quinta-feira, abril 18, 2013

Jovens delinquentes - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 18/04

As crianças são más por natureza; às vezes, elas melhoram crescendo, pois a cultura pode civilizá-las


Na noite de terça-feira passada (dia 9), em São Paulo, Victor Hugo Deppman, estudante de 19 anos, foi assassinado. As câmeras mostram que ele entregou seu celular, e o assaltante o matou sem razão, com um tiro na cabeça.

O criminoso se entregou à polícia declarando que faltavam dois dias para ele completar 18 anos. Com isso, pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), aos 20 anos e 11 meses no máximo, ele voltará a circular. A gente não pode nem deixar anotado o nome do assassino, para mantê-lo afastado de nossas vidas futuras: por ele ser menor, seu anonimato é preservado.

É assim que protegemos o futuro do criminoso, para que, uma vez regenerado pela mágica de três anos de internação (alguém acredita?), ele possa facilmente reintegrar a sociedade e ser um cidadão exemplar, nosso vizinho.

Obviamente, nos últimos dias, multiplicaram-se os pedidos de revisão do próprio ECA. Marcos Augusto Gonçalves (na Folha de segunda) observou que, na boca dos políticos, esses pedidos escondem décadas de descaso em matéria de segurança pública. Concordo. Mas, como não sou político, não vou deixar de discutir, mais uma vez, o estatuto do menor.

Por exemplo, sou a favor de baixar a maioridade penal, drasticamente, como acontece no Reino Unido, no Canadá, na Austrália, na Índia, nos Estados Unidos etc. --sendo que, na maioria desses lugares, o juiz tem a autonomia para decidir por qual crime um menor de 12 ou dez anos será, eventualmente, julgado como adulto.

Hélio Schwartsman (na página 2 da Folha de sexta passada) aconselhou prudência: seria melhor não "legislar sob forte impacto emocional" e, sobretudo agora, confiar apenas nas "considerações racionais". Ele quase me convenceu, mas...

1) Penso isso há muito tempo.

2) Se deixássemos de agir sob impacto emocional, nunca nada mudaria. Por exemplo, o conselho de esperar para que as emoções esfriem é o argumento dos fabricantes de armas a cada vez que, nos EUA, um exterminador invade uma escola e o Congresso propõe leis de controle das armas. Os fabricantes de armas querem que esperemos para quê? Pois é, para que a gente se esqueça e se desmobilize.

3) Conheço só uma consideração racional a favor da maioridade penal aos 18 anos, e ela não é boa: o córtex pré-frontal (zona do cérebro que controla os impulsos) não está totalmente desenvolvido na infância e na adolescência.

Tudo bem, se aceitarmos essa consideração, deveríamos aumentar seriamente a maioridade penal, pois o córtex pré-frontal se desenvolve até os 25 anos ou além. Além disso, deveríamos julgar como menores todos os adultos impulsivos, que nunca desenvolveram um córtex pré-frontal "satisfatório".

4) As outras "considerações racionais" (que deveriam prevalecer sobre o impacto das emoções) são apenas disfarces de emoções especificamente modernas que, à força de serem compartilhadas, se tornaram chavões ideológicos.

Três deles são corolários de nossa "infantolatria", ou seja, da paixão narcisista que nos faz venerar crianças e jovens porque, graças a eles, esperamos continuar presentes no mundo depois de nossa morte.

Primeiro, queremos que as crianças nos apareçam como querubins felizes como nós nunca fomos e nunca seremos. Por isso, preferimos imaginar que os jovens sejam naturalmente bons. Quando eles forem maus, atribuímos a culpa à sociedade e a nós mesmos. Portanto, não podemos puni-los, mas devemos, isso sim, nos punir.

Tendo a pensar o contrário: as crianças podem ser simpáticas, mas são más (briguentas, possessivas, invejosas, mentirosas, ingratas etc.); às vezes, elas melhoram crescendo, ou seja, a cultura pode civilizá-las (ou piorá-las, claro).

Segundo, adoramos acreditar que sempre podemos mudar (para melhor, claro): apostamos que a liberdade do indivíduo permita qualquer reviravolta --até a salvação eterna pelo arrependimento na hora da morte. A possibilidade de os criminosos (ainda mais jovens) se redimirem confirma nossa crença querida.

Terceiro, acreditamos também na fábula da reciprocidade amorosa: quem ama será amado. Se forem bem tratados e se sentirem amados e respeitados, os jovens se emendarão. É só confiar neles, deixá-los impunes e lhes oferecer castiçais de prata, como o padre que presenteia Jean Valjean.

Meus amigos, "Les Misérables" é lindo e comovedor, mas é um romance, ok? Na outra noite, no bairro do Belém, teria sido melhor que aparecesse Javert.

Imagens - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S.Paulo - 18/04

Na investigação desse atentado em Boston a polícia e o FBI tem à sua disposição as imagens de dezenas de câmeras de circuito fechado dispostas em postes, frentes de lojas e portarias de edifícios ao longo do percurso da maratona. E contarão com as imagens gravadas nos celulares e câmeras portáteis de participantes e assistentes da maratona, num número incalculável. Talvez esta megacobertura não ajude em nada, mas o fato é que vivemos na era do registro universal, em que, pelo menos em tese, nenhum movimento do cidadão de uma cidade moderna deixa de ser captado ou - se for um criminoso - flagrado. Cheguei a imaginar como seria um filme que contasse a vida de algum representante da nossa espécie e da nossa época apenas através de registros selecionados, do teipe do seu parto, gravado pelo pai, através de todos os super-oitos da sua infância e juventude, até a gravação da sua posse como ministro ou do seu assalto a uma mercearia abanando para a câmera, a escolher.

Também se pode especular como teria sido a história do mundo se detalhes dos seus grandes momentos ou de suas passagens mais terríveis tivessem o escrutínio eletrônico de hoje. Na ausência da câmera onipresente os acontecimentos eram conhecidos por testemunhos pouco confiáveis, que transformavam banalidades em feitos heroicos e barbaridades em mitos. Hoje se sabe que o repúdio do público americano à guerra no Vietnã cresceu porque aquela foi a primeira guerra com cobertura instantânea da História, a primeira que não foi mostrada em filmes desatualizados mas gravada e despejada diariamente pela TV no tapete da sala. E não é preciso ir muito longe. Imagine se na tropa que acompanhava dom Pedro I às margens do Ipiranga houvesse uns quatro ou cinco celulares gravando tudo. A cena da proclamação da nossa independência certamente não seria tão retumbante. A cena retratada na pintura famosa é mais bonita, mas é falsa. Ou - para quem acha que entre o fato e a lenda se deve sempre publicar a lenda - é falsa, mas é mais bonita.

Crônica vovô. Tenho uma poltrona para ler os jornais, ver TV e, eventualmente, cochilar na sala. Tenho, não. Tinha. Nossa neta Lucinda descobriu que o melhor lugar para assistir a seus programas é a mesma poltrona. Não concorda que na poltrona, apertando um pouco, cabem dois. Só faz concessão na hora do Jornal Nacional, quando permite minha reintegração de posse. No resto do tempo a poltrona é dela, e meus protestos são recebidos com indiferença ou ironia. No outro dia, diante de mais uma reivindicação dos meus direitos, ela tapou a boca com a mão para eu não ouvir e disse: "Vovô pirou". Enfim, estou envolvido numa guerra por território, com poucas possibilidades de vitória.

Voltei! Pro funeral da Thatcher! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 18/04

Queria ter ido ao funeral da Margaret só pra gritar: "Viva Cristina Quiche! Abaixo o Laquê Bomba!"


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Voltei! Com a saúde recuperada total! Já posso rir. Já posso andar. Só não posso roubar. Ainda! Rarará!

E esta: "Quico do Chaves será embaixador de Porto Alegre na Copa do Mundo". Gentalha! Gentalha! Gentalha!

Já sei por que o Quico vai ser embaixador na Copa: porque ele usa bola quadrada. E o nosso futebol é uma bola quadrada! Rarará!

Funeral da Thatcher. Diz que tava cheio de argentinos! Rarará! Piada Pronta: "Funeral da Dama de Ferro faz a Disney adiar estreia de Homem de Ferro 3'".

E o epitáfio da Margaret Thatcher: "Essa sabia como tratar um argentino". Rarará!

E eu queria ter ido ao funeral da Thatcher só pra gritar: "Viva Cristina Quiche! Abaixo o Laquê Bomba!". A Margaret Thatcher foi inventora do laquê!

