sexta-feira, outubro 12, 2012

Stevie Wonder in Rio - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 12/10

Stevie Wonder aceitou convite de Eduardo Paes e passará o Natal com a família no Rio.
Fará um show beneficente no Imperator, dia 23 de dezembro, e, dia 25, vai se apresentar com Gilberto Gil na Praia de Copacabana para um milhão de pessoas, pelo menos.

Segue...
O astro da música americana vai se hospedar no Copacabana Palace.

Lady Gaga e Madonna...
Em dezembro, o Rio terá shows também de Lady Gaga e Madonna.

‘Ladrões do povo’

Moradores da Favela Dilma Rousseff, no Rio, vão homenagear Joaquim Barbosa, amanhã.
Estenderão na comunidade uma faixa com a frase: "Ministro Joaquim Barbosa, a Favela Dilma Rousseff, sem saneamento, sem escola e sem creche, apoia sua luta contra os ladrões do povo.”

País doente

Estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia mostra que não há mamógrafos em mais da metade dos 4.976 pequenos municípios do país — aqueles com até 50 mil habitantes.
Estas cidades representam 89,4% dos municípios do Brasil.

Oi, oi, oi I
O PT não foi tão bem nas eleições, o julgamento do mensalão segue, mas até Lula fala em... "Avenida Brasil” Ontem, o ex-presidente lamentava ter perdido o capítulo de segunda da novela-sensação da TV Globo, por causa do encontro com Cabral e Paes.

Por falar em Lula...

O ex-presidente disse a Dilma que o governo devia procurar Kassab após o 2° turno e trazer o PSD para o governo.

ESQUINA DO PECADO
Este poste que segura as placas com os nomes das ruas Eduardo Guinle e São Clemente, em Botafogo, está assim, tombado na calçada, desde a noite da última terça. O pirulito, como é popularmente conhecido, caiu porque sua base estava corroída por ferrugem, repare. Alô, Eduardo Paes! 

Oi, oi, oi II
A disputa entre Obama e Romney esquenta nos EUA, a crise segue na Europa, mas, até entre estrangeiros por aqui, só se fala em... "Avenida Brasil’!
Do cônsul do Canadá no Rio, Sanjeev Chowdhury, fanático, como se sabe, pela novela-sensação da TV Globo, numa recepção em sua casa, terça à noite: "É um prazer recebê-los, mas também um sacrifício, pois vou perder um dos últimos capítulos de Carminha”...

Megametragem
O Instituto Moreira Salles vai lançar uma coleção de DVDs, e o primeiro será "Shoah” documentário do francês Claude Lanzmann sobre o Holocausto.
O filme, acredite, tem... nove horas de duração!

Segue...
O megametragem será exibido em cinco partes, dias 26, 27, 28 e 30 e 1 de novembro. Dia 28, às 18h30m, haverá debate com Eduardo Escorel, Eduardo Coutinho e João Moreira Salles.

Instituto Cervantes
O Instituto Cervantes nega que vá deixar o Brasil e apenas cogita fechar as filiais de Curitiba e Recife. Melhor assim.

O piano da ‘Garota’
O Instituto Antonio |
Carlos Jobim abrirá dia 30 exposição inédita sobre o maestro e vai exibir, pela primeira vez, o piano de armário Wemar (foto) que o acompanhou por toda a bossa nova.
Batizada de "Tom Jobim — música e natureza”, ficará instalada no instituto, no Jardim Botânico, no Rio. Foi neste piano que Tom compôs, entre outras, "Garota de Ipanema”, parceria com Vinicius.

Dia das Crianças

Maria Padilha, a talentosa atriz, adotou um bebê.

Rosa de ouro

O bloco Timoneiros da Viola, que estreou este ano, em Madureira, no Rio, com uma homenagem a Paulinho da Viola, vai reverenciar os bambas Elton Medeiros e Nelson Sargento em 2013.
Paulinho ainda será o anfitrião. O desfile será com as músicas do espetáculo "Rosa de ouro” de 1965, do mestre Hermínio Bello de Carvalho.

Oi, oi, oi III
O Rio reelegeu Paes, o Fluminense é favorito ao título brasileiro, 2016 vêm aí, mas... só se fala em "Avenida Brasil’!
Veja a piadinha que rola sobre o suposto relacionamento entre Débora Falabella e Murilo Benício, os astros da novela da TV Globo: "Sabe por que Débora está com pneumonia? Andou pegando... um Tufão.” Maldade.

Cena carioca
Ontem, por volta de 12h, na ciclovia da Lagoa, perto do Parque Tom Jobim, um fortão passeava de mãos dadas com uma loura toda-boa quando se estressou com um rapazinho:
— O que tá olhando?! Ela tá comigo!
E o jovem, com a voz, digamos, meiga:
— Calma, gato, não era para ela que eu estava olhando, não...
Há testemunhas.

As confusões da Lei de Cotas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 12/10


Um mês depois de a presidente da República ter sancionado a lei que reserva 50% das vagas em universidades e institutos federais a estudantes oriundos da rede pública de ensino médio, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que ela será aplicada nos vestibulares do final do ano. A determinação, segundo ele, constará de um decreto que Dilma assinará nas próximas semanas.

Essa foi a resposta do governo às declarações dos reitores de 19 das 59 universidades federais, que alegaram não ter condições de alterar os cronogramas do processo seletivo, por terem publicado os editais dos vestibulares de 2013 sem previsão das cotas. A lei foi aprovada em agosto, atropelando o planejamento dos vestibulares, que é feito com antecedência de um a dois anos. Até mesmo alguns dirigentes do MEC entendiam que as cotas deveriam começar a valer depois do segundo semestre de 2013.

Em várias universidades federais, o prazo de inscrição já expirou e sua eventual reabertura poderá gerar problemas administrativos e jurídicos. Uma dessas instituições é a Universidade Federal de Minhas Gerais (UFMG). O edital da UFMG não previa cotas e o vestibular de 2013 teve mais de 60 mil candidatos inscritos. "A inscrição já fechou, não vamos mudar e não aceitaremos novas inscrições", diz Clélio Campolina - um dos 19 reitores que reivindicavam o adiamento da vigência do sistema de cotas.

Além do encerramento das inscrições, as instituições federais de ensino superior invocam duas outras dificuldades para cumprir a lei de cotas nos próximos vestibulares. A primeira é de caráter burocrático. Por causa da greve dos professores e servidores técnicos, que foi deflagrada em maio e durou três meses, as federais estão com suas atividades didáticas atrasadas, não dispondo de pessoal em número suficiente para adequar o processo seletivo à Lei de Cotas. A segunda dificuldade é de caráter financeiro. Segundo os reitores, os alunos beneficiados pelo sistema de cotas só poderão estudar se tiverem moradia estudantil e os recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil não são suficientes para a construção de novas residências universitárias.

O crítico mais incisivo do açodamento do governo é o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles. "Querem nos empurrar goela abaixo essa lei. Não tenho condições de aplicá-la este ano, por questão de tempo. Temos de nos preparar para não fazer uma coisa de modo atabalhoado. Se quisessem pressa, deveriam tê-la aprovado no começo do ano. É a mesma coisa que fazer uma partida de futebol e, depois de terminado o segundo tempo, mudar as regras do jogo", afirmou Salles em entrevista ao jornal O Globo. Ele também disse que, se for preciso, acionará a procuradoria jurídica da UFF contra o decreto da regulamentação da Lei de Cotas, cuja redação ainda não foi concluída, segundo Mercadante.

A Lei de Cotas reserva, em seu primeiro ano de vigência, 12,5% das vagas nas universidades federais para quem cursou o ensino médio em escola pública e prevê subcotas por critérios de renda e raça. Também fixa em quatro anos o prazo para que as universidades e institutos técnicos federais atinjam o teto de 50% de vagas reservadas.

Um dos problemas da lei, segundo os reitores, é relativo ao arredondamento das frações correspondentes ao número de cotistas. Como a reserva de vagas será calculada com base em porcentuais e levará em conta candidatos pretos, pardos e índios na mesma proporção em que esses grupos aparecem no censo do IBGE, o resultado será fracionado. Os reitores querem promover o arredondamento para baixo, enquanto o MEC pretende que ele seja feito para cima.

Nos três últimos anos, os vestibulares das federais foram prejudicados pelas trapalhadas cometidas no Enem, cuja pontuação é levada em conta na seleção de candidatos. Agora, o processo seletivo será prejudicado pela pressa com que o governo quer aplicar uma lei demagógica, que compromete o princípio do mérito no ensino superior. É assim que a educação tem sido gerida.

