quarta-feira, setembro 19, 2012

Dinheiro na mão - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 19/09


Deborah Secco e outras três pessoas da família conseguiram liberar suas contas bancárias que estavam bloqueadas.
O pai da atriz, Ricardo Secco, foi acusado de ter desviado, entre 2003 e 2006, R$ 1 milhão dos cofres públicos, e repassado parte do dinheiro para diversos familiares, incluindo a filha.

Bolsa Seguro

Dia 29 agora, a Central Única das Favelas lança o projeto-piloto Comunidade Segura. Trata-se de uma apólice de seguro popular para acidentes pessoais. Por R$ 0,50 mensais, o morador terá direito a uma cobertura que vai até R$ 12 mil.
— Nas favelas, a tensão é enorme, e todos estão sujeitos à morte ou a invalidez permanente — diz Celso Athayde, da Cufa.

Segue...

Na primeira etapa, o seguro deve atender cerca de 50 mil moradores de várias favelas brasileiras.
Entre elas, Complexo do Alemão (Rio), Paraisópolis (São Paulo), Restinga (Porto Alegre), Ceilândia (Brasília) e Lagamar (Ceará).

Nossos comerciais
Ziraldo, que aos 79 anos é uma usina de ideias, chama atenção de que os atores de "Avenida Brasil" não conseguem fazer anúncios:
— Novela sempre alavanca os contratos de publicidade para atores. Mas esta tá cheia de pilantras. E anunciante não quer associar sua imagem a um vilão.

Aliás...
Ziraldo lembra que, no elenco, poucos conseguiram faturar. Entre eles, Nathália Dill (Débora) e Ísis Valverde (Suelen):
— O Tufão (Murilo Benício) é bonzinho. Mas corno não é um bom garoto-propaganda.

FIO DE BIGODE, ANTES E DEPOIS
Desfeito o mistério antes que algum maldoso, comparando estas fotos - a primeira de 2/8/2012 e a segunda de 11/9/2012 -, tirasse conclusão apressada de que Lula, a exemplo de seu aliado Sarney, poderia estar pintando o bigode. A repórter Tatiana Farah apurou junto ao médico oncologista Artur Katz, da equipe que trata Lula, que “essas coisas podem acontecer; às vezes nasce crespo, às vezes nasce branco, outras, mais escuro. Depois volta ao normal”. Wanderley Nunes, o cabeleireiro de Lula, jura que o petista não pinta o bigode nem o cabelo, que “agora tem nascido mais escuro”. Ele notou também uma mudança nos fios do cabelo, que ficaram mais grossos. 0 cabeleireiro disse que isso pode ocorrer depois de um tratamento como o de Lula (quimioterapia). Quanto à barba, ela já voltou a nascer, mas Lula ainda vai esperar para retomar o antigo visual. 0 país respira aliviado. Que seja feliz •

Fim do mundo
"Como aproveitar o fim do mundo" é o nome da nova série da TV Globo prevista para ir ao ar em novembro. Escrito por Alexandre Machado e Fernanda Young, o programa brinca com a profecia do calendário maia que diz que o mundo vai acabar no dia 21 de dezembro.
O telespectador que tiver uma dica pode mandá-la para o site da TV Globo.

‘Entre sem bater’
O livro "Entre sem bater” de Cláudio Figueiredo, sobre o Barão de Itararé, que a Casa da Palavra publicará, esbarra na existência de outro, homônimo, de Luís Pimentel, pela Ediouro.
"Entre sem bater" é ainda nome de um documentário de Emílio Gallo.

Mais um capítulo
Até o fim deste mês, a juíza Ludmilla Vanessa Lins da Silva, da 1® Vara Criminal do Rio, deve julgar o caso Patrícia Amieiro, a engenheira que sumiu na Barra da Tijuca, em 2008, lembra?
A magistrada aguarda apenas as alegações finais do MP e dos quatro PMs acusados do crime.

Negócio da bola
Veja como o futebol, em tempos de Copa do Mundo no Brasil, atrai cada vez mais empresas.
A partir deste fim de semana, 18 clubes do Brasileirão, patrocinados pela Brahma, entrarão em campo com uma faixa defendendo o consumo responsável de bebida alcoólica com os dizeres: "Menor e bebida é bola fora."

Cartão vermelho
Emerson, ex-volante da seleção, aquele cortado às vésperas da Copa de 2002 por causa de uma lesão, lembra?, foi multado pela Lei Seca, na madrugada de domingo, em Copacabana, no Rio.
Ele dirigia sem habilitação e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As multas somam R$ 1.532,32.

Boletim médico

Roberto Jefferson, internado no último dia 12, no Hospital Samaritano, no Rio, deve ter alta hoje.

O outro lado

Boninho, o grande diretor de TV, garante que não furou a fila da ArtRio, domingo passado.
— Cheguei cedo. Na hora da abertura fui recebido por uma amiga galerista que estava me aguardando. Maldade de quem falou.

Marcação cerrada

Dois clubes grandes do Rio tiveram a água cortada nos últimos 45 dias.
Primeiro foi Flamengo, mês passado. E o segundo, como se sabe, o Vasco.

O resgate de FH - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 19/09

Há tempos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não ganhava tantos holofotes numa campanha eleitoral de seu partido quanto obteve nesses últimos dias na disputa municipal paulistana. Desde 2002, último ano como presidente da República, lá se vão 10 anos. Esse foi o tempo que o PSDB levou para perder o receio de enaltecer numa eleição seu único representante a ocupar o mais alto cargo da República.

E, por incrível que pareça, o mesmo candidato que no passado escondeu Fernando Henrique é hoje quem mais precisa dele. Das guerras eleitorais tucanas pós-governo FHC, José Serra disputou quatro — duas para presidente da República, 2002 e 2010; uma para prefeito, em 2004; e outra para governador de São Paulo, em 2006. Na primeira delas, com os problemas de avaliação enfrentados pelo governo, a música de Serra foi toda baseada na “mudança”. O jingle pregava: “A mudança é azul”. Logo, não havia lugar para Fernando Henrique ou seu governo, exceto as ações de Serra na Saúde (obviamente, deu errado, já que a parcela da população que desejava a mudança via Lula como sinônimo desse objetivo).

Para prefeito, dois anos depois, Serra não precisou muito do auxílio de FH, porque, afinal, tinha vencido a eleição presidencial em São Paulo e carregava o desejo do eleitor de lhe compensar pela derrota nacional de 2002. Foi um passeio. Para governador, também não foi difícil chegar lá. Serra venceu no primeiro turno. A coisa começou a degringolar quando ele perdeu a eleição presidencial e, ainda assim, vislumbrou uma terceira candidatura presidencial no mesmo dia em que Dilma comemorou a vitória no segundo turno. Daí, as dificuldades que Serra enfrenta estes dias para explicar ao eleitor paulistano que não deixará a prefeitura daqui a quatro anos e a luta contra Fernando Haddad, do PT, pela vaga no segundo turno, em que as pesquisas dão como certa a presença de Celso Russomanno (PRB). E, agora, cada um joga com o que tem.

As armas

Diante desse cenário, Haddad esconde Paulo Maluf e exalta Lula. E Serra não esconde ninguém. Nem o prefeito Gilberto Kassab, que hoje enfrenta problemas de popularidade. Parece ter aprendido que o eleitor valoriza quem não esconde seus aliados. Aliás, nesta eleição, a mais difícil de sua vida, Serra tem em Fernando Henrique Cardoso a figura mais emblemática para convencer o eleitor paulistano de que, se eleito, não largará tudo daqui a dois anos. Assim, o ex-presidente soa agora como o principal avalista de que Serra não repetirá 2004.

Nesse novo estilo de José Serra, de apreço aos aliados, Fernando Henrique nunca foi tão enaltecido. Especialmente nestes dias em que o PT está sob o fogo cruzado do julgamento do mensalão. Na verdade, o resgate de Fernando Henrique começou no ano passado, quando foi convidado para o almoço com Barack Obama no Itamaraty e, depois, quando completou 80 anos e recebeu uma carta da presidente Dilma Rousseff. Depois do gesto de Dilma, o PSDB preparou uma festa para o ex-presidente em Brasília. E, ao que tudo indica, esse resgate eleitoral veio para ficar, já que o pré-candidato tucano a presidente da República, Aécio Neves, sempre faz questão de enaltecer os aspectos positivos do governo FHC da mesma forma que Dilma sempre levanta os acertos do governo Lula.

Por falar em Dilma…

Os petistas não gostaram muito de a presidente ter vetado o imposto zero para a cesta básica em plena campanha eleitoral. Mas não havia jeito, uma vez que ontem foi o último prazo para analisar o tema. Entre os candidatos pelo país afora, há o receio de que isso seja usado eleitoralmente nessa reta final. Como se já não bastasse o desgaste imposto pelo julgamento do mensalão, agora vem uma lasquinha na área econômica. Para compensar esse estrago, esperam que ela reserve algum dia da agenda até 4 de outubro para ajudar o partido nas principais capitais. Até agora, ela, como já dissemos aqui, mantém-se distante não só da campanha, como do julgamento do mensalão e da disputa da Câmara e do Senado.