E eu acho que o funeral da Thatcher devia ter sido privatizado! E o laquê, estatizado!

E a Dama de Ferro era tão fofa que, durante a Guerra das Malvinas, a palavra que ela mais usava era: "Sink!". AFUNDEM!

E adorei a TV da Tailândia: pra noticiar a morte da Margaret Thatcher, eles mostraram a foto da Meryl Streep! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

E a Chavezuela? Ganhou o Professor Girafales! Maduro! Vitória apertada! Mais apertada do que as vitórias do Palmeiras na Libertadores. Mais apertada do que o jeans da Sabrina Sato!

Eu acho esse Maduro podre! O Maduro é muito tosco, e a oposição é muito Miami! E a cuíca vai roncar!

E os brasileiros torcem e discutem tanto a Venezuela. Parece que a Venezuela é um Estado brasileiro! Eu escrevi isso no Twitter e a esquerda e a direita acabaram comigo.

Por isso que não sou de esquerda nem de direita. Sou da cintura pra baixo. Rarará!

O Brasileiro é Cordial! Olha esta placa num ponto de ônibus no Rio: "Favor tomar banho antes de subir no ônibus". Também acho. Achamos!

E esta aqui perto do Mercadão de Madureira: "Não pinte nem cole cartaz nessa parede. Evite problemas. CAÇO ATÉ O INFERNO". Rarará! Pra se encontrar com a Margaret Thatcher? Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

"Cadê os médicos?" - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 18/04

A presidente Dilma deve fechar na próxima terça-feira, com a Frente Nacional de Prefeitos, o projeto para contratar médicos portugueses e espanhóis para atender nas periferias das grandes cidades e no interior. A proposta prevê contratos provisórios por três anos. Depois disso, os que quiserem ficar no Brasil farão o exame Revalida, como querem as entidades sindicais dos médicos.

Em compasso de espera
A escolha do candidato do PT ao governo paulista está vinculada ao cenário da eleição presidencial. Um petista resumiu os itens que serão avaliados no ano que vem. 1. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá chances de reeleição? 2. A presidente Dilma vai precisar de um candidato que largue com um patamar elevado nas pesquisas? 3. Qual a expectativa do eleitor? Ele vai votar para renovar como em 2012? 4. Qual a avaliação da gestão do prefeito Fernando Haddad? 5. Qual a postura de Alckmin? Fará uma campanha solteira, como já fez o tucano Aécio Neves (MG), na expectativa que Lula e Dilma não joguem pesado, ou vai vestir a camiseta tucana?

Ele é VIP
Cinco ministros foram convocados para a reunião de hoje entre a presidente Dilma e o prefeito Fernando Haddad, de São Paulo. Haddad vai apresentar o Plano de Metas de sua gestão, promover ajustes e acertar os ponteiros.

Pega! Pega!
Numa roda de parlamentares, após ler o relatório da MP dos Portos, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), relatou um diálogo duro com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), sobre as mudanças no texto. Disse que foi duas vezes governador e proclamou: "Esgotei minha conversa com a senhora".

O critério
Há petistas defendendo que seja mudado o critério, instituído pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), pelo qual o presidente da República escolhe o primeiro colocado da lista de candidatos à Procuradoria Geral da República.

O calcanhar de Dilma
A principal conclusão da pesquisa qualitativa, encomendada pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE), é que "a aprovação da (presidente) Dilma está firmemente assentada na satisfação das classes C, D e E". Isso se deve ao aumento da renda média deste contingente da população. E sentencia: "a crise econômica e inflação alta tornam vulnerável a aprovação da presidente".

"Vamos fugir! Pr"outro lugar, baby!"
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), temendo protestos, está evitando aeroportos e aviões de carreira. Está fazendo o percurso de Orlândia (SP) a Brasília de carro toda a semana. São 653 km.

A aposta
A governadora Roseana Sarney (PMDB) está exultante com a licitação da ANP para localizar gás de xisto. O Maranhão pode lucrar com três dos blocos que serão explorados: Pará-Maranhão, Barreirinhas (MA) e Parnaíba (PI).

O ministro Garibaldi Alves (Previdência) vai assinar acordo com a França, pelo qual 80 mil brasileiros que trabalham lá contem tempo de serviço aqui.

O Estatuto da Juventude, o adolescente de 29 anos e os “Sem Estatuto” - JOÃO BOSCO RABELLO

O ESTADÃO - 18/04

O Senado aprovou na noite desta terça-feira (16), um monstrengo intitulado Estatuto da Juventude, uma bíblia de privilégios para uma nova categoria social instituída pelo documento – os “jovens de até 29 anos”. Trata-se de estender a essa idade a adolescência, uma projeto surrealista que só pode ter motivação eleitoral.

O estatuto cria privilégios para um público que vai dos 15 aos 29 anos, calculado em 52 milhões de brasileiros. O Censo de 2010 do IBGE indicou 34 milhões de pessoas somente na faixa entre 20 e 29 anos. Entre as vantagens reservadas a esse público, estão a meia-entrada em eventos culturais e esportivos e assentos gratuitos em ônibus interestaduais, um socialismo de botequim com o chapéu alheio.

Numa demonstração de que eleição a qualquer custo ganha dimensões de patologia, os defensores da idéia, chegaram a segmentar a juventude em três categorias: “jovens-adolescentes” (15 a 18 anos), “jovens-jovens” (19 a 24 anos) e “jovens-adultos” (25 a 29 anos).

O mais impressionante é o registro solitário de um senador apenas, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), para algo tão esdrúxulo. O texto reproduz conteúdo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em tal proporção que fica clara a intenção única de apenas estender seu alcance até os 29 anos.

Ao abordar esse aspecto, o senador chamou a atenção para a fragilidade do documento, diante do ECA, considerado uma das legislações mais avançadas do mundo.

“Há um contraste entre a eloquência e o entusiasmo em torno desse texto, e a fraqueza e inanição de seus efeitos jurídicos concretos. Ele quase reproduz o Estatuto da Criança e do Adolescente, apenas estende a sua aplicação aos chamados jovens de 29 anos”, disse Aloysio.

O tucano reconheceu a necessidade do ECA, uma legislação voltada à tutela dos direitos das crianças e adolescentes, que são pessoas, essencialmente, em fase de formação, justificando, portanto, uma disciplina especial para evitar riscos e garantir correções adequadas à idade. Mas questionou um estatuto para pessoas de até 29 anos.

“O que justifica tratamento semelhante às pessoas de 18 a 29 anos, momento em que estão com a vida encaminhada ou buscando encaminha-la?” O tucano argumentou que aos 16 anos, a pessoa já pode votar, e aos 18 anos, é responsável penal, pode dirigir e até se eleger vereador. Arrematou com uma provocação: “E os que têm entre 30 e 59 anos, são os sem-estatuto?”

Vale lembrar que além das crianças e adolescentes, o Congresso também aprovou um estatuto específico para regular os direitos das pessoas com idade a partir de 60 anos, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).

A redundancia com o Estatuto da Criança e do Adolescente é tão evidente, que restou ao Estatuto da Juventude uma natureza meramente complementar. O senador Paulo Paim acrescentou um parágrafo ao texto final para ressaltar que o Estatuto da Juventude só será aplicado aos jovens de 15 a 18 anos em caráter suplementar.

“Aos adolescentes com idade entre 15 e 18 anos, aplica-se o ECA (Lei 8.069/90), e excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as normas de proteção integral do adolescente”, diz o texto aprovado no Senado.

“Não podemos dar qualquer margem a brechas que porventura permitam interpretações restritivas dos direitos e das peculiaridades próprios da adolescência”, justificou Paim, sobre o conflito com o ECA.

Outra polêmica , o pagamento de meia-entrada para eventos culturais e esportivos foi solucionada com medidas restritivas.

O estatuto ressalva que a meia-entrada para os “jovens de até 29 anos” não valerá para os eventos mundiais, como Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Certamente uma exceção feita à Fifa, cujo argumento para as exceções obtidas no Brasil é um só: a Copa do Mundo é um evento privado coordenado por uma instituição privada. Como, de resto, o mercado de entretenimento no país.

Os senadores amenizaram a concessão aprovando uma emenda da senadora Ana Amélia (PP-RS), instituindo uma cota máxima de 40% para a venda de meia-entrada.

A senadora leu no plenário uma carta da atriz Fernanda Montenegro, que interveio na discussão representando os artistas de teatro. Segundo ela, a meia-entrada representa, hoje, quase 90% da receita das bilheterias. A ampliação dessa venda inviabilizaria a atividade teatral, argumentou a atriz.