Meu, seu, nosso - SONIA RACY


O ESTADÃO - 12/10

Não está sendo bem recebida pela iniciativa privada a modelagem de concessão de ferrovias. O problema? Grosso modo, ele consiste em garantir “subsídio” a quem ganhar, para baratear a tarifa. Isto é, se o volume transportado previsto não chegar a um “mínimo” estabelecido, a União pagaria esta diferença.

“Não estamos mais em tempos de doações. A concessão é de 30 anos, e quem garante que os próximos governantes vão concordar com isso?”, indaga importante interessado.

A volta…
Após anunciar neutralidade no segundo turno em São Paulo, o PRB, a partir de novembro, focará os trabalhos na eleição ao governo paulista.

…dos que não foram
Dilma não conseguiu convencer o PRB a apoiar Haddad, mas ouviu de Marcelo Crivella a garantia de que o partido apoiará sua reeleição.

Poderosa
Paula Lavigne pega mais um desafio: a turnê de Baby do Brasil, cantando seus maiores sucessos, dirigida pelo filho, Pedro Baby.

Sobrinha de peixe…
A pintora Marysia Portinari buscou inspiração em… supertelescópios para pintar suas telas. Aos 75 anos, a sobrinha de Candido Portinariprepara exposição em SP.

Estreia? Em 23 de outubro, na galeria de James Lisboa. Alfredo Volpi, Aldo Bonadei e o tio, claro, foram nomes fundamentais para sua formação.

À baiana
E pela primeira vez na história do Brasil um chocolate nacional faturou medalha de ouro no International Chocolate Awards – na categoria Growing Country.

A dupla Luiza Olivetto e Diego Badaró recebeu o prêmio em solenidade realizada em Londres. Vale registrar, também, que a marca trouxe medalha de prata na categoria Chocolate ao Leite.

Explicação
Zico não recebeu salário este mês. Técnico da seleção do Iraque, o eterno Galinho de Quintino tem dito a amigos que sua situação está complicada.

Vale lembrar que o desafio de comandar o time é de família. Seu irmão Edu foi também técnico dos iraquianos, na década de 80 – e hoje é assistente de Zico.

Mestre do jazz
Keith Jarrett não quer que flashes vindos da plateia se transformem em problema pela segunda vez em Sampa.

O artista – que se apresenta dia 29 na Sala SP – exigiu a distribuição de avisos informando sobre a proibição. Além de dois pianos Steinway D, que ficarão à disposição até o dia dos concertos.

Jazz 2
Jarret trará seu próprio colchão king size – tem problemas na coluna – e pediu quarto com liquidificador. Gosta de preparar, ele mesmo, sua vitamina matinal.

Mind the…
Agora é oficial. A GAP abrirá sua primeira loja no Brasil em 2014, pegando carona na Copa.

Na frente
Antonio Patriota desembarca hoje em Israel. Na agenda, encontros com Benjamin Netanyahu, Mahmoud Abbas e Shimon Peres.

Gloria Coelho escolheu o cenário para apresentar seu desfile do SPFW, dia 31. Será na Casa Electrolux.

Marcos Campos pilota, quarta-feira, happy hour no Bar Numero.

Abre, quarta, a Parte, feira de arte contemporânea, no Paço das Artes.

O filme Gonzaga – de Pai para Filho, de Breno Silveira, tem pré-estreia, terça, no Cinemark Eldorado.

O Royal Club vai transmitir ao vivo a luta de Anderson Silva e Sthepan Bonnar, diretamente do octógono no Rio. Amanhã.

Preocupada com a acessibilidade na Praça Roosevelt, em SP, a deputada Mara Gabrilli– que é cadeirante – enviou à Prefeitura pedido de vistoria no local. Arrumou agenda para segunda-feira.

O que aconteceu na Venezuela? - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 12/10


É impossível conquistar os 6,5 milhões de votos que Capriles recebeu sem o apoio de pessoas pobres


No domingo passado, Golias esmagou Davi. Hugo Chávez, o gigante político da Venezuela, derrotou Henrique Capriles, o candidato de 40 anos da oposição, por mais de dez pontos percentuais.

Se completar seu novo mandato de seis anos, Chávez terá passado duas décadas na Presidência.

Mas ainda é possível que esta eleição assinale uma virada na política venezuelana. A oposição está mais bem organizada, e Capriles é o melhor líder que ela tem desde que Chávez chegou ao poder.

Ele conseguiu aumentar o voto anti-Chávez em 60% em comparação com a eleição passada. Milhões de antigos partidários de Chávez o abandonaram.

É impossível conquistar os 6,5 milhões de votos que Capriles recebeu no domingo passado sem o apoio de milhões de pessoas pobres que, em eleições passadas, foram eleitoras fiéis de Chávez.

Apesar disso, Capriles não conseguiu destronar o presidente. Isso aconteceu, para começar, porque seu carisma e sua astúcia fazem de Hugo Chávez um rival formidável, que goza de apoio popular enorme. Neste caso, porém, o óleo pesa mais que o talento. Os líderes em exercício sempre gozam de vantagens em relação a seus rivais pelo poder, e Chávez é um líder em exercício multiplicado muitas vezes.

Ele controla todas as alavancas do poder e pode recorrer livremente à enorme receita petrolífera venezuelana. Henrique Capriles disse: "Não estou competindo com outro candidato, estou competindo com o Estado venezuelano".

Em apenas um exemplo, segundo dados compilados por sua campanha, na semana antes do pleito Chávez esteve no ar por nove horas na televisão estatal, enquanto Capriles, depois de protestar, foi autorizado a falar por dois minutos.

Esse abuso de recursos do Estado e esses limites impostos à oposição são comuns em países semidemocráticos ricos em petróleo e pobres em freios e contrapesos impostos ao presidente.

Pense, por exemplo, nas eleições recentes na Rússia, vencidas por Dmitri Medvedev e depois por Vladimir Putin.

O presidente Chávez continuará a ter enorme poder discricionário. Nos próximos anos, porém, terá que usar seu poder para lidar com algo que uma vitória eleitoral não pode modificar: o país está um caos.

A Venezuela tem índices de inflação e homicídios entre os mais altos do mundo, uma infraestrutura decrépita, produção petrolífera em queda, economia profundamente distorcida, produtividade baixíssima, setor público que não funciona a contento e corrupção deslavada. Se Chávez não mudar suas política públicas, é improvável que tenha êxito em aliviar esses problemas.

Mas o elemento da política venezuelana que talvez seja mais importante e que a eleição tampouco pode modificar é a saúde de Chávez.

Ele vem lutando contra o câncer -a condição e o prognóstico exatos da doença são segredo de Estado. É muito possível que o destino do país seja definido pela fragilidade humana, mais que pela ideologia.

Inflação merece mais atenção do Banco Central - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 12/10
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir ainda mais as taxas básicas de juros, desta vez em 0,25 ponto percentual, não chegou a surpreender, pois o Banco Central tem pautado as decisões mais no cenário internacional do que na trajetória de curto prazo dos índices de inflação. O relatório pessimista do Fundo Monetário Internacional (FMI) acerca das dificuldades de recuperação das economias em crise reforçou os prognósticos sobre mais este corte nos juros básicos no Brasil, e os negócios no mercado financeiro se anteciparam à queda.

Mas tudo indica que esse processo de afrouxamento será interrompido. Três dos oito diretores que votam na reunião do Copom foram favoráveis à manutenção dos juros básicos no patamar de 7,5%, e isso deve levar o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa daqui para a frente. Embora o BC insista, em comunicados e nas declarações do seu presidente Alexandre Tombini, que continua apostando na convergência dos índices de inflação na direção do centro da meta (4,5%), ainda que não em trajetória linear, o comportamento dos preços tem se mostrado preocupante (o mercado tem feito projeções crescentes da inflação para este ano; a última, 5,4%). Esses índices não foram turbinados apenas por uma alta de hortigranjeiros. Cotações internacionais de outros alimentos que o Brasil exporta sofreram considerável valorização, e os preços domésticos acabaram acompanhando a tendência.

Mesmo com o baixo crescimento da economia brasileira este ano (estima-se 1,6%), no setor de serviços vários segmentos permanecem aquecidos, ocasionando uma elevação no custo da mão de obra, com reflexos em diferentes cadeias produtivas. Não se pode dizer que exista um ambiente confortável no que se refere à inflação doméstica. Se, por um lado, as taxas reais de juros no Brasil estão mais próximas da realidade do mercado internacional, no que se se refere à inflação somos hoje quase um ponto fora da curva.

