domingo, setembro 27, 2009

CLÓVIS ROSSI

O novo mundo e nós

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/09/09



PITTSBURGH - Sou obrigado a voltar ao tema do descaso do Brasil para com assuntos internacionais. Brasil, nesse caso, somos todos, políticos, empresários, sindicalistas, acadêmicos, jornalistas, com as exceções de praxe.
Aliás, o governo é que não entra na lista porque até que faz a sua parte, graças a uma diplomacia qualificada e ao fato de os dois presidentes mais recentes se interessarem bastante pelo assunto. Falta uma estrutura de informação à altura do novo papel que o país vai assumindo, especialmente agora que o G20, de que o Brasil é sócio-fundador, passa a ser a primeira classe no voo da economia mundial para o século 21 (a grandiloquência não é minha, é do comunicado final de Pittsburgh). Vira covardia qualquer comparação entre o volume de informações sobre as posições do governo norte-americano (a respeito, aliás, de qualquer assunto) e o que o Itamaraty pode oferecer.
Haveria ao menos duas maneiras de suprir a carência oficial: que uma universidade brasileira imitasse a Universidade de Toronto, cujo Centro para Estudos Internacionais logo transformou o seu grupo específico para estudar o G8 em um braço mais amplo de modo a abraçar também o G20. Será que não dá para fazer algo parecido no Brasil?
Segundo ponto, o Congresso. Os Estados Unidos têm um excepcional Congressional Research Service, que produz dossiês da melhor qualidade e sem viés partidário sobre todos os temas da agenda norte-americana -e, por extensão, da agenda global, posto que os EUA têm interesses no mundo todo. Com a tonelada de funcionários que tem o Congresso brasileiro, será que suas excelências não poderiam alocar um punhado ao serviço da pátria em vez de usá-los para o serviço político-pessoal? OK, sou ingênuo, mas é sempre melhor do que ser conformista.

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