Enquanto isso, no Congresso…

Hoje é o último dia de esforço concentrado da Câmara dos Deputados antes das eleições. Paralelamente à análise do Código Florestal — aprovado ontem —, estava prevista a votação, na comissão especial, do marco civil da internet, um projeto que mobiliza todos os setores da sociedade, o Ministério das Comunicações e, em especial, os operadores. A aposta, entretanto, é a de falta de quórum para apreciar qualquer projeto. Vamos aguardar.

Restringir importações: má ideia - PEDRO FERREIRA e RENATO FRAGELLI


Valor Econômico - 19/09


Nos últimos anos, o Brasil vem assumindo uma postura francamente hostil ao comércio exterior, coibindo a concorrência dos produtos importados. Pouco a pouco as reformas liberalizantes dos anos 1990 vão sendo revertidas. O recente aumento das tarifas de importação de 100 produtos constitui somente mais um passo nessa direção. O Brasil é hoje um dos países que mais aplica medidas antidumping no mundo, instrumento que deveria se restringir aos produtos que recebem subsídios ilegais em seus países de origem. Não se pode esquecer que a tarifa média brasileira, cerca de 12% antes do recente aumento, é muito superior à média mundial.

Ao somar todas as taxas e tributos incidentes sobre importados, conclui-se que o Brasil está entre os países mais fechados do mundo. O resultado se reflete em baixo volume de comércio exterior.

A restrição aos produtos importados é uma péssima política de longo prazo para a economia brasileira, embora a curto prazo seja ótima para os acionistas e trabalhadores dos setores protegidos. Não há muita controvérsia entre os economistas a respeito das implicações sobre a perda de bem-estar para a sociedade das restrições ao comércio exterior: elas encarecem produtos e restringem as escolhas dos indivíduos. E em relação ao crescimento e produtividade da economia?

Há argumentos suficientes e evidência estatística abundante de que abertura comercial eleva a produtividade

O argumento de que a proteção aumentará a competitividade dos setores protegidos não faz qualquer sentido quando por "competitividade" entende-se produtividade. Ao contrário, há argumentos suficientes - e evidência estatística abundante - de que abertura comercial eleva a produtividade e a eficiência da economia. A vantagem conquistada no presente por meio de barreiras ao comércio implica perda de produtividade no médio e até no curto prazo.

Os argumentos são muitos. Como estaria a China sem insumos de produção importados? Como a produtividade do campo neste país é muito baixa e a oferta doméstica de minerais muito limitada, uma parcela muito grande da força de trabalho teria que permanecer na região rural para suprir o mercado local com estes produtos. Assim, haveria escassez de trabalhadores para a indústria que, além disto, pagaria mais caro pelas matérias-primas chinesas do que paga hoje pelas importadas. Em artigo ainda em preparação, Pedro Ferreira e Marcelo Santos calculam, por meio de simulações computacionais, que o produto por trabalhador chinês cairia a menos da metade do valor atual, caso se impusessem restrições drásticas às importações. Obviamente trata-se de um argumento por absurdo. Mas o ponto relevante é que a importação de bens em cuja produção a China revela-se pouco produtiva permite uma melhor alocação de recursos e uma especialização em setores onde sua eficiência é muito alta, aumentando a produtividade de toda a economia.

Um segundo argumento é que o protecionismo exacerbado revela-se particularmente deletério ao crescimento quando atinge a importação de bens de capital. A importação de máquinas, equipamentos e produtos intermediários - alvo de grande parte das últimas medidas protecionistas - constitui um importante veículo de absorção de tecnologia de ponta embutida nesses produtos. Diante do encarecimento dos bens de capital e bens intermediários, as firmas nacionais vêm-se compelidas a adotar tecnologias menos avançadas, o que reduz a eficiência da produção local e aumenta seu preço. O encarecimento de bens de capital e bens intermediários propaga ineficiências mais intensamente que restrições à importação de bens finais de consumo, pois afeta não apenas diretamente como também indiretamente os setores que os utilizam como insumos em alguma etapa do processo produtivo.

Finalmente, a pressão da concorrência de importados induz as firmas domésticas a promover melhorias de produtividade e gestão para sobreviverem ou manterem participação no mercado. Afinal, a adoção de tecnologias e novas técnicas de gestão envolve custos e riscos que podem ser evitados na ausência de concorrência. Ademais, a entrada de importados no mercado doméstico reduz o poder de monopólio das firmas locais e portanto seus preços. Isto não só induz a melhorias de produtividade como beneficia os consumidores.

Os produtores nacionais têm razão quando reclamam da péssima infraestrutura e de uma estrutura tributária excessivamente burocrática e distorcida, fatores que reduzem a produtividade e aumentam o custo de se produzir no país. Números da pesquisa "Ease of Doing Business" do Banco Mundial, que mede e compara ambiente de negócios no mundo todo, mostram que o tempo gasto com pagamento de impostos no Brasil é cerca de sete vezes maior que a média da América Latina e 14 vezes maior que na OECD. O total de impostos e contribuições sobre salários como proporção dos lucros é mais que o dobro que a média da América Latina.

Entretanto, e como já se enfatizou algumas vezes neste espaço, a solução para uma distorção não deve ser a imposição de uma segunda distorção. A proteção aos setores menos produtivos reduz a eficiência e competitividade do país. A maior proteção contra a competição de importados mantém inalterado o problema original e adiciona um novo. A proteção excessiva beneficia temporariamente um grupo limitado de setores e firmas, mas prejudica não só os consumidores brasileiros mas a economia como um todo no longo prazo.

Eu não nasci de óculos - ANTONIO PRATA

FOLHA DE SP - 19/09


Queria uma armação que não dissesse nada sobre mim; mas, por outro, queria colocar gelo e limão no visual


ESTILO NÃO é um troço que você escolha da noite pro dia. Não há um momento X no despertar da mocidade em que seus pais lhe convoquem, acompanhados pelo rabino, o padre ou o pastor, mais um colegiado de anciãos, e perguntem: "Então, cria minha, chegou a hora: serás punk? Yuppie?
Almofadinha? Pit boy? Mano? Intelectual com a barba por fazer? Ou crente de terninho bege?"

Estilo é o resultado de milhares de microdecisões tomadas (ou não tomadas) ao longo de muitos anos, escolhas que vão aos poucos definindo desde a postura dos nossos ombros até a cor das nossas meias. Por isso, como descobri na semana passada, após duas horas penando numa ótica, é tão difícil comprar uma armação de óculos: pois ali você tem que decidir, no ato -ou ao menos, vá lá, revelar a si mesmo-, quem você é.

Comecei pelos mais discretos. Armações finas, prateadas ou pretas, com fio de nylon na parte de baixo das lentes. Pareciam ok. Afinal, eu não queria uns óculos com proposta, queria? Não. Não queria óculos que fizessem com que, digamos, um frentista perguntasse pro outro "de quem é o troco, Lima?", e ouvisse como resposta, "do artista, ali", ou "do John Lennon, ali", ou "do cara que pegou os óculos do avô, ali". Realmente, os mais discretos me caíam bem. No entanto, pareciam tão sem graça...

Por curiosidade, experimentei um daqueles oclões de acetato preto. Gostei do que vi, mas, ao mesmo tempo, me senti uma fraude. Aquelas armações vendiam um homem mais moderno do que eu. Mais antenado. Imaginei-me indo à padaria, uma equipe de TV me aborda: "O que você achou do último filme do Sokurov?". Sokurov? Não, amigo, eu só tava indo comprar pão.

Do acetato preto, migrei para a armação de tartaruga: uma proposta vistosa, também, embora um tantinho mais conservadora. Novamente, me senti em dívida. Óculos de tartaruga são para quem já leu pelo menos metade da obra de Proust, para quem tem a Cultura na memória 1 do rádio do carro. Se estivesse com uns óculos daqueles e tocasse Red Hot Chilli Peppers, eu teria que fechar os vidros. Não, não.

O problema, descobri então, perdido entre plásticos vermelhos e arames beges, é que duas forças lutavam por minha hegemonia: de um lado, queria óculos que não dissessem nada sobre mim, que fossem simples como um copo-d'água. De outro, queria, sim, colocar um gelo e limão em meu aspecto. Por que não?

Eu venho de um nicho, de um grupo, como qualquer pessoa. Qual o problema de afirmar, nas curvas, na espessura, na cor e no material dos meus óculos, a visão de mundo que eu, consciente ou inconscientemente, endosso? Sei lá, mas depois de duas horas olhando-me no espelho, acabei ficando com uma das primeiras armações, finas e discretas.

O que não deixa de ser, também, uma declaração de princípios. "De quem é o troco?", pergunta o frentista. "Daquele cara ali que, por covardia, por timidez, por orgulho, até, quem sabe, não quer dizer nada com seus óculos." "Boa observação, Lima. Cê devia largar o posto e fazer uma pós em semiótica, sabia?" "Tô ligado. Aqui o troco, chefia. Quer que dê uma olhada no óleo?"

Confiança - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 19/09


O Estado e os mercados são instituições que precisam ser coordenadas para atingir o melhor nível de eficiência possível e para que os frutos econômicos produzidos sejam distribuídos da forma mais equânime. É isso que acelera, no longo prazo, o crescimento material com a inclusão social.

É preciso, portanto, cuidadosa calibragem entre as políticas econômica e social do governo e o crescimento do setor privado. Este depende de sua capacidade e disposição de financiar seus novos investimentos com o produto de sua taxa de retorno e sua capacidade de endividar-se.

