domingo, agosto 16, 2009

PAINEL DA FOLHA

Lei da selva

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/08/09

Dirigentes nacionais do PT que conversaram com Marina Silva sobre sua iminente ida para o PV, partido pelo qual planeja se candidatar à Presidência, saíram convencidas de que, à parte gestos protocolares, os irmãos Jorge e Tião Viana não se esforçaram muito para dissuadir a senadora. Além de contingências locais, como a manutenção da hegemonia no Acre para o clã, antigas e novas mágoas com Lula e sua candidata, Dilma Rousseff, teriam ditado o deixa-sair.
Tião não esconde a decepção com o apoio da dupla a José Sarney na atual quadra e a ambiguidade com que se portaram na disputa pela presidência do Senado. Já Jorge tem dito a aliados que Dilma por mais de uma vez jogou contra seu ingresso no ministério.




Retrô. A onda no governo é qualificar Marina como "roda presa". Auxiliares do presidente apostam em carimbar na senadora o perfil de quem "faz as obras pararem", que lhe seria prejudicial na comparação com os "desenvolvimentistas" Serra e Dilma.

Fumaça. Quando alguém pergunta a Ciro Gomes como seria fazer campanha em São Paulo sem poder fumar, hábito arraigado do deputado, ele responde com crítica à draconiana legislação local. "É errado punir o dono do estabelecimento por falha do cliente", diz, já entrando no debate.

Parada técnica 1. Está com o petista gaúcho Marco Maia o requerimento de Ronaldo Caiado (DEM-GO) para ter acesso às fitas de vídeo e à lista de placas de carros que circularam no Planalto. Caiado busca evidências em favor da ex-secretária da Receita Lina Vieira, que afirma ter recebido de Dilma Rousseff, no palácio, um pedido para "agilizar" investigação sobre empresas da família Sarney.

Parada técnica 2. Como primeiro vice da Câmara, cabe a Maia encaminhar os requerimentos. Outros membros da Mesa apostam que ele vai esperar baixar a poeira para endereçar o pedido.

Ficha. Rodrigo Grassi, 30, estudante de pedagogia e líder do movimento "Fora Sarney" em Brasília, ocupa cargo de assessor parlamentar no gabinete da deputada distrital pelo PT Erika Kokay.

Bomba-relógio. A prioridade um do PC do B na CPI da Petrobras é postergar ao máximo e se possível impedir o depoimento de Victor Martins, diretor da ANP e irmão do ministro Franklin Martins (Comunicação Social).

Buraco do tatu. Técnicos da oposição se debruçam sobre os primeiros documentos enviados à CPI pelo Ministério da Fazenda e pelo Tribunal de Contas da União.

Estranho... José Antônio de Freitas, secretário de Finanças de Celso Pitta, tem prestado serviços informais à administração de Gilberto Kassab (DEM) -também ele com passagem pela gestão Pitta, na pasta do Planejamento. Há quem aposte num futuro posto para Freitas no primeiro escalão de Kassab.

...no ninho. A presença de Freitas é mais um fator a estressar o núcleo tucano da gestão Kassab, menos influente que no primeiro mandato. Em 1997, José Serra estava no Senado e bateu pesado no então secretário de Pitta na CPI dos Precatórios.

Fidelidade. Presidente do PTB de São Paulo, o deputado estadual Campos Machado aguarda resposta de consulta feita ao TRE sobre a possibilidade de lançamento de um cartão de crédito com a bandeira petebista. Uma parte das taxas recolhidas seria destinada ao caixa do partido.

Nunca é tarde. Os governadores de Estados onde estão os campos do pré-sal ainda não desistiram de negociar uma compensação para a ideia de não repartir os royalties nas áreas ainda por licitar. Querem arrancar de Lula uma solução mista.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Lula sempre tratou o Orçamento como peça política. Agora, quer tirar recursos de áreas essenciais para manter no ar a novela Dilma."

Do deputado RONALDO CAIADO , líder do DEM na Câmara, sobre o veto presidencial a artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias que limitava gastos com publicidade e diárias governo no ano eleitoral de 2010.

Contraponto

Café pequeno

Ao final de um jantar entre amigos, terça-feira passada no bairro paulistano dos Jardins, o garçom se aproximou da mesa para abrir o lacre que prendia à cadeira a bolsa de uma das comensais, procedimento de segurança adotado em muitos restaurantes da cidade.
O zelo com os pertences da clientela levou uma outra pessoa do grupo a brincar:
-Vai que tem algum senador por perto...
O garçom captou a alusão à série de escândalos em Brasília e procurou tranquilizar o cliente:
-Que nada, doutor! Carteira é pouco pra esse pessoal!


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