A política monetária sozinha certamente não resolverá essa questão, que tem a ver também com desequilíbrios estruturais crônicos da economia brasileira que não são atacados como deveria. No entanto, a política monetária pode evitar que a inflação se distancie do centro da meta (4,5%). Nesse sentido, é bom que o Banco Central, após a reunião do Copom, tenha anunciado, em comunicado, na sua linguagem peculiar, que as taxas básicas de juros deverão permanecer nesse novo patamar por um tempo razoável, até que a inflação dê mostras de arrefecimento.

Na semana que vem, os detalhes dessa decisão serão conhecidos, pela divulgação da ata da reunião do Copom, e tomara que as explicações sejam suficientemente convincentes para quebrar expectativas negativas que vêm aumentando no mercado financeiro.

Afugentando investidores - ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK


O Estado de S.Paulo - 12/10


Findo o segundo turno das eleições, o cálculo político do governo estará fixado em 2014. Em menos de um ano e meio a presidente Dilma Rousseff se verá a seis meses da eleição presidencial. Não tivesse sido tão pífio o desempenho da economia nos primeiros dois anos do mandato, o governo estaria agora menos pressionado para mostrar resultados. Mas, com um crescimento do PIB de apenas 2,7%, em 2011, e, tudo indica, de cerca de 1,5%, em 2012, é natural que o Planalto queira agora assegurar a todo custo uma vigorosa recuperação da economia em 2013. O problema é que isso pode acabar sendo mais difícil do que parece. Especialmente quando se têm em conta novos obstáculos que o próprio governo insiste em criar.

A política macroeconômica perde coerência a olhos vistos. Por mais que alguns analistas se contorçam para racionalizar o que vem ocorrendo e arguir que os pilares do tripé consolidado a partir de 1999 permanecem sólidos, acumulam-se as evidências em contrário. Já não há quem negue que o regime de câmbio flexível cedeu lugar a um problemático arranjo de câmbio fixo. E a política fiscal já não é mais levada a sério, desde que ficou claro, na esteira de infindáveis truques contábeis envolvendo ardilosa relação de mão dupla entre o Tesouro e o BNDES, que o governo agora dispõe de um caminho fácil para cumprir metas de superávit primário. Basta que os recursos que vêm sendo transferidos do Tesouro ao BNDES, sem contabilização no resultado primário, retornem ao Tesouro, na medida necessária, como dividendos do BNDES, devidamente contabilizados no resultado primário.

Quanto ao regime de metas para inflação, o que hoje se constata é que, com a recorrente alegação de que está apenas alongando o prazo de convergência da inflação à meta, o Banco Central vai se permitir atravessar todo o atual mandato presidencial com inflação substancialmente acima da meta.

A falta de uma política macroeconômica coerente, em meio a um ambiente externo que promete continuar adverso, vem contribuindo para prolongar a retração do investimento. A retomada do nível de atividade que, com algum esforço, se pode entrever ainda não permite detectar recuperação convincente do investimento agregado. Como é pouco provável que a aceleração do crescimento em 2013 possa estar baseada só em nova expansão do consumo, o grande desafio com que agora se depara o governo é assegurar condições adequadas para que o investimento refloresça.

Foi certamente um grande avanço o governo ter reconhecido, em agosto, que as dificuldades que vinha enfrentando para deslanchar o investimento público não seriam superadas em tempo hábil. E que o melhor que poderia fazer era repassar ao setor privado boa parte dos projetos de expansão de infraestrutura que não vinha conseguindo viabilizar.

A atração de investimento para a área de infraestrutura deverá requerer manejo cuidadoso de um arcabouço regulatório bem concebido, fundado no estrito respeito aos contratos, que dê aos investidores a segurança necessária. Embora já haja alguns sinais preliminares preocupantes, talvez ainda esteja cedo para avaliar o arcabouço que o governo pretende montar para viabilizar investimentos nos projetos rodoviários e ferroviários previstos no programa de concessões anunciado em agosto. O que, sim, já se pode avaliar é a forma desastrada com que o governo vem conduzindo o recém-anunciado programa de redução das tarifas de energia elétrica.

O governo entende que, para que as tarifas sejam reduzidas, é fundamental que as concessões com vencimento em 2015 tenham seu final antecipado. Concessionárias que vêm resistindo a concordar com a antecipação do final dos seus contratos têm sido publicamente ameaçadas, com todas as letras, de serem proibidas de participar das licitações quando as concessões forem relicitadas. Não vai ser com um discurso truculento desse tipo, que parece extraído de um breviário neoperonista, que o governo vai conseguir atrair investidores privados para a área de infraestrutura.

Estresse avícola - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 12/10


RIO DE JANEIRO - Sou informado de que os passarinhos de São Paulo, entre uma e outra crise de tosse, já não têm hora para cantar. Uma amiga minha, que funciona melhor à noite e gosta de dormir tarde, contou-me que os sabiás de seu bairro estão começando a cantar às duas da manhã. E, quando ela tenta dormir, não consegue, porque eles estão à toda. Não que os sabiás estejam trocando a noite pelo dia -cantam durante o dia também, num esforço desesperado para se fazer ouvir.

Minha amiga observou que, idem, os galos da sua vizinhança (sim, ainda existem em certas zonas) já não esperam pelo nascer do sol -passaram a cantar a qualquer hora da noite, sem a menor cerimônia.

Com isso, despertam pessoas que, ao consultar o relógio e constatar que ainda são três horas, perdem de vez o sono. O que estará provocando esse furor nos galos, sabiás e talvez outras aves locais, bem nas horas em que seus parentes mais conservadores usavam para dormir? Para minha amiga, a explicação só pode estar nessa agitação infernal da cidade -que faz com que, hoje, muitos serviços funcionem dia e noite, o nível de barulho e luminosidade nas ruas seja constante e os congestionamentos e retenções não tenham mais hora para acontecer.

Nos anos 50, dizia-se com orgulho que São Paulo "não podia parar". Isso foi na época do desenvolvimento a todo custo, em que havia séculos de atraso a tirar. Um arranha-céu subia a cada dez minutos e a natureza que saísse da frente, para o progresso passar. Custou-se a descobrir que a cidade e os cidadãos iriam pagar caro, na forma de destruição do ambiente, poluição, estresse, pigarro e bagunça no relógio biológico.

Percebe-se agora que esses "desprodutos do progresso" ("copyright" Decio Pignatari) estão chegando inclusive àqueles paulistaninhos que, até há pouco, pairavam sobre a insensatez humana.

PORTA FECHADA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 12/10

Suspeita de racismo no STF (Supremo Tribunal Federal): dois diplomatas negros, amigos do ministro Joaquim Barbosa, foram barrados pela segurança da corte anteontem, dia em que o magistrado foi eleito presidente do tribunal. Uma semana antes, ao comparecer a outra sessão, eles já tinham sido seguidos por policiais ao deixarem o prédio do Supremo.

NO FIM DA FILA
Carlos Frederico Bastos da Silva, 45, e Fabrício Prado, 31, são da Divisão de Assuntos Sociais do Itamaraty. Ao chegarem ao STF, apresentaram documentos. Enquanto dezenas de convidados entravam no plenário, eles ficaram na porta. Os seguranças diziam que o sistema de identificação estava "travado". Só conseguiram entrar autorizados por um superior.

FICHA
Desconfiados de racismo, os diplomatas pediram explicações ao secretário de segurança institucional do STF, José Fernando Martinez. Ele disse que, ao comparecerem ao STF uma semana antes, os dois tinham tido comportamento "suspeito". E acabaram fichados nos computadores da corte. Martinez só não explicou que atitude deles teria gerado suspeita.

CORRENTE
À coluna Martinez afirma que um dos dois diplomatas tinha nome idêntico ao de um cidadão com passagem pela polícia. Por isso, a segurança teria ficado "mais atenta". "Foi uma sucessão de mal-entendidos. Não houve racismo." Ele diz que abrirá procedimento interno para esclarecer os fatos.

FAMÍLIA
José Dirceu assistiu à sessão do STF em que foi condenado ao lado de Clara Becker, sua primeira mulher, e do filho deles, Zeca Dirceu.

Os dois vieram do Paraná, onde moram, para estar com ele nesse dia.

MILHO COZIDO
O ator Roney Facchini, que está na montagem de "Hamlet", diz que todo o elenco está encantado com a disciplina e o bom humor de Thiago Lacerda, que vive o papel-título. O ator ensaia das dez da manhã às dez da noite sem se queixar de nada. E, na hora do almoço, corre até um carrinho na frente do teatro Tuca, come um milho cozido e volta ao trabalho. O espetáculo estreia no dia 19.