Diante dessas circunstâncias, deveria saltar aos olhos o absurdo das seguintes proposições: 1) "crescer pelo consumo", uma vez que, sem novos investimentos, a tendência daquele é diminuir, e 2) "crescer pelo investimento", uma vez que, sem consumo, ele tende a desaparecer.

No prazo médio (a cada quatro anos), quem arbitra a expectativa de quanto se vai tentar aumentar o consumo e de quanto se vai aumentar o investimento é a própria sociedade, por meio do sufrágio universal. É na urna que se explicita se a sociedade quer crescimento mais rápido e, consequentemente, inserção social menos rápida, ou vice-versa, se prefere inserção mais rápida à custa de um crescimento menos rápido.

O que os economistas podem e devem fazer, porque a economia é uma ciência "moral", é mostrar quais os resultados de uma escolha inteligente e aceitável para o crescimento econômico (aumento do PIB) e para o crescimento social (aumento da inserção), uma vez que não há elemento objetivo para uma escolha "ótima" das duas variáveis.

O que torna o processo mais harmônico (crescimento + inserção) é o estabelecimento de um ambiente de confiança entre o poder incumbente eventual e os agentes do mercado. O que se chama de "ambiente de negócios" é o nível da desconfiança mútua entre o poder incumbente e os agentes econômicos do setor privado criada pelo excesso de controle burocrático e dos agentes econômicos em relação ao poder incumbente, que não hesita em mudar as "regras do jogo" quando ele já está em andamento.

Não há dúvida de que, desde a Constituição de 1988, temos avançado na construção daquela "confiança", mas ainda estamos longe de tê-la em nível adequado. O ponto curioso é que os investidores estrangeiros parecem ter maior confiança no governo do que os nacionais.

A prova disso foi a última colocação dos títulos do Tesouro Nacional no mercado internacional com uma taxa de risco inferior a cem pontos em relação aos papéis americanos de mesmo prazo, ajudada, é verdade, pela excepcional liquidez mundial.

Armistício - SONIA RACY


O ESTADÃO - 19/09


A bispa Sônia vai coroar o apoio da Renascer a Celso Russomanno no próximo sábado.

Em grande estilo: com chá da tarde para 4 mil mulheres em evento no templo da zona leste.

Armistício 2
Campos Machado contou à coluna, anteontem, no debate Estadão/TV Cultura/YouTube, que tem na ponta da língua os argumentos para demover Dom Odilo Scherer da cruzada contra o candidato do PRB nas igrejas católicas.

“Direi que Russomanno, o vice e eu somos católicos – as principais figuras da campanha.”

Projeções
As pesquisas da equipe de Russomanno têm batido com as do Estado/Ibope. “Isso no que diz respeito ao Celso; os outros já não batem tanto assim”, explicou Ricardo Bérgamo, misterioso.

Sem revelar, em seu tracking, quem está à frente, Serra ou Haddad. “Não vou divulgar dados”, desconversou.

Projeções 2
Quem o candidato do PRB prefere enfrentar? “Acredito no Celso contra qualquer um”, aposta o assessor. Seguro de que seu cliente estará no segundo turno, instruiu-o a adotar a linha paz e amor.

“Nossa pesquisa mostra que o paulistano está cansado de agressões. Ele quer ouvir proposições”, explica.

Com ternura
Marqueteiros não são psicólogos. Mas, muitas vezes, cumprem o mesmo papel.

Passaram todo o fim de semana treinando Chalita para maneirar na agressividade durante o debate.

Sem sal
Gilberto Kassab não relaxa nem ao ser questionado sobre a vida pós-Prefeitura: “Não será boa nem ruim, é uma missão que se encerra”. Ponto.

Cockpit
Bruno Senna não entendeu a declaração de Toto Wolff, da Williams, sobre sua “permanência incerta” na equipe em 2013.

O piloto tem quase o mesmo número de pontos de seu companheiro, Pastor Maldonado – apoiado pela PDVSA.

À la vonté
E Eduardo Toldi, da grife Egrey, prepara projeto de moda com a francesa Le Bon Marché. Suas criações ganharão as araras da loja em 2013.

Quem vem
Na volta de NY, Dilma agendou para quinta, 26, conversa com David Cameron.

Pauta única: Olimpíada de 2016.

De jerico
Os superprédios recentemente inaugurados na região da Av. Faria Lima não têm heliponto, pois Kassab vetou novos licenciamentos.

Corre que um banqueiro, incomodado com o fato, teria sugerido a Dilma alugar um andar no prédio, trocando sua sala de despacho em SP, no Banco do Brasil, por um local mais confortável.

Levou um sonoro “não”.

Direto do salão
Celso Kamura jura que Marta Suplicy não mudará o visual – pelo menos por enquanto. Cabeleireiro da nova ministra da Cultura há muitos anos, ele afirma que, juntos, já encontraram o que “lhe cai melhor”.

O hairstylist também deu pitaco sobre o novo cargo de Marta: “Ela sempre foi muito culta e não tem medo de desafios”.

Na frente
Alexandre Padilha está em Washington. Apresenta, hoje, o SUS a empresários norte-americanos e autoridades.

Esgotados os convites do Gala BrazilFoundation – hoje, em NY. Restam apenas entradas para a after party, também no Museu de História Natural. Preço? US$ 250.

Sabina de Libman inaugura mostra na galeria Arte Aplicada. Hoje.

Ike, filho de Charlotte Dellal, baixou com a mãe, este fim de semana, na pop up store deAlice Ferraz em Londres. Dez marcas brasileiras estão abrigadas na loja Bluebird.

Modelo falido - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 19/09


O debate ontem entre senadores do PT e do PSDB sobre o mensalão é bastante representativo do nível baixo de nossa política atual. Não tendo mais como defender seu partido, o PT, dos crimes que estão sendo provados sessão após sessão no julgamento do Supremo Tribunal Federal, o senador do Acre Jorge Viana resolveu atribuir ao PSDB a origem do esquema criminoso, alegando que os petistas foram "alunos mal aplicados" que tentaram repetir "o modelo profissional do PSDB e do PFL".

O líder do PSDB, senador Álvaro Dias, saiu-se bem de início, defendendo que, "se o PT sabia do episódio de 1998 em Minas, deveria ter denunciado em vez de repetir o modelo cinco anos depois". Mas depois se perdeu na tentativa de tapar o sol com a peneira, alegando que desconhecia o tal "mensalão mineiro".

É o roto falando do esfarrapado.

A atitude de Viana reflete a repercussão, nas eleições municipais, do julgamento do mensalão, especialmente nas capitais, inclusive Rio Branco. O PT vem encontrando dificuldades nos grandes centros, onde a opinião pública é mais interessada em questões que dizem respeito a valores e comportamentos, e tenta levar consigo o PSDB. Enquanto isso, o que está em julgamento pelo STF são nossos hábitos e costumes. Os políticos acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro têm chances reais de serem condenados, a persistirem os critérios já utilizados pela maioria dos ministros do STF nas sessões anteriores.

Há um entendimento majoritário no STF de que a corrupção passiva acontece quando existe a possibilidade de utilização do cargo para recebimento de pagamentos indevidos, até mesmo que não se realize o ato corrupto. Os saques na boca do caixa do Banco Rural foram comprovados por uma contabilidade paralela descoberta pela Polícia Federal, e todos os políticos já admitiram ter recebido o dinheiro através de pagamentos autorizados pelo lobista Marcos Valério. A alegação de todos é que se tratava de combinação partidária para pagamentos de gastos de campanha eleitoral, mas a maioria dos ministros já firmou a ideia de que não importa a destinação que o corrupto dá ao dinheiro que recebeu, mas o fato de ter recebido.

Com isso, o álibi de que o dinheiro era caixa dois de campanha política, crime eleitoral menos grave, foi por água abaixo. Por outro lado, a maioria da Corte já se acertou sobre o crime de lavagem de dinheiro, que era muito polêmico no plenário, a ponto de o deputado João Paulo Cunha ter sido condenado por 6 a 5.

Com a saída de Cezar Peluso, ficou majoritária com folga tese de que a lavagem é crime autônomo, e não parte da corrupção passiva como entendem alguns ministros. Por maioria agora de 6 a 4, ministros entendem que a tentativa de esconder dinheiro recebido indevidamente caracteriza o crime de lavagem de dinheiro, deixando em minoria Rosa Weber, que defende que esconder dinheiro é parte da corrupção passiva.

O rigor com que os ministros estão tratando os crimes do caso do mensalão petista deve se refletir nos julgamentos das instâncias inferiores, onde tramitam diversos processos ligados ao mensalão, com acusados sem foro privilegiado. E também aos demais processos ligados a outras questões políticas, como o mensalão do PSDB de Minas.

O que estamos vendo no julgamento sobre o mensalão petista demonstra ser o início de um processo punitivo que pode passar a limpo o sistema partidário brasileiro, um modelo falido, abrindo caminho para novos tempos, se não mais virtuosos, menos permissivos com hábitos já enraizados na política brasileira.


A guerra paulista

Há indicações de que nem Serra nem Haddad estão conseguindo mudar de posição na disputa de quem vai para o segundo turno, enquanto a zebra Russomanno continua em ascensão. As próximas pesquisas devem mostrá-lo abrindo vantagem em relação aos candidatos empatados tecnicamente em segundo lugar, o que sugere que, nos dias que antecedem o primeiro turno, a carga contra o candidato do PRB será intensificada na luta particular de quem vai com Russomanno para o segundo turno, provavelmente para perder, segundo as pesquisas de opinião. Mas segundo turno é uma outra eleição, dizem os políticos...

