sábado, janeiro 02, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Patamar da taxa Selic será a grande dúvida deste ano

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/01/10


O futuro da taxa básica de juros da economia brasileira será a grande incógnita de 2010. Enquanto os analistas mais otimistas esperam uma Selic de 10% no final do ano, os pessimistas apostam numa taxa de 11,5%. Hoje, os juros estão em 8,75% ao ano.
Outros indicadores da economia para o final deste ano, como a velocidade de crescimento do PIB, o patamar do câmbio e a taxa de inflação, estão praticamente dentro de um consenso entre os analistas ouvidos pela
Folha (veja quadro).
O que irá determinar o futuro da Selic será a velocidade de crescimento da economia, que será puxada pelo consumo.
"Um ajuste na Selic será necessário para segurar a pressão da inflação no final do ano", de acordo com Bernardo Wjuniski, economista da Tendências Consultoria.
Já a MCM Consultores prevê que os juros irão começar a subir em julho. "Acreditamos que o Banco Central tenha de fazer um aperto mais forte no segundo semestre", afirma Leandro Padulla, economista da MCM.
Por outro lado, os preços administrados devem ajudar a segurar a inflação, associado ao câmbio mais baixo, acredita Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.
As projeções para o câmbio no final deste ano indicam um dólar a R$ 1,70, R$ 1,75, sem muita variação em relação à atual cotação. Wjuniski, porém, acredita que no meio do caminho o dólar possa sentir o reflexo da eleição presidencial.
"Depois de março, o dólar irá apresentar uma valorização por conta da tensão pré-eleitoral. O pico deve chegar a R$ 1,90 entre setembro e outubro." Porém, diz ele, como a entrada de capital deve continuar se acentuando, a cotação deve voltar a cair no final do ano.
As estimativas para o crescimento do PIB são bem favoráveis para 2010. Como a ociosidade da indústria está diminuindo e o crédito está melhorando para as empresas, os investimentos devem se recuperar. "O investimento vai saltar de uma queda de 10% em 2009 para uma alta de 20% em 2010", diz Borges, da LCA.
O principal fator que vai puxar a expansão do PIB será o consumo, devido à recuperação do mercado de trabalho e à renda elevada, diz Wjuniski, da Tendências Consultoria.

"Um ajuste na Selic será necessário para segurar a pressão da inflação no final de 2010"
BERNARDO WJUNISKI
economista da Tendências Consultoria

EFEITO ESTUFA NA BOLSA
Depois de lançar o Índice Carbono Eficiente, juntamente com o BNDES, na COP-15, conferência das Nações Unidas para mudanças climáticas, em Copenhague, em dezembro, Sônia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&FBovespa, prepara-se para entrar em contato com empresas e especialistas neste mês.
A ideia é apresentar a metodologia, colher impressões e, eventualmente, aprimorar o indicador. Estruturado a partir do IBrX-50, índice com as 50 ações mais líquidas da Bolsa, o Carbono Eficiente será ponderado pelo inventário das emissões de gases de efeito estufa das companhias.
Companhias com maior eficiência em emissões, em relação às demais da carteira, tenderão a aumentar seu peso no novo indicador, na comparação com sua participação no IBrX-50.
"O índice tem poder indutor", acredita Favaretto. "Estimulará as empresas brasileiras de capital aberto mais líquidas a mensurarem e gerirem suas emissões. Sem inventário, não se sabe quanto diminui-las para mitigar a mudança climática", afirma a diretora.
Cerca de 14 das 50 empresas do IBrX-50 já fazem inventário das emissões, mas com escopos e metodologias diferentes, de acordo com ela.
"De forma compartilhada com o mercado, vamos alinhar isso", diz Favaretto, que vê no índice a oportunidade de dar informações transparentes a investidores sensíveis às questões ambientais.

Livro relata trajetória e atuação do Cade

A trajetória e a atuação do Cade devem ser um exemplo para outras agências regulatórias do país, defende Pedro Dutra, advogado especialista em concorrência e professor da FGV. Ele acaba de lançar o livro "Conversando com o Cade" (editora Singular, 288 págs.), no qual apresenta entrevistas com 23 ex-conselheiros do órgão que relembram casos célebres e as decisões tomadas.
Na opinião de Dutra, destacam-se, dessas histórias, a independência e a transparência da autarquia. "A própria lei que a criou já é muito boa, pois lhe permite atuar de forma aberta à sociedade. As reuniões são públicas e as indicações para o conselho são técnicas e não políticas", diz. "Aí reside uma enorme diferença em relação às demais entidades de regulação. Cidadãos deveriam cobrar que o modelo fosse copiado."
O livro também mostra como o Cade foi evoluindo e ganhando importância. "Hoje todo empresário que pensa em fusão ou aquisição vai consultar o órgão antes." O que falta, diz, é melhorar a estrutura, aumentando verba disponível e número de funcionários.

LIGAÇÃO 1
A 3G Americas, associação que representa a indústria de telefonia móvel nas Américas, encerrou o ano de 2009 com um crescimento mundial das tecnologias 3G na casa dos 380% em assinaturas de banda larga móvel. O número representa cerca de 9,4 milhões de novos clientes que passaram a fazer uso da tecnologia de terceira geração, que alcançou a marca dos 12 milhões de usuários.

LIGAÇÃO 2
Com 4 bilhões de assinaturas no mundo, a tecnologia GSM (de celulares com chip), da qual 3G é uma evolução, tem 89,5% de participação de mercado, com serviços em 860 redes, presente em 220 países. Segundo a 3G Americas, na América Latina e no Caribe esse índice é maior. Cerca de 90% das assinaturas de telefonia móvel da região são da família GSM, o que representa 448 milhões de assinaturas.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e DENYSE GODOY

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