“A cota é fundamental para a economia da nossa área que sobrevive da receita do nosso trabalho”, escreveu Fernanda. “Não me peçam de graça a única coisa que eu tenho para vender que é o meu ofício”, concluiu, citando Cacilda Becker.

As mudanças introduzidas pelos senadores, como a cota para meia entrada, obrigarão a revisão da matéria na Câmara dos Deputados. Lá o texto será relatado pela líder do PCdoB, Manuela D’Ávila (RS), uma das inspiradoras da proposta, que deve ter retirado do baú de memórias de seu tempo de líder estudantil.

No ano passado, o tema foi abordado aqui no blog ( http://blogs.estadao.com.br/joao-bosco?s…), dando como improvável a aprovação do projeto, mas o Congresso Nacional é capaz ainda de surpreender, quando já se supunha esgotado o repertório de indiferenças com a sociedade. Além do mau uso do dinheiro público, agora mete a mão no bolso privado.

Cordão de isolamento - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 18/04

O ingresso de advogados ligados ao PT, como Alberto Toron e Celso Vilardi, na defesa de empresas investigadas na Operação Fratelli se justifica pela preocupação com a presença de petistas no caso. Deflagrada em municípios do noroeste paulista, a operação apura desvios que podem chegar a R$ 1 bilhão. Além de Arlindo Chinaglia, as escutas citam deputados do PT e ao menos um ministro de Dilma Rousseff. Há negociações de emendas nas pastas de Turismo e Cidades.

Sucessão 1 Interlocutores do Planalto afirmam que Rodrigo Janot, primeiro colocado na lista tríplice do Ministério Púbico, será indicado por Dilma como novo procurador-geral da República.

Sucessão 2 Janot era o candidato favorito do governo por ter perfil "menos gurgelista", mas a preferência não foi revelada para não levar à união dos adversários.

Escala Guido Mantega, que estava em São Paulo, foi chamado pela presidente para reunião em Brasília ontem, horas antes da reunião do Copom que aumentou em 0,25 ponto percentual a taxa Selic. Depois, o titular da Fazenda voltou a São Paulo, de onde embarcou para Nova York.

PhD Aliados de Eduardo Campos ironizavam ontem as novas críticas de Ciro Gomes à pré-candidatura do governador à Presidência. "Tendo passado por uns 15 partidos, a começar da Arena, não achar nenhum bom deve ser problema dele", fulminou um dirigente do PSB.

Chimarrão Será em 14 de maio a terceira caravana de Lula celebrando dez anos de governo do PT, em Porto Alegre. Dilma confirmou presença. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e o assessor Marco Aurélio Garcia serão os conferencistas.

Juntos Deputados do PSD fizeram chegar ao QG de Geraldo Alckmin que a bancada paulista da sigla poderá sofrer quatro baixas para o "Mobilização Democrática". O governador receberá hoje a cúpula estadual da nova sigla.

Precedente Nas conversas após a derrota de anteontem, Andrea Matarazzo citou os ex-tucanos Eduardo Paes (Rio) e Gustavo Fruet (Curitiba). "Só chegaram à prefeitura porque saíram do PSDB."

Para depois Em meio à polêmica sobre a criação de novos tribunais regionais federais, Renan Calheiros (PMDB-AL) quer que a decisão sobre a promulgação ou não da PEC seja dividida com a Mesa do Congresso. Renan alega que há divergência entre o texto aprovado na Câmara e a versão do Senado.

Faca... Em conversa com Michel Temer e Edison Lobão (Minas e Energia), Dilma demonstrou preocupação com a CPI da Petrobras. Com apoio do PMDB, a Câmara discutirá a abertura da comissão na semana que vem.

... no pescoço Diante do cenário, petistas avisaram que Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional da estatal e indicado pelo PMDB, será investigado. Peemedebistas argumentam que o foco da CPI será Graça Foster, que acumula a diretoria.

Cabelo em pé Ante o impasse da MP dos Portos, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) brincou ontem com deputados catarinenses que estava "arrancando os cabelos" por causa de Eduardo Cunha. O líder do PMDB é visto pelo Planalto como principal obstáculo ao consenso no texto.

Na boa Fernando Haddad só foi ao encontro dos manifestantes que cercavam ontem a prefeitura porque sabia que não seria recebido com hostilidade. O ato era liderado por petistas dos movimentos de moradia com os quais já havia negociado durante a transição de governo.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Não entregarei a presidência do PTB a ninguém. Não abrirei mão de que Benito Gama cumpra o meu mandato."
DE ROBERTO JEFFERSON, afastado do comando da sigla para tratamento médico, sobre a pretensão do senador Gim Argello (DF) de assumir o posto.

contraponto


Quem matou?


Quando se dirigia a debate sobre a meia-entrada, anteontem, no Congresso, Manuela D'Ávila (PC do B-RS) recebeu mensagem de estudantes que conversavam com grupo de artistas, entre os quais Beatriz Segall. Um dos líderes disse, saudando a atriz da novela "Vale Tudo":

--Estamos aqui com quem matou Odete Roittman!

Chegando no encontro, a deputada noveleira corrigiu:

--Gente, vocês são jovens demais. Preciso esclarecer: Odete Roittman não cometeu o suicídio. Foi assassinada!

Na verdade, quem matou a vilã na trama de 1990 foi a personagem Leila, interpretada pela atriz Cássia Kiss.

Alta tensão - SONIA RACY

O ESTADÃO - 18/04

Nem bem havia terminado a confusão por causa da eleição do novo presidente do PSDB municipal de SP – com direito a PM e Guarda Civil – e tucanos já previam: a disputa pelo comando do diretório estadual também será tensa.

Embora Pedro Tobias seja candidato à reeleição, há forte movimentação pró-Duarte Nogueira – que tem apoio da bancada do PSDB em Brasília.

Tensão 2
Minutos depois de ter retirado sua candidatura, Andrea Matarazzo ligou para FHC.

Embora já passasse das 23h, tiveram longa conversa.

Estica e…
Sem considerar o resultado da reunião do Copom, o assunto no mercado financeiro era um só ontem: as declarações de Dilma sobre a taxa de juros tanto na sexta quanto na terça-feira.

A pergunta era: por que fazer isso em uma hora na qual Alexandre Tombini, do BC, tenta mostrar sua independência para poder, legitimamente, administrar expectativas?

…puxa
A resposta estaria na irritação da presidente com o fraco resultado das medidas tomadas pela Fazenda para aquecer a economia.

Alto integrante do mercado financeiro, aliás, comparou as ações a plásticas mal feitas. “Puxa daqui, não fica bom; puxa dali, tampouco dá resultado; e, assim, vai ficando cada vez… pior.”

O escolhido
Luíz Fïlíp acaba de ser efetivado na Filarmônica de Berlim – como primeiro-violinista.

Até hoje, nenhum brasileiro havia conseguido entrar na respeitada orquestra.

Telona
Paula Dip, autora do livro Para Sempre Teu, Caio F., focado em Caio Fernando Abreu, está finalizando roteiro sobre o dramaturgo e escritor.

O documentário será rodado em parceria com Cadé Salles.

Despedida
Depois de 50 anos, a Votorantim se despede, hoje, do prédio no número 254 da Praça Ramos de Azevedo.

Comprado pelo Estado por R$ 32,5 milhões, o imóvel estava quase vazio – com exceção da sala de Antônio Ermírio de Moraes, que abrigava, até ontem, objetos e quadros do empresário. Sob cuidados de sua fiel secretária, Valéria Tulini.

Se a moda…
Muito se fala sobre a demora do STF em finalizar o mensalão. Poucos lembram que outro tema polêmico, a reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ainda não chegou ao fim.

Julgado em 2009, até hoje o processo tem embargos pendentes – e as normas para demarcação não foram postas em prática.

…pega
E mais: com a aposentadoria de Ayres Britto, o caso ficou sem relator. A indefinição trava a resolução de conflitos em todo o País.

Fé e ciência
O bispo Rodovalho falará pela primeira vez, em Manaus, sobre seu novo livro – que trata de fé e… física quântica. Com direito a show, hoje, e palestra, amanhã.

Detalhe: todos os ingressos já foram vendidos.

Cena urbana
Moradores de rua resolveram transformar agências do Itaú e do Santander, na Avenida Paulista, em dormitório.

Ontem pela manhã, seis deles dormiam junto aos caixas eletrônicos – sob o olhar curioso de pedestres e correntistas.