Analfabetismo histórico - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 19/09


O movimento negro, bem como outros grupos que tentam reduzir os níveis de intolerância na sociedade, tem toda a minha simpatia. Isso dito, é ridículo o que estão tentando fazer com Monteiro Lobato. Se a iniciativa legal, que já chegou ao Supremo, prosperar, o autor poderá ter parte de sua obra banida das bibliotecas escolares.

Não há a menor dúvida de que Lobato se utiliza de expressões que hoje soam rematadamente racistas, como o termo "macaca de carvão", para referir-se à Tia Nastácia. A questão é que estamos falando de escritos dos anos 30, época em que quase todo mundo era racista. E, se há um pecado mortal na crítica literária e na análise histórica, é o de interpretar o passado com os olhos de hoje.

"Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade social e política das raças branca e negra... há uma diferença física entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver juntas como iguais em termos sociais e políticos. E eu, como qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mantenham a posição de superioridade."

Odioso, certo? Também acho. Mas, antes de condenar o autor da frase ao inferno da intolerância, convém registrar que ela foi proferida por Abraham Lincoln, o presidente dos EUA que travou uma guerra civil para libertar os negros da escravidão.

E Lincoln não é um caso isolado. Encontramos pérolas racistas em ditos de Gandhi e Che Guevara. Shakespeare traz passagens escancaradamente antissemitas, Eurípides era um misógino e Aristóteles defendia com empenho a escravidão. Vamos banir toda essa gente das bibliotecas escolares?

A verdade é que todos somos prisioneiros da mentalidade de nossa época. Há sempre um horizonte de possibilidades morais além do qual não conseguimos enxergar. Aplicar critérios contemporâneos para julgar o passado é uma manifestação de analfabetismo histórico.

Conversa de velhos - ROBERTO DaMATTA


O Estado de S.Paulo - 19/09


Para o Roque nos seus 80 anos

Entreouvi, outro dia, uma conversa entre dois velhos. Eram "antropólogos" e estavam jantando. Eu pairava no ar de todas as possibilidades que constroem o que chamamos de literatura, ao mesmo tempo em que participava do bate-papo.

* * * *

Os velhos chegaram e, como velhos amigos, apertaram alegremente suas velhas mãos. Sentaram-se um em frente do outro. Eram antigos. Ambos usavam blazers e era visível o prazer que sentiam naquele encontro. O gosto do encontro tão comum, mas tão escondido entre os seres humanos, contaminava os garçons que os recebiam. Escolheram um lugar bem iluminado porque já não enxergavam bem nem de perto nem de longe, nem no claro nem no escuro. Não eram mais vampiros e um deles, para piorar o problema, tinha um baita terçol no olho esquerdo.

- Você se lembra daquele nosso jantar em Belém, em agosto de 1962, quando terminávamos uma temporada de pesquisa de campo entre os índios e, sem dinheiro, escolhemos a comida pelo lado direito da coluna - pelo preço?

- Lembro que você pediu uma salada de tomate, mas naquele tempo não havia verduras em Belém. Depois roubamos os ovos e o leite dos zoólogos americanos que dividiam a hospedagem gratuita conosco no Museu Goeldi...

- Mas agora somos "ricos" e podemos comer de tudo! - afirmou com garantia orgulhosa o mais falante dos dois.

- Garçom, por favor, dois uísques Joãozinho Caminhador com gelo e soda!

Não havia soda, mas a bebida foi devidamente servida com água gasosa. E os velhos beberam sem brindar. E eu percebi que o brinde era a bênção do encontro.

Liquidaram rapidamente a primeira rodada e, na segunda, brindaram aos ausentes e logo verificaram que eram muitos. Falaram de dois colegas queridos - uma professora e um professor - mortos recentes e, em seguida, dos antigos. Todos os seus mentores haviam morrido. Eram órfãos e brindaram a uma honrosa, nostálgica e orgulhosa orfandade.

- Devem estar precisando de antropólogos no outro mundo. Talvez um congresso ou reunião...

- Talvez uma tentativa de entender este nosso sempre surpreendente país.

- Não vamos estragar o papo falando em política - disse o mais ponderado dos dois velhos que eram ambos igualmente ponderados.

- E ela, como vai? - perguntou timidamente o velho sem tersol.

- No mesmo. Está viva e morta ao mesmo tempo - falou o velho com o tersol.

As lentes que cobriam os quatro olhos dos dois velhos não escondiam aquele constante lacrimejar que faz com que o olhar dos velhos seja sempre molhado por alguma coisa. Uma lembrança ou um esquecimento. Uma falta ou uma grata presença. Os velhos se satisfazem com muito e com pouco ao mesmo tempo.

- Eu lembro dela em Belém, grávida do seu primeiro filho e sempre sorrindo.

- Sempre sorrindo. Até hoje sorrindo...

* * * *

Esses velhos eram amigos havia muito tempo. Se eu fosse um fabulador, diria que eles haviam se conhecido no tempo em que animais falavam e havia no mundo uma inocência tão palpável quanto a mesa na qual o garçom botou os pratos de uma gostosa comida fumegante.

- Lembra quando os índios visitaram você e nós os levamos para uma visita ao Museu Nacional, onde almoçaram?

- Eles ficaram impressionados com o número de pessoas nas ruas e com a feiura das mulheres na praia. Imagine...

- Você também sabe o que ocorreu quando voltei à aldeia meses depois dessa visita, não?

- Não lembro...

- Eles pensaram que o Museu fosse a minha casa e me cobraram duramente pela sovinice de "branco". Eu era imensamente rico, morava num castelo, mas dava poucos presentes.

- Mas eu lembro - disse o velho do tersol - do seu desespero no avião, cujo trem de aterragem não descia. E como você imaginou o desastre e se preparou para o pior. Mas primeiro pensou em duas crianças que estavam sentadas ao seu lado. Você tentaria tirá-las do avião de qualquer modo. Eu fiquei impressionado com esse altruísmo numa situação que justifica todos os egoísmos.

O velho mais calado olhou para dentro do seu copo como se estivesse procurando alguma coisa. Em seguida, mirou os olhos do amigo. A mim me pareceu que os olhos de ambos ficaram um pouco mais molhados.

* * * *

Era uma conversa de velhos e os velhos têm muitas histórias.

Haviam se encontrado do mesmo modo em outras ocasiões. Numa delas, um dos velhos ia bem e o outro andava mal. Agora, a mesa havia virado. O velho do tersol vivia perdas muito dolorosas. Empatavam, contudo, no gosto pelo compartilhar da comida que comiam.

* * * *

O olhar era o mesmo do primeiro encontro num Congresso de Estudantes de História na Faculdade Nacional de Filosofia em 1960. A vida havia passado dentro e fora de cada um deles, cujos destinos se ligavam pelo interesse na velha disciplina do entendimento humano pelo humano. Jamais tiveram ressentimentos ou inveja um do outro. Nenhum assunto foi proibido entre os dois. Entre eles reinava uma rara solidariedade que não precisa de doença, discórdia, morte, política ou desastre para se manifestar.

- Não sei se vou fazer uma festa nos meus 80 anos. É muito trabalho.

- Faça o que achar melhor, mas lembre-se de que nem todos chegam aos 80. Sobreviver é vencer, como dizia Thomas Mann.

Terminaram o jantar na dúvida. Mas combinaram um encontro nos 80 anos de uma querida amiga. Em seguida, levantaram e deixaram o restaurante como haviam entrado: discretos e triviais como se chega a este mundo.

Nós - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 19/09


Poucas pessoas gostam de viajar sozinhas. O que é compreensível: a melhor modalidade é a dois, também acho. Mas, na ausência momentânea de parceria, por que desconsiderar uma lua de mel consigo mesmo?

Uma amiga psicanalista me disse que não é por medo que as pessoas não viajam sozinhas, e sim por vergonha. Faz sentido: numa sociedade que condena a solidão como se fosse uma doença, é natural que as pessoas se sintam desconfortáveis ao circularem desacompanhadas, dando a impressão de serem portadoras de algum vírus contagioso. Pena. Tão preocupadas com sua autoimagem, perdem de se conhecer mais profundamente e de se divertir com elas próprias.

Vivi recentemente essa experiência. Tirei 10 dias de férias, e não diga que não reparou, ou morrerei de desgosto. Estive em lugares que já conhecia para não me sentir obrigada a conferir as atrações turísticas _ o “aproveitar” não precisa necessariamente ser dinâmico, podemos aproveitar o sossego também. Minha intenção era apenas flanar, ler, rever amigos que moram longe e observar a vida acontecendo ao redor, sem pressa, sem mapas, sem guias. Dormir até mais tarde e almoçar na hora em que batesse a fome, se batesse. Estar disponível para conversar com estranhos, perceber o entorno de forma mais aguçada, circular de bicicleta por cidades estrangeiras. Ave, bicicleta! Diante do incremento de turistas no mundo, não raro impossibilitando a contemplação de certos pontos, alugar uma bike às 7h30min foi a solução para curtir ruas vazias e silenciosas.