BIG BEN BRASIL
O Brasil será o tema do baile de gala anual da Cruz Vermelha Britânica, em Londres, no dia 6 de novembro. A escolha se deve ao crescimento do comércio entre o Reino Unido e o país, às Olimpíadas de 2016 no Rio e à recente visita do príncipe Harry. A festa para arrecadar fundos para a instituição terá shows, leilão e um desfile da grife Issa, da brasileira Daniella Helayel, uma das preferidas da princesa Kate Middleton.

A MODELO DUDA BÜNDCHEN, 6, DIZ: 'NÃO!' 
A modelo entra na passarela e o público começa a bater palmas de imediato. Ela nem olha, focada em caminhar até o fim do tablado, com os cabelos loiros balançando na altura da cintura.

O pessoal da piscina do parque aquático de Itupeva (SP), que abrigou o evento, no sábado, grita: "Linda! Gatona!". Mas essa representante da família mal passa de um metro de altura. É Duda, 6, filha da técnica de informática Raquel Bündchen, 37, irmã mais velha de Gisele que mora em Porto Alegre.

O dia de moda teve outros desfiles, como o da cantora evangélica Aline Barros, que diz fazer roupas para "crianças felizes que se vestem que nem crianças". Mas a estrela foi mesmo a sobrinha da top.

Tanto que a menina contava com camarim próprio, onde se recolheu com a família depois de desfilar duas vezes. Um homem fantasiado de Sid, o mamífero pré-histórico do filme "A Era do Gelo", entra na sala. Duda dispara em direção a ele. Faz que vai abraçar o ator de pelúcia, mas o recebe com socos.

"Filha, para de espancar o Sid", apela o pai, Paulo Borges. "Não!", responde Duda, rindo, enquanto agarra a cauda do bicho extinto, da espécie Megalonyx.

O ânimo vem do amor de Duda por bichos, diz o pai. O cachorro na camiseta laranja que ela desfilou, por exemplo, é Yanni, o yorkshire que está com a família há 13 anos e toma remédio contra convulsão. Vida, o mascote de Gisele que morreu nesta semana, aos 14 anos, era da mesma raça. Duda ainda não sabia do óbito.

"Filha, vamos botar a roupa azul?", pergunta a mãe. "Não!", diz Duda. E sai correndo. Ela para na frente dos fotógrafos e faz pose, com um pedaço de marshmallow na mão. "Ela adora a câmera. E também gosta de pensar nas roupas", diz a mãe.

A coleção de oito "looks" desfilada leva o nome da menina. Para fazê-la, os estilistas da grife se reúnem com Duda e ouvem o que ela acha que será tendência na estação. Os temas vêm em uma só palavra, como "borboleta" e "cachorros".

Depois da reunião, a equipe faz oito modelos que passam pela aprovação final de Duda. "Felizmente, ela nunca disse não para uma roupa minha", diz a estilista Alessandra Schmidt.

As três coleções da pequena Bündchen tiveram "faturamento 80% acima do previsto", afirma a Brandili, que quer renovar a parceria.

"A partir do ano que vem, ela fará mais trabalhos", diz Eduardo Santos, empresário da garota. "Duda vai crescer."

OS AMIGOS DE DUDA
O Kids Fashion Show apresentou desfiles de moda no parque Wet'n'Wild no sábado. Estiveram no evento, em Itupeva (SP), a apresentadora Barbara Nalu, os atores Bruna Griphao, Suzy Rego e Nicollas Paixão, além da modelo Duda Bündchen e sua mãe, Raquel.

BB, O REI
O músico americano BB King, conhecido como rei do blues, se apresentou em SP no fim de semana. A dançarina Deise Alves foi ao Bourbon Street ver a apresentação.

CURTO-CIRCUITO
O tenor Jean William realiza "show-concerto" no Tom Jazz, até domingo. Hoje, o maestro João Carlos Martins faz participação especial.

A Caixa Cultural promove de hoje a domingo a Semana da Criança, com oficina de marionetes.

Otto se apresenta hoje, às 18h, na praça Victor Civita.

O perigo jihadista - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 12/10



No início de 2011, quando o poder despótico do sírio Bashar Assad foi contestado nas ruas, testemunhamos uma revolução espontânea, nova e livre, de teor democrático e popular. Nas manifestações viam-se mulheres de rosto descoberto. Mas o tempo foi passando e a situação não é mais a mesma. Da Síria e do Oriente Médio chegaram os "loucos de Deus", os jihadistas, perfeitamente armados, treinados, dispostos ao martírio, que não se importam absolutamente com a democracia.

Entre eles, atuam vários integristas e fundamentalistas. Há poucos dias, a brigada Jabhat Al-Nusra (A Frente da Vitória), que se declara salafista e dispõe de consideráveis recursos humanos e materiais, perpetrou ações sangrentas.

Em que consiste esse salafismo? Trata-se de um movimento do século 17 que defende a volta às origens do Islã, à "letra" do Alcorão, não ao seu "espírito". Os sunitas pregam uma moral estreita, rigorosa, imutável, cruel. Sonham criar um Estado islâmico. Eles pregam um islamismo sunita, enquanto o regime de Assad é alauita, uma variedade do xiismo.

Como nas tropas da Al-Qaeda, o martírio é sua arma absoluta. Na terça-feira, o grupo Jabhat Al-Nusra atacou uma câmara de tortura do regime de Assad na periferia de Damasco. Pelo que se sabe, o ataque, apoiado por comandos suicidas, deixou várias dezenas de mortos.

Quinze dias antes, uma ação igualmente ousada atingiu o Estado-Maior do Exército em Damasco. Dois camicazes morreram. Eles também estavam ligados ao movimento jihadista, mas pertenciam a um outro grupo, o Tajamo Ansar Al-Islam (Reunião dos Partidários do Islam). No dia 3, o Jabhat Al-Nusra voltou a atacar na grande cidade de Alepo: camicazes fizeram um verdadeiro massacre, 48 mortos. Não devemos subestimar a importância desses jihadistas.

Eles são ainda raros, mas sua nocividade é extrema. Sua ânsia por enfrentar o martírio lhes confere uma força infinita. Sua presença e sua eficiência permitem que Assad lance no descrédito o conjunto dos revoltosos. Damasco preveniu os ocidentais: "Prestem atenção. Se apoiarem a revolta contra o governo legítimo de Assad, estarão abrindo o caminho na Síria para um regime pior do que o dos talebans, do mulá Omar ou da Al-Qaeda".

Esses argumentos são levados em conta pelos ocidentais. Eles explicam a hesitação, a covardia e o recuo da comunidade democrática, já escaldada pelos acontecimentos nos outros países da Primavera Árabe (Tunísia, Egito, Líbia), onde, depois da grande festa lírica, viu-se a instalação de forças frequentemente extremistas.

A presença dos jihadistas na Síria impede pois que os ocidentais forneçam armamentos aos revoltosos sírios. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Morar, não ilhar e prender - MILTON HATOUM


O Estado de S.Paulo - 12/10


Morar é muito mais que se abrigar ou viver sob um teto. O abrigo, o refúgio, a toca e o subsolo são arquiteturas destinadas a certos animais, ou a seres humanos em tempo de guerra.

Milhões de pessoas parecem repetir a triste sina de uma personagem kafkiana, que constrói túneis e passagens debaixo da terra e sobrevive acuado com temor e fome, sempre ameaçado. Esse personagem, um homem bicho, ou um ser humano grotesco, está à espera de algo terrível, uma catástrofe ou invasão, algo que não sabemos precisar. Ironicamente, o nome desse relato de Kafka é A Construção.

Sobre a terra, na superfície do imenso território do Brasil, dezenas de milhões de brasileiros sobrevivem em favelas. Grande paradoxo de um país com dimensão continental: aos pobres e marginalizados não sobra espaço para morar. Só na Grande São Paulo, mais de 1 milhão de pessoas moram em casas pequenas, ou barracos amontoados em lugares com infraestrutura urbana precária. Algo semelhante ocorre em outras grandes capitais: Manaus, Belém, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre...

Uma terrível ironia da história, da nossa História recente: menos de dois anos tempo depois do golpe militar, o então presidente Humberto de Alencar Castelo Branco fez uma visita a Manaus, onde inaugurou um conjunto de casas populares financiadas pelo BNH. O carrancudo marechal entrou numa das casas e, quando saiu, sufocado pelo calor e decepcionado com a visita, declarou à imprensa que aquelas casinhas não eram propícias para seres humanos.

Pouca coisa mudou nos projetos de habitação social depois da redemocratização. Recentemente, construíram-se casas populares em Parintins - no Médio Amazonas - numa área desmatada, antes ocupada por castanheiras seculares.