Na frente
Terry O’Neill estará hoje no coquetel de abertura de sua exposição de fotografias Rockstars. Parceria do Shopping Cidade Jardim (onde acontece a mostra) com a Galeria Lume.

A SescTV lança hoje a série Arquiteturas, com direção de Paulo Markun e Sérgio Roizenblit. Na Pompeia.

Ingrid Guimarães, Marcelo Faria, Gustavo Machado e Aline Fanju estreiam Razões Para Ser Bonita. Amanhã, no Frei Caneca.

Lilian Pacce comemora, hoje, 5 anos de seu site. Na sede do AfroReggae, localizada no morro do Cantagalo, Rio.

E Carlos Slim entregou, pessoalmente, prêmio de R$ 100 mil à carioca DNDi, semana passada, no México. A entidade acaba de criar novo medicamento que pode ser a cura para a Doença de Chagas – mal que mais mata no continente americano.

'DUAS LAMBIDAS' NO CINEMA DE SÃO PAULO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 18/04

"Mais duas lambidas e esse projeto estará pronto", anunciou o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, à plateia formada pelos principais cineastas de SP que se reuniram anteontem com ele e o prefeito Fernando Haddad para discutir a criação de uma agência de cinema, a SP Cine.

O órgão deve atuar em produção, difusão e formação. "A cidade está madura para ser uma plataforma internacional de audiovisual. Cabe aqui um grande festival. Vamos instalar dez cinemas na periferia. Talvez a prefeitura se transforme no maior exibidor do município." Segue Ferreira: "Se o Rio é uma cidade mais atiçada, SP é tímida. A cidade não pode estar de lado com o Brasil. Nem precisa sufocar o país".

Haddad concordou. "SP tem que se reconciliar com si mesma e com o Brasil". "É a Revolução de 32...", brincou Ferreira. "Quem sabe em breve poderemos finalmente dar o nome de Getúlio Vargas para alguma coisa", completou Haddad, provocando risos.

O prefeito revelou que o governador Geraldo Alckmin quer participar das políticas de audiovisual da cidade. "Vamos deixar para discutir nossas divergências nos 60 dias de eleição. Agora, podemos trabalhar juntos."

Em cartaz com o filme "Uma História de Amor e Fúria", Luiz Bolognesi disse que o audiovisual é "o grande instrumento de poder que pode fornecer novos repertórios para um pensamento crítico". Só assim seria possível confrontar "esse fundamentalismo que ameaça transformar o Brasil numa teocracia. A gente reclama da mídia que fabrica o mensalão. O Jornal Nacional' não é a verdade, é uma versão dela".

O anfitrião, Toni Venturi, observou que SP tem "o maior mercado de salas e bilheterias, emissoras, distribuidoras, produtoras. A agência trará sinergia".

O cineasta Hector Babenco também discursou. "A gente tem que se valorizar. Eu fico lendo barbaridades nos jornais, como a informação de que o Rio pagará R$ 10 milhões para o Woody Allen filmar lá. Eu vou pagar o dote para a minha filha casar? Hoje aqui está surgindo um pensamento grande. E nós temos que corresponder a ele."

PEDRA DURA
Sinal amarelo no setor nacional de cimento: as vendas do produto para o mercado interno caíram 8,3% em março, em relação a igual período de 2012. As quedas maiores foram registradas nos Estados do Sul e do Sudeste.

PEDRA
Já as exportações caíram 53% em relação ao mesmo período de 2012.

CIMENTO
O escritório de advocacia de João Grandino Rodas, reitor da USP, está sendo investigado pelo Ministério Público por causa de supostas irregularidades na reforma de um imóvel no Jardim Paulista. Segundo a denúncia, a obra desobedece ao projeto aprovado pela prefeitura e irá adaptar a casa, que fica em área exclusivamente residencial, para uso comercial.

AREIA
Procurado pela Folha, Rodas afirmou, via e-mail, que "o imóvel está sendo construído de acordo com a planta aprovada pela prefeitura, Condephaat [conselho estadual do patrimônio] e outros órgãos competentes".

SIMONINHA SOCIAL
Wilson Simoninha fará dois shows no Auditório Ibirapuera nos dias 10 e 11 de maio, para lançar o CD "Alta Fidelidade". A cada ingresso vendido, o cantor destinará R$ 2 ao Programa Conexões Juventudes, que atua na formação de jovens em situação de vulnerabilidade.

HERMANOS
A Embratur lança hoje promoção no Facebook direcionada a Uruguai, México, Argentina e Chile para atrair turistas para a Copa das Confederações. Serão sorteados ingressos para a final, no Maracanã, e passeios pelo Rio. Mais de 2 milhões de pessoas dos quatro países vêm ao Brasil por ano --ou 30% do total de visitantes estrangeiros.

VERDE E AMARELO
Gal Costa, Claudia Leitte e Tulipa Ruiz vão se apresentar em 12 de julho, dia dedicado ao Brasil, no Festival de Jazz de Montreux.

A programação será anunciada hoje, na Suíça.

CURTO-CIRCUITO
Paula Pedroso inaugura hoje, em São Paulo, seu novo escritório de comunicação. A partir das 19h, na rua Francisco Leitão, 653.

O Prêmio Leão Verde Social, que vai premiar ideias de comunicação, recebe inscrições até 28 de abril.

Abre hoje e vai até 25 de abril a venda de assinaturas para a série Safira da Orquestra Sinfônica Brasileira, na Sala São Paulo.

A marca de camisetas Huck lança hoje estampas sobre índios. Parte da renda irá para tribos do Xingu.

Subir juros para crescer - ZEINA LATIF

O ESTADÃO - 18/04

Assim como na medicina, recomendações de política econômica dependem do diagnóstico do comportamento da economia. Não é tarefa simples acertar. Com a complicação de que o diagnóstico tende a ser influenciado pela corrente de pensamento do analista.

Tem havido importante divergência entre analistas na explicação do baixo crescimento e da alta inflação em 2012, de 0,9% e 5,8%, respectivamente, enquanto as médias de Chile, Colômbia, Peru e México tiveram comportamento inverso, 5,9% e 2,5%, apesar de terem sentido igualmente o impacto do quadro externo. Na comparação com o mundo, o quadro não é alentador: o crescimento do Brasil descolou-se da média mundial em magnitude só vista em 1999, com a crise cambial, e em 2003, ressaca do difícil final de 2002. E o diferencial da inflação também aumentou em relação ao padrão recente.

Na visão que denomino "oficial", o País foi afetado por muitos choques adversos, como clima, novas regulações e crise na Argentina. Superados os choques e considerando estímulos governamentais ainda a se materializar, já estaria contratado um balanço entre inflação e crescimento muito melhor para 2013. Contabilizam-se só os choques adversos, esquecendo os positivos que ajudaram a manter a inflação dentro da meta, como a desinflação mundial, a queda do peso dos itens de serviço no cálculo do IPCA e isenções tributárias.

Na visão "de mercado", a explicação está nos erros de gestão da política econômica, num contexto de redução do potencial de crescimento do País, em razão da ausência de reformas que promovam ganhos de produtividade, como as da década passada. Imensos estímulos fiscais, creditícios e monetários geraram excesso de demanda e sobreaquecimento do mercado de trabalho, causando pressão inflacionária. A inflação já estaria atrapalhando o crescimento, por causa de pressões de custos, incluindo os serviços, e ajustes salariais acima do crescimento da produtividade, o que corrói margens de lucro, afetando decisões de produção e investimento. Assim, as políticas de incentivo já estariam sendo contraproducentes.

Divergências de opiniões fazem parte do jogo. Ruim é o clima "nós contra eles", não havendo esforço de diálogo.

Para superar as diferenças, é crucial compreender a natureza do processo inflacionário, qualquer que seja a ideologia do analista, utilizando instrumentos estatísticos e econométricos adequados.

É esclarecedor analisar a relação entre a inflação e a utilização dos fatores de produção capital e trabalho, como indicador do excesso de demanda. As medidas e testes estatísticos deixam claro que a reduzida ociosidade na economia, apesar do baixo crescimento do PIB, é variável-chave para explicar a dinâmica inflacionária. Mesmo a vilã inflação de alimentos é bastante influenciada pelo grau de ociosidade da economia, não sendo meramente fruto de choques, e ainda ela contamina a inflação dos demais produtos. Considerando os dados mais recentes, os modelos sugerem ainda que há maior rigidez da inflação, bem como maior repasse da alta do dólar e de preços internacionais. A baixa ociosidade da economia parece estar potencializando o efeito de choques, cuja superação tende a ser mais lenta por causa da maior memória inflacionária.

