domingo, fevereiro 22, 2015

Brasília legal - ANA DUBEUX

CORREIO BRAZILIENSE - 22/02

A terra pública de Brasília sempre foi objeto de ganância. Cada pedacinho desse quadrado, seja em área rural, seja em área urbana, é disputado. Não sem razão, pois muitos enriqueceram plantando prédios, abrindo estradas, fincando cercas onde não deviam, demarcando terrenos que não lhes pertenciam. Tantos ganharam dinheiro, respeitando as leis; muitos outros ganharam ainda mais, passando por cima delas.

Os lobbies por mudanças de destinação de área, os planos urbanísticos que tentam destruir o planejamento da capital tombada, a grilagem. A pretexto de desenvolvê-la, ocupam seus generosos espaços livres para colher benefícios particulares.

Colocar um ponto final nessa longa trajetória de desmandos no uso e ocupação do solo em Brasília seria um belo recomeço às vésperas dos 55 anos da capital. Respeitar as leis e ocupar de forma lícita e racional as áreas da capital e suas adjacências seria um motivo a mais para nos orgulhar de viver aqui. Os moradores esperam ter razões para amar profundamente a sua cidade. Querem a capital das faixas de pedestres, do cinto de segurança, da qualidade de vida. Querem a Brasília dos ciclistas; do lago despoluído e livre de ameaças; da Esplanada sem a parafernália das propagandas e barracas de lona; Do Museu da República com um acervo rico e digno de se visitar.

Todos os dias, nós nos surpreendemos com céu esplendoroso, vegetação linda, gente criativa e notícia que nos faz cair o queixo. Não raro, essa notícia é paulada na autoestima da capital, que nasceu para ser grande e próspera, mas vive encolhida de vergonha. Não há limite para a ambição de ganhar dinheiro às custas de corrupção. Também não há limite na busca por razões para renovar a campanha por uma Brasília legal.

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