Transformar a floresta equatorial em deserto ou pasto já é uma burrice e uma ganância sem tamanho. Construir casas nesse deserto é uma insanidade dos construtores e um martírio para os moradores. Mas não é apenas na Amazônia que isso acontece. Já vi conjuntos habitacionais construídos em áreas devastadas na periferia de cidades do Paraná e de São Paulo, e também na região do cerrado, próxima a Brasília, a capital desfigurada, cercada por moradias precárias, como as de Ceilândia, uma cidade que abriga 500 mil pessoas. Como diz um poema de Nicolas Behr:

em Ceilândia não se fez

a vontade do príncipe

sem maquete

sem maquiagem

a W3 da dor

Atravessa a L2

do abandono

outros eixos cruzam teus medos...

O modelo Cingapura - uma favela vertical - mostra a falência de certo tipo de projeto de habitação social, que ainda é predominante. Revela também que a grandeza e a riqueza do Brasil não se traduzem em moradias dignas nem em qualidade de vida para uma parte expressiva de sua população.

"Construir, não como ilhar e prender", diz um verso do poeta João Cabral de Melo Neto. A sociedade e o Estado brasileiro podem e devem reparar essa injustiça histórica e dar a milhões de brasileiros uma moradia humana, e não abrigo ou teto precário. Porque morar é muito mais do que sobreviver em estado precário e provisório.

A batalha de São Paulo - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 12/10


Os especialistas acreditam que o tucano José Serra vai ser agressivo quando recomeçar a propaganda na TV. Ele precisa criar um fato novo, que reverta a vantagem do petista Fernando Haddad. O PT espera um embate “muito duro” e teme pelo efeito das teses conservadoras. Os petistas avaliam que Haddad deveria explicar e deixar claro que, uma vez na prefeitura, não fará um “kit gay”.

Eduardo Campos x Lula
Os petistas vão ficar ainda mais irritados com o governador Eduardo Campos (PE). O socialista definiu como prioridade colocar os pés em São Paulo e que a melhor porta de entrada é a prefeitura de Campinas. Integrantes da campanha vitoriosa em Recife estão sendo deslocados para dar suporte à reeleição do prefeito Jonas Donizette, que fez 47,6% dos votos no primeiro turno. O candidato petista, Márcio Pochmann, fez 28,5% dos votos se apresentando como “o candidato do Lula”. O ex-presidente está totalmente envolvido e teve o dedo dele o apoio declarado a Pochmann pelo candidato derrotado do PDT, Pedro Serafim, que teve 18,4% dos votos.

“Eu não vou disputar as eleições de 2014. A Dilma (Rousseff) está indo muito bem no governo. A candidataé a Dilma” Luiz Inácio Lula da Silva Ex-presidente, na conversa com o vice Michel Temer, na quarta-feira

Me dê motivo
Até no PMDB as apostas são para a demissão de Geddel Vieira Lima da CEF, em função de seu apoio a ACM Neto (DEM) em Salvador. Dizem que a presidente Dilma só não fez isso ainda porque gosta muito do vice Michel Temer.

Ninguém me ama...
O ex-deputado Moroni Torgan (DEM), que concorreu a prefeito de Fortaleza e acabou em quarto lugar, com 14% dos votos, está sendo desprezado pelos candidatos Roberto Cláudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT). Ninguém quer procurá-lo porque sua rejeição chega a 29%, índice que é mais que o dobro de sua votação.

Massa falida
O resultado das eleições não foi a única notícia ruim para o DEM. O partido perdeu 51% de sua votação para prefeito. Desde setembro, teve reduzida à metade sua cota do Fundo Partidário. Sua receita caiu de R$ 1,7 milhão para R$ 889 mil.

Redução de danos
O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), saiu satisfeito da reunião com a direção nacional do PT. Ele obteve a garantia de que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma não vão gravar para a TV nem ir até Natal no segundo turno. O PT local está inclinado a dar seu apoio ao adversário do PMDB, o trabalhista Carlos Eduardo Alves. Henrique e Carlos Eduardo são primos.

Neutralidade do PSOL
O PSOL não vai apoiar Rodrigo Neves (PT), no segundo turno, em Niterói. Marcelo Freixo, que perdeu as eleições no Rio para o prefeito Eduardo Paes (PMDB), diz que seu partido não tem como avalizar o candidato do governador Sérgio Cabral.

O dissidente
Candidato a presidente da Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG) afirma que está sendo estimulado a entrar na briga pelo PSD, por deputados do PT e de partidos aliados. “Eles querem uma opção para contestar a hegemonia do PMDB”, afirma.

VEREADOR CESAR MAIA (DEM-RIO) sobre a popularidade de Eduardo Campos: “Pode-se dizer que é extensiva ao Nordeste? Não. E fora do Nordeste? É nada”.

A segunda opção tem suas vantagens - EDUARDO GRAEFF

FOLHA DE SP - 12/10


Ela é uma oportunidade de ouvir mais a razão do que a emoção antes de votar


MEU CANDIDATO a prefeito foi para o segundo turno. Se o seu não foi, ouça a Poliana aqui: isso tem um lado positivo. De verdade!

Neurocientistas que escanearam a atividade cerebral de eleitores dizem que estes geralmente votam com o coração, o fígado, o estômago, qualquer órgão que simbolize a emoção. A cabeça vem atrás, dando razões para a escolha que já estava feita.

A possível vantagem de não poder repetir no segundo turno o voto do primeiro é que a cabeça tem mais chance de influir na escolha. Eis o que eu faria se não tivesse candidato definido e fosse um eleitor racional.

Primeiro, liste as coisas mais importantes que você quer que o prefeito faça nos próximos quatro anos. Melhor que seja uma lista curta e bem pessoal: o que é mais importante para você, sua família, seu bairro. Eu, que redescobri São Paulo depois que me livrei do meu carro, quero que o prefeito cuide melhor das calçadas e empurre a expansão do metrô.

Depois, pense nos requisitos fundamentais que o prefeito deve preencher para fazer o que você quer. As prioridades dele têm que ser compatíveis com as suas, é claro. Várias delas serão, de todo modo. Ninguém se elege sem propor soluções para os maiores problemas da cidade, ou propondo soluções obviamente impossíveis ou erradas.

Mas não basta querer, é preciso poder fazer. Aí entram os atributos pessoais e compromissos políticos do candidato. Competência, é óbvio. Neste item eu anotaria: experiência bem-sucedida de comandar organizações grandes e complexas como a Prefeitura de São Paulo.

Capacidade de harmonizar interesses contraditórios: ninguém governa sem aliados, alguns deles bem complicados. A questão é como, a que preço manter os aliados e o próprio partido do seu lado.
Respeito à lei e às opiniões contrárias, amor à diversidade, visão de conjunto, atenção aos detalhes -eu poderia me estender. Paro aqui para não entregar o retrato falado do meu candidato nem estourar o espaço.

O importante é: faça a sua lista de prioridades e requisitos e veja quem melhor se encaixa.

O centro do tabuleiro - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 12/10


Enquanto a antiga cúpula petista arde na fogueira do julgamento da Ação Penal 470, a eleição de São Paulo vira, a cada dia, a ressurreição para tudo e para todos. De domingo para cá, a cidade passou a ocupar casas importantes do tabuleiro eleitoral, lugar que parecia haver perdido. Vejamos primeiramente o PT, o mais óbvio. Desde que o ex-ministro José Dirceu deu à eleição o caráter de porta de saída para o baixo astral do mensalão, ganhou asas o discurso interno de que, se Fernando Haddad for eleito, será sinal de que o eleitor perdoou o mensalão. Um grupo do PT não gostou. Talvez não por acaso, muitas avenidas na cidade ontem apresentavam mais cartazes de Haddad com Dilma Rousseff do que com Lula, que administrava o país no período em que o escândalo eclodiu.

A cara feia de um certo grupo, entretanto, é só pro forma. O PT trabalhará dia e noite para que uma vitória de Haddad consiga varrer os resquícios do julgamento dos ombros do partido e dê cara nova à legenda.

Nos demais partidos, entretanto, mesmo entre aliados de Haddad, há o receio de que a vitória traga ao PT poder demais. O partido já tem a Presidência da República extremamente bem avaliada, tem Lula e, para completar, cresceu nesta eleição. Se ganhar em São Paulo, a avaliação geral é a de que ninguém segura mais o partido de Lula e todos os demais serão coadjuvantes.

Para o PSB, por exemplo, que apoia Haddad, uma vitória de Serra é considerada mais interessante por vários aspectos. Primeiro, fortalece o atual prefeito da cidade, Gilberto Kassab, do PSD, aliado preferencial de Eduardo Campos no futuro.

As faces da sucessão

Da mesma forma que a eleição de Haddad representa uma espécie de redenção para o PT e a virada da página do mensalão dando a volta por cima, a eleição de Serra representa para Kassab a redenção dos baixos índices de popularidade que ele enfrenta na cidade.