Os sinais adicionais de enfraquecimento da economia não devem ser vistos como a solução do problema inflacionário. Ao contrário, o enfraquecimento é em boa parte consequência da inflação mais alta, que corrói margens das empresas e já afeta o setor de serviços, que sofre as fracas encomendas da indústria e o aumento de custos acima dos ganhos decrescentes de produtividade do setor. Não combater a inflação seria um caminho em que os excessos se corrigem, mas da forma ruim, com queda de salários reais e potencial de crescimento. Seria a trajetória da estagflação.

Crer que a suposta volta dos investimentos ocorrerá na quantidade e velocidade necessárias para trazer a inflação para mais próximo da meta não encontra respaldo nas evidências e é arriscado, considerando que a inflação já está muito elevada. A defesa do imobilismo baseado em crenças de que o ineditismo do quadro internacional quebrou todos os paradigmas preocupa. Afirmar que a teoria econômica atual não funciona não é menos arrogante que afirmar que ela funciona sempre.

É crucial que a política macro seja posta nos trilhos, incluindo a alta da Selic, pois a política monetária está acomodativa. Melhor ainda se houver contribuição da política fiscal e de crédito.

O custo em termos de emprego seria minimizado, até no curto prazo, pois o mercado de trabalho está sobreaquecido e a inflação prejudica o crescimento. Reancorar as expectativas inflacionárias e reequilibrar o crescimento dos custos ao da produtividade contribuiriam para recuperar margens das empresas, com repercussões positivas sobre produção e investimento.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 18/04

BNDES EMPRESTOU MENOS AO RIO NO 1º TRIMESTRE
Desembolsos ao estado se descolaram da média nacional. Telecom recebeu menos recursos; indústria levou mais

Caíram 15% os desembolsos do BNDES para projetos empresariais do Rio no primeiro trimestre deste ano. O banco destinou, até março, R$ 2,065 bilhões ao estado, contra R$ 2,429 bi, um ano antes (veja o quadro). O número de operações também diminuiu: de 10.294 para 9.095, entre um ano e outro. O mercado fluminense descolou da média do país, onde os desembolsos saltaram 51,8% e as operações, 11,1%. Boa parte da queda dos desembolsos no Rio tem a ver com o setor de telecomunicações. No início de 2012, por exemplo, o banco comprou R$ 300 milhões em debêntures da Oi. Os empréstimos para infraestrutura, onde ficam as teles, caíram à metade este ano. Os desembolsos para a indústria, contudo, cresceram 53%. Em três meses, somaram R$ 833 milhões.

INVERNO EM ARARAS
A D. Factor, grife feminina, apresenta campanha do outono-inverno hoje. Um sítio em Araras (RJ) serviu de cenário para as fotos de Alessandra Medeiros. 1sis Martins e Cassiana Medeiros posaram. As imagens vão circular na internet e compor lookbook. A marca espera vender 30% mais.

BARRA FLORIPA
A Sol da Barra, de moda praia, fotografou em praias de Florianópolis (SC) a coleção 2013 de sua linha f~tness. Lança catálogo na semana que vem. A modelo Nathalia Meintanis foi fotografada por Giovanna Curi. As imagens vão circular também na web. A meta é elevar em 30% as vendas este ano.

Maçã
Nos corredores do varejo, comenta-se que a Apple assinou com o Village Mall. O shopping da Barra vai mesmo abrigar a primeira Apple Store do Brasil. A empresa não confirma.

Sem fé
Ontem, a vinte minutos do encerramento das apostas para Mega-Sena acumulada de R$ 37 milhões, a lotérica Divina Sorte, no Centro, não tinha fila. Ou o carioca perdeu a fé na sorte ou a inflação levou o dinheiro.

Fatura
A Secretaria municipal de Fazenda do Rio firmou novo contrato de arrecadação com a Febraban. Com o uso de meios eletrônicos de pagamento, a prefeitura vai economizar R$ 1 milhão por ano em tarifas. Em 2012, foram pagos 7,66 milhões de documentos em 12 bancos. O acordo sai hoje no DO.

De carro
O Riosul fechou pacote de promoções com a Citroën. Vai sortear nove carros da marca até o fim do ano, num investimento de R$ 900 mil. O 19, um DS5, sai no Dia das Mães. Depois, virão Dia dos Namorados e dos Pais. Seis ficarão para o Natal.

Sede
A Água Schin, da Brasil Kirin, registrou alta de 8% nas vendas no 19 trimestre deste ano. Até dezembro, a marca patrocina 80 eventos esportivos, entre eles, a Corrida de São Silvestre (SP).

Inovação
A Faperj divulga hoje a lista dos 78 projetos selecionados em edital de apoio à inovação tecnológica. Vão receber, ao todo, R$ 16 milhões. São R$ 6 milhões a mais que o previsto inicialmente. Foram apresentadas 423 propostas.

Quem vem
Um grupo de 45 empresários e políticos de Hessen, na Alemanha, estará amanhã no início das obras da fábrica da
B Braum, em São Gonçalo. No Rio, terão encontros com Petrobras e Fiocruz. A Câmara Brasil-Alemanha promove.

Às compras
A Apex-Brasil estima em R$ 25 milhões o total de transações em mil rodadas de negócios de compradores estrangeiros na APAS 2013.O evento é em maio. Virão 70 gringos.

Livre Mercado
0 Rei dos Quadros abriu loja em Campo Grande. 1nvestimento de R$1,3 milhão, é a maior das 31 da rede. Tem 1.300 metros quadrados.

A Oi inaugura hoje, no Shopping Leblon, sua 18 loja conceito no Rio. A operadora já tem uma em SP.

A The Bakers prevê alta de 50% nas vendas para o Dia das Mães 2013.

A Codin representa o Rio em seminário de capacitação em atração de investimentos, hoje e amanhã, no Palácio Guanabara. Participam 24 estados.

Chama-se Paulo Alonso, não Afonso, o coordenador-executivo do Prominp e assessor da Petrobras.

CANÇAO DA COPA
A Garoto, de chocolates, estreia promoção nas redes sociais hoje. Convida internautas a inscreverem músicas para a Copa Garoto. Cada letra deverá ter 11 de 30 palavras indicadas pela marca. Michel Teló vai gravar as três finalistas. De votação popular na web sairá a vencedora, a ser gravada também pelo cantor. 0 prêmio máximo é de R$ 30 mil.

No trilho
A SuperVia recebe hoje o segundo lote de 1.700 toneladas de novos trilhos. A Trilhos Ferroviários, de Embu das Artes (SP), forneceu as peças. A concessionária vai investir R$ 6,2 milhões para renovar 30 quilômetros de malha. Nos próximos três anos, vai substituir 200 quilômetros.

Leitura
A Harlequin Brasil fechou parceria com o site Kobo, de venda de e-books e e-readers. A editora, hoje, publica 110 títulos digitais e em papel. Até o fim do ano, espera dobrar o catálogo digital e elevar em 36% o físico.

Por esporte
A Liga Retrô, especializada em réplicas de camisas históricas de times, planeja chegar a dezembro com 35 lojas. No início do ano, tinha 12 unidades. Petrópolis (RJ), Ribeirão Preto (SP) e Goiânia ganharão filiais. A rede espera faturar R$ 7 milhões em 2013, alta de 25%.

Hospital
A Unimed Volta Redonda amplia o hospital da rede no município. A unidade ganhará 50 novos leitos, passando a 122 no total.
O projeto prevê investimento de R$ 3,6 milhões. Só com as obras, serão criados cem empregos diretos. 

EM REFORMA
A Ancar vanhoe investe R$ 30 milhões na 14 revitalização do Boulevard Rio Shopping (antigo Iguatemi), em Vila 1sabel. Começa pela substituição do mobiliário, em maio; e termina, em 2015, com a reforma da fachada. O projeto é de Paulo Baruki. Quem vai informar sobre as obras é a personagem Bel.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 18/04

Investimento oscila conforme preço do gás, diz entidade
O volume de investimentos e a balança de pagamentos no setor de vidro no Brasil estão alinhadas a um preço competitivo no mercado internacional, de acordo com um estudo feito pela UFRJ.

Os valores praticados em outros países não incluem o gás de xisto.

"Vários países têm preços mais competitivos que os do Brasil, como Turquia e México, onde o preço é de US$ 7 por milhão de BTUs. Aqui é de cerca de US$ 14", diz Lucien Belmonte, superintendente da Abividro. Cerca de 100% da indústria hoje usa gás natural.

