O EFEITO POLÍTICO mais importante da ilustrada e ilustrativa presença do governador José Roberto Arruda no novo mensalão é o seu reflexo, direto e traumático, no esquema previsto pelo PSDB para disputar a sucessão presidencial. Há mais de cinco anos José Serra desenvolve um trabalho de atração do PFL, lá atrás, hoje DEM. Essa investida não lhe custou pouco, inclusive dentro do PSDB, com a repulsa à relevância dada ao pefelista/demista como vice-prefeito e, nos últimos tempos, com os indícios de disposição de fazer o mesmo Gilberto Kassab seu sucessor no governo paulista. Daí vem, aliás, uma das causas mais sérias do racha na bancada peessedebista na Câmara, que mal supera a cisão para dar ares de vida. O menor dos êxitos esperáveis por Serra nessa investida seria o apoio, em âmbito nacional, do enfraquecido mas bem organizado DEM. A rigor, os demistas já vinham e vêm condenados a apoiar um candidato do PSDB, por falta de alternativa entre as possibilidades de candidaturas de razoável viabilidade. À parte tal circunstância, a estratégia de Serra deu o resultado que ele poderia esperar. E foi além, de fato. No desempenho bem conceituado de José Roberto Arruda como governador do Distrito Federal, Serra e os demistas encontraram uma perspectiva nova e comum, por motivos diferentes, aos dois lados. O DEM obteve, com a valorização de Arruda, um motivo para exigir de Serra e do PSDB uma compensação por seu apoio: a vice, na chapa presidencial, para o seu único governador. Serra, de seu lado, na lista de estudos para a vice incluiu, em condições especiais, uma figura que, ao fortalecimento da aliança, traria um suporte eleitoral expressivo na Brasília tão adversa à sua candidatura. O estrelato de José Roberto Arruda nos vídeos da bandidagem política reabre a vaga mais proeminente nas considerações de Serra para a sua possível chapa. E o desastre nem se limita a esse rombo. Arruda enfraqueceu muito o apoio eleitoral do DEM, ao presentear os candidatos e partidos contrários com uma arma eficaz contra os demistas: a figura mais eminente que construíram para as próximas eleições, no plano local como no federal, só pode ser candidato aos votos de uma sentença criminal.
Continuidade Se nem desta vez, em que está explicitamente comprometido, as investigações policiais se voltarem para o ex-governador Joaquim Roriz, assim mantendo a prática de uns 20 anos e apesar de tantas motivações evidentes, então é o caso de mudar-se a investigação: esta, para explicar por que, e como, Roriz é tão intocável. Mesmo que essa investigação fique para depois das eleições em que, outra vez, ele se lança candidato ao governo do DF. Como sucessor de Arruda, o que é uma garantia da continuidade que, segundo Lula, todas as eleições devem proporcionar.
Perfeito Fraude em concurso para perito policial.
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