Solitários, somos todos, faz parte da nossa essência. Não é um defeito de fabricação ou prova de nossa inadequação ao mundo, ao contrário: muitas vezes, a solidão confirma nossa dignidade quando não se está a fim de negociar nossos desejos em troca de companhia temporária. E a propósito: quem disse que, sozinho, não se está igualmente comprometido?

Numa praça em Roma, um casal de brasileiros se aproximou. Começamos a conversar. Lá pelas tantas, perguntei de onde eles eram. “De São Paulo, e você?” Respondi: “Nós, de Porto Alegre”. Nós!!! Quanta risada rendeu esse ato falho. Eu e eu. Dupla imbatível, amor eterno, afinidade total.

Se você não se atura, melhor não viajar em sua própria companhia. Mas se está tudo bem entre “vocês”, saiam por aí e descubram como é bom sentar num café num dia de sol, pedir algo para beber enquanto lê um bom livro, subir até terraços para apreciar vistas deslumbrantes, entrar em lojas e ficar lá dentro o tempo que desejar, entrar num museu e sair dali quando bem entender, caminhar sem trajeto definido nem hora pra voltar, pedalar ao longo de um rio ouvindo suas músicas preferidas no iPod, em conexão com seus pensamentos e sentimentos, nada mais.

Vergonha? Senti poucas vezes na vida, quando não me reconheci dentro da própria pele. Mas estando em mim, sob qualquer circunstância, jamais estarei só.

Não é fácil ser chique - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 19/09


Começou com a calça jeans, continuou com a camiseta Hering, vai adiante com as Havaianas. O processo é o mesmo: uma coisa de pobre se torna item de consumo chique.

Quando chega a esse ponto, é natural que variem as versões de cada produto. Há o jeans de grife, caríssimo, ao qual se aplicam, por vezes, bordados ou cristais. Pode-se optar pelo contrário, que é mais chique ainda: primeiro desbotando a calça, depois esfiapando-a aos frangalhos.

Chique mesmo, sem dúvida, é usar a calça mais barata possível, sem grife; ou as Havaianas tradicionais. Mas isso é para quem pode. Os outros (as outras) vão continuar gastando em jeans caríssimos, com sapatos de salto agulha e bico pontudinho. Se o sapato for branco, estaremos diante de um caso perdido.

Vejo que também na gastronomia vai acontecendo coisa parecida. Até a perua do salto agulha já deixou de pedir camarão à grega nos restaurantes. "Prato de p...", dizia há décadas um amigo que entendia do assunto. Ele também discriminava o estrogonofe.

Sabe o que ficou chique agora? O miojo. Pelo menos, é a aposta da editora Boccato, em parceria com a agência publicitária Nazca e, naturalmente, a Nissin, fabricante do macarrão instantâneo.

O livro, intitulado "Meu Miojo", traz contribuições de famosos chefes de cozinha, como Carla Pernambuco , Erick Jacquin e Emmanuel Bassoleil. Eles escrevem pequenos textos memorialísticos, e sugerem receitas capazes de dar um "upgrade" no estimado produto.

O resultado, que não fiz questão de experimentar na prática, parece afinal um pouco simplório. Várias receitas apostaram no óbvio para sofisticar o miojo. A saber, muito camarão por cima. Ou até lagosta. E ainda "foie gras".

Não, o espírito não pode ser esse. Seria necessário fazer como em alguns restaurantes caríssimos em São Paulo , que reservam para o cardápio de sobremesas suas iniciativas mais insultuosas.

Funciona assim. Você pode escolher, digamos, entre uma espuma de tangerina com raspas de canela tailandesa, um sorvete de chá verde com calda de jabuticaba ou uma torradinha de marzipã com caroço de maracujá. Sua dúvida é cruel, mas aí surge a última sugestão do chefe. Goiabada com queijo de Minas. Preço: que tal uns 30 ou 40 reais?

Certo prelado, em almoço a que compareci, mantinha à mesa os elevados princípios éticos que orientavam sua prática cotidiana. Ofereceram-lhe uma salada, não das mais imaginativas.

Até mesmo uma rodela de tomate, um talo de salsão, seriam coisa abusiva para o religioso. Como quem pede desculpas, ele retirou duas folhas de alface. "Não quer azeite?", perguntou alguém. Ele abaixou a cabeça. "Não, não, só a alface... com toda a simplicidade..."

A goiabada com queijo, em sua pura "simplicidade", fazia naturalmente o efeito contrário no restaurante da moda.

O miojo, para ficar chique mesmo, precisaria de algo além de camarões e lagostas. Precisa de consumidores chiques. Não que não existam; mas é o contexto social, não o acompanhamento culinário, o que decide nesse caso.

Seja como for, é radioso o futuro de produtos desse tipo --como aconteceu com as almofadas de fuxico, os vestidos de chita, o revestimento de pastilhas, os móveis de fórmica.

A estética proletária, em sua modalidade "retrô", acompanha o processo de ascensão da classe baixa no Brasil. Nada ficou mais brega do que um cruzeiro nas Bahamas. Pela ordem natural das coisas, é de prever que se torne elegante passar um fim de semana com churrasco, pescando na represa.

O sociólogo David Riesman, num livro da década de 1950, falava da transição dos hábitos da classe alta. O esbanjamento puro e simples, o "consumo conspícuo", dava lugar à "diferenciação marginal". Mármore, ouro e veludo cedem a materiais simples, com o toque imperceptível do designer ou do estilista.

Veio, depois, a fase do "design conspícuo" --a camiseta com a grife escrita em letras garrafais. Agora, a periferia assume a peruagem. É o que mostra a revista "Época", tratando do "funk da ostentação" em São Paulo .

O cantor MC Danado, por exemplo, enaltece em suas letras a posse de um Rolex e de "10 mil para gastar". Maria Antonieta, se estivesse viva, bem que poderia fazer a inocente pergunta: "Por que eles não comem miojo?". Mas, como se sabe, não há revolução à vista. O miojo e as Havaianas não serão confiscados nos Jardins.

A CAPELA SISTINA É AQUI - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 19/09

O monsenhor italiano Roberto Zagnoli, 72, é curador da mostra "Esplendores do Vaticano", que reúne arte da terra do papa no prédio da Oca a partir de sexta. Ele foi diretor do museu de Etnologia do Vaticano durante 15 anos e diz que "cada objeto tem sua história e, juntos, formam um grande mosaico: a história da Igreja".

SOB NOVA DIREÇÃO

O ministro Joaquim Barbosa não será mais o relator do mensalão mineiro, que envolve o PSDB, no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele assume a presidência do tribunal em novembro. E não deve levar o processo para o seu novo gabinete.

LONGE DO FIM
O ministro que assume o comando da corte pode levar os processos que já estão sob sua responsabilidade para relatar. Mas desde que estejam prontos para votar. E o mensalão tucano, no qual o ex-presidente do partido Eduardo Azeredo é réu, está "longe disso", segundo um magistrado do Supremo.

MÃO NA MASSA
Com isso, a relatoria do mensalão mineiro ficará nas mãos do ministro que Dilma Rousseff nomeará para o lugar de Carlos Ayres Britto, que se aposenta em novembro. O novo (ou a nova) integrante do STF herdará o gabinete de Joaquim Barbosa.

FALA, LULA
Mesmo dizendo a amigos, parentes e familiares, segundo a revista "Veja", que teme ser assassinado, o publicitário Marcos Valério, pivô dos escândalos tanto do mensalão do PT quanto do PSDB, não pediu proteção à polícia. "Nunca conversamos sobre isso, não", diz seu advogado, Marcelo Leonardo.

UAI!
Sobre as declarações de Valério publicadas pela revista, Leonardo diz: "Eu tô igual ao Lula: tô calado. Não falo mais do assunto". Questionado se Paulo Okamoto, braço direito do ex-presidente, é o interlocutor do PT junto a Valério, ele diz, rindo e com forte sotaque mineiro: "Uai, que é isso? Não sei do que 'cê' tá falando, não".

DOWNLOAD
Depois de Neymar, o craque Luis Fabiano também será personagem de um game para smartphones e tablets. O jogo será lançado no dia 25, com versões em português, espanhol e inglês. O aplicativo, em 3D, foi criado pela Insane Media e poderá ser baixado por US$ 0,99.

PALCO COR-DE-ROSA
Angela Dip levará Penélope, sua personagem em "Castelo Rá-Tim-Bum", para peça só dela, no teatro Alfa.

BOM PRA CACHORRO
A TV Colosso, programa infantil com bonecos de cachorro que a Globo exibiu nos anos 90, está de volta. Para comemorar os 20 anos, o grupo Cem Modos vai montar um grande musical em 2013. Serão 88 shows de "Canta, Colosso" por várias capitais do país.

JUNTOS OUTRA VEZ
Segundo o diretor Luiz Ferré, é a primeira vez que a equipe se reúne desde 1997. "Será a mesma galera. A [cadela] Priscila está uma graça!" Os produtores foram autorizados a captar R$ 4 milhões por meio de lei de incentivos. A Globo é parceira do projeto, segundo Ferré.

LAVO MINHAS MÃOS
Mães de alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Pedroso de Moraes, em Pinheiros, reclamam que seus filhos têm de lavar as mãos com álcool gel ao entrar na escola e antes de almoçar. A pele de uma menina de quatro anos está descascando, segundo sua mãe.