Apesar da expectativa de empresas em relação à comercialização de gás no mercado livre, para a Abividro, essa possibilidade só será viável com a oferta de outras fontes além da Petrobras.

"Os benefícios da desoneração da energia estão sendo engolidos pelo aumento do custo da energia para o mercado livre", diz.

"Como as fontes de energia do sistema Eletrobrás foram direcionadas unicamente para os consumidores cativos, os grandes consumidores e o mercado livre como um todo estão sofrendo", acrescenta Belmonte.

REMÉDIOS BINACIONAIS
Um laboratório privado brasileiro e uma empresa argentina apresentaram ontem, para Alexandre Padilha, ministro da Saúde, um acordo para a construção de uma fábrica no Brasil.

O empreendimento para a produção nacional de sete medicamentos biológicos envolverá cerca de R$ 200 milhões, segundo o ministério.

A parceria prevê uma futura transferência de tecnologia para a produção dos remédios para um laboratório público nacional.

As empresas vão pleitear um financiamento do BNDES/Finep, programa lançado na semana passada.

Os biológicos são os medicamentos de tecnologia mais avançada no mercado.

CORRIDA LUCRATIVA
A Asics, marca esportiva japonesa, terá quatro novas lojas outlets (ponta de estoque) no país ainda neste ano. As unidades serão em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e em Novo Hamburgo (RS), todas próprias.

"O primeiro ponto será aberto em São Paulo, no mês que vem. No Rio e em Salvador, abriremos até o fim do ano. O de Novo Hamburgo, será inaugurado em agosto", diz Giovani Decker, presidente da Asics no Brasil.

Em 2012, a companhia cresceu 40% no mercado esportivo brasileiro ante 2011.

"O outlet possibilita minimizarmos as perdas na produção, além de comercializarmos saldos dos estoques", afirma Decker.

A venda de tênis para corrida representa 70% do faturamento da companhia, seguida dos acessórios para práticas esportivas (10%).

"A cada dia, mais pessoas aderem a corrida como um estilo de vida no Brasil. É um segmento que cresce cada vez mais e que deve dobrar nosso potencial nos próximos anos", diz o executivo.

Atualmente, as vendas em dois outlets da Asics, inaugurados no ano passado (Brasília e Contagem), representam 5% das vendas totais da marca. A expectativa é chegar a 10% com as quatro novas unidades.

4
outlets serão abertos pela Asics no Brasil ainda neste ano

10%
é quanto as vendas nas unidades deverão representar no faturamento da marca

40%
foi quanto a empresa cresceu no mercado brasileiro em 2012 ante o ano anterior

ESPORTE E ARTE
Incentivos esportivos e culturais são os benefícios menos oferecidos pelas empresas a seus funcionários, segundo um levantamento encomendado pelo Benefits Club, que presta serviços aos empregados e a companhias.

O estudo foi feito pela Hibou, especialista em pesquisas de consumo, com 384 pessoas no bairro Vila Olímpia, zona sul da capital paulista.

Apenas 8% e 6% dos funcionários, respectivamente, recebem esses incentivos. O vale-refeição fica no topo da pesquisa, 86%. Plano de saúde (73%) e vale-transporte (72%) vêm em seguida.

Ginástica laboral (6%), milhagem (6%), fretado (6%), cooperativa de crédito (1%) e plano odontológico (0) são outros benefícios pouco oferecidos pelas empresas.

DIREITO MINEIRO
Uma equipe de cinco estudantes da Faculdade de Direito da UFMG ficou em 13º lugar na Jessup, disputa internacional de Direito. A competição foi em Washington.

Alice Lopes, Bernardo Mageste, Bruno Biazatti, Fabiana Sales e Mariana Ferolla formaram o time.

No evento, os grupos representaram os lados opostos de contenciosos entre nações. O tema, neste ano, era uma situação fictícia, na qual um país é submerso pelo oceano.

Questões como o direito de asilo político dos habitantes e os débitos a serem pagos para outros governos foram discutidas pelos alunos.

Abastecimento... Em março, o litro do etanol subiu 2,18%, em média, e foi vendido por cerca de R$ 2,41, segundo a Ticket Car. A gasolina teve reajuste de 0,06%.

...de veículos São Paulo tem o litro de gasolina mais barato (R$ 2,81). No Acre, o consumidor paga R$ 3,34. O etanol só é mais vantajoso em São Paulo, Mato Grosso e Goiás.

Arrumar o futuro - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 18/04

É preciso colocar a economia em ordem, sem inflação, sem dívidas excessivas, abrir espaço para um futuro adequado


Tem jeito para tudo ou, vá lá, para quase tudo — é o que nos diz o FMI em seu último Panorama Econômico Mundial. Os alemães, por exemplo, dariam uma boa ajuda à Europa se gastassem mais, tanto as famílias quanto o governo. E deveriam gastar comprando coisas dos vizinhos em dificuldades, além de viajar para lá.

Já os franceses precisam trabalhar mais e economizar mais. Precisam também criar condições para isso, com uma boa reforma para aumentar a competitividade de seus produtos.

Italianos, portugueses e gregos não têm outro jeito senão prosseguir na austeridade para equilibrar dívidas públicas e privadas. Mas, cuidado. Excesso de austeridade pode matar.

Japoneses fizeram muito bem em iniciar políticas de estímulo ao consumo para sair da recessão. Uma "inflaçãozinha", uns 2% ao ano, seria boa ajuda para convencer as pessoas a gastar mais.

Mas o governo não pode se esquecer de que carrega uma dívida enorme que, em algum momento, terá de ser reduzida.

Isso também vale para os americanos. Tudo bem com a política de gastos agora, mas devem ao menos dizer quando voltam à austeridade para reequilibrar as finanças públicas.

Os emergentes fizeram um bom papel até aqui, mantendo um bom ritmo de crescimento, mas precisam voltar a cuidar dos fundamentos. Quais? Os clássicos: inflação baixa e estável, de menos de 3% ao ano, contas públicas equilibradas, dívida externa financiável.

E todos, literalmente, precisam fazer reformas estruturais. São de dois tipos. No primeiro grupo, estão as reformas destinadas a garantir financiamento de longo prazo para os gastos que mais pressionarão o bolso das famílias: aposentadorias e saúde. A causa é a mesma: com melhores condições, as pessoas estão vivendo mais.

Poderão dizer: mas isso é responsabilidade dos Estados. Tudo bem, mas continua saindo do bolso das famílias, que pagam os impostos direta ou indiretamente. Ou seja, a coisa é mais complicada: é preciso construir esquemas para financiar tanto gastos públicos quanto privados.

Isso exige a criação de estímulos e condições para que os jovens de hoje poupem para financiar seu futuro. Mas também exige que os, digamos, mais maduros, na ativa, trabalhem um pouco mais e contribuam um pouco mais.

Há aí uma clara dificuldade política e psicossocial: sacrifícios no presente para ganhos lá na frente e, em parte, ganhos da outra geração.

O segundo grupo de reformas tem como objetivo abrir caminhos para o desenvolvimento da educação, ciência, tecnologia e inovação. Considerem só um caso: comida.

A população mundial cresce mais no lado emergente, onde há também expansão econômica e, pois, ganho de renda. Portanto, são pessoas deixando a pobreza, ingressando nas classes médias, o que significa maior consumo de alimentos.

No outro lado da equação, há escassez de terra cultivável e ambientes já degradados. Conclusão: é preciso produzir mais alimentos, mais nutritivos, em espaços menores, sem destruir o que sobra de natureza e, de preferência, refazendo o que foi destruído.

Isso depende de ciência e tecnologia — ou seja, de boas escolas e institutos de pesquisa — mas também de instituições que permitam a passagem do conhecimento para a inovação prática nos campos e nas fábricas.

A Embrapa, por exemplo, está desenvolvendo uma vaca transgênica, de cujo leite se poderá extrair insulina. Em outras pesquisas, aqui e lá fora, nos setores público e privado, também estão sendo desenvolvidos bois e vacas que produzem carne mais saudável e mais nutritiva, em menos tempo de vida. Há uma vaca que produzirá leite sem lactose. E por aí vai — difícil e complexa realização. Entretanto, aqui no Brasil e em vários outros países, mais difícil e complexo será passar pelas diversas instâncias governamentais para obter a aprovação legal dessas vacas. Sem contar o inevitável debate "político" — seria a vaca transgênica um fruto proibido do agronegócio capitalista? — o que pode atrasar ainda mais esse processo.

