Saúde criou a Rede BrasilCord, que está implantando bancos públicos de sangue de cordão umbilical e placentário em todas as regiões do país. Hoje, existem nove bancos em diversas regiões do país para contemplar a diversidade genética da população. A coleta, o processamento e o armazenamento são totalmente financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A meta é chegar a 13 bancos públicos de sangue de cordão umbilical até o ano que vem. Com essas iniciativas e investimentos de porte do Ministério da Saúde, eleva-se a chance e também a esperança para quem aguarda um transplante de medula óssea atualmente no Brasil.

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