Kassab está decidido a não ocupar um ministério no governo Dilma Rousseff, mas não impedirá que a presidente busque alguém nas suas fileiras. Não descarta apoiar Dilma — tem dito, inclusive, que essa é a tendência hoje. Mas, no papel de comandante do PSD, prefere ficar longe de cargos para, se for o caso, seguir caminhos alternativos em 2014.

Outro personagem de 2014 que assiste ao jogo paulistano de olho no futuro é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e seus aliados não deixam de ter lá suas preocupações com qualquer que seja o resultado. Ao fazer a conta na ponta do lápis, Aécio sabe que precisa da vitória de Serra, mas ainda assim não tem a garantia de que o tucano lhe estenderá o tapete vermelho na cidade daqui a dois anos. Isso porque se Kassab estiver em outro palanque com posição de destaque — e hoje nada indica que Kassab apoiará Aécio —, não estará descartada uma relativa neutralidade de Serra na eleição presidencial.

Obviamente, ninguém abrirá todas essas cartas antes do tempo. Agora, logo depois da eleição, virá a eleição da Presidência da Câmara, na qual Júlio Delgado (PSB-MG) já está liberado para fazer campanha. Mas os planos de apoio do PSD não estão tão garantidos quanto pensa o deputado mineiro. Afinal, Kassab está na oposição ao PT em São Paulo, mas não pretende seguir esse movimento na Câmara. A orientação da bancada deve ser de apoio a Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Sinal de que não será este ano que veremos o jogo aberto. Só sabemos que a bola hoje está com São Paulo. É de lá que os atores do momento estão fazendo suas apostas.

Enquanto isso, no STF…

O dia não foi considerado dos piores para o partido, uma vez que a véspera do feriado trouxe algumas absolvições. A ordem agora é aguardar a chamada dosimetria da pena. A parte mais dolorosa está por vir.

MARIA CRISTINA FRIAS - - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 12/10


Vagas abertas por tempo limitado para o período das festas devem gerar maior efetivação neste ano


O trabalho temporário deve contribuir para gerar emprego no fim do ano, segundo empresas do setor e contratantes de mão de obra para o período de festas.

Dentre os 155 mil trabalhadores que serão convocados, cerca de 23 mil contratados pela indústria e pelo comércio no país podem ser efetivados, segundo a Asserttem e o Sindeprestem, entidades do setor.

O número é 4,5% superior a 2011. No Estado de São Paulo, estima-se que mais de 6.000 tenham seus contratos transformados em efetivos.

"As 155 mil vagas são 5,5% a mais do que em 2011. Os salários pagos estão em média 4% maiores", diz Vander Morales, do Sindeprestem.

As redes Pão de Açúcar, Extra e Assaí demandarão 6.000 funcionários temporários, que serão contratados de outubro a novembro pelo grupo Pão de Açúcar.

As centrais de distribuição da Nova Pontocom, braço de e-commerce do grupo, serão reforçadas com mil posições.

"Há oportunidades de efetivação, ao redor de 20%, e de carreira no grupo. Em razão da dinâmica dos negócios do varejo, onde o movimento de final de ano se concentra, sobretudo, na segunda quinzena de dezembro, temos maior flexibilidade do período de contratação, que se estende até 10 de dezembro", afirma Enéas Pestana, presidente do grupo.

O segmento alimentar do grupo abriu 20 lojas, responsáveis por mais de 2.100 empregos diretos no ano.

A expectativa com a inauguração das unidades previstas no final do ano é abrir, além das vagas temporárias, mais 1.500 postos diretos de outubro a novembro.

A Abras (associação de supermercados) espera que 13 mil funcionários sejam contratados. "Em 2011, 52% das empresas precisaram de temporários. Esse ano deve se manter, mas não vai ser fácil. Com o atual nível de desemprego, até a reposição dos quadros de funcionários está difícil", diz Tiaraju Pires, superintendente da entidade.

"O Brasil vive quase o pleno emprego. Isso exige novas dinâmicas. Temos parcerias especializadas em mão de obra temporária, o que facilita o processo"

ENÉAS PESTANA

presidente do grupo Pão de Açúcar

ESTÉTICA DE EXPORTAÇÃO
Empresas brasileiras do ramo de beleza e estética miram sua expansão para o mercado internacional.

É o caso da D'Pil, franquia de depilação que atualmente tem duas unidades na Alemanha e abre sua primeira loja na Venezuela neste ano.

Com 469 lojas comercializadas e mais de 300 em funcionamento, a empresa pretende focar sua expansão para países como Colômbia, México e Itália.

"Este ano, procuramos fortalecer a marca no mercado interno para poder retomar o crescimento internacional em 2013", diz Marlon Sampaio, diretor da empresa.

Também no segmento de depilação, a Pello Menos negocia unidades nos Estados Unidos e em Angola.

"Vamos abrir mais lojas no Nordeste, no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas estamos em avaliação com outros países. A maior dificuldade é o treinamento de profissionais, que deve seguir um padrão", afirma Regina Jordão, presidente da franquia.

Consumo... Quase 80% dos pais de crianças da classe A compram brinquedo frequentemente, segundo pesquisa da Sonne Branding na capital paulista. Na classe B, 44% compram com frequência. Na C, 64%, em datas especiais.

53% são os pais da classe A que procuram planejar a compra

...infantil Levar a vontade do filho em consideração tem reflexo da renda, segundo a pesquisa. A classe A considera mais o desejo da criança presenteada. Cerca de 60% destes pais ouvem a vontade do filho, ante 32% na classe B.

78% são os que programam a compra de brinquedo na classe B

Oportunidade ameaçada - RODOLFO LANDIM

FOLHA DE SP - 12/10


O Brasil poderá deixar de se beneficiar por muitos anos de oportunidades que surgem no setor petrolífero


O gás natural vem sendo apontado como a fonte de uma potencial revolução energética no mundo em razão do enorme aumento de sua oferta com a consequente queda de preço ocorrida nos Estados Unidos nos últimos anos.

Isso se deveu ao aproveitamento das chamadas jazidas de gás não convencional por meio da aplicação de novas tecnologias que aumentam muito a produtividade dos poços em áreas até então consideradas subcomerciais.

A adoção de práticas semelhantes àquelas hoje desenvolvidas nos Estados Unidos em situações geologicamente análogas já vem sendo testada com sucesso em outros países, reforçando as perspectivas positivas de que grandes mercados como o europeu e o asiático também possam experimentar significativas reduções no preço do gás, incentivando o seu consumo.

Tudo isso nos leva à imediata reflexão sobre quais os impactos que essa nova onda poderá trazer para o Brasil, não só em relação à competitividade de sua indústria, já que nos outros países se poderá ter acesso a esse tipo de energia de forma mais barata, como também em relação às possibilidades que teremos de aproveitar as novas oportunidades que se descortinam com o gás não convencional.

E tudo isso passa por análises que envolvem aspectos ligados ao marco regulatório, à infraestrutura, à prioridade de investimento e à política de preços.

Na cadeia de geração de valor da indústria petrolífera, tudo começa com a atividade exploratória.

O Brasil tem cerca de 6,4 milhões de quilômetros quadrados de bacias sedimentares, sendo 2,8 milhões de quilômetros quadrados com potencial de descobertas de óleo e gás natural.

Desses, apenas 336,7 mil quilômetros quadrados estão concedidos, algo que poderá melhorar caso a 11ª rodada de licitações seja de fato aprovada conforme anunciado, mas ainda ficaremos deixando uma vastíssima área sem previsão de investimentos.

Quando observamos a malha de gasodutos brasileiros, verificamos que ela é pouco expressiva, seja na cobertura territorial, seja na capacidade de transporte.

A maioria das áreas onde existe potencial de produção de gás não convencional não possui nenhum tipo de gasoduto. Existem razões históricas para isso, afinal as reservas brasileiras de gás natural nunca foram muito grandes.

O consumo de gás natural só começou a ter um crescimento significativo com o início da operação do gasoduto Brasil-Bolívia, mas mesmo assim a sua participação na matriz energética brasileira sempre foi inferior a 9%.

Mesmo sem considerar o potencial acréscimo do gás não convencional, somente com o desenvolvimento dos campos do pré-sal a oferta do produto crescerá muito no país. Mas, ao analisarmos os investimentos previstos na área de transporte e de distribuição de gás no plano da Petrobras, empresa que sempre esteve e certamente continuará na vanguarda do desenvolvimento de infraestrutura de gás, veremos que eles serão modestos.

Os recursos financeiros necessários para colocar os campos de petróleo em produção tendem, cada vez mais, a drenar a capacidade de investimento da companhia para a atividade de exploração e produção, sem dúvida o mais rentável negócio da companhia.

Por outro lado, os preços de gás praticados no Brasil estão em níveis bem razoáveis, permitindo um importante ingresso de recursos na Petrobras para sustentar seu programa de investimentos, principalmente agora que os preços dos derivados estão em patamares inferiores aos do mercado internacional.

Mesmo que a queda de preços observada no mercado americano venha a ocorrer nos demais mercados mundiais, é difícil de acreditar que o movimento venha a afetar a política interna de preços, pelo menos a curto e médio prazos.

Por tudo isso e por aspectos relativos à complexidade e à responsabilidade dividida do marco regulatório existente, que, ao contrário de ajudar, dificultam a viabilização da implantação de uma logística de gás, o Brasil poderá deixar de se beneficiar por muitos anos dessa grande oportunidade que a evolução tecnológica no setor petrolífero vem oferecendo.

Bravatas comprometedoras - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 12/10


A mania que o ex-ministro José Dirceu ainda cultiva, mesmo depois de cassado pela Câmara e de ser réu do processo do mensalão, de relatar suas atividades políticas passadas e presentes com toques de megalomania que as transformam em verdadeiras proezas acabou virando-se contra ele mesmo neste julgamento do mensalão.

Não há quem não saiba, vivendo no Brasil naquele ano de 2003 ou nos dias de hoje, que Dirceu sempre foi o grande articulador político do governo Lula, com ingerência em praticamente todas as áreas do governo, a exemplo do que fazia quando liderava o PT em acordo com Lula.

Centralizador, quando deixou a Casa Civil, presidia dezenas de conselhos interministeriais, tratando dos mais variados assuntos. Sua fome de explicitar o poder que detinha era tamanha que a ordem de precedência dos ministros foi alterada, e ele passou a ser sempre o primeiro nas solenidades.

Pelo decreto 70.724, que trata de "normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência" de autoridades em eventos oficiais, a sequência de entrada era determinada pelo critério histórico de criação do respectivo ministério, sendo o da Justiça o mais antigo. Na época de Dirceu, surge uma regra interna, ainda em vigor no Planalto, de que a Casa Civil teria precedência. Ele era considerado o primeiro-ministro do governo, aquele que realmente governava, realidade que até irritava o presidente Lula, o que não o impediu de classificar Dirceu de "o capitão do time". Pois foi esse poder exercido sem a menor discrição, com fome de exibição, que transformou Dirceu em "chefe da quadrilha" quando o Ministério Público denunciou o esquema.

Ele até que tentou montar um Ministério partidário cooptando o PMDB para o primeiro governo. Fechou um acordo, mas foi desautorizado por Lula, que naquele início de governo dizia não se sentir confortável ao lado do PMDB. A indicação do então deputado federal Eunício Oliveira para uma das vagas do PMDB, por exemplo, provocou a ira de Lula. Mais adiante, depois da crise que quase o tirou do poder, Lula refez seus conceitos, colocou todo o PMDB no governo e deu um ministério ao hoje senador Eunício Oliveira.

Em 2003, para dar a maioria ao governo, o PT, ao comando de Dirceu, foi atrás de adesões e montou esquema para esvaziar os partidos oposicionistas. Tanto que o PT quase não aumentou sua bancada na Câmara, mas os vários partidos que foram para a base, esses, sim, cresceram bastante. O PTB de Roberto Jefferson aderiu ao governo e teve aumento de cerca de 20 deputados em sua bancada; o PL de Valdemar da Costa Neto, hoje PR, ganhou outros 20. Já o PFL perdeu 26 deputados, e o PSDB, outros 19.

Essa migração da oposição para o governo teve um custo, traduzido no mensalão. Mas o processo de redução da oposição, através da cooptação de deputados para a base governista, continua em ação, agora com troca de cargos no governo ou a perspectiva de poder, caso do novo PSD, que praticamente desidratou o DEM e deve ser incorporado ao Ministério de Dilma após o 2º turno das eleições.

Pois toda essa movimentação partidária foi iniciada por Dirceu quando ainda estava na Casa Civil, o que o transformou aos olhos de todos como o "todo-poderoso" do governo Lula, fama que ele cultivava, mas ao mesmo tempo fez dele o réu mais óbvio quando estourou o escândalo do mensalão.

Suas bravatas eram tão explícitas que tornaram factível que fosse ele o elo final da cadeia criminosa. Bem que José Dirceu avisou várias vezes que nunca fizera qualquer movimento político sem que Lula soubesse, mas sua figura já ganhara dimensões épicas que fizeram dele o figurino perfeito para a tese do domínio do fato, que acabou levando à sua condenação.

Entretanto, o presidente do Supremo, Ayres Britto, disse que encontrou no depoimento de Dirceu à Justiça elementos que claramente o incriminavam, por suas próprias palavras, como o comandante da operação, sem que fosse necessário usar a teoria do domínio do fato. Ayres Britto pinçou declarações de Dirceu em juízo: "O papel do articulador é levar a que o governo tenha maioria na Câmara, que aprove seus projetos, discutir com a Câmara, com os governadores, prefeitos e conversar com a sociedade. Esse é o papel que tenho até hoje. Me reunia com todos os partidos."

Era um líder "extremamente centralizador", definiu Ayres Britto, para concluir por sua culpa.

Rebelião sindical - VERA MAGALHÃES -


FOLHA DE SP - 12/10


Contrariados com o apoio do PDT paulistano a José Serra no segundo turno, dirigentes de seis centrais sindicais marcaram para quarta-feira ato no qual expressarão repúdio ao candidato tucano e embarcarão na campanha de Fernando Haddad. Articulado ontem, o movimento é liderado pela CTB e CUT e terá reforço de alas dissidentes da Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB. O manifesto dos sindicalistas pró-Haddad será lido pelo pedetista Brizola Neto, ministro do Trabalho.

O que é isso... Idealizadores do evento, previsto para o Sindicato dos Eletricitários, querem sublinhar as razões do apoio. "Serra tem histórico de enfrentamento com movimentos sociais e demissão de grevistas", diz Wagner Gomes, que preside a Central dos Trabalhadores do Brasil.

... companheiro? Um dos objetivos da manifestação é isolar Paulinho (PDT), enfraquecido com a votação inferior à esperada e apontado como responsável pela perda da única vaga da sigla na Câmara. Foi dele a iniciativa de levar o partido a Serra.

Saldo Em que pese a desvantagem no Datafolha, o QG de Serra considera a largada do segundo turno positiva. "Três partidos vieram, o PRB ficou neutro e o PT teve de lidar com o mensalão. O PMDB não viria conosco mesmo", diz o coordenador da campanha, Edson Aparecido.

Vacina Lula tem dito que Haddad precisa se posicionar sobre a polêmica do "kit gay" o quanto antes, para evitar desgastes. Quer que o candidato declare que não adotará material similar caso eleito.

Pacote O acordo PMDB-PT em São Paulo prevê que a presidente Dilma Rousseff e Lula gravem depoimentos para a propaganda de TV dos peemedebistas Renato Amary (Sorocaba) e Maria Antonieta (Guarujá). O ex-presidente também dará seu testemunho em favor de Dárcy Vera (PSD), que tem vice do PMDB em Ribeirão Preto.

Cabo de guerra Em reação à pressão do PSB para evitar a presença de Lula em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins afirma que o presidente do PT, Rui Falcão, irá à cidade na terça-feira para anunciar a data da participação do ex-presidente na campanha de Elmano de Freitas.

Linha direta Tão logo pediu demissão do Ministério da Defesa, anteontem, José Genoino recebeu telefonema de Dilma prestando solidariedade a ele. O petista foi condenado por corrupção ativa pelo STF no mensalão.

Terapia em grupo Passadas as eleições, petistas defendem que o partido promova uma campanha de reafirmação da legenda com base no resultado das urnas de 2012. Para dar injeção de ânimo nos líderes são consideradas fundamentais vitórias em São Paulo e Salvador.

Hortifruti O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, tem procurado intervir o mínimo possível nas querelas entre ministros no julgamento do mensalão. A quem pergunta como consegue se manter zen no meio da discussão, costuma usar a frase: "É no andar da carroça que as abóboras se ajeitam".

Missão cumprida Sergio Môro, juiz auxiliar de Rosa Weber, deixará o Supremo Tribunal após o julgamento do mensalão. Temido por advogados, ele é conhecido por ser duro em matérias envolvendo lavagem de dinheiro. A saída dele já estava combinado com a ministra.