LAVO MINHAS MÃOS 2
A Secretaria Municipal da Educação diz que a recomendação de higienizar as mãos das crianças vem da época da gripe suína e que, se pedido pelos pais, o aluno pode não usar o produto.

MAIS NO MIS
O Museu da Imagem e do Som de SP teve visitação recorde neste domingo: 3.657 pessoas, contra uma média dominical de 700. O salto ocorreu no dia da Maratona Infantil de Aniversário do museu e do último dia da exposição "Georges Méliès: O Mágico do Cinema".

DIVÃ NELES
A série "Sessão de Terapia", dirigida por Selton Mello, ganhou festa anteontem, no MIS. Foram ao bar do museu, nos Jardins, o roqueiro Paulo Miklos, as atrizes Maria Luísa Mendonça e Mariana Lima, além do ator Paulo César Pereio.

MARIA MAIS UM
Maria Rita cantou, grávida de sete meses, em lançamento imobiliário neste fim de semana, em SP. Na plateia, entre os convidados, estava Paul Altit, da Odebrecht.

CURTO-CIRCUITO
O ministro do STF Gilmar Mendes entrega ao vice-presidente Michel Temer o título de doutor honoris causa do Instituto Brasilense de Direito Público. Hoje, às 19h30.

Liz Reis dirige a peça "Lição de Botânica", de Machado de Assis. Hoje, na Casa do Saber. 16 anos.

A WMcCann inicia o ciclo de palestras W+Exemplo. Hoje, falam os chefs Jefferson e Janaina Rueda.

Advogados e atores fazem julgamento simulado de Preto Amaral, um "serial killer" brasileiro. A defensora pública-geral de SP, Daniela Cembranelli, dá palestra. Na Faculdade de Direito da USP, amanhã.

Rochas de fama repentina - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 19/09


No mar da China oriental existem cinco rochedos isolados, desertos e nus. Juntos formam o arquipélago chamado Diaoyu pelos chineses e Senkaku pelos japoneses.

Esses grandes blocos de pedra não servem para nada, mas sua fatalidade é a posição geográfica: estão mais ou menos à mesma distância do Japão e da China, ou seja entre a segunda e terceira economias do mundo, entre dois países poderosos separados por tudo: tradições, história, ideologias e alianças.

Essas cinco ilhotas estão nas primeiras páginas dos jornais em todo mundo. Elas foram anexadas pelos japoneses em 1895, mas a China de vez em quando as reivindica. Isso ocorreu em 1970 e agora, em setembro de 2012, uma frota com milhares de barcos de pesca chineses se dirige para a zona onde elas se encontram. E elas deve estar espantadas, tão solitárias, tão desamparadas, por se tornarem de um dia para o outro uma das "vedetes" do mundo, quase um "casus belli", e com o fato de dois países, um com mais de um bilhão de habitantes e outro com 300 milhões, se inflamarem de repente por sua causa.

Na terça-feira da semana passada, Tóquio anunciou sua decisão de comprar três dessas cinco ilhas, que até o momento são propriedade de particulares japoneses. O anúncio foi o bastante para alarmar a China.

A semana foi dura para o Japão. Aqui e ali, empresas japonesas instaladas na China foram atacadas: Panasonic, Toyota, Honda. Em Xian, um palácio fundado pelos japoneses foi incendiado.

Em torno da embaixada do Japão em Pequim, centenas de manifestantes controlados por centenas de policiais, desfilaram levando banners com a imagem de Mao estampada neles, estandartes mostrando mísseis caindo sobre o Japão. Cartazes traziam inscrições como "proibido para cachorros e japoneses", ou "vamos matar esses porcos japoneses".

Na realidade, além desse confronto entre dois "nacionalismos", os incidentes ocultam também interesses econômicos. O arquipélago de Senkaku está no centro de uma zona rica em petróleo e gás. Não espanta que a China o cobice. Isso também explica a violência da reação chinesa.

O jornal Diário do Povo advertiu que, se insistir, o Japão corre o risco de ver uma década perdida. Ou seja, Pequim, que hoje é o principal parceiro comercial do Japão, poderá reduzir seus negócios com Tóquio e especialmente limitar as vendas das "terras raras", essenciais para o setor de alta tecnologia, o forte da produção japonesa. A China é a única produtora mundial dessa matéria-prima.

Enfim, uma lembrança histórica envenena ainda mais as relações entre os dois países. Ontem, foi lembrado o aniversário do "incidente de Moukden". Nesse dia, em 1931, teve início a invasão da Manchúria pelos japoneses. Uma lembrança amarga para os chineses e os japoneses sabem disso. Por precaução, as escolas japonesas na China ficarão fechadas toda a semana. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Contexto político - MÍRIAM LEITÃO


O GLOBO - 19/09

No voto sobre o núcleo político, o relator Joaquim Barbosa começou pelo PP. Isso derruba, por absurda, a tese de que a distribuição de dinheiro era “apenas” para pagamento de gastos de campanha. Como o PP apoiou o candidato José Serra, em 2002, se a versão dos acusados fosse verdadeira, o PT estaria se endividando para pagar as contas da campanha dos seus adversários.

Uma das teses da defesa é que não seria necessária a compra de votos porque era um governo com popularidade e que tinha maioria. Não era bem assim. Os primeiros projetos enviados pelo presidente Lula não eram aceitos pelos próprios petistas. A reforma da previdência causou uma rebelião dos mais radicais. Os que ficaram contra a reforma, como os parlamentares Luciana Genro, João Fontes, Babá, e Heloísa Helena, foram expulsos. Essa foi a origem do PSOL. A reforma descontentou a maioria do PT e parte do PCdoB.

O PT, de Lula, o PL, de José Alencar, e o PCdoB, juntos, elegeram apenas 129 dos 513 deputados. Para aprovar uma PEC exige-se 308 votos, uma MP, 257. A estratégia governista foi manter o PT e os partidos mais ideológicos com o mesmo tamanho e inchar os partidos mais fisiológicos que aderiram à coalizão de governo. Os partidos de oposição foram lipoaspirados.

Assim, entre a eleição de 2002 e setembro de 2005, o PTB de Roberto Jefferson — que havia apoiado Ciro no primeiro turno — saiu de 26 para 46 deputados, o PL (hoje PR) saiu de 26 para 47 deputados. O PMDB fora parte da chapa de José Serra, com Rita Camata candidata à vice. Elegeu 74 deputados. Perdeu quatro até a posse, ficando com 70. Aderiu ao governo e ganhou 17. Teve deputado que trocou de partido mais de uma vez. Até março de 2005, houve 225 mudanças de partidos envolvendo 125 deputados (vejam os números no blog).

Já os partidos mais tradicionais de esquerda, PT e PCdoB, ficaram do mesmo tamanho. O PSB, que tinha disputado com o candidato Garotinho, e o PPS, que lançou Ciro Gomes, ficaram do mesmo tamanho. O valerioduto irrigou principalmente os partidos fisiológicos, que incharam.

Alguns partidos que estavam na oposição durante a campanha foram cooptados, como o PTB e o PMDB. Outros foram desidratados, como o então PFL e o PSDB. O PFL perdeu 26 deputados da bancada que elegeu, e o PSDB, 19. Assim, o governo enfraqueceu a oposição, preservou os partidos mais ideológicos do troca-troca e inchou os partidos de natureza mais fisiológica que deram apoio às suas propostas.

O governo queria não apenas aprovar as duas reformas, mas construir uma maioria ampla, com esse centrão, e assim não ter problemas no Congresso. As duas propostas de reforma foram apresentadas pelo governo Lula para enterrar de vez a desconfiança em relação à diretriz econômica que o governo adotaria. Queria mostrar que estava disposto a pagar o preço da austeridade.

A tese dominante do PT era que o déficit da previdência não existia, era apenas uma questão de como fazer a conta. A reforma desafiava esse entendimento. Desagradava uma importante base de apoio do governo que era o funcionalismo público. A reforma mudava a aposentadoria dos servidores.

O final da história é estranho, porque o governo acabou abandonando as duas reformas. A tributária não foi adiante. A da previdência exigia uma regulamentação do fundo de pensão dos funcionários públicos que só agora no governo Dilma é que foi feita. Mas essa maioria foi fundamental. Ela foi agraciada com cargos distribuídos não apenas na administração direta, mas nas estatais e até nas agências reguladoras. O arco se rompeu quando a briga estourou dentro da própria base. 

GOSTOSA


Votem em mim! Bolsa Ventilador! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/09


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Votem em mim! Prometo o Bolsa Ventilador! Todo brasileiro terá direito a um ventiladorzinho de pilha! E prometo acabar com os pernilongos também. Virei serial killer de muriçoca!

E adorei a Marta Martox comparando o Ministério da Cultura com a casa do Tufão! Ou seja, uma putaria! Rarará! Chifre também é cultura! E que tal: Adauto pra Ministro da Cultura! Eu já falei que o Adauto não é burro, é básico!

E a greve nos bancos? Oba! Banco só serve pra duas coisas: pagar contas e rolar dívida! E de quebra o gerente tem que estar de bom humor. Banco serve também pra gente dar uma filada no ar condicionado. Você entra, finge que tem conta e toma aquela fresquinha! Serve também pra gente passar naquela porta giratória, que a gente só vê em hotel de filme! Rarará!