Aqui também se está preparando o futuro. Esses alimentos ficarão prontos para as novas gerações, mas seu desenvolvimento tem de ser pago pelas atuais.

É verdade que sempre foi assim, uma geração preparando para a outra, mas nem sempre funciona. Não raro, os de hoje criam problemas para os de amanhã. E parece que o momento atual, no mundo, é decisivo. As gerações atuais usufruem de avanços extraordinários obtidos ao longo do século passado, graças aos quais vivemos mais e melhor, mas está chegando a hora de pagar a conta.

O que nos leva de volta ao começo: é preciso colocar a economia em ordem, sem inflação, sem dívidas excessivas, abrir espaço para um futuro adequado.

Falar é fácil.

Deus salve a América. Se der - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 18/04

Depois de 53 tentativas frustradas, um ato de terror reacende a sensação de insegurança coletiva


Houve 53 ataques terroristas frustrados nos EUA desde o devastador 11 de setembro de 2001, o dia em que ruíram as Torres Gêmeas.

Sem contar o atentado de segunda-feira em Boston e os envelopes suspeitos ou comprovadamente envenenados que foram encontrados desde então.

A frustração de tantos ataques parecia dar razão ao grito de "never again" que o presidente George Walker Bush sacou do coldre meros três dias depois do 11S, mantra que se tornou uma constante para tentar convencer o mundo --e, principalmente, os próprios norte-americanos-- de que nunca mais em solo americano haveria um ataque terrorista.

"Convenceu-nos de que a invulnerabilidade era uma possibilidade", escreve Juliette Kayyem, que serviu como assessora de segurança justamente para Deval Patrick, o governador de Massachusetts, o Estado em que fica Boston, a cidade em que a invulnerabilidade desgraçadamente evaporou.

Não que Juliette acreditasse no "never again". Mesmo antes do ataque a Boston, classificava a frase de "tão simplista como absurda, tão vaga como demagógica".

Na vida além da retórica, não há, de fato, como evitar um ataque terrorista, especialmente em um país que "é alvo de um amplo leque de ameaças potenciais, de grupos internos pela supremacia branca ou antigoverno à Al Qaeda, Hizbollah e outros grupos terroristas do mundo muçulmano, e até vastas redes criminosas sustentadas pelo tráfico de drogas", como analisa o sítio "Times of Israel", de um país que de terrorismo entende muito.

Acaba sendo inevitável aceitar como correta a avaliação de um "falcão" como Peter King, representante republicano por Nova York, para quem o atentado de Boston é um demonstração de que "a guerra contra o terror está longe de terminar, e nós nunca estaremos totalmente a salvo de novo".

A dimensão da insegurança fica clara quando Richard DesLauriers, o agente do FBI incumbido da investigação sobre Boston, diz que irá "até os confins da Terra para identificar o sujeito ou os sujeitos responsáveis por este crime desprezível".

O problema que surge desse tipo de raciocínio é que os Estados Unidos já foram até "os confins da Terra", depois do 11S, e nem assim conseguiram vencer a "guerra contra o terror".

Ao contrário: não só pipocam novos focos externos de terrorismo (Iraque, Mali, entre outros) como crescem, internamente, grupos potencialmente terroristas. Uma entidade que monitora "hate groups" (grupos de ódio, inclinados à violência e ligados à extrema direita) informa que, nos quatro primeiros anos de Obama, o número deles aumentou incríveis 813%.

A propósito: dos 53 frustrados atentados, 43 foram tentativas de elementos internos.

Tudo somado, parece claro que a "guerra ao terror", inescapável, talvez devesse ser conduzida com menos violência e com mais inteligência, no duplo sentido da palavra (sabedoria e informação).

Se violências tipo Iraque ou Guantánamo não resolveram, quem sabe o "soft power" ajude.

Novo ciclo de aperto - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 18/04

Um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dá o sinal de que será um ciclo um pouco mais longo. Melhor que fosse mais forte e curto para evitar o excesso de tensão pré-copom que houve desta vez. A boa notícia é que a inflação vai desacelerar ao longo do ano, após o pico em junho, mas ainda ficará perto do teto. Pior que a alta dos juros é o efeito da inflação sobre os endividados.

A desaceleração da inflação não será forte. Na expressão do economista Luiz Roberto Cunha, será "lenta e gradual", o que significa que os preços permanecerão altos, mas instalados num ponto mais confortável da faixa de flutuação permitida pelo sistema de metas.

- O tomate já está desabando, a carne está caindo, outros hortifruti vão reduzir o preço com a chegada das temperaturas mais amenas que são mais favoráveis à produção - afirmou o economista.

Alguns produtos continuarão com problemas, como o leite, por exemplo, que enfrenta o efeito combinado de uma seca forte na Nova Zelândia e uma explosão nas importações de leite em pó pela China.

Houve o adiamento do reajuste dos ônibus que têm um peso forte de 2,67 pontos no índice de inflação. As tarifas serão elevadas em junho. Mas o governo prepara para o dia primeiro de maio uma série de anúncios, um deles, a retirada de PIS/Cofins sobre diesel e pneus, para atenuar a alta do ônibus. Mesmo assim, o índice de junho pode provocar, de novo, o estouro do teto da meta porque no ano passado a inflação de junho foi de 0,08%.

- Mas, no segundo semestre do ano passado, a inflação foi alta quase todos os meses - agosto, 0,37%; setembro, 0,53%; outubro, 0,43%; novembro, 0,52%; e dezembro, 0,50% - e isso por causa da seca nos Estados Unidos, que não vai se repetir na mesma intensidade e que afetou os preços de várias commodities agrícolas - diz Luiz Roberto.

Este ano haverá uma pressão menor do câmbio. Ele tem subido nos últimos dias, mas no ano passado saiu de R$ 1,70 para mais de R$ 2,00, e isso teve um grande impacto nos preços.

O sócio-presidente da GoOn consultoria, Fernando Manfio, especializada em gestão de risco de crédito, acha que um aumento pequeno dos juros não terá muito efeito sobre a inadimplência porque o custo do dinheiro no Brasil continua muito alto, mesmo com a redução recente da Selic. Os juros oficiais tinham caído, mas as taxas cobradas pelos bancos subiram.

Por outro lado, ele explica que o aumento da inflação não estava no radar durante o ciclo de forte concessão de crédito e isso está tirando renda dos endividados e contribuindo para os atrasos no pagamento de dívidas.

- Se a gente olhar para o início do ciclo de forte expansão do crédito, ainda no governo Lula, a inflação alta não estava no radar de ninguém. Ela é um fator novo, que tem contribuído para a inadimplência, principalmente das classes de menor renda. Muita gente fez dívida pela primeira vez, com prazos longos de pagamento, como no caso dos veículos, e agora está tendo um gasto elevado com alimentação, e ao mesmo tempo continua tendo as parcelas para pagar - explicou.

A elevação das taxas poderia ajudar a afastar as dúvidas sobre o Banco Central, o que afetará positivamente as expectativas. Mas foi tão pequena que talvez não faça o efeito esperado. O Banco Central está de olho também na área externa, que, nos últimos dias, teve grande deterioração.

A decisão de ontem do Banco Central não resolve o problema da inflação, a desaceleração já prevista ajudará a reduzir a tensão em relação ao problema durante o ano. Mas as taxas de inflação continuam muito altas no Brasil e outros fatores atuam para que ela permaneça muito perto do teto da meta.

A decisão do BC sobre os juros - ROBERTO MACEDO

O ESTADO DE S. PAULO - 18/04
Quando ontem escrevia este artigo, ainda não sabia o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), com encerramento previsto para mesmo dia e voltada para decidir sobre a taxa básica de juros da economia, ou Selic. Até então ela era de 7,25% ao ano desde outubro de 2012, após quedas iniciadas em agosto de 2011.

Ao gerir a taxa Selic, o Banco Central segue um modelo de análise econômica, o de meta de inflação, o qual teoriza que ela varia inversamente com a Selic, dado o efeito desta sobre a demanda de bens e serviços e também sobre as expectativas de inflação. Hoje o centro dessa meta é de uma inflação de 4,5% no ano, com margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Ou seja, um valor entre 2,5% e 6,5%. Tanto o valor central como a amplitude desse intervalo são considerados altos. Os males da inflação e a dificuldade de lidar com eles e controlá-la recomendam meta centrada numa taxa menor e com intervalo mais estreito em torno dela.

