sábado, abril 17, 2010

PAINEL DA FOLHA

A agonia de Ciro
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10

Ciro Gomes (PSB) aparece pela primeira vez numericamente atrás de Marina Silva (PV) no exato momento em que seu partido busca um discurso que lhe sirva como porta de saída. Os 9% registrados no Datafolha indicam desidratação terminal do deputado, que hoje teria algo próximo a 12 milhões de votos, bem menos do que os "15 milhões de brasileiros" que ele invocou em inflamado artigo anteontem. Na virada do ano, sua fatia era de 17 a 20 milhões.
O paradoxo é que, ainda de acordo com o Datafolha, a vantagem de José Serra (PSDB) sobre Dilma Rousseff (PT) sobe para 12 pontos quando ele é retirado da cédula. Mas, a esta altura, esse dado não parece suficiente para lhe garantir a sobrevivência.


Espelho. De um dirigente do PSB sobre o inflamado artigo de Ciro cobrando apoio do partido: "Ele é o Marcelo Dourado da política", numa referência ao briguento vencedor do último "BBB".
No tribunal. A campanha de José Serra entrou ontem na Justiça Eleitoral contra o evento realizado para a candidatura de Dilma no sábado em que o tucano foi lançado em Brasília. A ação inclui Lula, a ex-ministra e as centrais sindicais que promoveram o ato no ABC paulista.
Para o mato. Em entrevista a uma emissora de rádio em Maceió, Serra escapou da milésima pergunta sobre Lula x FHC com a seguinte tirada: "Eu quero dizer que o Cleiton Xavier, aqui de São José da Tapera, é hoje o melhor jogador do meu Palmeiras!".
De cima... Para assegurar palanques ao aliado Serra, o PPS decidiu que qualquer aliança regional com partidos que não PSDB ou DEM terão de passar pelo crivo da direção nacional.
...para baixo. A determinação atinge Estados como Tocantins, onde o PPS pretende se aliar a Carlos Henrique Gaguim (PMDB), candidato à reeleição, e Mato Grosso, onde o partido quer apoiar Mauro Mendes (PSB). Se Espírito Santo e Bahia fecharem, como prometem, com Ricardo Ferraço e Geddel Vieira Lima, do PMDB, devem sofrer intervenção.
Palanque. Quase três semanas depois de ter se desincompatibilizado, Dilma ainda é destaque no site da Casa Civil. Na página inicial há um link para o áudio de seu discurso de despedida, com a chamada: "No nosso governo, o povo não é coadjuvante." E outro para a versão em texto, com a explicação: "Ela deixa o cargo para disputar as eleições presidenciais de 2010".
Nem aí 1. O presidente da Comissão de Orçamento da Câmara, deputado Waldemir Moka, utilizou toda a estrutura da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (incluindo site e canal de TV institucionais) para fazer campanha antecipada de sua candidatura ao Senado. Ele já havia utilizado dinheiro da Câmara para pagar folhetos com instruções de voto.
Nem aí 2. A acusação de campanha antecipada foi feita pelo Ministério Público Federal contra o deputado, um deputado estadual e o diretório local do PMDB. O TRE rejeitou a representação, alegando que as fitas do evento não foram decupadas, mas o MPF já trabalha no material para entrar com recurso. O evento ocorreu no ano passado.
Prancheta 1. Pesquisa realizada pelo instituto Consult na Paraíba, cujos resultados serão publicados amanhã, iniciou o questionário perguntando se a vida do entrevistado "melhorou no último ano". Trata-se do período em que o Estado passou a ser governado por José Maranhão (PMDB) após a cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB).
Prancheta 2. Após essa pergunta foi feita a da intenção de voto estimulada, com "Zé Maranhão" abrindo a relação de nomes apresentada ao entrevistado.

com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS
Tiroteio 
Mercadante se comporta como candidato kamikaze. Diferentemente de quem ficou marcado por dossiês aloprados, Serra deixou o Palácio dos Bandeirantes com ampla aprovação. 

Do deputado MENDES THAME, presidente do PSDB-SP, sobre o petista, que apontou "falta de investimentos" na gestão do tucano, durante a qual, segundo o senador, houve "poucos avanços".
Contraponto 
Serviços gerais Cotado para disputar o Senado pelo PSDB, Aloysio Nunes Ferreira conversava com aliados sobre as dificuldades mais frequentes numa campanha eleitoral quando alguém lhe sugeriu "montar um comitê enorme, vistoso".
-Bobagem... candidato raramente pisa no comitê- rebateu o ex-chefe da Casa Civil de José Serra.
Os interlocutores quiseram saber mais, e então Aloysio lembrou que, certa vez, quando fazia campanha para deputado pelo interior do Estado, um eleitor irrompeu no comitê de surpresa. O tucano fez questão de dar atenção e perguntou se ele precisava de ajuda. Ouviu a resposta:
-Sim, preciso de ajuda porque meu carro quebrou...

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