Visita à Folha Marta Suplicy, ministra da Cultura, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava com Jeanine Pires, secretária-executiva do ministério, e Montserrat Bevilaqua, assessora de comunicação da pasta.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Apesar das críticas, Joaquim Barbosa entendeu que Anita Leocádia não fazia parte do mundo cheio de ratos ao qual me referi."

DO ADVOGADO MAX TELESCA, que conseguiu absolver sua cliente no STF após citar música composta por Cazuza para embasar sua sustentação oral.

contraponto


Profecia eleitoral


Durante evento no qual PMDB e PT anunciavam acordo para o segundo turno em São Paulo, ontem, Fernando Haddad e Gabriel Chalita driblaram perguntas sobre a invasão de temas religiosos na campanha. Incomodado com os questionamentos, o petista reagiu:

-Não quero transformar isso em tema eleitoral!

Ao final do encontro, jornalistas questionaram o peemedebista sobre seus planos políticos para 2014. Ante a insistência, Chalita arrematou:

-Bom, já que o assunto que vocês gostam é religião, meu projeto para 2014 só Deus sabe!

Sujo e mal-lavado - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 12/10


BRASÍLIA - Neste momento de lavação de roupa suja, de julgamento de lavagem de dinheiro e de fichas-sujas, encardidas e renitentes, destaque para a reportagem de ontem da Folha sobre os fichas-sujas que saíram de fininho e puseram mulheres, filhos e até cunhados no lugar para não largar o osso.

Uma síntese de tudo isso é a família Roriz no Distrito Federal. O patriarca Joaquim Roriz foi quatro vezes governador, a primeira delas por nomeação do então presidente Sarney e as outras, já pelo voto, como consequência.

Em 2007, todo enrolado, renunciou e saiu rapidinho pelas portas dos fundos do Senado para fugir de um processo por falta de decoro parlamentar. Em 2010, mais enrolado ainda, fez tudo para concorrer a um quinto (quinto!) mandato ao governo do DF. Não deu.

Barrado pelo TRE e pelo TSE, Joaquim jogou a própria mulher na fogueira. Weslian Roriz -que nunca disputara nada, nunca tivera presença pública, nunca... nunca nada- concorreu ao governo. Chegou ao segundo turno e teve mais de 30% dos votos. Um escárnio.

No rastro, elegeram-se duas pimpolhas do clã: Liliane Roriz é deputada distrital e Jaqueline Roriz, deputada federal. E, ora, ora, já na estreia do mandado lá estava Jaqueline às voltas com um processo por... falta de decoro parlamentar. Tal pai, tal filha. Por um triz, salvou o mandato.

Se isso ocorre na capital do país, não se estranhem as "Rosa do Faiad", as "Michele do Daniel", as "Neia do Saulo", as "Sílvia do André", que usam seus nomes para lavar as candidaturas sujas dos maridos. Elas são apenas mais uma representação da "Weslian (do) Roriz".

O sistema autoriza, assim como permite que partidos sejam criados do nada para ajudar na lavagem de fichas-sujas. Weslian concorreu pelo PSC, Jaqueline, pelo PMN, e Liliane, por um tal de PRTB.

Seria cômico, não fosse trágico.

Ativos e passivos - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 12/10


Lula achava que ministro do Supremo Tribunal Federal era cargo de confiança, da sua cota pessoal, deles esperava lealdade, fidelidade e gratidão. Mas os ministros que nomeou não sabiam disso, e estão fazendo o que tem que ser feito, a começar por Joaquim Barbosa.

Até as absolvições de Lewandowski e Dias Toffoli servem para legitimar, como minoria, as condenações que a maioria acachapante do STF impôs aos réus do mensalão, que foram defendidos pela seleção brasileira de advogados.

Data venia, com invejável coragem e sem medo do ridículo e do opróbrio, o ministro Lewandowski tem feito das tripas coração, ou vice-versa, e usado o seu notório saber jurídico para fechar a cadeia de comando do esquema em Delúbio Soares.

O ministro gosta de citações e poderia atualizar a frase do rei Luís XV, prevendo o caos e a destruição se seu reinado caísse, "Après moi, le deluge" (Depois de mim, o dilúvio), para "Après moi, le Delúbio". Porque, se chegasse a Dirceu, o dilúvio de lama levaria a Lula.

Afinal, se continuasse funcionando em silêncio, o esquema garantiria a hegemonia política absoluta do PT, com uma base de apoio de dar inveja a Chávez, e poderia manter o partido no poder por 20 anos. Totalmente autossustentável. Era o que todo mundo fazia, só que muito mais bem feito. Como professor de matemática, Delúbio sabia que os números fechavam - e tendiam ao infinito. Os oito anos de Lula, e mais oito de Dirceu, estariam assegurados. Se Roberto Jefferson ficasse calado.

Era um golpe no Estado e na democracia, como julgou o presidente Carlos Ayres Britto, ironicamente de um partido obcecado pelo golpismo, acusação com que responde a qualquer crítica.

Não era um projeto de enriquecimento pessoal, uma ladroagem das elites e da direita, mas uma audaciosa manobra política, digna de um grande estrategista como o capitão do time em que Lula era o técnico e o dono da bola, batia córner e cabeceava, dava os passes e fazia os gols, além de morder a canela dos adversários para proteger sua meta e defender os companheiros dos juízes, aos gritos. Como não saberia quem patrocinava o time?

Abandono em massa - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 12/10


São impressionantes os números que traduzem a opção preferencial de boa parte do eleitorado pelo silêncio diante das urnas municipais: 25% dos brasileiros e 30% dos paulistanos anularam, deixaram o voto em branco ou simplesmente se abstiveram.

Somados, são 35 milhões de eleitores voluntariamente apartados do processo de escolha. Em São Paulo foram 2,4 milhões e ultrapassaram a votação dos dois primeiros colocados: José Serra (1,8 milhão) e Fernando Haddad (1,7 milhão).

Um contingente considerável. Digno de chamar atenção dos partidos que, no lufa-lufa dos preparativos para as disputas do segundo turno, não têm dado importância ao assunto.

Pelo menos não falam disso como seria de se esperar, tendo em conta a necessidade dos candidatos pela maior quantidade possível de votos válidos.

Talvez para 2012 seja tarde para reagir e dar uma resposta a essa legião que arranja seu próprio jeito de escapar da imposição (antiquada) do voto obrigatório.

Na prática, vota quem quer. A obrigatoriedade só serve para dar mais trabalho a quem não quer. Contudo, fosse o voto facultativo, a ausência não seria ainda maior?

Provavelmente. Mas pelo menos os partidos não teriam garantida uma reserva de mercado. Os políticos precisariam trabalhar mais, se comportar melhor e dar ouvidos à opinião pública na entressafra dos períodos eleitorais se quisessem assegurar presença razoável do público na hora de votar.

Claro que o distanciamento entre representantes e representados não decorre da obrigatoriedade do voto. A crescente indiferença é sintoma de algo muito maior. Problema de diagnóstico conhecido e solução sempre apontada na direção da reforma política.

Pregação que tem se mostrado inútil porque os partidos de verdade não querem mudar coisa alguma. Ficam discutindo em termos incompreensíveis aos ouvidos da maioria que obviamente não se entusiasma com o debate.

Isso quando não insistem em propostas desprovidas de respaldo social. É o caso do financiamento público de campanha.

Ora, se o público se afasta do processo eleitoral, é de se concluir que não esteja disposto a pagar mais por isso.

Aqui voltamos à questão do voto obrigatório: o que mais poderia aproximar a população da política se não a proposição de um tema que afeta diretamente seus direitos e deveres?
Posto o cidadão no centro desse universo, é grande a chance de lhe ser despertado o interesse a partir do qual pode se criar um ambiente propício à reforma política.
Da perspectiva daquele de quem emana o poder nos termos do artigo 1.º da Constituição.
Fogo na roupa. Comandante do PMDB na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima não gostou de ouvir o presidente nacional do partido, Valdir Raupp, dizer à imprensa que ele entregaria a vice-presidência da Caixa Econômica Federal.
"A presidente se quiser que me demita", reagiu, argumentando que não foi nomeado em troca de apoio local ao PT, mas em função da aliança nacional entre os dois partidos. Tampouco achou adequado o recado enviado pela presidente para que fizesse "um gesto" ao governador Jaques Wagner, seu desafeto. "Qual gesto? Só se for para me desmoralizar todo."
Risca de giz. Caso não tenha ficado entendido, no desfecho do julgamento do núcleo político por corrupção ativa o Supremo Tribunal Federal desenhou: formar coalizões partidárias para governar com ampla base aliada não é crime, mas comprar a lealdade dos partidos é ato criminoso.
A propósito. A gritaria do ministro Dias Toffoli destoa do garbo argumentativo de seus colegas de Corte.