E a Nair Bello do Twitter: "Banco em greve na minha idade é falta de lazer. O que farei pela manhã?". Acabou o lazer dos aposentados: alugar gerente de banco!

E os grevistas que se cuidem, sabe como se chama o presidente do Bradesco? TRABUCO! Rarará! É verdade: Luiz Trabuco! E sabe como se chama o ouvidor do Bradesco? Guilherme Calado! Rarará!

E uma amiga baiana entrou no banco na cidade dela, mostrou o cartão VIP e sabe o que eles fizeram? Botaram ela sentada na frente de um ventilador. Atendimento VIP. Ela achou que o cartão dava direito a um atendimento rápido. Não, dava direito a um ventilador!

E o debatédio na TV Cultura? Conversa de doido. Parece conversa de doido. Haddad para o Serra: "Você foi pescar?". Serra: "Não, eu fui pescar!'. E o Haddad: "Ah, bem, pensei que você tivesse ido pescar". Como diz um amigo meu: assistir ao debate é para românticos! Rarará!

E adorei o hilário eleitoral! Com a Soninha filosofando em rima! Eu acho que ela acordou sem noção e resolveu rimar! É mole? É mole, mas sobe!

Ereções 2012! A Galera Medonha! A Micareta dos Picaretas! Adorei esta, direto de Santa Maria de Jetibá (ES): "Rola Italiana". Essa deve ser do partido do Berlusconi. Rola italiana é o Berlusconi! Vote na Rola Italiana e ganhe um bunga bunga com o Berlusconi. Rarará! A situação está ficando psicodélica. Nóis sofre, mas nóis goza.

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Uma escolha de longo prazo - FRANCISCO TURRA e ANDRÉ MELONI NASSAR


O ESTADÃO - 19/09


A crise por que passa a avicultura no Brasil, agravada pela recente alta dos preços do milho e da soja, macroingredientes das rações, coloca uma questão para reflexão: qual o melhor modelo de desenvolvimento para o agro brasileiro, aumentar sua inserção internacional via grãos ou carne? Ao ler tal questão, é quase irresistível a tentação de criar um paralelo com o debate sobre exportar minério ou aço.

Duas diferenças põem o debate grãos x carnes em outro nível em relação a minério x aço. Enquanto a produção de grãos é pulverizada, os produtores de minério são poucos, ou seja, os segundos controlam a oferta, diferentemente da primeira. Além disso, embora possam parecer situações similares, porque tanto na siderurgia quando no esmagamento de soja há capacidade ociosa no mundo (o que nos levaria a concluir que exportar minério e soja faz mais sentido economicamente do que aço e carne), a indústria de frango e porco ainda requer muito investimento em capacidade de alojamento, engorda e abate dos animais para atender à crescente demanda por proteína animal. Por que não criar as condições para que os investimentos necessários sejam feitos predominantemente no Brasil, ao invés de fora daqui?

Desde que garantido que a produção doméstica de grãos continue integrada aos mercados mundiais, a resposta à pergunta inicial é simples e direta: via carne. O grande desafio está em implementar um modelo de expansão da exportação baseado em carne, e não em grãos, como ocorre hoje.

Os últimos dez anos mostram que existe um bom equilíbrio entre a expansão da exportação de grãos e carnes. Enquanto a soja cresceu ao redor de 7% ao ano de 2002 a 2011, a carne de frango cresceu 9% ao ano. Farelo de soja, por sua vez, teve exportações estáveis, mostrando que foi a demanda por carnes, e não o mercado internacional, que promoveu maior esmagamento. No entanto, pós-crise de 2008, observamos que as exportações de soja, farelo e milho (9,5%, 5,9%, 16,4% de expansão ao ano, respectivamente) estão crescendo a olhos vistos, mais que as de frango e carne suína (3,2% e -1,9%).

Parte desse desequilíbrio está relacionada a questões estruturais no mercado internacional. A demanda por soja e milho, em maior magnitude, e por farelo, em menor (porque os importadores de ração investem em esmagamento), está crescendo mais que a demanda por carne de frango e suína. Isso se dá porque os asiáticos, sobretudo, estão migrando para sistemas mais eficientes de produção de carnes e demandam mais fortemente rações, substituindo dietas tradicionais menos produtivas.

Ao mesmo tempo, esses países mantêm níveis de proteção ao mercado de carnes mais elevados que os aplicados aos componentes da ração. Uma boa medida disso é comparar o aumento da importação e o do consumo doméstico. Quando a importação cresce mais rapidamente que o consumo, significa que parcela maior da demanda é atendida por importações. No caso inverso, é a produção local que supre o aumento da demanda. Quanto a soja e milho, fica claro que as importações crescem mais depressa que a demanda. Já no caso de frango e carne suína, o crescimento é equivalente, isto é, os importadores estão conseguindo manter o nível de autossuficiência.

Essa condição de mercado internacional, ou seja, de maior crescimento relativo da demanda por importações de rações que de carne, é fruto de políticas protecionistas e interesses de segurança alimentar nacional. A margem de manobra dos países para impor barreiras às importações de carne, até por sua natureza de perecibilidade e riscos sanitários, é muito maior e nações como China e Índia não medem esforços nesse sentido. Além disso, as barreiras culturais e de hábito de consumo pesam muito nas carnes. O chinês ainda consome muito pé de frango e o indiano, quando a come, opta por carne resfriada, restringindo o tamanho do mercado.

Esses países sabem que, ao importar milho e soja, capturam grande parte do valor adicionado e do emprego da indústria de processamento em seus países. A geração de valor na cadeia de frango comprova isso. Milho e farelo de soja representam 90% da ração de frango de corte em peso e 41% do valor FOB do frango exportado. Sobre o custo de milho e farelo de soja, o frango exportado adiciona 67% de valor. Além disso, gera 33,5 empregos diretos (nas granjas e nas indústrias) para R$ 1 milhão de carne produzida. Poucos setores de grande tamanho mostram essa capacidade de geração de empregos.

Como o preço dos grãos no Brasil é formado no mercado internacional, é indiferente para o produtor vender sua produção a um exportador ou a um produtor de carnes. Já para o desenvolvimento do agro as vantagens econômicas, sociais e logísticas de se buscar maior crescimento nas exportações de carnes vis-à-vis as dos grãos são evidentes. E para que isso ocorra via mercado e sem pôr em xeque elos da cadeia de valor, como hoje ocorre com os produtores de carne de frango, é preciso que as condições de competitividade sejam equânimes. Produzir carne tem riscos de mercado e regulatórios muito maiores e retornos mais longos que produzir grãos, além da preferência dos importadores pelos grãos em detrimento das carnes.

A indústria de frango no Brasil está diante de uma grande encruzilhada. Por anos foi capaz de crescer mais de 10% ao ano, mais que duplicando a participação do País no mercado internacional. Esse ciclo de expansão chegou ao fim e a aterrissagem de 2012 não poderia ser mais brusca. Conhecemos bem o que significa uma consolidação a fórceps, tal como se viu no setor sucroenergético e na carne bovina. Ela não será saudável nem para a indústria nem para os produtores. É momento de o Brasil definir o que quer ser no mercado mundial de carnes e, a julgar pelo pouco interesse na avicultura, os planos, infelizmente, não são muito ambiciosos.

Ressentimento - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 19/09

As gravações para a TV feitas pela presidente Dilma em favor de candidatos petistas estão gerando ressentimentos. Os aliados não têm força para impedir que o ex-presidente Lula participe da campanha, mas esperavam que Dilma se mantivesse fora dos embates entre candidatos da base governista. As maiores queixas são no PMDB. Por isso, no segundo turno, vai ter aliado apoiando a oposição.

Quanto custa?
O total das dívidas dos produtores rurais, suspensas a partir de 2008 por conta do novo Código Florestal, passa de R$ 10,5 bilhões, segundo a Frente Parlamentar do Agronegócio. Há multas a uma única propriedade de R$ 50 milhões. Se a MP perder a validade, elas teriam que ser pagas integralmente. Esse valor se refere só a multas aplicadas pelo Ibama por desmatamento e queimadas. Não estão nesse cálculo as multas emitidas pelos órgãos estaduais. Só no Pará, o montante é de R$ 1,4 bilhão. Mas um líder governistas não leva a sério essas ameaças. Argumenta: “O governo vai quebrar a produção? Vai gerar desemprego e sem-terras?”.

“Nós, do PMDB, só servimos para batero bolo. Na hora em que ele fica pronto para servir, só quem come é o PT”
Lúcio Vieira Lima
Deputado federal (PMDB-BA), protestando contra as gravações de VTs da presidente Dilma em favor de candidatos petistas

Discutindo a relação
O ex-presidente Lula e o governador Eduardo Campos (PSB) combinaram conversar, após o primeiro turno, para combinar eventuais embates entre os dois partidos no segundo turno. A ideia é colocar água fria nos confrontos diretos.

As lentes petistas
Contrariando as avaliações dominantes, o presidente do PT, Rui Falcão, diz que são prematuras avaliações negativas do desempenho do partido nas eleições municipais. Rui Falcão diz: “Nós vamos eleger mais prefeitos, mais vereadores e teremos mais votos do que no pleito anterior.” O PT avalia que o julgameto do mensalão só o afetou em Osasco (SP).