Grande expectativa cercava a reunião de ontem do Copom. Desde julho de 2012 até janeiro de 2013 houve clara tendência de aumento da inflação, conforme medida pelo IPCA, o índice-meta da política do BC. A taxa mensal caiu nos últimos dois meses, mas para 0,60% e 0,47%, respectivamente, taxas bem superiores à média mensal de 0,37% que levaria ao valor central da meta em base anual. Ademais, a taxa dos 12 meses passados ao final de março chegou a 6,6% e, assim, acima do teto do referido intervalo.
Diante desse agravamento e da imobilidade da Selic desde outubro de 2012, a credibilidade do Banco Central e de sua política de metas sofreu danos no mercado financeiro e entre analistas econômicos em geral, inclusive dos meios de comunicação. Mas a vida do BC não é fácil e vinha indicando que ele se debatia quanto ao que fazer diante de uma inflação muito disseminada e pressionada por preços de alimentos - que no momento dão sinais de retroceder - e de uma economia que apenas ensaia uma recuperação depois de seu produto interno bruto (PIB) ter crescido à taxinha de 0,9% no ano passado. E, também, diante da falta de colaboração do governo ao executar a política fiscal e a de crédito, assunto ao qual voltaremos mais à frente neste artigo.

O resultado de reuniões do Copom é usualmente objeto de especulações ou apostas que se acirram perto de sua ocorrência. Com relação à de ontem, essas apostas mudaram nos últimos dias. Assim, no dia 12 último o jornal Valor publicou matéria mostrando que, ouvidas 37 instituições financeiras e consultorias, 29 previam que a Selic não seria alterada ontem, seis esperavam aumento de 0,25 ponto porcentual e duas, de 0,5. Contudo, após declarações mais incisivas do presidente do BC e do ministro da Fazenda, na sexta-feira passada, quanto à sua disposição de combater a inflação, pesquisa publicada ontem por este jornal, mais ampla e alcançando 83 instituições, mostrou que 53 previam aumento da Selic - 33, de 0,25 ponto porcentual e 20, de 0,50 -, enquanto 30 apostavam na estabilidade dela.

Se tivesse palpitado nessa pesquisa, eu teria ficado com esse aumento de 0,25 ponto porcentual. O leitor poderá conferir hoje se errei ou não. A notícia deve ter saído na primeira página deste jornal. Se errei, não terá sido a primeira vez; se acertei, espero que não seja a última.

Mas por que escolhi esse aumento? Ora, dada a obsessão da presidente Dilma Rousseff em ter mais um mandato, sua política econômica tem mais de política como tal do que de econômica no sentido de efetivamente resolver problemas dessa natureza. Nessa linha, o constrangimento que a inação causa ao BC teria chegado a um limite e ele seria liberado para esse pequeno aumento da Selic, que, aliás, não fará muita diferença se não tiver continuidade. Mas com isso ganharia um mês e meio até a próxima reunião, no final de maio, para refletir sobre o assunto sem as pressões do momento.

Falo do resultado da reunião, e não de minha preferência pessoal quanto ao que fazer. Concordo com o governo no seu objetivo de trazer para valores civilizados a taxa básica de juros, e estes em geral. Mas não pode buscar esse objetivo com a política fiscal e a de crédito que pratica, fortemente expansionistas, que deveriam ser mais comedidas para sustentar de forma compensatória essa busca de juros mais baixos, de modo que a inflação não fosse estimulada. E não vejo disposição do governo para mudar isso, pois só pensa naquilo: a eleição presidencial de 2014.

Assim focado, todavia, não está isento de riscos políticos em face de desdobramentos econômicos. A inflação hoje está disseminada, e é questão macroeconômica que não se resolve com medidas específicas voltadas para conter preços de bens e serviços em setores específicos, como faz o governo. As causas da inflação estão nessas outras políticas expansionistas, como a fiscal e a de crédito, e numa pressão de custos e de demanda que vem de salários que crescem acima da produtividade do trabalhador. A oferta de bens e serviços também cresce pouco, pois os investimentos são fracos.

Nessas circunstâncias, a inflação poderá até cair um pouco nos próximos meses, quando se espera que os preços dos alimentos aumentem menos do que até recentemente, e poderão até retroceder, como os do tomate e do feijão. Mas sem um ataque às suas causas mais amplas e profundas a inflação poderá ressurgir com renovada força já mais perto da eleição presidencial. Esse risco poderá materializar-se, mas tampouco vejo o governo adotando então medidas consistentes e efetivas para combatê-lo. Ao contrário, o maior risco é do Brasil, o de contemplar um circo eleitoral em que o governo recorreria a passes de mágica anti-inflacionária, mais uma vez iludindo o presente em prejuízo do futuro do País.

Muito cacique - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 18/04
Na terça-feira, quando índios invadiram o plenário da Câmara, além da correria dos deputados e funcionários, o que de mais interessante aconteceu foi o comentário do deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio: "É a primeira vez que tem mais índio que cacique nesse plenário", ironizou o deputado. E foi uma manobra dos "caciques" governistas que mais mobilizou a atenção dos políticos nesses últimos dias. Eles demonstraram mais uma vez que, quando é para tratar de assunto de interesse próprio, são ágeis e rápidos.

Só que desta vez houve eficiência dos dois lados, e a fusão do PPS com o PMN superou todos os obstáculos burocráticos e se fez em tempo recorde. Por isso, a mais recente manobra governista para limitar a atuação política de prováveis adversários da presidente Dilma na corrida presidencial em 2014 não deve ter grande repercussão no resultado final para o grid de largada, pois tanto a ex-senadora Marina Silva quanto o governador de Pernambuco Eduardo Campos têm alternativas partidárias além dos novos partidos que os apoiariam.

Campos tem o PSB, uma força partidária mediana, mas com poder de atrair alianças. Já Marina tem a alternativa de voltar a concorrer pelo Partido Verde enquanto organiza a sua REDE. Além do mais, tendo sido aprovada a fusão do PPS com o PMN antes mesmo que a votação na Câmara acontecesse, o novo partido estará apto a participar das eleições presidenciais com todos os direitos dos partidos existentes, e provavelmente apoiará Campos.

O que o tratoraço governista pode provocar é uma rede de apoios a Marina que acabará provavelmente no Supremo Tribunal Federal. O que mais se fala hoje no Congresso Nacional é sobre a necessidade de defender as minorias da fúria majoritária, e é disso que se trata agora. O novo partido Movimento Democrático, fruto da fusão do PPS com o PMN, poderá servir de apoio a Marina para uma Ação direta de inconstitucionalidade no Supremo, numa tentativa de mudar a decisão do Congresso de retirar as condições mínimas de uma nova legenda subsistir.

A base da Adin serão justamente os votos de vários ministros do Supremo ao julgar o pedido do PSD de ter tempo de propaganda eleitoral e acesso ao Fundo Partidário, depois de ter tido a legenda oficializada pelo TSE. Vários deles fizeram a mesma afirmação em seus votos: já que a nova legenda foi aceita, seria condená-la à morte por inanição não permitir que concorra em igualdade de condições com os demais partidos, proporcionalmente ao tamanho de sua bancada.

Esse argumento, o de que a maioria tenta sufocar o direito de uma minoria, será a base da arguição de inconstitucionalidade. Mas mesmo que a ação não seja recebida pelo Supremo, criou-se no meio político um movimento de solidariedade a Marina Silva, com o apoio do PSB de Campos e do PSDB de Aécio Neves, que pode semear uma unidade política na oposição que não se viu nas últimas eleições.

O PSB já teve Ciro Gomes e Garotinho como candidatos contra Lula, mas os dois voltaram à aliança com o PT no segundo turno. O máximo que fizeram candidatos saídos da base do governo, como Cristovam Buarque, do PDT, em 2006, e Marina Silva, do PV, em 2010, foi ficarem neutros no segundo turno, sem explicitar a dissidência.

Essa demonstração de arrogância da maioria está permitindo que cresça na oposição um sentimento comum de que é preciso união de forças para derrotar a base governista. Além disso, alguns partidos que formalmente fazem parte da aliança que apoia a presidente Dilma estão gostando muito do cerco que os prováveis adversários da reeleição estão fazendo a eles, como Eduardo Campos, que sugere que pode vir a convidar um nome do PDT para ser seu vice. Fala-se no senador Cristovam Buarque, pernambucano como Campos, mas com atuação política em Brasília. Ou Aécio Neves, que flerta tanto com o PP quanto com o PR da família Garotinho, em busca de um palanque forte no Rio de Janeiro.