TRÊS DESDOBRAMENTOS recentes na América Latina revelam o perigo da continuada desatenção dos EUA à região. O primeiro foi a conferência de cúpula anual entre os três líderes da América do Norte realizada em Guadalajara, México (Nafta). O segundo foi a reunião dos líderes sul-americanos em Quito, Equador (Unasul). O terceiro é a crise que continua em Honduras. A conferência de cúpula anual entre o presidente Felipe Calderón, o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro Stephen Harper não resultou em grandes novidades. Mas elas tampouco eram esperadas. No entanto, as questões em jogo continuam a ser muito contenciosas. Envolvem a disputa corrente sobre o acesso de caminhões mexicanos aos Estados Unidos, bloqueada devido à influência do sindicato dos caminhoneiros norte-americanos, o Teamsters. E também envolvem a contenciosa questão da imigração, no momento um assunto quente entre o Canadá e o México. Novas leis de imigração são essenciais, concordou o presidente Obama, mas alertou que não se deveria esperar novidades quanto a isso neste ano. A conferência de cúpula sul-americana no Equador foi mais contenciosa, ainda que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, não tenha comparecido. A controvérsia, no caso, girava em torno do acordo entre Estados Unidos e Colômbia que concede às Forças Armadas norte-americanas acesso a sete bases militares na Colômbia. O motivo original do arranjo foi o cancelamento de um tratado entre os EUA e o Equador, mas o presidente Hugo Chávez rompeu o protocolo e fez da questão uma séria queixa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou a ideia de uma nova conferência em Buenos Aires, que daria ao presidente Obama a oportunidade de defender o acordo entre Estados Unidos e Colômbia, algo que é bastante improvável que ele faça. Enquanto isso, a crise em Honduras continua. O presidente Obama declarou, na conferência de cúpula da Guadalajara, que "aqueles que argumentam em favor de maior envolvimento dos Estados Unidos em Honduras são os mesmos que se queixavam da intervenção norte-americana na América Latina". Bem, não exatamente. Os latino-americanos são unânimes em seu apoio a Manuel Zelaya, o presidente hondurenho derrubado. A vacilação de Washington agravou a situação em Honduras e permitiu que a política interna norte-americana influenciasse fortemente na situação. O governo dos Estados Unidos certamente enfrenta muitos problemas prementes, mas a falta de atenção à América Latina tem um preço. |
Um comentário:
Peraí, cara-pálida, os latino-americanos não são unânimes em seu apoio a Zelaya, não sei de onde saiu esse seu comentário. Há quem entenda, como eu, que Zelaya é que estava querendo fazer com Honduras o que Chavez está fazendo com a Venezuela, o que é muito ruim para Honduras. As instituições de Honduras (Congresso, Justiça e forças militares, juntas) retiraram Zelaya do poder e farão eleições ainda este ano para eleger um novo governo. Por favor, não emita sua opinião como se fosse a de todo o povo latino-americano. Há pelo menos um latino-americano - eu - que não concorda.
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