quarta-feira, setembro 02, 2009

PANORAMA POLÍTICO

Cristal trincado

Ilimar Franco
O Globo - 02/09/2009

O governador Sérgio Cabral levou, mas já não é mais o queridinho do Planalto. Os ministros dizem que ele “passou do ponto” e que pegou mal ter chegado atrasado à cerimônia do pré-sal, ao lado de José Serra (SP) e Paulo Hartung (ES). O presidente Lula também não gostou do tom de Cabral no domingo à noite. No governo, avaliam que, se o governador não mudar a modulação, vai unir os demais estados contra o Rio no Congresso

Serra não quer dar passo em falso

Pré-candidato à Presidência da República, o governador José Serra (SP) não quer cometer o mesmo erro de Lula, que em 94 atacou o Plano Real. Nem repetir Geraldo Alckmin, em 2006, que teve de vestirse com logos do Banco do Brasil, da Caixa e da Petrobras.

Ontem, nos eventos públicos dos quais participou, em São Paulo, evitou se pronunciar sobre a mudança do marco regulatório do petróleo.

No encontro com o presidente Lula, domingo à noite, para tratar da partilha do pré-sal com os estados produtores, Serra elogiou a criação do Fundo Social, que vai garantir benefícios às futuras gerações

Se os três (Cabral, Serra e Hartung) acham que são os Três Mosqueteiros, vão unir o resto do país contra eles” — Marcelo Déda, governador de Sergipe

REAÇÃO FEDERATIVA. Quando os governadores Sérgio Cabral, José Serra e Paulo Hartung entraram, atrasados, na cerimônia do pré-sal, o governador Cid Gomes (CE) levantou-se e foi embora.

Disse aos que estavam à sua volta: “Vocês três estavam lá fora conchavando, então vocês chegam e eu vou saindo”. Ontem, o troco. O presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), anunciou que vai propor projeto mudando a Lei de Royalties

Menos mal

A bancada do Rio aprova a indicação do líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), para a relatoria do marco regulatório do pré-sal. Alegam que ele é de um estado produtor de petróleo e, por isso, sensível às preocupações do Rio.

No limbo

O artigo 49 do projeto que institui a partilha no pré-sal foi incluído para evitar um vácuo jurídico. Mas, para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), foi um erro.

Agora, diz, basta tirá-lo do texto e o Rio ficará sem participação especial.

Quebra do monopólio teve debate prévio

A quebra do monopólio da exploração do petróleo, no governo Fernando Henrique, foi debatida antes de seu envio ao Congresso com as bancadas governistas. Em janeiro de1995, durante três dias, na sede da Escola de Administração Fazendária (Esaf), os ministros explicaram aos partidos as mudanças. Já a nova lei do petróleo, enviada ao Congresso em julho de 1996, não teve pedido de urgência, e sua aprovação levou oito meses. A oposição está com a razão

‘Cadê o meu dinheiro aí?’

Tem muita gente achando que o dinheiro do pré-sal é para já. O causo aconteceu no gabinete do ministro José Múcio (Relações Institucionais).

Ontem, ele recebeu a prefeita de Jupi, do Agreste pernambucano, Celina Tenório. Lá pelas tantas, começou a falar que o dinheiro do pré-sal ia para a educação e para o combate à pobreza e iria aumentar a parcela do FPM. Rápida no gatilho, Celina fulminou com a pergunta inevitável: “Já posso contar com esse dinheiro para este mês?”.

DEPOIS de ter flertado com vários partidos, dizem que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz anuncia hoje, em São Paulo, sua filiação ao PCdoB.

APENAS quatro municípios pediram ajuda à União para pagar o piso do magistério (R$ 950). “Era uma falsa questão”, resume o ministro Fernando Haddad (Educação), sobre a reação à implantação do piso

AVALIAÇÃO do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), sobre o debate do pré-sal: “A oposição bate de frente contra um muro. Eles defendem o quê? As empresas internacionais

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

Nenhum comentário: