Nos corredores, figuras do governo falam com frieza ou sarcasmo das agruras de Dilma com Lina e Marina
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MARINA, LINA e Dilma, três meninas do Brasil, rendem uma rima toante algo imperfeita e mais conversas do que perguntas sobre projetos, reformas, leis, dinheiros e tecnicalidades na quarta-feira seca de Brasília, mais uma. Fica a impressão de que as políticas do governo até 2010 não passarão de um feijão com arroz frio, sem maiores pretensões, além de pechinchas nas discussões dos pleitos de empresários exportadores, parlamentares pedinchando emendas inúteis e ministros à cata de verba adicional e inexistente, os negócios de sempre. Mas impressiona mesmo é a frieza de várias personalidades do governo em relação ao dilema Dilma-Lina. Ou, mais notável, manifestações de moderada "Schadenfreude", de alegria, embora não muito discreta, com a desgraça alheia: com os tropeços da ministra da Casa Civil de Lula, que vive um agosto aziago. Parece que a incisiva Dilma Rousseff fez não poucos amigos da onça na Esplanada dos Ministérios. Não bastasse a Marina, agora tem a Lina, "filhas do destempero da Dilma", diz uma personagem da Esplanada (referência a provável defecção e à candidatura presidencial da senadora Marina Silva, ora PT, amanhã talvez PV). Outra figura oficial pergunta se os jornalistas têm como obter "fitas" (que teriam gravado a visita de Lina a Dilma): "Aí, ela fica frita no petróleo" (caso aparecessem tais imagens). Uma terceira alta personagem (são todos do governo, sim) diz que Lina é a gripe suína de Dilma e ri. Outro, que Guido Mantega ficou com "déficit de credibilidade" com Lula por tirar Jorge Rachid, antecessor de Lina, da Receita. Nenhuma novidade em nada disso -há maldades bem melhores sobre o caso. Interessa mais a nonchalance vingativa ou sarcasmo com que se fala da por ora ligeira desgraça de Dilma, em tese herdeira e conservadora da herança do petismo-lulismo. Além disso, faz-se de modo aberto o cálculo das novas probabilidades do sucesso da candidatura Dilma, dados a hipótese Marina, as peripécias da candidatura Ciro Gomes, ora de novo possível, o "timing" do lançamento (ou não?) da candidatura de José Serra. Para não falar de novos cálculos de recombinações políticas, "alianças", devidos aos estremecimentos recentes: Marina, Lina, Dilma, lama (no Senado) etc. Uma depois de outra, personagens do governo dizem o que já corria à bocarra grande entre jornalistas e outros interessados em política: que Dilma corre o risco de cair na "armadilha do caseiro", lembrança do caso Palocci. Como se recorda, então ministro da Fazenda, Antonio Palocci negava frequentar a casa do lobby da República de Ribeirão Preto e agregados. O caseiro Francenildo Costa, na bandeirinha, diz que viu o ministro fazer o pênalti. O sigilo do caseiro vazou de algum escaninho do governo; Palocci foi acusado pelo conjunto da obra e caiu. Lina Vieira, ex-secretária da Receita, disse o bastante para colocar Dilma Rousseff na berlinda, mas não o suficiente para ser acusada de caluniar a premiê de Lula. Ao negar o encontro com Lina, Dilma abriu, de graça, uma segunda frente de combate. Se aparecer um motorista, copeiro, motoboy, secretária etc. a dizer que Dilma viu a uva, ou a Lina, haverá encrenca, não importa o que tenham dito as duas.
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