Sob os protestos de Aécio Neves...
O veto na mudança dos royalties da mineração, na MP 563, foi feito a pedido dos prefeitos presidentes das associações dos municípios mineradores de Minas (Amig), Antônio Martins (Santa Bárbara), e do Brasil (Amib), Anderson Costa (Congonhas).

Álvaro Dias faz autocrítica tucana
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), criticou ontem a cúpula tucana e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Disse que, em 2005, o partido “cometeu um equívoco histórico” ao não propor o impeachment do então presidente Lula em função do mensalão. Dias considera que eles deixaram de se afirmar como “defensores do estado de direito democrático”.

Como ficam as reformas?
Com a definição do STF de que a reforma da Previdência e a tributária foram aprovadas de forma ilícita no Congresso, mediante o pagamento de mensalão, fica a pergunta: são lícitas reformas aprovadas de forma ilícita?

Corpo mole da Polícia Federal?
As empresas de segurança privada reclamam que a PF protela edição de portaria para orientar sua ação na Copa das Confederações (2013). Alegam que precisam de tempo para treinar os vigilantes que atuarão desarmados no controle do público.

O MINISTRO JOSÉ EDUARDO CARDOZO levou. A presidente Dilma vetou, na MP 563, item sobre o Cadastro Positivo, incluído a pedido de Guido Mantega.

Caixa único - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 19/09


Fala-se que a Procuradoria-Geral da República não conseguiu demonstrar na denúncia do mensalão a relação de causa e efeito entre pagamentos a partidos e comportamentos de políticos no primeiro governo de Luiz Inácio da Silva.

Alega-se que a cronologia de liberação de recursos não se relaciona de modo perfeito com os painéis de votações da Câmara e do Senado e por isso não estaria provada a existência de um esquema de compra de votos.

Mas não se ouve de ninguém palavra capaz de rebater o que o Supremo Tribunal Federal já decidiu: que o PT se juntou a um esperto para montar um caixa monumental alimentado por desvio de recursos públicos e de empréstimos fraudulentos firmados com instituição bancária cuja estrutura serviu de lavanderia à dinheirama.

Não se discute também que parte desse dinheiro foi destinada a políticos, seja na forma de suas pessoas físicas ou jurídicas. Quanto há isso não há dúvida porque há confissão.

Bem lembrou o relator Joaquim Barbosa no primeiro dia de exame do item relativo ao núcleo político: foram R$ 8 milhões para o PP, R$ 4 milhões para o PTB, R$ 2 milhões para o PMDB e R$ 10 milhões para o PL (hoje PR).

A conta completa (a confessada, bem entendido) somaria cerca de R$ 55 milhões transferidos a partidos aliados.

E aqui está a chave e o ineditismo do esquema. Nunca antes se ouvira falar na existência de um caixa único que o partido do poder financiasse as legendas aliadas no Congresso ou nas eleições.

Pouco interessa se com os recursos foram saudadas dívidas de campanhas, comprados votos, lotes na máquina estatal, alianças eleitorais, ternos, brincos ou braceletes.

O crime reside na compra. De partidos que até a eleição de Lula fizeram a vida como adversários do PT e depois aderiram. Em nome do quê?

Do dinheiro recebido. Não importa a que título.

Ordem desunida. O PT, é verdade, precisa fazer alguma coisa para sair das cordas, embora não haja muito a fazer diante do rumo das coisas.

Mas, daí a convocar o eleitorado para defender o partido nas urnas nessas eleições municipais, já é um risco tremendo. Não fosse também uma incongruência.

Afinal, onde estaria essa militância disposta a atender ao chamado? Nas capitais, como mostram as pesquisas, é que não é.

Recapitulando: o partido já entrou mal nas disputas, independentemente do julgamento, e continua ruim em dianteira confortável apenas em Goiânia.

Perde feio - note-se, para o DEM - nas capitais de Estados que governa (Sergipe e Bahia), tem chance matemática de ir ao segundo turno em seis e no Acre, onde tem o governador, está na frente em Rio Branco por um ponto porcentual em relação ao segundo colocado.

Aí o risco de chamar e não ser atendido.

Vamos à incongruência: a esperança de se produzir uma contabilidade favorável no balanço final de perdas e ganhos estaria, então, nas médias e pequenas cidades.

O problema é que nelas reside um eleitorado menos sensível a convocações de natureza política, de um modo geral distante das questões de cunho nacional.

Pouquíssimo provável que venha a formar exércitos para se jogar numa "batalha do tamanho do Brasil", como quer a nota divulgada pela direção do PT, na defesa de réus de colarinho-branco cuja condenação atende justamente à demanda geral por igualdade na aplicação da Justiça.

Cenografia. Em um mês e meio, acusados, advogados e correligionários saíram do estado da mais absoluta arrogância para a posição de vítimas.

Recorrem a todo tipo de pieguice na composição de cenas de dor e contrição, invocando prejuízos psicológicos, físicos e familiares nos quais não pensaram quando cederam às facilidades da ilegalidade e ao desfrute das recompensas dela decorrente.

Chamada oral - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 19/09


O PT recolheu fotos e vídeos para denunciar à Justiça Eleitoral suposto uso de escola mantida pela prefeitura em favor de José Serra. Segundo o partido, o Cieja (Centro de Educação de Jovens e Adultos) do Cambuci, região central, serviu de concentração na manhã de sábado para militantes que foram ao ato de servidores da educação pró-Serra. O evento levou 4.500 pessoas à escadaria do Teatro Municipal e foi organizado pelo ex-secretário Alexandre Schneider, vice do tucano.

Outro lado A Secretaria de Educação informou desconhecer o episódio, mas prometeu abrir apuração interna. Schneider, ex-titular da pasta, se disse surpreso com o relato e negou uso de prédio público para fins eleitorais.

Regra 3 A campanha de Serra na TV e no rádio insistirá na estratégia de vincular a entrada de Marta Suplicy no ministério de Dilma Rousseff ao seu apoio a Fernando Haddad. Pesquisas qualitativas do QG tucano mostram rejeição a Marta por ter deixado a cadeira no Senado para Antonio Carlos Rodrigues (PR).

Script A resposta de Haddad no debate de segunda-feira, quando disse que Marta não pôde ser candidata a prefeita porque precisava ficar no Senado, foi considerada desastrosa pelo governo. "Essa era a decoreba para antes da nomeação para o ministério", diz um observador.

Teledramaturgia Do ex-presidente do PT José Eduardo Dutra, no Twitter, sobre a declaração de Beatriz Segall, atriz que encarnou a vilã da novela global "Vale Tudo", em apoio a Serra ontem: "Prefiro a Odete Roitman".

Oremos Como antídoto à crise com a Igreja Católica, Celso Russomanno anunciará que, caso eleito, manterá os contratos com Organizações Sociais ligadas à Arquidiocese. O candidato do PRB prometerá ainda apoiar com recursos públicos as pastorais do menor e do idoso.

Boas-vindas A campanha de Márcio Lacerda (PSB) preparou spots e panfletos intitulados "13 Razões para o Mineiro não votar no PT", com críticas a ações do governo federal, e pretende lançá-los tão logo Dilma anuncie que vai a Belo Horizonte.

Rumo a 2014 Após palanque com Haddad, Eduardo Campos (PSB) desembarca hoje em São Luís (MA) para apoiar Edivaldo Júnior. O governador acena para o PC do B, apoiando candidatos do partido em cinco capitais.

Retrovisor 1 Ministros do Supremo Tribunal Federal temem que seja arguida a inconstitucionalidade da reforma tributária aprovada em 2003 caso prevaleça na corte o entendimento de Joaquim Barbosa de que houve compra de votos no Congresso.

Retrovisor 2 Segundo um membro da corte, nesse caso pode-se concluir que a votação da emenda foi "viciada'' pelos repasses de recursos do valerioduto.

Leilão Petistas identificaram nas declarações atribuídas a Marcos Valério pela "Veja'' um recado ao partido e ao PSDB, pivô do mensalão mineiro. O publicitário, já condenado e que deve ser preso, estaria atrás de garantias financeiras à família.

Martelo Dilma tomou a decisão de anunciar ontem as novas rodadas para exploração do petróleo após discutir a medida com a presidente da Petrobras, Graça Foster, no voo entre o Rio Grande do Sul a Brasília, na segunda.

Terreno A presidente orientou Ideli Salvatti (Relações Institucionais) que o projeto de royalties do pré-sal só deve ser votado após a eleição. Falou também com o governador Sérgio Cabral (RJ), contrário à proposta.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Com a condenação dos mensaleiros, o PT defende o modelo que originou o mensalão, e rima governabilidade com promiscuidade."

DO LÍDER DO PSDB NO SENADO, ÁLVARO DIAS (PR), sobre a nota em que a direção do partido convoca a militância a defender o PT e o ex-presidente Lula.

contraponto

O Planalto é aqui


Enquanto aguardava a chegada de José Serra a evento organizado por artistas e intelectuais, ontem em São Paulo, FHC discutia com dirigentes do PSDB sua participação em comício da campanha tucana previsto para o dia 27, no Vale do Anhangabaú. O ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho interveio, em tom de brincadeira:

- Assim lançamos sua candidatura para 2014...

Um assessor aproveitou a deixa e disse, referindo-se à cobrança pela permanência de Serra na prefeitura, caso eleito, pelos quatro anos de mandato:

- Mais um para ajudar a combater os boatos!