Em meio ao rame-rame da polarização Dilma-Serra e de tudo acontecendo e nada acontecendo na crise Sarney, a possível candidatura de Marina Silva à Presidência é uma lufada de novidade e animação. Mas vamos com calma. Se Marina for mesmo para o PV, se decidir mesmo virar candidata, se for mesmo capaz de reativar o "animus concorrendis" de Ciro Gomes, se conseguir mesmo levantar a paixão do eleitorado de norte a sul... ela pode mudar tudo. Mas são ressalvas demais, incompatíveis com o barulho. Por ora, a opção Marina só acende a luz amarela no campo governista e explode rojões no oposicionista, porque questiona o que parecia inquestionável: que a popularidade de Lula é igual a Dilma imbatível. Bastou um sopro para balançar essa fantasia. E, assim, o que o nome de Marina traz são racionalidade ao debate e dados de reflexão: 1) O tema emergente no cenário internacional, a sustentabilidade, pode finalmente chegar à campanha e à pauta no Brasil. 2) Marina saiu do governo por bater de frente com Dilma (ambiente versus obras) e tira votos dela, do PT e do governo no eleitorado. 3) Pode tirar também no PT, que se ressente da mão pesada e do excesso de pragmatismo de Lula, da ação política na contramão da sua história (ou discurso). Quantos petistas, no Congresso e na militância, não se sentem como Marina? 4) A possibilidade de novas candidaturas cresce, arejando a campanha e amenizando a perspectiva de luta livre. Mas a polarização Dilma-Serra continua. Com Marina, o que se discute é como (não com quem) será o segundo turno. Marina, do Acre, do PV, com a bandeira ambiental, tem tudo para repetir Cristovam Buarque, do DF, do PDT, com a bandeira da educação. Bonito, mas não para ganhar. É influir na rearrumação de forças, chegar com menos de 10% e garantir o segundo turno. Pouco? Não. Mas também não é tudo isso que andam dizendo por aí. |
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